Begin Again. escrita por taysheeran


Capítulo 6
Primeiro dia de aula.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ! CAPÍTULO NOVO, FRESQUINHO. ACHO QUE VOCÊS VÃO GOSTAR.



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Seis e meia. Eu já estava parada na frente de casa, jogando um jogo bobo no celular e sentindo a brisa fria da manhã, o ar fresco que fazia meus cabelos balançarem. 

Tentei ficar calma desde a hora em que meu despertador tocou e eu caí na real, primeiro dia de aula, mas sem êxito. Eu estava nervosa pelo simples fato da minha triste história se repetir e eu voltar a ser aquela mesma garota insegura e solitária que eu era. 

Pare.

Olhei em volta e vi Percy caminhando sobre o caminho de pedra, feito especialmente para que ninguém pisasse na grama. Sorri para ele e fui ao seu encontro. 

-Ei - ele disse. - Você parece bem. 

-Só pareço - eu disse, dando de ombros. 

-Não fica nervosa - ele disse, então nós começamos a seguir para o final da rua. - Qualquer coisa você tem a casa de madeira, lembra? E você tem a mim. 

-Não vou desgrudar de você, só pra te avisar - eu disse, quase em automático, mas logo me arrependi. Será que isso soou mal?

Mas minha incerteza passou quando Percy riu e sorriu para mim,  assentindo com a cabeça. 

-Tudo bem. 

Antes que qualquer um de nós pudesse prolongar a conversa, meu celular começou a tocar. O barulho da mensagem, que eu havia mudado á pouco tempo, por causa da minha mãe, que reclamava quando eu não via que tinha por causa do barulho fraco.

"Fiquei sabendo que é o seu primeiro dia de aula. Tenta não ser uma vadia, dessa vez, com o seu futuro namorado! Não esqueça do seu primeiro."

 Meu ex. Encantador. Apago a mensagem e lembro-me de descobrir um jeito de bloquear o seu número; eu não precisava ficar lendo aquelas coisas, meu passado já me atormentava demais. E aquilo que estava marcado em mim, também. 

-Quem era? - perguntou Percy.

-Uma amiga - eu menti. - Ela quis me desejar boa sorte. 

-Não vai responder? - ele franziu a sobrancelha.

-Ligo pra ela mais tarde - eu disse, feliz por ter pensado em alguma coisa á tempo. - Então, em que sala nós caímos?

-No C. 

Percy e minha vó foram fazer a minha matrícula juntos, e, para aproveitar, ele refez a dele, o que fez com que nós caíssemos na mesma sala. 

-É em que andar? 

-Nossa, como você pergunta! - ele disse, franzindo a sobrancelha. 

Eu rio. Espontaneamente, porque gosto da expressão facial que ele faz. 

-Nosso andar é o quinto - ele disse, com o tom de "sim, estou cedendo" - segundo ano C. 

-Segundo ano. Isso não te dá medo?

-Medo? - ele perguntou, confuso. 

-Eu ainda lembro quando eu estava indo para a primeira série. Meu Deus, é horrível crescer. 

Ele ri. 

-Concordo. 

Já conseguimos avistar a escola. Está na próxima quadra, e tem uma aglomeração de alunos na frente dela e na rua, o que deixa os motoristas indo para o trabalho que passam por ali bravos, por terem que dar ao trabalho de buzinar e fazer com que eles saiam das ruas. 

A vantagem é que aquela é uma rua comercial, quase quê em uma avenida; é o começo de uma. Essa parte é compostas por três bancas de jornal, uma livraria, umas cinco lanchonetes e dois restaurantes. E, mais adiante, tem um clube grande. Aposto que é pra lá que todos vão depois da aula. 

-Ah, Percy - o pânico subiu. Mas logo desapareceu quando Percy olhou para mim e sorriu, pronto para me confortar. 

-Não se preocupe, Annie - e de novo ele me chamou assim. Borboletas. - Estou com você. - Borboletas, de novo. Que saco, porque ele faz isso comigo?!

Assenti com a cabeça e continuamos em um silêncio confortável. Ele estava me dando espaço para processar tudo aquilo, e eu fiquei feliz, mesmo não precisando de espaço. Eu estava contente em estar em um lugar completamente novo, onde ninguém me conhece, e eu posso ser totalmente diferente do que eu costumava ser. 

Começamos a dar passagem no meio de toda aquela aglomeração de adolescentes eufóricos. Ainda bem que eu não me comportava igual eles. 

Entramos por uma porta grande, e logo em seguida chegamos á um hall. Nele tinha duas escadas, que levavam ao andar de baixo e ao andar de cima. Havia também um elevador, novo por sinal, mas que pouco usavam. 

Fomos á escada que levava ao segundo andar, e eu estava relaxando. Subimos, tentando desviar do caminho dos outros, e finalmente chegamos ao nosso destino. Quinto andar.

Nossa sala ficava no final do corredor, e muitas vozes saíam de lá, apesar de faltar meia hora para começar ás aulas. Percy me levou em direção á um grupo. Um grupo totalmente diferente do que eu imaginava. Ele me apresentou um á um. Eram cinco. 

Bianca é uma garota simpática, por sinal. Ela tem um estilo totalmente fofo e é discreta, apesar de não parecer o tipo que esconde as coisas de seus amigos. Ela tem cabelos encaracolados e marrons, e tem a pele branca. Nico, um outro garoto, é seu primo, e por incrível que pareça, eles são iguais. 

Thalia tem olhos azuis e intimidadores. Seus cabelos são lisos e vão até seus ombros. Ela parece uma pessoa gentil, mas aposto que se você mexer com ela você com certeza apanha. Diferente de Bianca, Thalia usa um lápis de olho preto bem marcado, e um colar com uma caveira. 

Luke tem um estilo surfista, e um sorriso brincalhão. Tem cabelos loiros e olhos azuis, calmos e convidativos. Ele parece uma pessoa relaxada, no bom sentido, e não deixa nada o abalar. 

E tem também Silena. Ela parece uma boneca de porcelana, em todos os sentidos. É cheia de gentilezas e parece ser uma ótima amiga. Suas bochechas são levemente vermelhas, ela tem cabelos lisos e, quando chega nas pontas, são para dentro, como se ela tivesse acabado de fazer uma escova. Seus olhos são mel, e perto da pupila algumas "raízes" são verdes. 

-Então, você deve ser a famosa Annabeth - disse Thalia, me analisando, e, em seguida, olhando para Percy. Não sabia como reagir a esse comentário, então apenas sorri. 

Eles começaram a me fazer mil perguntas; de onde eu era, o que eu estava achando sobre essa rotina nova e, a que mais colocaram ênfase: onde você conheceu Percy?

Graças a Deus essa sessão de interrogamento cessou quando o professor de história chegou e todo mundo se sentou em seus lugares, fazendo silêncio absoluto. Eu iria me sentar entre Silena e um garoto que eu ainda não conhecia, mas que, ás vezes, sorria para mim. 

Duas aulas seguidas de história, uma introdução sobre o que nós íamos aprender: mitologia grega e romana. Legal, chega de colonização e primeira e segunda guerra mundial. 

Quando finalmente chegou a hora do intervalo, senti um alívio. Odeio ficar muito tempo sem conversar, principalmente quando é durante uma hora e quarenta minutos. 

-O que nós fazemos agora? - eu perguntei para Silena. 

-Nós temos 40 minutos de intervalo e podemos sair daqui - ela disse, sorrindo. - Vamos ao Starbucks, quase todo mundo vai pra lá. 

-Nós podemos? - eu perguntei, um pouco hesitante. 

-Sim, monitores daqui ficam nos cafés! - Bianca explicou. - Como a escola não tem nada em relação á alimentos, eles nos deixam sair. Nós só precisamos escrever na folha que fica ali na porta nosso nome. Pessoas do ensino fundamental não podem fazer isso, somos prestigiados. Eles trazem comida de casa.

-Legal - eu disse, e realmente era. Mas eu estava com medo de qualquer coisa ruim acontecer. 

Saímos pela porta grande de entrada e seguimos um grupo de pessoas que ia em direção aquele famoso e verde café que ficava do lado da escola. Pedi um frappuccino de caramelo, meu favorito. 

Sentamos em uma das mesas lá fora. O celular de Silena iria despertar quando faltasse dez minutos para o nosso intervalo acabar. 

-Então, Annie - começou Bianca. - Você já conhece Nashville?

-Bem, bastante. Eu cresci aqui. 

-Sério? - ela franziu a sobrancelha. - Então porque você foi embora? 

Thalia chiou e olhou para ela, reprendendo-na, dizendo com seus olhos intimidadores "Para, você não tem nada a ver com isso". Sorri para ela e comecei a contar, com poucos detalhes. 

-Minha mãe recebeu uma proposta de emprego, ela estava magoada por tudo que havia acontecido. Mas então ela resolveu se casar, depois de uns anos, e eu resolvi voltar, dar espaço pra ela. 

-Você não gosta do seu padrasto?

-Não, quero dizer, eu gosto. Mas eu tirei muitas oportunidades da vida dela. Não iria fazer isso agora. 

-Ah - ela disse, dando um sorriso fraco. Aposto que ela se arrependeu por perguntar. 

-Então - interrompeu Thalia. - Vai se inscrever em qual matéria extracurricular, Annabeth?

-Química - eu disse, sorrindo. - E você?

-Mecânica - ela disse, sorrindo. 

-Você espera mexer com carros, docinho? - disse Luke, com um sorriso irônico no rosto. 

-Não, Luke - ela disse, com uma expressão raivosa. 

E assim começou uma longa discussão sobre machismo. Eu só assistia, pois ainda não me sentia no direito de me intrometer e opinar. Mas, apenas observando, eu começava á conhecê-los melhor e a me sentir mais confiante. 

As próximas quatro aulas foram: ciências, português, matemática, inglês. O básico. Todo mundo ficou em silêncio, e ás vezes podia ouvir algum toque de celular tocar, mensagens. Eu, graças a Deus, não havia mais recebido nenhuma. 

Quando deu a saída, cada um foi pro seu canto, com um "até amanhã", mas eu sabia que eu receberia algum convite de amizade no facebook e que eu conversaria com alguém. 

-Então, o que achou? - perguntou Percy, quando nós já estávamos um pouco longe. 

-Aqui é um paraíso comparado com a minha antiga escola - eu disse, sendo sincera. 

-Sério? - ele parecia satisfeito.

-Sim - eu disse, sorrindo para ele. 

-Então não vai mais precisar do esconderijo?

-Quem sabe mais tarde? 

Ele sorriu para mim e eu retribuí, então nós começamos a fazer comentários maldosos em relação aos professores, até chegarmos na minha casa. 

Como esperado, ele iria... Ou melhor, nós iríamos ajudar a minha vó pelo resto da semana. Almoçamos, assistimos um pouco de tevê e ajudamos a minha vó a organizar as linhas da sala de costura. Depois fomos regar as plantas e os pés de alface do quintal, e como esperado tudo terminou com uma guerra de água. 

Uma tarde ótima, um dia bom. Por quanto tempo eu já não tinha mais isso? 

Eu estava contente, bem. E isso bastava. 


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