POV Misto. (Kol e Gabi.)

Um mês passou e tinha ficado ali com eles. Era estranho, mas já estava menos "traumatizada" do que eles são e também conseguia ficar um pouco mais a vontade com os homens da casa. Isa agora sabia se controlar e eu e Kol tínhamos virados melhores amigos, acreditam? Estava lendo um livro sentada no meu quarto. Quando percebi que ele estava parado na porta me olhando.

– Eu não disse que era bom?– Ela estava a cada dia mais linda. Como eu estou aguentando não beija-la?

Sorri.- É perfeito esse livro.

– Eu sei.- Me sentei na cama dela.– Vamos fazer algo hoje? Sair, talvez.

– Boa ideia. Mas eu não vou ir de novo naquele karaokê. Paguei o maior mico.- Disse rindo.

– Tem um lugar novo, a gente pode ir dançar.- Disse.

– Ok, eu aceito.- Baguncei o cabelo dele e ri. Como conseguia confiar nele, concordei. Ele tinha mostrado que não se excederia, por que só de imaginar alguém me tocando assim ainda me dava arrepios.

– Ótimo.- Dei um beijo no rosto dela.– A gente sai às nove.

– Ok.- Falei.

Na hora marcada ela estava pronta e linda. Como eu me apaixonei por alguém que nem tinha beijado? Não sei, só sei que queria ela mais que tudo.

– Vamos então?- Questionei.

Fiquei sem ação olhando ela– Claro.

– Você está bem?- Perguntei.

– Vamos.- Eu já estava no meu limite com ela. Só pensava em como seria ficar com ela, mas não podia forçar a barra.

Chegamos ao lugar. Era lindo e já estavam dançando.- Ótimo lugar.

– Vem, vamos para pista.- E ela veio. O ritmo era ótimo, ela dançava bem. Puxei ela para mais perto. Quem sabe hoje eu consigo o meu beijo?– Você dança muito bem.

– Obrigada. Você também dança muito bem.- Sorri.

Estávamos próximos, a musica nos envolvia. Coloquei o cabelo dela para trás.– Você está tão linda.

Me arrepiei com a respiração dele tão próxima de mim. Nossas bocas estavam a centímetros uma da outra e o perfume dele estava me inebriando.– Obrigada.

– Gabi, você sabe que eu gosto de você e nunca te machucaria.- Disse.

– Eu sei. Eu também gosto de você, Kol.- Falei.

– Era disso que eu precisava.- Peguei o rosto dela e trouxe depositando um beijo suave. Senti-a retribuir, ela também gostava de mim. Puxei ela mais junto e aprofundei o beijo como quis todo esse mês.

Eu gostava dele. Quer dizer eu o amava. Eu tinha me apaixonado por ele e fazia um mês que lutava com a vontade de beija-lo. Era tão bom sentir seu corpo tão perto do meu, ele era tão lindo e me tratava tão bem, sempre cuidando de mim. Seu calor, seu gosto. Eu o amava mais que tudo.

A musica terminou e nos separamos. Olhei para ela sorrindo e ela sorria também.– Esperei por isso todo esse mês.

Sorri.- Eu também.

– Ficou quente aqui. Quer beber alguma coisa?- Perguntei.

– Quero.- Disse.

Fomos ao bar e peguei umas bebidas para gente. Fomos para um canto não tão cheio.– Está gostando daqui?- Apesar do beijo, sabia que era para não ir rápido demais.

– Estou sim.- Disse.

– Gabi, eu...- Como ia dizer que a amava?– Gosto muito de ficar com você.– Disse chegando perto dela

Olhei para ele.- Eu também Kol.

– Bom saber disso.- Beijei ela de novo.

Retribui o beijo e envolvi meus braços em seu pescoço.

Como era bom finalmente tê-la. As coisas estavam esquentando, ela parecia querer tanto quanto eu.

Com dificuldade parei o beijo. Estávamos quase nos deitando no sofá que estávamos sentados. Na verdade era estranho, porque nunca tinha me sentindo bem com essa situação e agora eu sinto.– Aqui não é um bom lugar.

– É verdade, desculpe. Quer dançar mais?- Perguntei.

– Não, eu não quero dançar.- Mordi de leve seu lábio e o beijei novamente.

– Melhor ainda. Ainda tem aquele apartamento aqui?- Questionei.

Sorri.- Sim, eu tenho.

– Ótimo, em casa tem muita gente. Vamos?- Perguntei.

– Vamos.- Disse.

Saímos e fomos ao apartamento dela.– Legal aqui.

– Sim. Tem uma bela vista.- Olhei pela janela.

– Eu tenho uma melhor.- Falei.

Me virei pra ele e sorri.- E qual seria?

– Certa garota linda que eu amo demais.- Sem querer falei. E se ela não gostar de mim tanto assim? Não devia ter falado.

Sorri. Senti que ele ficou inseguro.- Eu também tenho uma visão muito melhor de um garoto lindo que eu amo demais.

– Você também?- Perguntei.

– Sim, eu também.- Envolvi meus braços em seu pescoço.- Eu te amo.

Não pude deixar de sorrir.– Eu te amo também.- A beijei e ela retribuiu, agora com ainda mais vontade que antes. Agora eu sabia que ela também me amava. Levei ela para o quarto e deitamos na cama.

Continuei o beijando e sentia que ele estava ficando excitado. A magia do momento foi acabando. Ele começou a tirar meu vestido e passava a mão pela minha perna. E comecei a ficar enjoada. A imagem dos "amigos" do meu pai veio a minha cabeça. Me sentei na cama. Não conseguia. Eu pensei que tinha superado.

– Gabi, o que foi?- Ela havia se sentado, então eu fazia carinho no seu pescoço.

– Desculpe, eu pensei que tinha superado tudo que aconteceu comigo, mas... - Aquelas imagens e sensações voltavam.

Parei tudo. Droga, tinha ido rápido de mais.- Gabi, me desculpa eu me empolguei, não devia ter feito assim.- Sequei a lágrima dela.

Acariciei seu rosto.- Você não fez nada de errado. Só que eu não te contei tudo...

– Tudo o que?- Sabia o que vinha. Preferia não vê-la tocando nesse assunto. Era doloroso para ela.

Respirei fundo.- Bem, não era só o meu pai que abusava de mim. Ele mandava os amigos dele também. E não era um, era dois, três ou cinco.

Ouvir dela era pior do que pensei.– Como você aguentou tudo isso?- Passei a mão pelo rosto dela.

– Eu não aguentei. Logo no primeiro ano eu tentei fugir, mas não deu certo. Meu pai me pegou e bem...- Suspirei.- Fiquei de cama imobilizada por um mês.

A raiva me consumiu por dentro.– Eu sinto muito você ter passado por tudo isso.- Minha mão continuava no rosto dela e a outra estava na cintura.

– Tudo bem. Já passou. Tem situações na vida que mostram o quão forte um humano pode ser.- Sorri fraco.

– Sim e você é muito forte.– Dei um beijo nela.– Nunca faria algo que você não quisesse.- Fiz uma trilha de beijos pelo pescoço dela.

– Mas eu quero. Eu te amo. Só que acho que preciso de um tempo pra me acostumar que agora eu não sou mais obrigada a nada. Só isso.- Disse.

Olhei para ela.– Hoje não vai rolar, não é?

– Eu queria muito, mas não sei se vou conseguir hoje, desculpe...- Disse.

– Tudo bem. Você não quer tentar mais nem uma vez?- Perguntei.

– Desculpe mesmo Kol. Se você quiser procurar outra com menos problemas do que eu, eu vou entender.- Falei.

– Não Gabi, me desculpa você. É que estive ressecado por 18 anos, acumulados sabe. É muito tempo, mas não ficaria com outra pessoa.- Disse.

– Eu peço desculpas de novo. Não queria ser você nesse momento. Mas eu prometo, quando esse "bloqueio" terminar e eu creio que seja logo, eu vou te recompensar esses 18 anos de completa seca.- Disse.

Me joguei na cama. Como eu ia aguentar? Já estava no limite.– Tudo bem, vamos esperar então.

– Eu acho melhor a gente voltar, não? Ou você quer dormir aqui?- Questionei.

– Deixa eu me acalmar um pouco e depois a gente vai. Podemos voltar para a boate.- Disse.

– Podemos sim.- Fui até o espelho e comecei a fechar o vestido.

Ela estava me torturando, só pode. Me virei na cama, ficando de cara no travesseiro.– Você quer me matar né?

– Desculpe. Eu vou me arrumar no banheiro.– Entrei no banheiro.

Essa vai ser difícil demais de fazer, ou melhor, não fazer. Eu a amo e entendo o lado dela, mas como dizem, estou subindo pelas paredes.

Sai vestida.- Ok, estou pronta de novo. E vestida.

Confesso que estava com raiva de mim mesmo. Ela com todo esse problema e eu pensando nisso. Só que era tão difícil não pensar.– Certo.- Me levantei e arrumei o que estava fora do lugar.- Vamos?

– Vamos.- Disse e saímos dali.