O Cajado Da Primavera escrita por Natacha


Capítulo 8
Um quarto escuro


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo, finalmente, consegui terminar esse capítulo e_e A verdade é que ele já estava quase totalmente pronto à muito tempo, faltava finalizar e vergonha na cara pra postar! Mas está aqui =D E outra coisa, sobre a garota da foto abaixo, é como eu imagino a Susan, antes de ter o cabelo branco, só os olhos que na minha concepção são mais claros e cristalinos =D e a pele um pouco mais branca. (sim, mudei muita coisa, mas apenas as cores u_u Da pra terminar de imaginá-la certo?) Espero que gostem do capítulo =)



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Á tarde eu resolvi pegar meus patins e ir patinar ali perto de casa, em um lugar um pouco afastado. O gelo ainda não havia criado uma grossa camada grossa para as pessoas deslizarem, mas isso não era problema para mim, em meio a essa parte descampada entre as árvores eu mesma congelei o chão, até que ficasse totalmente coberto de gelo, calcei meus patins e comecei a patinar, comecei acelerar o ritmo, até a dar alguns saltos e voltas. Então algo se aproximou e eu me distraio levando uma bela queda em um arbusto, quando me levantei desajeitadamente pude ver o que era, um pequeno filhote de lobo que deveria ter ficado em casa!

–-- O que você faz aqui?! --- Perguntei sabendo que não ia ter resposta.

O lobo se sentou á minha frente, dobrando seu pescoço, por um momento esqueci que estava com raiva dele por parecer tão fofo, mas logo voltei a mim. Me sentei na neve e ele veio até mim.

–-- Você não devia ficar andando por aqui, se te pegarem você vai ser levado para sabe-se lá onde… --- Falei o acariciando. ---Acho que eu devia te dar um nome… Hum… Snow! Que tal?

Snow rolou na neve, aquilo deveria ser um sinal de aprovação. Eu ri e me levantei.

–-- Vamos Snow, vamos patinar!

Eu patinava, mas Snow deslizava e escorregava desajeitadamente atrás de mim, ter uma companhia, mesmo sendo um lobo era bastante divertido, deslizar sobre o gelo era tão mágico pra mim, eu esquecia a minha solidão… O frio estranhamente me “aquecia”.

Passei uma boa parte da tarde ali com Snow patinando, acho que já criei certa afeição por ele… Então enfim voltamos para casa, se alguém me perguntasse o que ele era diria que era um cachorro, um Husky Siberiano, afinal ele era bastante parecido e era filhote. Chegando a frente da casa notei algo errado, a porta estava aberta e havia um rastro na neve, como se algo grande tivesse se arrastado até lá. Larguei meus patins assim que pisei no quintal e entrei em casa devagar… Não parecia ter ninguém e nem deveria, meu pai havia voltado para o trabalho e a casa deveria estar fechada. Entrei cautelosamente, olhei nos cômodos de baixo e não havia nada, então subi as escadas, passei primeiro para o quarto do meu pai e não havia nada, agora era a vez de olhar o meu, e eu sentia um má pressentimento... Meus passos eram mais silenciosos do que o da maioria das pessoas, acho que está relacionado ao fato de assim como a neve é silenciosa, então fui devagar para o meu quarto e a porta estava aberta, entrei vagarosamente, e não havia nada no meio, mas as coisas estavam reviradas, eu fiquei perplexa e paralisada olhando a bagunça. Só pode ter sido um ladrão! Percebi então que o vaso da minha flor estava caído no chão, quebrado em baixo da janela, me apressei até ele e tentei juntar a terra então ouvi algo como um sibilo de cobra… E paralisei quando escutei uma voz atrás de mim falar sibilando.

–-- Ora, ora… O que temosss aqui…

Virei assustada e então pude ver quem falou, uma Dracaenae, do busto para cima uma mulher, mas da cintura para baixo ao invés de pernas ela possuía duas caudas de serpente. Um monstro havia invadido minha casa e eu estava totalmente desarmada, eu sabia sobre alguns monstros, mas na verdade nunca encarei nenhum, havia sido reclamada há pouco mais de um ano então não havia sido perseguida. Eu possuía um arco e flechas que trouxe do acampamento, mas estavam no meu armário, pois eu nem sequer os usava.

–-- Uma sssemideusa… Filha da neve… --- Continuou a criatura lambendo os beiços enquanto falava com sua língua de cobra.

–-- O- o que você quer? --- Perguntei, mesmo sabendo obviamente o que era.

A Dracaenae riu perversamente e respondeu.

–-- Possssso afirmar querida, que não vim pra ver como é sssua vida… Patética.

Ela foi se arrastando mais em minha direção, lentamente, como se estivesse se preparando para um bote.

–-- Fazzz tempo que não encontro com um sssemideus… É tão… Sssaboroso.

Foi aí que ela deu um pulo em minha direção, eu me abaixei e criei uma camada de proteção de gelo em cima de mim, que foi onde ela caiu, se espatifando também na parede e na janela que quebrou o vidro, mas ela não caiu para fora, infelizmente. Tratei de sair logo de debaixo da crosta de gelo e corri para a lateral do quarto cambaleando.

–-- Maldita ssseja!! --- Esbravejou a Dracaenae.

Eu estava muito assustada pra pensar em qualquer coisa útil, até mesmo inúmeras forma de se usar meus poderes sobre o gelo e a coisa horrível á minha frente pulou mais uma vez em cima de mim e dessa vez não consegui desviar, caí diretamente no chão com o peso do monstro em cima de mim, ergui meus braços me debatendo pra tentar tirá-la de cima de mim, mas eu estava tonta e ela com suas garras arranhou meu rosto e meus braços, ouvi então um pequeno rosnado, vindo da porta, atraiu a atenção durante segundos da Dracaenae. Snow!

–-- Um filhotinho… --- Disse ela com a voz aterrorizadora.

–-- Snow! Saia daqui! --- Gritei em desespero.

Snow continuou lá e rosnava para a Dracaenae em cima de mim, ela sibilou e com uma de suas caudas de serpente o acertou, ele chorou enquanto rolava para fora do quarto.

–-- Snow!! --- Gritei novamente.

Eu estava ficando realmente zangada com essa criatura, meus braços cederam e ela os prendeu ao chão, mas eu não estava indefesa, as mãos dela que me seguraram começaram a ficar geladas e pouco a pouco.

–-- Mas oque?... --- Disse ela sem entender, e então rapidamente me soltou e se levantou, com suas mãos pálidas e quase imóveis do frio.

Eu me levantei, machucada e um pouco tonta.

–-- Sssua inssssolente…. --- Falou ela novamente.

Só que eu só imobilizei suas mãos, mas uma de suas caudas veio ferozmente em minha direção e me jogou contra a parede, minha visão ficou mais turva ainda, eu não podia desmaiar… Não.! Então, pude ver a Dracaenae cambalear para trás, eu cerrei meus olhos para enxergar melhor e pude ver o que tinha acontecido, era uma flecha que a tinha acertado, e então vi mais outras flechas a atingirem e ela gritar de dor caindo no chão, depois alguém entrou no quarto, era Will. A Dracaenae foi se transformando em pó, porque provavelmente as flechas eram de bronze celestial, o que era letal para um monstro.

–-- Susan?! Pelos deuses, me diga que está bem! --- Falou ele correndo em minha direção e se ajoelhando aonde eu havia escorregado pela parede.

–-- Um pouco… --- Respondi colocando a mão atrás de minha cabeça, aonde eu tinha batido com força.

–-- Você está toda machucada… Arranhada. --- Disse ele com um tom preocupação em sua voz. --- Deixe-me ver. --- Ele olhou meus braços e meu rosto, que eram os únicos realmente machucados, mas é claro, minhas pernas não deixavam de estar meio bambas.

–-- Como você sabia? --- Perguntei a ele, me referindo a Dracaenae.

–-- Vi o vidro se quebrar, eu no jardim, subi para o meu quarto e não conseguia ver nada, apenas vultos e barulhos de coisas sendo jogadas. Quando se é semideus sempre se espera o pior, então já vim com meu arco.

Will se levantou e me ofereceu a mão.

–-- Consegue se levantar? --- Perguntou ele.

–-- Sim… --- Respondi segurando sua mão e me levantando, o que me fez tudo á minha volta girar novamente, Will me segurou para eu não tropeçar.

–-- Tem certeza? --- Perguntou preocupado.

–-- Foi só o impulso. --- Falei me recompondo novamente.

Ele soltou meus braços, mas segurou a minha mão.

–-- Vamos, venha até minha casa, tenho ótimos remédios para seus machucados, e sua tontura.

Então lembrei de Snow!

–-- Snow! --- Falei parando de repente procurando por ele.

–-- Snow? --- Will falou confuso, então se deu conta de que era o meu pequeno lobo --- Não se preocupe. --- Disse Will. --- Quando eu estava abrindo a porta de casa ele estava indo pra lá, está mancando um pouco, mas está bem. Não sei… Acho que ele queria me alertar. É um filhotinho bastante esperto.

Fiquei aliviada e enfim nós descemos as escadas e fomos para a casa dele. Ao passar pela estufa do jardim me distrai, eram tantas flores, cada uma mais linda que a outra… Algumas que eu conhecia, outras que eu não fazia ideia de quais eram, Will nem havia percebido que eu havia quase parado quando ele me deu um leve puxão e então percebeu minha distração.

–-- Oh, são encantadoras não é? --- Disse ele indo para o meu lado.

–-- São… Lindas. --- Falei soltando um suspiro de admiração.

Will riu e me encarou com aqueles olhos verdes brilhantes.

–-- Susan MacCartner, você acaba de ser quase morta e está toda arranhada, mas ainda sim se distrai com flores. --- Falou ele pra mim.

Eu corei com o seu comentário, o que não fez muita diferença no me caso, já que meu rosto já estava vermelho dos arranhados.

Pigarreei e falei:

–-- Acho que meus machucados estão doendo mais sabe… --- Tentei mudar de assunto.

Will arqueou as sobrancelhas, não acreditando realmente nisso, mas prosseguiu me guiando.

–-- Tudo bem querida paciente, o Doutor Will vai te ajudar.

Fiquei muito feliz por ele estar na minha frente e não conseguindo me ver, porque com mais esse comentário eu estava mais vermelha ainda.

Ao entrar na casa Snow veio até mim, já não estava mais mancando. Eu me agachei soltando a mão de Will e pegando Snow no colo.

–-- Meu pequeno corajoso! --- Falei o abraçando.

Me levantei e olhei o local, como esperado haviam flores em toda parte por dentro, na sala havia dois sofás, uma poltrona, uma mesa de centro com um jarro de tulipas lindo e um rack com a televisão e alguns porta-retratos. Havia uma estante de livros na lateral também, a enorme janela que tinha estava aberta e com cortinas da cor creme, as paredes alternavam entre um verde bem claro e outro verde água, era uma sensação relaxante estar em um ambiente desse.

–-- Sente-se no sofá, e fique a vontade. --- Disse Will gesticulando para o sofá ao lado dele. --- Eu vou ali preparar minha porção mágica!

–-- Hécate resolveu ser sua “madrinha”? --- Brinquei, afinal ela é a deusa da magia.

–-- É… Remédios naturais tem suas próprias mágicas. --- Respondeu ele sorrindo e saindo para os fundos da casa.

Eu me sentei no sofá e fiquei ainda absorvendo o ambiente ao meu redor, Snow estava deitado em meu colo, ele estava um pouco sujo, e havia uma gosma nele, provavelmente da cauda da Dracaenae, acabei me levantando e indo em direção há um armário de prataria em uma das paredes, como as portas eram de vidro pude ver meu reflexo, meu cabelo estava um desastre, meu roso arranhado em alguns lugares, um arranhão se destacava por ser na bochecha e grande, havia também machucados na testa, só então olhei para os meus pulsos, estavam vermelhos onde o monstro me segurou e meus braços havia longos arranhões, aquela criatura tinha as unhas bem afiadas! Na minha palma da minha mão também havia um corte que foi de um dos pedaços de vidro estilhaçados, não era fundo, mas latejava de dor. Fiquei tão concentrada em procurar meus ferimentos que nem percebi que Will havia voltado, estava com um pote em suas mãos com uma mistura verde, que parecia ter acabado de ter sido triturada, e ele me olhava com aqueles profundos olhos verdes e ironicamente pensei na mistura quando o encarei, eram tão verdes… Mas será que aquele olhar também podia curar algo? Da mesma forma como o que havia no pote acabara de ser triturado, tive uma leve impressão de que aquele olhar que me encarava também tinha sido triturado algum dia, esmagado… Ou simplesmente escondia algo. Acho que existem coisas que todos querem guardar, lembrei-me de quando ele falou para mim que também tinha um lado imperfeito, um lado obscuro, assim como Perséfone é a senhora da primavera, do verão, é também a rainha do submundo, esposa do rei dos mortos, a escuridão é outra característica dela. De repente interrompi esses pensamentos! E em um estalo voltei à realidade.

–-- Mulheres, sempre preocupadas com a aparência! --- Disse Will colocando o pote no “braço” do sofá. --- Pode vir paciente.

Fui até o sofá e me sentei, puxei mais as mangas rasgadas compridas da minha blusa, e Will segurou meus braços olhando atentamente para os machucados.

–-- Hm… Acho que vou cuidar dessa sua mão primeiro.

Ele pegou uma bacia com água que também tinha trazido e com um pano foi limpando o machucado, depois pegou o pote que havia trazido, parecia que havia sido triturado várias folhas, ficando apenas o “pó”, ele jogou um pouco por cima do ferimento, ardeu um pouco e eu fiz uma careta. Will riu e falou:

–-- Todo remédio realmente bom tem que doer um pouco.

Notei que o pó verde foi sumindo, amenizando a dor.

–-- O que aconteceu com o pó? --- Perguntei surpresa.

–-- Ele vai se infiltrar no ferimento, e não se preocupe, pois sua pele não irá ficar verde e nem o machucado, sou um bom curandeiro. --- Disse ele pegando uma gaze e enrolando em minha mão.

–-- Isso é estranho… --- Falei não pensando no ferimento.

–-- O que? Não, é apenas uma mistura de…

–-- Não! Não o seu “remédio”. --- O interrompi e coloquei minha mão de volta em meu colo ---- Me refiro à Dracaenae… Nenhum monstro jamais tinha me perseguido e muito menos um do porte dela!

Will ficou pensativo.

–-- Realmente, mas às vezes ela só estava por perto e sentiu o cheiro de semideus… Você não ouviu quando ela entrou? Nem percebeu?

–-- Eu não estava em casa, estava patinando e quando cheguei ela já estava lá, apenas esperando por mim.

–-- Tem que tomar mais cuidado… --- Disse ele molhando o pano novamente e passando em meus braços, me senti totalmente tímida, ninguém nunca tinha “limpado” meus ferimentos além do meu pai… Ele repetiu o mesmo processo que havia feito com a mão, mas em alguns lugares colocava curativos, Band- Aide --- Não acho que tenho tido esses sonhos à toa. Tem algo acontecendo…

–-- Algo que pode afetar exatamente o quê?

–-- Não sei. --- Ele parou e seu olhar ficou distante. --- Acho que é algo que afete a primavera, consequentemente afetando os climas. --- Will mergulhou o pano novamente na água e torceu indo em direção ao meu rosto para limpar, mas eu segurei o pulso dele.

–-- Pode deixar, eu mesma limpo!

Ele ficou meio surpreso.

–-- Oh… Tudo bem.

Me levantei e olhei para os lados.

–-- Preciso de um espelho, onde é o banheiro? --- Perguntei.

–-- Ah, é no andar de cima. Pode subir e depois vai haver um corredor, na primeira porta à esquerda pode entrar.

Subi as escadas, e quando cheguei ao andar de cima vi o corredor, haviam três portas, seguindo ás instruções de Will fui na primeira porta à esquerda, mas não pude notar na porta à frente, estava entreaberta, um quarto escuro, um pouco bagunçado e somente decorado com cores mais escuras… Escutei alguns passos subindo a escada, me apressei entrei no banheiro e fechei a porta. Não queria ser pega bisbilhotando quartos alheios, mas não pude deixar de pensar, aquele quarto era do Will? Me olhei no espelho novamente e uou, agora com a imagem mais nítida eu pude ver que eu estava horrível, arranhada, e suja de finas linhas de sangue, liguei a tornei e comecei a enxaguar meu rosto, ouvi algo se fechar do outro lado da porta… Enxuguei meu rosto e saí. A porta do quarto à frente agora estava fechada.

–-- Will? --- Perguntei desconfiando que estava por ali.

Não obtive resposta momentânea, então fui andando de volta para as escadas, então ouvi uma porta abrir e se fechar novamente vire-me apressada por reflexo e então vi Will, saindo do quarto que eu havia visto. Por um segundo, apenas um… Eu pude vê-lo com uma expressão séria e sombria… Mas durou apenas isso, ele sorriu novamente.

–-- Eu havia apenas esquecido… Algo. --- Disse ele e veio em minha direção. --- Vamos, ainda temos alguns curativos para colocarmos nesse rosto.

Descemos as escadas, meus pensamentos estavam naquele quarto, por que tão escuro, e por que o medo de entrarem lá… Era como eu desconfiava… Aqueles olhos verdes escondiam algo. Algo que eu estava me determinando a descobrir o que era…


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Notas finais do capítulo

E aí??? Gostaram?? *w* Se sim deixem um comentário, se não, faça a mesma coisa =) Se tiverem críticas também as aceito abertamente =D



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