Ponto de vista Bella

Eu caminhava pela rua sem olhar para os lados, sem me preocupar a onde estava indo, pois minhas pernas sabiam exatamente para onde me levar.

A dois meses eu só podia pensar nele, na noite em que me deixou, na dor que senti, no medo que eu não estava mais sentindo. Agora eu simplesmente não sei mais o que é amar, já que Edward levou com ele meu coração e alegria. Desde que ele foi embora, só me destruo, afasto quem está a minha volta, e machuco quem estava por perto.

Charlie está noivo de Sue, feliz, mas nunca plenamente com a minha presença, René estava começando uma vida nova com meus meios-irmãos que acabaram de nascer, não havia espaço para mim na casa dela e de Phill. Não havia espaço para mim na nova vida deles, e agora tenho certeza que não farei falta. Só temia por Jake, que tem se esforçado para ser meu sol durante todo esse tempo, temo por esse amor inexplicável que ele sente por mim, que acaba prendendo ele, mesmo eu não o amando da mesma forma ele se mantem por perto, sempre tentando me fazer sorrir, me fazer bem. Quero que Jake seja feliz com alguém que vá se esforçar para fazer tão bem a ele quanto ele se esforça para fazer bem a mim, e eu não sou esse alguém e tenho que me afastar para dar chance dele encontras, pois agora eu sou somente um pedaço de carne ambulante.

Antes de sair de casa deixei uma carta, não queria deixá-los sem nenhuma explicação, ou sem saber meu paradeiro para se despedirem. E enquanto caminhava as palavras da carta ecoavam em minha mente.

“Charlie,

Quero dizer que te amo muito, você e René. Que vocês foram os melhores pais do mundo. Nunca se esqueçam disso.

Pai você lembra as histórias de piratas que me contava? Que quando um pirata traia seu capitão, ele era abandonado em uma ilha deserta, com uma arma e uma única bala para munição? O pirata depois de dias ali, com fome e com sede, olhava para ilha e encontrava a arma ao seu lado. Lembra que aquela única bala começava a lhe parecer atraente?

Pai, hoje eu sou o pirata da história. Fui deixada numa ilha de solidão. Por favor, não culpe Edward, pois a escolha foi minha, era o destino. Eu não tenho uma arma, e mesmo se tivesse me faltaria coragem, mas eu estava caminhando na ilha e descobri um penhasco.... Sei que sou forte para dar esse último passo.

Pai, mãe, sejam felizes pois eu estarei mais feliz... onde quer que eu esteja.

Amo muito vocês.... Com amor, Bella. ”

Finalmente minhas pernas chegaram ao lugar que tinham que me levar. O ar frio que vinha do rio além do penhasco me convidava. Então sem pensar duas vezes subi no pequeno muro que me separava do meu descanso e dei meu último passo.

Cai sentindo o vento batendo violentamente contra o rosto, as sensações que Edward havia me roubado voltavam furiosamente contra meu corpo. Eu via todos os momentos da minha vida passar como um filme que não me machucava mais, pois estava próximo do fim, e então eu poderia descansar em paz. Pouco antes da água gelada tocar meu corpo ouvi Edward uma última vez, com sua voz urgente, doce, e encantadora que me deslumbrou tantas vezes, me dizer tolamente: “Bella, pare com isso! ”

Meus olhos se fecharam.