Solidão não Me Abandone escrita por Niina


Capítulo 9
A procura de um teto




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Luy comeu tanto que eu não imaginava onde caberia tudo aquilo, olhando para minha cara de espanto e resolveu me explicou que lobos comem muito, precisam de muita energia, não entendi direito. Depois que ele acabou com aquela comilança, enterramos a embalagem da pizza.

- Pode me explicar porque fugimos agora? – perguntei

- Desculpa – ele tinha esquecido de me dizer – estão te procurando, os enfermeiros estão perguntando por você, estão por toda vizinhança. Tem até anuncio na TV.

- Meu deus! – exclamei

- Não sei o que faremos agora Joe! – abraçou-me ao dizer – Vamos ficar aqui, hoje, eu protejo você.

Assenti com a cabeça. Ele foi até a mochila e estendeu um lençol em cima de um monte de grama que havia juntado, fui até lá, e deitei-me ao seu lado, Luy me abraçou, olhei para ele como se nunca estivéssemos nos separados, ele me beijou. Eu já não sentia o vento gélido, Luy era muito quente, mesmo estando apenas de bermuda.

Dormi ali entre os braços deles até os primeiros raios de sol, quando abri os olhos ele estava me olhando, com ternura. Ficamos juntos, nos olhando sem dizer nenhuma palavra por um bom tempo. Acariciando ele cheguei à conclusão de que aquela noite havia sido uma das melhores da minha vida, fiquei mais quente do que se estivesse de baixo de cobertores. Olhamos-nos novamente, estávamos tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Eu em meus pensamentos e ele dormindo de olhos abertos. De repente ele deu um salto e disse:

- Temos que procurar comida! – me disse animado

Não me dei nem ao trabalho de responder, ele já havia se levantado e estava arrumando as coisas para não deixarmos nenhum rastro. Levantei com preguiça, havíamos dormido tarde e acordado com os passarinhos. Espreguicei-me e comecei a dobrar o lençol e pegar algumas coisas que tínhamos deixado jogado.

- Me explica como é ser um lobo? – perguntei animada

- Logo você vai saber Joe, não me pergunte nada. Vamos embora rápido, por favor – falando ele olhava de um lado para o outro como se estivéssemos sendo observados, fez sinal para que eu fosse com ele.

Fiquei com medo e me encolhi perto dele, ele me pegou no colo, e me carregando andou por umas três horas. Chegamos a um riacho, onde Luy se refestelou com a água, ele parecia uma criancinha, bebendo e jogando água para cima. Bebi um pouco de água, mais não estava com tanta sede. Não havia andado nada perto de Luy.

- Você não quer descansar Luy? – perguntei

- Pra que? Para nos alcançarem...

- Nunca nos acharão – interrompi – e se nos acharem são apenas humanos, você pode correr comigo nas costas de novo por um tempo, eles nunca nos alcançarão...

- Não são humanos, Joe.

Olhei para ele assustada, me perguntava como eles não eram humanos, além do hospital, ninguém me conhecia e ninguém viria atrás de mim.

- Como assim não são humanos? – perguntei espantada.

- Ta, Joe já esta na hora de você saber toda a sua historia.

Como assim minha historia? Pensei. Que eu saiba não tenho nenhuma historia. Fiquei espantada, tudo que eu sabia era que eu tinha sofrido três anos em um hospital e acreditava mesmo que iria morrer.

- Minha historia, o que você sabe da minha historia? – perguntei

Me puxando, Luy fez com que atravessássemos o riacho, me fez sentar embaixo de uma sombra.

- Luy quer falar comigo? – disse já irritada.

Ele não me respondeu. Fiquei indignada, levantei e fui até ele que estava fuçando dentro da sua mochila. Com toda minha força, virei ele para mim, ele segurava um caderno e dos seus olhos escorriam novamente lagrimas. Paralisei na hora.

- Luy, o que há? – perguntei afastando-me dele.

  - Joe! – disse me puxando pela mão.

Eu olhei para ele novamente. Ele continuou:

- Joe, você sabe por que fui atrás de você?

Como eu não tinha pensado nisso. Fiquei indignada comigo mesma. Não sabia o que responder. Queria falar que sabia e mostrar para ele mais uma vez que eu não era uma idiota.


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