E não é como se essa desconfiança fosse desnecessária. Lisanna poderia muito bem controlar alguém que Lucy tem confiança -é inteligente, logo provável-, além disso Levy e Lisanna ficaram um tanto próximas após a saída da loira da guilda.

Enquanto Gray invadia o dormitório das meninas da Fairy Tail para colocar Levy em seu quarto, Lucy estudava a provável magia de Lissandra e analisava o sistema de câmeras da Killers in the Dark para ver se Lisanna era a mulher encapuzada.

No entanto, justamente quando as câmeras focaram na mulher encapuzada a imagem ficou preta. Para Lucy isso indicava que essa tal pessoa tinha um cúmplice com alguma magia que bloqueie o sistema de câmeras ou que fosse aliado da Killers. Tendo essas conclusões em mente, a maga decidiu que seria melhor dormir, acordar cedo e discutir as ideias com o mestre Kazuo.

Na manhã seguinte a loira cumpriu seu ritual matinal, colocou uma saia dessa vez devido ao calor e partiu em direção à Killers. Entretanto, Mestre Kazuo não estava e Mei lhe informou que ele chegaria apenas após o almoço. Como era 9hrs, ela decidiu ir à Fairy Tail procurar por Sting e Rogue para treiná-los e tirar informações do moreno -e quem sabe tomar um chá. Por uma desventura do destino, estavam na guilda apenas Mira, Laxus, Natsu e Gray (brigando).

Ao ver a loira, Gray tentou ir ao seu encontro. Isso, "tentou", porque Natsu empurrou sua cabeça no chão e foi correndo em direção a Lucy.

—Lucy, vamos lutar! -disse com um semblante raivoso.

—Olha Natsu eu realmente não estou intere...

A maga foi interrompida pelo dragon slayer -Não quero saber se está interessada! Será a última luta nossa, será a luta definitiva entre nós.

—Tudo bem, eu aceito. -Respondeu Lucy após um longo silêncio.- Mas nesse caso iremos para um local bem afastado, onde ninguém irá nos achar.

Natsu aceitou e eles partiram para os limites de Magnólia. Uma floresta fechada com poucas clareiras. No caminho Natsu não falou muito, apenas murmurava coisas sem sentido como “que que eu to fazendo?” e “tenho que matá-la”. Lucy apenas ignorou e continuou sua caminhada até achar um local satisfatório.

Achado esse local, ambos se posicionaram um de frente para o outro e antes de começarem a lutar Lucy se pronunciou:

—Porque tudo isso, Natsu? Como chegamos à esse ponto? -era claro o tom triste e melancólico em sua voz. Ela não queria fazer aquilo, não queria lutar contra aquele que já amou. Mas parecia ser necessário. Natsu tem um bom coração, e ela sabia disso, mas ter bom coração o tornou vulnerável a aqueles que confia.

Ele não a ouviu e decidiu apenas partir para o ataque, Lucy não reagiu, apenas esperou ele chegar perto o suficiente. Ela tinha um plano.

Quando o mago de cabelos rosados chegou perto o suficiente, Lucy abriu um portal na frente dele e ambos foram para a dimensão dos lendários.

“Desembarcaram” em uma clareira bem aberta, próximo a montanhas. La Lucy aumentou a gravidade em Natsu.

—Aqui nós podemos conversar. -ele se debatia para fugir da gravidade e ela suspirou.- Ei isso é física sabe? Seu corpo não consegue resistir a essa gravidade. -mas ele parecia não escutá-la. Lucy decidiu esperar até ele cansar, assim ele pelo menos prestaria atenção no que ela fala.

E não foi fácil. Dragon Slayers são muito resistentes e em certo momento Lucy chegou a acreditar que ele conseguiria vencer a gravidade, mas era só impressão. Após uma hora e quarenta minutos ele parou de se debater. E a maga ficou pensando em como iniciar uma conversa, mas Natsu foi quem começou.

—Por quê? -Lucy já ia começar a falar quando ele continuou- Por que fez aquilo com Lisanna?

—O que eu fiz com Lisanna? -Lucy já sabia da resposta, a pergunta tinha o objetivo de fazer Natsu pensar.

—VOCÊ BATEU NELA! APENAS PORQUE SOMOS NAMORADOS! -Natsu estava furioso e ao mesmo tempo magoado, ele não demonstrou certeza de suas palavras.

—Natsu… Você realmente acha que eu faria isso?

—E-E-Eu já não sei de mais nada -seus olhos começaram a lacrimejar e foi impossível conter o choro e o soluço.- Por que tudo parece tão confuso? -o mago estava em prantos.

Ele já não sentia raiva e nem vontade de matá-la, era apenas confusão e mente nublada. Lucy esperou ele parar de chorar para continuar a conversa. Nesse meio tempo ela começou a acariciar o cabelo de Natsu, para acalmá-lo mais rápido. Funcionou.

—O que aconteceu quando eu deixei a guilda no dia em que vocês anunciaram namoro?

—Lisanna e você sairam e tava todo mundo alegre e feliz e bebendo -Natsu soluçava e segurava o choro- Ai do nada Lisanna voltou meio machucada, mas ela não contou pra ninguém o que houve apenas pra mim, Erza e Gray e…

—O que ela te disse, Natsu? -Lucy o interrompeu.

—Um sussurro, e-eu não me lembro bem, me veio apenas a imagem de você batendo nela e surgiu uma raiva inexplicável.

—Você sente essa raiva agora? -Lucy estava muito calma.

—Não, eu sinto… Calma, e de certa forma paz, eu não sentia isso há muito tempo…

—Natsu, eu estou disposta a explicar o que houve. Você está disposto a me ouvir?

O mago assentiu e Lucy explicou sobre a teoria dela. De que Lisanna na verdade estava controlando algumas pessoas e os sentimentos delas em prol de si mesma. A loira apenas não sabia o motivo, mesmo assim Natsu pareceu entender.

—O que podemos fazer para mudar isso? Temos que para Lisanna! -sua intenção parecia verdadeira, ja que naquele local eles estavam livres de qualquer magia oriunda de qualquer outra dimensão.

—Eu não sei. -a maga admitiu- Tenho pesquisado formas de anular essa magia, mas parece impossível! E eu não quero lutar contra ela, é mais difícil ela conseguir me atingir, mas não é impossível.

Natsu nunca foi bom de raciocínio, suas sugestões eram improváveis mas serviram para tirar risadas da loira.

—Nós temos que ir, já se passou um bom tempo na nossa dimensão. -ela se levantou, mas ele a puxou para baixo, Lucy já estava pronta para atacar quando ele se pronunciou.

—Nós somos amigos certo? Você não faria mal a mim e nem a ninguém que eu amo, né? -Lucy achou a pergunta absurda, mas não podia culpá-lo, Sua mente têm sido alterada constantemente e a própria maga loira tinha mudado de personalidade. Ele simplesmente não sabia em quem confiar.

—Sim Natsu, somos amigos e eu não faria nada pra te magoar!

Ambos sorriram e se levantaram. Lucy abriu o portal para Magnólia. A conversa tinha sido produtiva, mas nenhum dos dois sabia o que fazer sobre e ambos tinham medo de perder pessoas queridas. Mas ao menos Natsu havia entendido a situação e ia cooperar.