Albus Dumbledore descansava as costas contra o encosto da cadeira. Os anos não são gentis com os ossos, de fato.

Quando seus olhos azuis observavam as pessoas na sala, sua mente vagava a mil. Será que essa é a decisão certa? Afinal não há garantias de que a pessoa que viria realmente aceitaria ajuda-los. E o feitiço não foi feita a um longo tempo...

Quando seus olhos pararam em Lílian e Tiago Potter ele lembrou que sim, valia a pena os riscos. Afinal, tudo isso seria para o bem maior.

Há 17 anos a família Potter teve sua casa invadida por Voldemort por conta de uma profecia. O alvo era o pequeno Harry, filho do casal. Antes mesmo que Lílian e Tiago levantassem da cama, estava feito. Harry tinha morrido com um Avada Kedavra em seu peito. Seus pais o acharam, seu corpo mole, sem vida. Desde então o casal Potter nunca mais foi o mesmo.

Ate hoje Voldemort impõe sua politica puro-sangue à população magica. Cada bruxo e bruxa sente o terror em suas veias todos os dias, seus parentes são mortos, assim como o pequeno Harry.

Hogwarts a muito não tem mais seu mesmo brilho. Trouxas nascidos não podem mais receber educação magica e os meio-sangues, apesar de serem aceitos, sofrem descriminação constante ficando com os empregos de mais baixo salario apenas pelo seu status de sangue.

Dumbledore não podia deixar isso acontecer. Não existia um filho da profecia nesse mundo. Então após pesquisar, ter certeza de que não existiam outros modos tomou sua decisão final. A ordem da fênix, uma das poucas resistências restantes ao Voldemort, o seguiria cegamente como sempre. Cada um ali confiava sua via a ele, e o mesmo usaria cada pessoa sabiamente, como peças de xadrez. Afinal, mesmo que ele quisesse tratar todos com carinho, vencer uma guerra sem sacrifícios era impossível.

O ritual envolvia alguns tabus marcados como magia negra. O objetivo é único: traz de outro universo a pessoa que falta neste para fazer a diferença.

O que muitas pessoas não acreditam é que realmente existem muitos outros universos além do que vivem. Essas perguntas que as pessoas se fazem são respondidas nesses outros universos. Aqueles "e se eu tivesse feito isso?" e o "e se isso não existisse?" são respondidos. Por que uma mesma pessoa pode existir em vários universos ou em nenhum. Uma simples decisão de não engravidar pode garantir que uma pessoa não exista nesse universo, mesmo que em outro ela seja extremamente importante.

Se tudo ocorresse como o planejado, logo ele estaria dando o xeque-mate.

- Esta na hora.- Ele disse, levantando da cadeira e sentindo seus ossos rangendo.

A ordem, como ensaiado, se posicionou em circulo. Sirius Black, o dono da casa, não parecia estar triste por ver seu piso arruinado com riscos de runas.

- Não a espaço para erros- Dumbledore continuou- essa pode ser nossa única chance de terminar com essa guerra. A pessoa que virá será a nossa arma. – e olhando diretamente nos olhos de James, completou – essa pessoa nos ajudará a vingar e honrar aqueles que foram tirados de nos.

-Espero que você saiba o que esta fazendo – interrompeu Moody, um dos poucos participantes da ordem que pensam além das palavras de Dumbledore. Seu olho de vidro girava loucamente, seu desagrado era obvio.

Mas por dentro ele sabia... Isso era necessário. Todos estavam desesperados.

Quando a lua chegou ao seu pico e iluminou a sala pelas janelas, cada integrante da Ordem cortou o próprio pulso. O sangue respingou pelo chão, nas runas riscadas. Os objetos colocados no centro, que segundo o livro eram necessários, começaram a tremer levemente. Poucos segundos depois, os tremores aumentaram ao ponto de a casa tremer. As linhas das runas começaram a brilhar estranhamente.

"Esta funcionando!" era tudo que Dumbledore pode pensar, ates de o centro da runa brilhar tão claro que todas as pessoas presentes na sala tiveram que cobrir os olhos.

Então, como em um estalar de dedos, tudo passou.

E no centro da sala, onde antes tantos objetos estavam, um menino estava jogado. O mesmo tinha cabelos pretos, bagunçados, dignos de um Potter, pele branca e roupas totalmente pretas.

- O Escolhido de outro universo é... Tiago Potter?!- Tonks, outra participante da Ordem perguntou, olhando entre o garoto e o próprio Tiago.

As crianças Weasley (as que restaram) murmuraram sem parar junto com ou outros participantes mais jovens. Para que trazer a versão mais nova de alguém que já existe nesse universo?

Para Tiago Potter era como se olhar no espelho. Ver seus dias jovens voltarem, como um tapa na cara. Sem mesmo notar, andou ate a sua cópia, pisando sobre as linhas das runas e borrando-as. Agachou-se na frente do garoto e correu as pontas do dedo em suas bochechas... Tao real...

E foi nesse momento que o jovem abriu os olhos. E os mesmos não eram castanhos como os do Tiago...

Eram verdes, como os de Lílian.

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Sabe o que me aconteceu depois de finalmente derrotar Voldemort?

Nada.

Anos lutando com ele, passando por guerras e perdendo pessoas que eu amo e sempre amarei para no final, não sobrar nada.

Admito que ainda tenho motivos para continuar. Ron, Hermione, Gina, Teddy... Só em pensar no Teddy meu coração dói. Prometi a mim mesmo que nunca iria deixa-lo passar pelo que passei. Ele não terá seus pais, assim como eu, mas vou garantir que ele seja amado, mimado e que tenha tudo de bom que a vida possa proporcionar.

Tenho 18 anos agora, estou no meu treinamento para Auror. Tenho um relacionamento saudável com a Gina, a amo de verdade. O sorriso dela é o meu tudo e eu sonho em logo casar com ela. Meus amigos estão seguindo suas vidas também. Tudo esta seguindo em frente. Mas não sei por que... Existe algo que na minha mente simplesmente fica... Faltando.

Não conte para a Hermione, mas sinto falta de ação. Minha cicatriz nunca mais doeu, mas junto com esse alivio veio a monotonia.

Mas a sorte, ou o azar, dependendo do ponto de vista, parece estar sempre comigo. Enquanto eu arrumava minha casa para receber Teddy que iria passar o dia comigo escuto um zumbido.

A lâmpada da sala explodiu e antes que meu cérebro entendesse que eu poderia estar em uma das senas bizarras de Supernatural, comecei a ver tudo embaçado. Parei de sentir meu corpo, apenas sentia um formigado distante. Quando tentei mover as mãos, falhei. Era como se eu flutuasse, como se eu tivesse virado um fantasma.

Fechei os olhos, ficando desacordado por certo tempo que não consigo determinar. Acordei com a sensação de dedos passando em minhas bochechas, quase como o carinho que a Sra. Weasley sempre faz em mim quando coro.

Quando abri os meus olhos, pronto para dizer a Sra. Weasley que não sou mais criança, dou de cara com um espelho.

Não, espera... Desde quando eu tenho olhos castanhos?