Nossos Demônios escrita por Victoria Perfetto


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Milhoes de desculpas pela demora, mas eu tava em semana de provas e não fui muito bem em algumas. Me perdoem! Espero que gostem do capítulo. Ficou um pouco curto, sorry.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/363863/chapter/4

\"\"\"\"

Emily está sentada na minha frente concentrada nas notas e nos relatórios. Depois que Henry foi embora minha tarde ficou puxada nos negócios. O telefone toca nos distraindo, o que me irrita um pouco. O atendo rapidamente.

“Escritório de Rebecca Waldorf.”

“Oi querida. Tudo bem?” Relaxo ao ouvir a voz de meu pai. Mesmo com esta abordagem casual sua voz sempre soa aristocrática.

“Tudo sim. Aconteceu alguma coisa?”

“Não, estou ótimo. Rebecca, eu gostaria de jantar com você hoje.”

“Hoje? Mas é que hoje eu tinha prometido sair com Andrea. Não tem como ser outro dia? Talvez amanhã?”

“Não. Tem que ser hoje.” O que tem de tão importante hoje? Droga, Andrea vai ficar brava. Em todo caso, ele é meu pai.

“Tudo bem.”

“Pode ser as oito?”

“Claro. Pode sim.”

“Então está combinado querida. Te vejo mais tarde.”

Antes que eu possa responder ele desliga. Thomas Waldorf está ansioso. Tenho total certeza disto, mas o por que me incomoda. O que ele está escondendo? Olho no relógio do computador, são cinco e meia. Faltam apenas meia hora para eu ir embora. Respiro fundo voltando a me concentrar em Emily. Peço desculpas a ela e voltamos a trabalhar.

O tempo passa rápido, e no que parece uma questão de segundos duas batidas cuidadosas na minha porta nos tiram mais uma vez a atenção. A porta se abre e Henry se apresenta. Ele está tenso.

“Hora de ir para casa.” Ele diz vindo em minha direção.

Começo a recolher os papéis em cima da mesa.

“Terminamos isso amanhã, Emily” digo a ela que me ajuda a arrumar o material.

“Claro.”

Ela levanta e guarda os relatórios no armário, em seguida retira-se de minha sala me desejando uma boa noite. Henry continua ali me olhando enquanto desligo o computador.

“Só eu que fui convocado?”

“A ir na casa do papai hoje? Não, eu também fui.” Respondo pegando minha bolsa.

“Ótimo.” Ele relaxa visivelmente. “Eu pensei que as coisas estavam pesadas para o meu lado. Mas pelo jeito é só um jantar em família.”

“As coisas sempre estão pesadas para o seu lado.” Digo rindo.

“Não é bem assim.” Ele franze o cenho parecendo ofendido.

“Eu não vou discutir. Você sabe muito bem as coisas que apronta.”

Vou em direção a porta e saio da sala. Henry logo se junta a mim. Andamos pelo corredor em direção aos elevadores.

“Quais são as suas apostas para hoje?” ele pergunta.

“Nenhuma. Prefiro a emoção do momento.”

“Mas às vezes não são tão boas assim as emoções que nosso pai propõe.”

“Prefiro apenas esperar.”

•••

Eu e Henry estamos no enorme elevador do prédio onde nosso pai mora, e onde morávamos também. Algumas lembranças me vem a cabeça. Os tempos em que eu e meu irmão entravamos correndo em casa depois da escola. Íamos até o quarto de nossos pais no domingo de manhã e pulávamos na cama. Os jantares e as festas de negócios e família que eram feitas aqui. As festas do pijama, os trabalhos de escola, tudo. Tudo aconteceu aqui.

Pelo imprevisto Andrea ficou um pouco chateada, mas nada que seus novos amigos do trabalho não possam suprir.

Por não termos sido informados o tipo de ocasião que seria, eu e Henry viemos despojadamente. Estou com uma bata de renda branca, uma caça jeans e uma sapatilha. Henry está com uma camisa xadrez em tons de azul e verde-água, uma calça jeans e um All Star. Nos olhamos assustados. Não sabemos o que iremos encontrar. Pode ser bom, ou bem ruim.

A porta do elevador se abre e nos deparamos com o enorme hall de entrada. A porta do apartamento está aberta. Entramos devagar observando o ambiente. Nada mudou desde que nos mudamos. Talvez um quadro ou outro, mas nada demais. Thomas vem em nossa direção com uma aparência impecável. Seus fios grisalhos e seu rosto bem delineado sempre o deixaram bonito. Seus olhos azuis brilham de alegria.

Ele para na minha frente e me dá um beijo na bochecha.

“Você está linda querida.”

“Obrigada.”

“Oi pai.” Henry abraça Thomas, que retribui calorosamente.

“Tudo em ordem?”

“Está sim.”

“Ótimo, venham! Espero que gostem do jantar.”

Somos guiados até a sala de jantar. A mesa está posta para quatro pessoas. Quatro?

“Crianças. Está é Amber, minha namorada.” Meu olhar se volta rapidamente para meu pai e a jovem morena de olhos cor de mel ao seu lado. Hã? Essa mulher tem idade para ser minha irmã. Ela deve ter uns trinta anos. Seu vestido vinho bem cordado sem mangas vai até a altura de seu joelho. Pele bronzeada e bem tratada. Uma jovem bem bonita, e minha madrasta? Amber sorri educadamente para nós.

Olho para Henry assustada, que devolve o mesmo olhar. Estamos sem palavras.

“Eu sei que tem muita coisa à assimilar, mas sentem-se.”

Os dois se sentam nas pontas da mesa, enquanto eu e meu irmão sentamos no meio, um de frente para o outro.

Uma das empregadas nos serve uma salada de frango, azeitonas, nozes e uma variedade de queijos. Todos pegam seus garfos e começam a se servir. Fico observando enquanto bebo um gole d`água. Não estou com a menor fome.

“Não vai comer?” Henry pergunta me lançando um olhar de “mantenha as aparências”. Ele sabe exatamente o que estou pensando e sentindo, por que ele também está assim.

Sorrio a todos pegando meu garfo e atacando, contra a minha vontade, a salada. Está uma delícia, pena que não esteja animada para degustar da maneira correta. Fico tranquila por ninguém falar nada, quero apenas fingir que não estou vivendo isso.

“Gostaram do apartamento novo?” nosso pai pergunta.

“Sim, ele é lindo.” Respondo olhando para Henry que assente positivamente.

“Desde quando se conhecem?” Henry pergunta. Fico paralisada. Merda! Por que?

“Desde o ano passado.” Thomas responde sorrindo para Amber.

“Nos conhecemos em um julgamento.” Ela diz enquanto toma um gole da água gelada.

“Julgamento?” digo me recostando na cadeira.

“O da minha separação. Eu e meu ex marido estávamos brigando na justiça pela guarda das crianças.” Largo meu garfo com o cuidado de não fazer barulho. Crianças? Ela tem filhos?

“Felizmente ela conseguiu com que Sophie e Helena viessem morar conosco.” Thomas diz alegre. Olho para Henry que como eu, está respirando fundo. A tranquilidade de suas palavras, o jeito com o qual ele olha para ela... Ele nunca foi assim com a minha mãe. Para piorar, as filhas de Amber estão morando aqui. Por isso eu e Henry tivemos que sair. Nosso pai nos trocou pelos filhos de outra mulher. Meu estômago começa rejeitar a comida, estou enojada.

“Com licença.” Digo levantando devagar da mesa. Sorrio educadamente para todos enquanto vou em direção ao lavabo.

Me tranco no banheiro enquanto me olho no espelho. Observo a loira com olhos azuis grandes e assustados. Por que eu estou assim? Eu sou uma idiota. Eu deveria estar feliz pelo meu pai, mas a imagem de minha mãe chorando ainda percorre a minha cabeça. Eu me lembro de que no início do ano, eu e Henry havíamos combinado de sairmos de casa. Isso já estava determinado. Iríamos morar sozinhos, independentes. Thomas nos deu isso mesmo antes de termos ido falar com ele sobre o assunto. Mesmo gostando de ter dado tudo certo, tínhamos os nossos receios.

“Rebecca?” ouço a voz de Henry. Abro a porta e o vejo olhando carinhosamente para mim. Ele me puxa para perto de si e me abraça. Fecho os olhos recostando minha cabeça em seu peito. Eu precisava disso.

“Quem são vocês?” uma delicada e fina voz ecoa ao nosso lado. Nos desfazemos do abraço e olhamos para baixo, cravando nosso olhar em uma menina de cabelos castanhos presos em uma marinha chiquinha. Ela está de pijama segurando uma boneca. É uma das filhas de Amber. Olho ao longo do corredor e vejo a porta do meu antigo quarto aberta. Há brinquedos pelo chão, a televisão está ligada exibindo um desenho animado.

Meus olhos ardem e a minha garganta queima de vontade de responder, mas não consigo. Henry também não diz nada, apenas me pega pela cintura e me tira dali. Me tira deste choque de realidade. Deste pesadelo. Estamos indo em direção à porta de saída quando digo:

“E o jantar?”

“Nós vamos embora. Eu não estou preparado. Você não está preparada. E nosso pai está errado.” Nossa! Ele está tão convicto disso quanto eu.

Concordo enquanto saímos do apartamento. Já na rua andamos um do lado no outro, com passos determinados até a nossa nova casa. Todo o choro e as frustrações se acentuam. As lágrimas escorrem silenciosas pelo meu rosto e me controlo muito para não começar a soluçar. Estamos de péssimo humor. Nosso pai estragou a nossa noite. Ele deveria ter conversado conosco sobre a existência de Amber antes de nos ter apresentado a ela. Separação dos pais em nenhuma idade é uma coisa fácil. Ninguém nunca disse que é fácil, mas também nunca falaram que era tão difícil.

•••

“Fomos convidados!” grito de felicidade pelo telefone, enquanto seguro o meu convite e o de Henry na mão. O paraíso dos negócios já tem um lugar reservado para os irmãos Waldorf.

“Ótimo! Como o esperado.”

“Nossa! Hoje tem o evento de caridade na Madison. Já ia me esquecendo.” Cruzo as minhas pernas e giro minha cadeira para a janela. Observo o mar de prédios.

“Já sabe o quanto vai doar?” Henry pergunta.

“Vou manter em sigilo. Talvez eu doe mais que você.”

“É assim então?”

“Claro que sim. Sempre fomos deste jeito.”

“Boa sorte. Tenho que resolver uns problemas aqui, nos falamos mais tarde.”

“Até mais.” Digo desligando. Aperto o Black Berry nas mãos enquanto sorrio.

“Srta. Waldorf?” Emily diz atrás de mim. Viro minha cadeira me deparando com sua imagem na porta. “Um dos investidores está na linha.”

“Obrigada Emily. Vou atender.”

Pego o telefone de meu escritório e o atendo rapidamente.

“Rebecca Waldorf.” Digo polidamente.

“Estava pensando em você.” Logan diz sensualmente do outro lado da linha.

“Desde quando você é um investidor?”

“Posso pensar em ser um. Esta era a única maneira de você atender.”

“Tchau Logan.”

“Espere! Estou em desvantagem.”

“Coitado... Hummm... Quer que eu ache um solução para isso?”

“O que lhe for possível.”

“Onde você está?”

“Em Vegas.” Vegas? A sim... Ele mexe com a área de entretenimento da região, ou talvez de todas as regiões dos Estados Unidos.

“Que tal você achar uma mulher por aí que esteja louca de vontade de ter alguma coisa com você?”

“Continuo em desvantagem. Que tal eu voltar para Nova York, e você sair comigo hoje a noite? Nada sério, apenas um drinque.”

“Tenho compromisso.”

“Com quem?” consigo sentir a preocupação em sua voz. Rá! Ele está com ciúmes.

“Não te intere...”

“Tudo bem. Desta vez eu arranjo uma mulher que não seja você. Mas me aguarde.”

Ele desliga o telefone. Ele está irritado. Meu inconsciente está alerta, ele vai aprontar alguma coisa Rebecca.

Essa pontada de ciúmes transmitida pelo telefone prova que Logan não consegue dividir por completo seus sentimentos do sexo, da maneira com a qual ele havia me dito. Mesmo assim ele trata as coisas como algo mecânico e descartável. Óbvil que já fiz sexo casual sem nenhum compromisso antes, e já passei por coisas que ninguém deve passar. Ele já tem vinte e oito, esta não é uma idade onde os homens estão se preparando para sossegar? Talvez ele não tenha achado ninguém, ou nem queira nada sério. Por que estou me preocupando? Ele sabe o que quer, sabe se cuidar.

•••

Há vários fotógrafos do lado de fora do carro. Hoje foi um dia longo, cheio de reuniões e ligações. Ligações! Enfim, estou animada. Além de ter sido chamada à ir para Santa Mônica em Julho, eu estou aqui, agora, tornando o abrir a porta do Audi A7 algo em câmera lenta. Henry sai antes de mim. Ele arruma o smoking enquanto sorri para os milhares de flashes. Mulheres gritam pelo seu nome enquanto ele manda beijos e pisca para elas. Viro os olhos com a cena. Ego inflamado ao extremo.

Respiro fundo. É a minha vez. Ponho meu pé direito para fora do veículo, exibindo meu Prada de salto alto. Delicadamente me levanto entrando naquele mar de olhares. Seguro minha bolsa andando pela área da imprensa. Meu vestido Gucci azul turquesa colado no corpo faz com que meus passos sejam lentos. Sorrio para os fotógrafos que gritam pelo meu nome. Henry segura a minha mão e me conduz para a entrada.

Já no evento, aceito uma taça de champanhe que me é oferecida por um dos vários garçons. Henry também pega uma, e observamos o ambiente em volta. Atores, políticos, cantores, empresários, quase todos já estão aqui.

De longe vejo meu pai sorridente ao lado de Amber. Por que ele a trouxe aqui? O relacionamento deles já se tornou público? Ele está com a mão depositada ao final da coluna dela. Ambos conversam com sócios da advocacia. Henry dá uma risada irônica ao meu lado.

“Como ele arranjou uma mulher tão gostosa?” meu irmão pergunta.

“Já disse para não duvidar de nosso pai.” Dou um gole do champanhe.

“Vou arranjar alguém essa noite. Não dá para ficar na seca vendo nosso pai com uma mulher dessas.” Henry está agitado.

“Boa sorte garanhão.”

“Valeu loira.”

Ele se afasta de mim, andando em direção a um grupo de mulheres. Observo ele entrar na conversa do grupo usando todo o seu charme. Agora eu não tenho ninguém. Que ótimo... Viro a taça bebendo todo o champanhe de uma vez só. Ando até outro garçom e pego mais uma taça.

Olho para frente e me deparo com Logan vindo em minha direção. Ele me fuzila com um olhar determinado.

“O que você está fazendo aqui?” pergunto irritada quando ele se posiciona ao meu lado.

“Caçando. Uma mulher me disse que eu deveria achar alguém que não fosse ela. Está interessada?”

“Como você consegue ser tão sínico?”

“Eu não sou sínico.” Ele se faz de ofendido.

“Está sendo agora, Hilbert.”

Ele dá de ombros.

“Não estava em Vegas?” pergunto.

“Resolvi voltar mais cedo. Além disso, eu gosto de ajudar as crianças nos orfanatos.”

“Então quer dizer que você faz trabalhos voluntários? Interessante.” Digo a última palavra com ênfase. Volto a dirigir o meu olhar para meu pai e Amber.

“Parece que você não gostou muito da nova integrante.” Logan diz provocando.

“Não gostei muito de todas as confusões que tiveram entre meu pai e minha mãe por causa dela.” Resmungo.

“Mas Amber não é tão boa assim.”

“Em que sentido?”

“Já dormi com ela. Nada de excepcional.” Esse cara já dormiu com todo mundo? Ele mantem uma expressão serena.

“Você comenta com as pessoas o desempenho das mulheres na cama? Que ridículo.” Dou um gole valoroso em meu champanhe.

“Não. Isso não é do interesse de ninguém, mas acho que posso confiar em você.”

“E se eu disser que não confio em você?”

“Eu lhe mostraria que na verdade, não sou este sem vergonha todo.”

“Duvido.” Sussurro sorrindo.

“Precisamos conversar.” Ele diz rapidamente, pegando meu ombro e me puxando para o canto do salão, perto dos banheiros.

“Ei!” protesto quando ele me prende contra a parede. A aproximação de nossos corpo é algo tentador. Logan coloca as mãos na parede atrás de mim, uma de cada lado de minha cabeça, forçando o contato visual.

“O que te incomoda tanto sobre mim?” ele pergunta apertando mais seu corpo contra o meu. Seus olhos buscam uma resposta nos meus.

“Sua abordagem é ofensiva.”

“Normalmente ela dá certo, mas vejo que com você vai ter que ser algo mais elaborado.” Ele se afasta um pouco, me dando espaço, e tomando cuidado com seus movimentos. Ele quer ganhar este jogo, e eu também.

“Por isso que voltou mais cedo? Para por o seu mais elaborado em prática?”

“Com certeza. Nenhum homem pode querer nada com você, só eu.”

“Você está falando como se eu fosse sua. Como se tivéssemos algo sério.”

“Mas você está disponível. E isso me faz sentir ameaçado.”

“Logan Hilbert não parece ser o tipo de cara que se sente ameaçado.” Dou e ombros. “Só se a sua cama estiver ameaçada de ficar vazia.”

“Ela com certeza está. Ainda tenho esperanças, e não aceito um não como resposta.” Com certeza. Um homem como ele chegar onde chegou liderando uma grande porcentagem de todo o entretenimento do país, mais todas as pessoas com que se envolveu, significa ser alguém persistente.

“Só quer uma noite? Ou vai vir com aquele papo de que quando estivermos com vontade, um estará lá para satisfazer o outro?”

“Vou voltar com o papo. Isso te incomoda? Por que as pessoas querem sempre estar ao lado de alguém e contar com aquela pessoa para tudo? É uma ilusão idiota e um jeito bem patético de se pensar. O que estou lhe propondo é mais fácil. Quando não se sente nada, não há ilusões e nem ninguém esperando algo a mais de você.”

“Mas eu gosto de conhecer melhor a pessoa antes.”

“Mas porque?”

“Eu não gosto de me sentir usada. E tenho um bom motivo para isso. Da mesma maneira que você deve ter outro, para ser assim.”

“Quer passar mais tempo comigo então?”

“Sim, como estamos agora. Conversando. Nos entendendo.”

“Tudo bem. Tínhamos que equilibrar os termos, para que os dois aceitassem.”

“Ah! Henry!” uma mulher grita ao nosso lado enquanto ri. Eu e Logan viramos nossos olhares para a cena. Henry sai do banheiro logo atrás de uma mulher que arruma o vestido. Os dois se entreolham e sorriem.

“Nossa. Seu irmão é rápido no gatilho.” Logan ri, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. Não consigo me conter e rio também. Henry olha para nós e ao perceber que estamos rindo dele, nos mostra seu dedo do meio.

“Preciso de mais uma bebida.” Digo dando o último gole do champanhe.

“Garçom!” Logan chama o garçom mais próximo de nós, e pede dois uísques. “Tudo bem para você?”

“Claro.” Digo rapidamente. Não demora muito, e o homem volta com dois copos de uísque com gelo.

Logan pega os dois, dando um para mim. Ele dá um gole fazendo a bebida passear pela sua boca, aproveitando completamente o sabor antes de engolir. E assim por diante. Meus pensamentos travam, e fico ali parada apreciando este jeito tão provocador de beber.

Com muita força, levo meu copo a boca e dou um gole. Está delicioso.

“Muito bom, não? É um Bourbon.”

“Adoro este.” Digo.

“Rebecca Waldorf não me parecia ser uma mulher que aprecia este tipo de bebida.”

“Aprecio quase todos.”

“Aprecia.” Não entendo exatamente se isso é uma afirmação ou uma pergunta. Me soa como uma mistura das duas. Só consigo prestar a devida atenção a sua boca que forma levemente um sorriso de canto, enquanto aproxima o rosto do meu.

Antes que possa fazer qualquer movimento, sua boca está junto a minha. Continuo a mão me mexer, pois todos os sentimentos renegados agora estão explodindo dentro de mim, me forçando a seguir com isso. Seus lábios estão gelados e com um gosto amargo de álcool. Acabo soltando o copo e o deixo cair no chão, fazendo um barulho fino e irritante. Sinto um sorriso se formar em seus lábios colados nos meus. Escuto outro barulho de vidro quebrando, e percebo que ele fez o meus que eu. Em um ato desesperado enfio minhas mãos em seu cabelo e o puxo para mais perto. Ele geme enquanto agarra a minha cintura e me joga mais uma vez contra a parede. Nosso beijo se prolonga em um ritmo frenético, delirante. Um beijo apaixonado. Me separo de seus lábios ofegante.  O que estamos fazendo? Estamos em um jantar beneficente, cheio de pessoas da mídia que podem tirar fotos.

“Acho que deveríamos ir para as mesas, o jantar das doações já vai começar.” Digo olhando em seus olhos assustados.

“Claro.” Ele ameniza sua expressão sorrindo. Provavelmente tão chocado quanto eu, pela onda de sentimentos que percorreu o meu corpo, e que deve ter percorrido o dele também.

Para manter as aparências, apenas andamos um ao lado do outro. Agradecendo pela cena ter ocorrido em um lugar afastado.

Por ordem do destino, eu, Henry, meu pai, Amber, Logan e Dominic sentamos todos na mesma mesa. Henry está todo orgulhoso, e Logan não tira os olhos dos meus. E aí eu percebo que as vezes você se apaixona por uma pessoa inesperada, em um momento estranho, em um lugar diferente.

•••

O silencio que se espalha pelo ambiente me faz acordar tranquilamente. Obro os olhos devagar e vejo que a luz está apagada. A leve iluminação que passa por debaixo das cortinas da enorme janela me avisa que já é de manhã. Olho o ambiente em volta e uma onda de pânico percorre meu corpo inteiro. Onde estou? Este não é meu quarto, e não me lembro como vim parar aqui. Na verdade nem me lembro de como acabou a noite passada. Me sento na confortável e quente cama de madeira escura esculpida. O quarto é amplo e muito bem arejado. É decorado com móveis que combina com a cama, com tons de bege e branco. Uma televisão de tela plana enorme está pendurada na parede á frente da cama. Luxuoso e sofisticado, mesmo sendo simples.

Ouço uma batida na porta que faz o meu coração acelerar. A porta se abre no mesmo instante revelando a imagem de Logan. Merda!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem. Vou demorar um pouco para postar o próximo, pq eu estou em semana de recuperação, e as provas vão começar de novo. Mas vou tentar ser o mais rápida possível. Obrigada. Bjos...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nossos Demônios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.