POV Jenny

- Você saiu? - Jason me perguntou entrando na cozinha, onde eu comia o bolo que a Sophie trouxe pra mim.

- Não. Por que? - Ele abriu a geladeira e pegou a jarra de água.

- Onde arranjou o bolo?

- Comprei. - Ele parou de encher o copo e olhou pra mim. - Quer dizer, pedi pra Sophie comprar.

- Então, hoje tem festa? - Sorri amarelo. - Jenny!

- Ela me trouxe bolo! O que você esperava que eu fizesse?

- Ela tá aí ainda?

- Tá se arrumando.

- Ela não vai sair. - Dei de ombros. Eu já tinha o bolo mesmo.

- Tia? - Ouvi a voz do Simon do hall.

- Ela não vai sair. - Jason disse ainda na cozinha junto comigo.

- Ahn... ok. - Simon respondeu aparecendo na cozinha. Escutei passos na escada. Sophie desceu já arrumada.

- Tá pensando que vai onde? - Jason perguntou e ela olhou pra mim. Dei de ombros.

- Um dia só. - Ela disse em tom suplicante. - E a mamãe deixou!

- Não. E nem pense eu pular a janela.

- Eu não ia pular a janela. Eu ia sair pela porta da frente. - Jason olhou pra ela. - Tá, eu já entendi! Eu não vou. Então, esse bolo é meu! - Ela pegou meu bolo!

- Ô, garota! Pode me devolver.

- Você não pode comer.

- Mas é claro que eu posso!

- Tem pedaço até pra mim e pro Simon aí. - Jason disse rindo.

- O bolo é meu! - Choraminguei. Isso é totalmente injusto!

- Vamos dividir em quatro, então. - Simon sugeriu.

- Em quatro o cacete! Em dois. - Sophie disse. Ela colocou o bolo sobre a bancada e cortou.

- Quem vai engordar é você mesmo. - Simon disse e ela fuzilou o menino com o olhar. Jason pegou a faca e cortou o bolo em quatro pedaços.

- Vai me dar um pouco do seu? - Perguntei pra ele.

- Vai caber tudo isso aí? - Revirei os olhos.

- Claro que vai caber, Jay.

- Sem cena melosa, por favor. Eu quero continuar tendo os meus olhos. Não to afim de arrancá-los. - Sophie resmungou. Revirei os olhos novamente, assim como o Jason.

(...)

- Espero que hoje dê pra ver se é menino ou menina. - Jason disse quando estávamos na sala de espera pra fazer a ultrassom.

- Eu também. - Logo chamaram meu nome e entramos na salinha. O médico veio e começou a passar o gel na minha barriga. Disse que estava tudo bem com o neném.

- Hoje dá pra ver se é menino ou menina? - Jason perguntou.

- Creio que sim. Mas ainda tá um pouco escondido. - Agora que é pra aparecer tudo, fica tímido. Mereço... - Tá tudo certo com o bebê. Só... To te achando inchada demais.

- É a comida. - Jason disse. - Ela não para de comer.

- Vou te encaminhar pra um nutricionista.

- Não! Não precisa. - Disse.

- Precisa sim. - Jason disse.

- Pelo o que eu estou vendo, é uma menina. - Olhei pro Jason sorrindo.

- Mais uma pra dar trabalho. - Ele resmungou e eu ri. Depois de o médico concluir que estava tudo certo e me dar o papel do encaminhamento pra nutricionista, saímos da salinha. Jason conseguiu marcar a nutricionista pra semana que vem.

(...)

- É uma menina! - Disse no telefone pra minha mãe. Assim que cheguei em casa do trabalho, tomei banho e liguei pra ela.

- Só vem menina. Será que não vou ter nem um netinho?

- Só falar com a Angel. Vai que... - Disse sentando na cama.

- A menina não quer nem casar! Quanto mais ter filho.

- Aí eu vou ter que ficar de chocadeira só pra te dar um neto?

- Bem por aí. - Revirei os olhos. - Brincadeira.

- Lógico que é brincadeira né.

- Temos de marcar pra comprar o enxoval!

- Pode ser no sábado. É a única coisa que falta.

- Então, tá marcado!

- Ok. Mãe, eu tenho que ir. - Disse assim que vi o Jason entrando no quarto.

- Tudo bem, querida. Qualquer coisa me liga! E sábado eu passo aí. - Desliguei. Sorri pro Jason.

- Você não desceu. Então, eu trouxe seu jantar. - Ele disse pousando a bandeja nas minhas pernas. Alarguei o sorriso.

- Obrigada. Você já comeu?

- Já.

- A cada dia me sinto mais cansada, sabia?

- É o inchaço. - Comecei a comer e ele sentou do meu lado.

- Eu não estava assim na gravidez da Sophie.

- Você também não comia tanto. - Revirei os olhos.

- Eu sinto fome o dia inteiro!

- Mastiga primeiro e fala depois. - Ele disse rindo. - Bom, sabemos que nossa menininha vai ter uma fome anormal.

- Isso é um sintoma da gravidez, Jason!

- Comer que nem uma camela?

- Idiota. - Ele riu.

- Mas você tá linda. - Ele disse sorrindo.

- Você disse isso pra mim hoje de manhã.

- E não menti nenhuma vez.

- Foi só pra puxar meu saco.

- Como adivinhou? - Ele perguntou arqueando uma sobrancelha, mas logo depois riu, mostrando que era brincadeira.

- Eu to obesa. Pareço uma ogra.

- Uma ogra linda.

- Nossa, obrigada. - Disse irônica.

- Eu estava pensando em algo... No próximo aniversário da Sophie.

- Ela acabou de fazer 15!

- Eu pensei em uma viagem. Mas não sei se vai ser muito inteligente deixar a Sophie viajar sozinha.

- Também acho que não. Minha mãe pode ir com ela.

- Mesma coisa que nada. - Dei um soco no braço dele. - Doeu, sabia?!

- Jura? Foda-se. E minha mãe não é retardada. E melhor que nada.

- É. Tenho que concordar com você. - Sorri e ele deitou do meu lado.

(...)

- Olha que bonitinho! - Minha mãe disse pegando um ursinho rosa.

- Mãe, eu já comprei brinquedinhos.

- Um a mais não vai atrapalhar. - Ela fazia careta pro ursinho. Uma funcionária da loja olhava pra ela com a sobrancelha arqueada.

- Ok, enfia na sacola. Vamos ver outras roupinhas.

- Olha esse vestidinho! - Ela disse me mostrando um vestido rosa claro com uns lacinhos.

- Acho que vai ficar pequeno.

- Tem um número maior. E minha neta não vai nascer obesa.

- Nunca se sabe. - Ela me olhou.

- Credo, Jennifer. - Ri.

 - Ela vai ficar lindinha nesse aqui. - Peguei um vestidinho branco com bolinhas vermelhas. Era a coisa mais fofa!

- Só por ser minha neta, ela vai ficar linda em qualquer um.

- "Só por ser minha neta"... Os créditos são meus e do Jason, ok? - Minha mãe riu.

- Sim, mas se não fosse eu, você não seria assim. - Revirei os olhos. - E tem que comprar os sapatinhos também.

- Não precisa de muitos. Precisa mais de meias.

- Tudo bem. Conheço loja no segundo piso do shopping que as coisas são uma graça! E eu levo os vestidinhos. - Ela os tirou da minha mão e foi em direção ao caixa. Algo me diz que minha tarde vai ser longa... Muito longa.