Thank You For Loving Me escrita por Maria Bonasera


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Queria dizer que amo os comentários de vocês, e mesmo não tendo postado vocês vieram aqui e comentaram. E eu os agradeço por isso.
Um novo capitulo. Tardio, eu sei. Não quero demorar tanto para o outro. A fic está chegando ao fim e pretendo postar rapidinho.
Agradeço a paciência!!!



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Narração da Autora (NO)

Os dias passavam sempre do mesmo jeito para Stella. Por mais que ela tentasse cada dia fazer uma coisa diferente, visitar um lugar mais distante ou voltar para casa em uma rota que ainda não havia feito, no fim, era sempre a mesma coisa. 

Quando o sol finalmente se escondia dando lugar à noite e Stella Bonasera fechava a porta de seu apartamento os lugares que havia conhecido, os caminhos que havia aprendido não serviam de consolo algum quando trancada naquela sala imensa e vazia ela tentava em vão fazer com que aquilo fizesse um pouco de sentido em sua mente perdida e assustada.

Após ter aprendido com o taxista o caminho para o laboratório de criminalística ela mesma dirigia até lá, ficava parada na frente só observando a movimentação, por duas ou três vezes entrou e até encontrou Liz que ficou bastante contente em vê-la. Conversaram por alguns minutos, Stella tem certeza que foram os minutos mais engraçados desde que havia mandado Mac embora. Mas ela sabia também que aquela sensação de não pertencer a nada daquilo não a abandonara nem por um instante se quer.

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O sol entrava pela enorme janela da sala diretamente no rosto de uma grega que dormia esparramada no sofá. Ela se mexeu um pouco abrindo os olhos devagar, mas logo os fechou por conta da luz radiante. Colocou as mãos no rosto. Não queria levantar, não para enfrentar só mais um dia como qualquer outro que vinha enfrentando.

Queria ficar ali, deitada enrolada em uma posição fetal na esperança de que tudo magicamente voltasse ser o que era antes, porque deveria ser melhor do que a tremenda confusão que estava sendo agora, ou talvez a levasse a uma realidade alternativa em que ela ao menos pudesse ter controle sobre sua vida.

Antes, ela era a primeiro no comando de um laboratório de criminalística de Nova Orleans, ela tinha amigos adoráveis, era útil, fazia algo que acreditava ser ao menos altruísta, já havia trabalhado em Nova York e tinha uma família lá também, e é bem provável que mesmo sem intenção tenha magoado Mac trocando de cidade. Sua vida não parecia de todo ruim.

Nas atuais circunstâncias ela não passava de uma pobre coitada, a desmemoriada, a que estava prestes a perder o emprego, a que não fazia nada de útil. E já não era caso de probabilidade e sim de cem por cento de certeza que magoara Mac.

Mais uma vez.

Talvez a realidade paralela fosse a melhor escolha, mas esse era o maior problema. Ela não podia escolher. Stella suspirou fortemente. Hoje ela tinha consulta com o psicólogo, mas as sessões não estavam lhe servindo de absolutamente nada, só a deixavam mais frustrada. Ainda deitada, socou o sofá.

—Não vou a lugar nenhum hoje. – Disse em voz alta, resignada cruzando os braços em cima do peito. Mas sua resignação durou apenas poucos segundos.

Ela prometeu que se esforçaria. Stella fez uma nota mental para se lembrar de nunca mais fazer promessa alguma.

Suspirando mais uma vez ela levantou do sofá, suas costas doíam, ela praguejou baixinho. Quão idiota parecia hoje a brilhante ideia de ontem de dormir no sofá.

Arrastou-se até o banheiro tendo que desviar de algumas coisas que estavam espalhadas pelo chão. Ela não se abaixou para pegá-las. Stella tinha a sensação que essas coisas sussurravam maledicências para ela. Que secretamente comentavam o quanto ela era uma fracassada, então as deixava ali como uma forma de castigo.

Tomou um banho, colocou uma roupa já para sair e foi para a cozinha tomar o desjejum, mas não havia nada na geladeira, tampouco nos armários. Pegou sua bolsa e bateu a porta do apartamento saindo muito irritada e um pouco ofendida.

Ao notar que havia esquecido a chave do carro em cima da bancada Stella olhou para o céu: “sete bilhões de pessoas e tudo tem que acontecer comigo?”, saiu a passos firmes de seu prédio, a pé, não chegou dar dez passos quando uma pequena massa quente e nada graciosa esparramou em seu ombro direito formando uma grande e descomposta mancha de coco de pombo em sua blusa.

Reuniu o pouco de orgulho que ainda possuía e marchou firme e resoluta ao seu destino pouco se importando com aquele dejeto em seu ombro. Desistiu de comer. Se Mac estivesse ali certamente a obrigaria a tomar o desjejum. Ela sorriu com a lembrança. Mas o sorriso sumiu quase que instantaneamente, Mac não estava ali. E a culpa era toda dela.

Não havia ninguém que a obrigasse a comer, se arrumar, colocar as coisas no lugar ou simplesmente limpar aquela mancha estúpida em sua blusa. Ela estava sozinha. E pela primeira vez ela tomou consciência de como isso a assustava.

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Narração da Autora (NY)

Mac andava bem preocupado. Por mais que quisesse ficar com raiva de Stella por ela tê-lo mandado embora seu instinto protetor sempre falava mais alto. Compreendia que ela precisava de espaço para se reerguer, mas sua teimosia o deixava a flor da pele.

Não ligara para ela nem uma vez nesses últimos três meses e encarregou Lindsay disso. As respostas às perguntas de Mac eram sempre as mesmas; ela está bem. Mas não estava nada bem. Ela estava lá sozinha e ele estava aqui. Isso o estava matando.

Stella poderia estar sem memória, mas Mac sabe que certas coisas da personalidade não mudam tão facilmente. Ele sabe que caso a grega venha a perder o emprego daqui a três meses ela não aceitará ajuda de ninguém.

O detetive andava de um lado para o outro em sua sala, isso já era costumeiro para quem olhasse de fora.  Especificamente esse dia passava a mão nervosamente nos cabelos, estava com uma sensação ruim que nada tinha a ver com as chamadas insistentes de Carol em seu telefone.

—Lindsay. – Gritou da porta de sua sala para a loira que passava no corredor.

—Hey Mac. Um instante. – Lindsay colocou os aparelhos que estavam em sua mão em uma mesa próxima e se dirigiu a sala do chefe. – pois não Mac?

—Lindsay, você ligou para Stella hoje? – Perguntou.

—Ainda não Mac.  Por quê?

—Não sei. Estou com um pressentimento ruim. – Ele sentou em sua cadeira.

—Ela tem uma consulta hoje com o psicólogo. Ligo para ela mais tarde. – O detetive assentiu ainda tenso – Ela é uma mulher forte Mac.

—Esse é o problema Lindsay. Ela sempre é forte, mas ela sempre teve um lado para se apoiar. Se não era aqui, era em NO. E agora? – A voz de Mac era quase um sussurro.

Lindsay sentou no sofá, preocupada, nunca tinha visto o chefe assim.

—Mac... – ela disse apontando para o sofá, mas o detetive apenas balançou a mão deixando claro que preferia ficar de pé.

—Eu a perdi uma vez Lindsay, porque eu não soube enxergar o que estava na minha frente. Deixei-a ficar longe da casa dela, dos amigos dela porque eu não soube como agir. Eu não quero cometer o mesmo erro. Não dessa vez. Não tendo provado o que eu perdi e posso perder de novo. – Quanto mais Mac falava, mais ele ficava frustrado, e menos parecia notar a presença de Lindsay ali.

—Você não está fazendo sentido Mac. – Ela disse quando ele fez uma pausa quase imperceptível. Ele parou de andar e olhou para ela. Suspirou lentamente, caminhou até o pequeno sofá e sentou de frente para Lindsay.

—Vou ter contar o que aconteceu entre o momento que saí de NY e o momento que aquela maldita bomba explodiu.

Lindsay se ajeitou no sofá atenta. Quando Mac para pra contar uma história, você é obrigado a ouvir.

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Narração da Autora (NO)

Stella já caminhava por quase dez minutos por aquelas ruas coloridas, com toques franceses, caribenhos e africanos e seus pés começavam a doer. Deveria ter colocado um tênis.

Algumas pessoas passavam pela grega a passos apressados, outras a cumprimentavam com acenos de cabeça e sorrisos calorosos. Aqueles lugares pelos quais ela andava não a traziam lembrança alguma. Toda aquela cultura do lugar não encaixava na mente de Stella.

Também pudera o centro de NO é o lugar menos americano que existe dentro dos EUA, bem distante dos novíssimos arranha céu da gloriosa Manhattan e até mesmo de suas construções mais velhas.

Stella estava quase chegando à quadra do consultório, quando um grupo de pessoas chamou sua atenção. Parecia uma despedida, as pessoas abraçavam um homem, felizes e chorando ao mesmo tempo. Uma moça, da idade do homem aparentemente, chega perto dele desfazendo o nó da gravata a retirando, logo em seguida abrindo o primeiro botão da camisa sorrindo para ele, bem no momento que a grega passava ao lado deles.

— Você tem que relaxar um pouco - ela disse.  Não que Stella prestasse atenção na conversa alheia, mas toda essa cena mexeu com a grega de uma forma que ela não saberia explicar mesmo que quisesse.

Ela sentiu o ar faltar em seus pulmões e as pernas virarem gelatina. Só não caiu porque um gentil senhor a amparou perguntando se estava tudo bem. Stella agradeceu afirmando veementemente que estava bem que ela só havia tropeçado em algum ressalto. Sem muitas opções o homem a soltou e seguiu seu caminho, não sem antes observar que a calçada não possuía ressalto algum.

Stella continuou caminhando até entrar no prédio. Ao entrar no elevador encostou-se à parede e soltou o ar. Todo seu corpo tremia. Aquela moça, aqueles gestos lhe pareciam tão familiar. O tranco do elevador parando assustou a mulher que fez um esforço imenso para se recompor e caminhar para sua consulta.

—-**--

Narração da Autora (NY)

—Uau. -  Foi tudo que Lindsay conseguiu dizer quando Mac finalmente terminou sua pequena história.

—Uau é um termo bem apropriado para o momento. – Disse Mac soltando uma risada fraca. – Eu me pego falando Uau para mim mesmo de vez em quando. – Foi a vez de Lindsay sorrir.

— Acho que todo mundo desconfiava dos dois, mas com tudo acontecendo ninguém teve coragem de tocar no assunto. – Disse a loira e Mac assentiu. Ele sabia disso.

— Acho que Stella – Lindsay continuou – mesmo sem a memória meio que sente que deve ficar afastada de você, afinal ela foi para NO para fugir dos sentimentos dela e de você. Na cabeça dela, isso faz sentido. Mesmo que tendo certeza que conseguiu conquistá-la pela segunda vez.

—Faz sentido Lindsay. É bom conversar com alguém às vezes.

—Você tem um departamento cheio de pessoas que você pode conversar Mac.

Mac simplesmente sorriu e Lindsay entendeu que era hora de voltar ao trabalho. Levantou e foi em direção à porta, porém, antes de sair, disse:

—Nós vamos trazer ela de volta pra casa Mac. Com ou sem memória.

O chefe sorriu e acenou. Ele tinha grandes amigos. E eles ajudariam a trazer sua Stella de volta.

Mac ainda divagava em pensamentos quando seu celular tocou outra vez, nem precisou olhar para a tela para saber que Carol quem ligava. Ponderou alguns segundos antes de atender.

—Taylor. – Disse friamente.

—Precisamos conversar.

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(NO) (Narrado por Stella Bonasera)

Como eu já esperava a consulta não deu em nada. Esse médico de araque com esses óculos na ponta do nariz que o departamento policial aconselha nunca me passou confiança.

Como eu poderia lhe contar o que se passava em minha cabeça nesse momento sem nem eu mesmo sei? Ficamos praticamente em silêncio durante 1 hora. Mais trezentos dólares jogados fora.

Estou começando a considerar virar psicóloga.

Antes de sair do consultório passei no banheiro e limpei a mancha em minha blusa que agora secava.

Não confiava na firmeza de minhas pernas para andar nem até a esquina por isso ao sair do prédio fiquei a espera de um taxi que rapidamente apareceu me fazendo pensar que as coisas poderiam até dar certo por hoje.

—A senhora vai para onde? – Perguntou o taxista ainda parado. Considerei por alguns instantes, precisava de comida em casa.

—Ao supermercado, por favor.

O taxista assentiu e deu partida no carro.  A corrida levou um pouco mais de vinte minutos. Fiz uma compra básica e já saía para procurar outro taxi no estacionamento do mercado quando um carro passou a uma velocidade absurda e quase atropelou um trabalhador que fazia a descarga de um caminhão, que só foi salvo porque o amigo que estava perto o puxou para o lado.

Os companheiros de trabalho que estavam do outro lado se abraçaram depois de dizerem palavras nada agradáveis ao carro que havia deixado poeira para trás.

Encostei em um carro próximo com o susto.

—Cara, obrigado pela rapidez. – Um deles disse.

—É para isso que servem os companheiros. – O outro respondeu.

E pela segunda vez nesse dia eu tive essa sensação quase sufocante. Minhas pernas mais uma vez viraram gelatina e minha visão ficou turva. Segurei as sacolas com força e me apoiei bem no carro. Fechei os olhos por uns segundos e respirei profundamente até encontrar o equilíbrio novamente.

Quando abri meus olhos os dois homens estavam a minha frente.

—A senhora está bem? – Um deles me perguntou. Eu apenas assenti.

—É que a senhora está branca feito um papel. – O outro disse.

—Eu estou bem, acredite. Só saí de casa sem comer e me assustei com esse motorista sem educação. – Menti sorrindo. Também era a segunda vez naquele dia que mentia descaradamente para alguém que tentava me ajudar.

—Madame, a senhora deveria comer ates de sair de casa. Aliás, deveria realmente comer, porque magra desse jeito qualquer dia desses vai quebrar no meio, ou sair voando com o vento.

Fui obrigada a soltar uma gargalhada. Agradeci e nos despedimos. Quase corri até o ponto de taxi e entrei no primeiro que vi.

A corrida para minha casa parecia que iria durar horas. Cheguei em casa e quando bati a porta do meu apartamento parecia que tinha feito o trajeto desde o supermercado correndo.

Meu peito subia e descia e minha respiração estava ofegante. Coloquei as sacolas no balcão da cozinha e peguei um copo de água para tentar me acalmar. Aquela cena no estacionamento e aquela cena na rua me são extremamente familiares, mas eu não sei como.

Eu só queria conversar com alguém.

Sinto meu telefone tocar dentro da bolsa que nem havia tirado do ombro. Era Lindsay. Meus olhos encheram de lágrimas de desespero, agradecimento, felicidade e nem sei mais o quê.

—Bonasera. – Eu atendi. E mais uma vez senti uma familiaridade.

—Stella!! – Lindsay disse – há quanto tempo não atende o telefone assim. – continuou surpresa.

—Pois é Linds, não sei o que me deu hoje. – Disse com a voz meio embargada e soluçando.

—O que está acontecendo Stella?  - Sua voz já estava mais urgente. Preocupada.

Pronto. Foi o suficiente. Desabei a chorar.

(Narração da Autora)

—Stella! Stella! O que está acontecendo?  - Perguntou Lindsay. A perita só tinha visto Stella chorar duas vezes, primeiro ela tinha passado por um inferno e matado um homem em legitima defesa, a segunda ela corria sério risco de ter se infectado com o vírus HIV. A coisa era grave.

—Ah Li...nds ... e...nã.. – Stella não conseguia falar, soluçava fortemente.

Lindsay pareceu entender do que a grega precisava, colocou sua preocupação de lado e ficou ali, somente ouvindo, enquanto a amiga despejava suas lágrimas e soluços do outro lado da linha. Ficaram algum tempo assim até que Stella parou de soluçar.

—O que está acontecendo Stella? – Lindsay indagou quando percebeu que a amiga se acalmara um pouco.

—Eu não sei. – Ele disse num fio de voz – Acho que é tudo. Eu não faço progressos, eu posso perder meu emprego daqui a menos de três meses. Parece que eu vou enlouquecer.

Lindsay quase não ouviu a última palavra, pois Stella começou a chorar novamente.

—Eu sei que o que vou te pedir agora é muito difícil e clichê Stella, mas você tem que se acalmar.

Stella e Lindsay passaram mais alguns minutos conversando, mas a grega decidiu não contar todos os acontecimentos dessa manhã para a amiga. Ainda eram marcas recentes e ela nem sabia o que significavam. Ambas desligaram o telefone. Stella ficou algum tempo ainda o segurando com a sensação de que a loira saberia o significado.

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Notas finais do capítulo

Comentem, cada vez que leem e não comentam, o coração de um autor para de bater.



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