Nothing Left To Say escrita por Jules


Capítulo 8
Amargurada


Notas iniciais do capítulo

Aeeee eu voltei lol ÇALSÇALSÇALSASÇL.
Então, espero que me perdoem pelo tempo que fiquei sem postar. Os agradecimentos de sempre: Leni ♥ hahaha.
Boa leitura, e nos vemos lá em baixo ;)



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Eu nunca desejei morrer. Não realmente, do tipo bater as botas, ou ir viver na morada eterna. Nem mesmo quando decidi que o melhor era por um fim completo na minha vida e libertar Melanie para sempre. Aquilo nem chegou perto de um pensamento suicida. Eu não desejei em momento algum morrer. Digo, cair sem lutar nunca fora uma opção. Eu não tinha motivos concretos para acolher a morte.

Tendo como visão primária o sofrimento das pessoas, sempre tentamos ajudar. Talvez, na maioria dos casos, o que fazemos nunca é o suficiente para que o sentimental do sofredor volte a ser uma barreira concreta sem buracos. Pelo menos elas têm alguma companhia, ou alguém a quem elas podem desabar em lágrimas. Um ombro amigo. Coisa que, nesse exato momento, eu não tenho. 

Nunca se está preparado para a morte, ela faz de tudo para nos dar uma bela rasteira. Sempre. Estando ciente ou não do que poderá acontecer daqui a 3 segundos, nunca será possível saber quais os sentimentos que serão carregados juntamente.  Não há como reagir ou como se preparar.

Pouco menos de minutos foram suficientes para que o eixo principal do mundo fosse arrancado, deixando apenas um globo rodando desordenadamente. O eixo principal responsável por manter o Globo Peregrina girando coordenado, sem nenhum problema, sem inclinação, fora retirado da forma mais brusca e mais inesperada.

Peregrina não era mais um Globo. Passava apenas a ser um pontinho insignificante em um universo que perdia a coloração de suas estrelas, de acordo com o tempo que passava e a ficha de que tudo o que havia acontecido, realmente havia acontecido.

Eu realmente desejava morrer.

Deitada sobre os bancos traseiros do Jipe, estou eu. A Peregrina que jurou amor eterno, que jurou jamais abandonar, que jurou jamais prejudicar. A Peregrina que matou o seu próprio companheiro.

Encontro-me agora na posição fetal, abraçando a mim mesma. Estou despedaçada, cortada, machucada. Foi como se mil facas tivessem sido empurradas contra o meu peito nu, perfurando cada músculo, estourando cada veia, chocando-se contra o meu coração. Elas haviam sido remexidas milhões de vezes para que eu sentisse ainda mais dor, se é que isso fosse possível.

Estou atordoada e completamente culpada. Esqueci-me novamente de como se fala e de como se movimenta cada músculo. Cada movimento é uma nova facada. Até mesmo piscar e respirar se tornaram dolorosamente impassíveis. Por pior que seja, eu ainda assim consigo - e quero – sentir o seu cheiro pregado no Jipe, em cada canto. Era como se cada centímetro cúbico fosse um centímetro cúbico de Ian O’Shea. Olho para qualquer um dos lados e só consigo ver ele: sua aparência dolorosamente elegante, seu sorriso confortador e sua feição passivamente cortante.

Mas, de uma forma ou de outra, eu teria que prosseguir de viajem. Não que eu queira, claro que não. Voltar para a casa jamais seria uma opção, não sem ele.

Sua flanela continua intacta como uma capa sobre o banco do motorista. Seu cheiro era como uma droga que eu jamais poderia usar novamente, eu queria ser drogada por ele até que fosse constatada a minha morte por overdose.

Mas ele está morto.

Eu sei.

Mas, pensando por outro lado, é melhor que esteja. Prefiro que sua morte esteja confirmada, sabendo que ele está em paz, apenas me esperando nos portões da morada eterna; do que saber que um parasita está controlando seu corpo.

Malditos Buscadores.

Já não tenho mais lágrimas para derramar. Ah, como já chorei. Elas rolavam por toda a extensão de meu rosto e queimavam a cada novo percurso. Sussurro para mim mesma que tudo vai ficar bem mesmo sabendo que essa é a maior mentira já inventada, nada vai ficar bem e não há como voltar atrás

Ah, se houvesse como voltar ao passado, voltar ao momento em que perdi o controle de meu corpo. Eu daria de tudo para ter apenas mais alguns segundos perto de Ian, apenas alguns segundos seriam necessários para mudar o rumo de nossa história. Não estou com uma fase avançada de desidratação, pois no momento em que penso nisso volto a chorar. As lágrimas cortam como navalhas e queimam novamente.

Preocupo-me com o pensamento de que talvez Ian possa estar vivo, mas não por conta própria. Não, não, não. Eu havia escutado vidros sendo quebrados, talvez ele cometesse suicídio. Ele jamais se deixaria ser pego, se mataria antes de tudo.

Então pergunto novamente a mesma pergunta que eu havia feito a mim mesma quando acordei hoje pela manhã: por que ainda não cometi suicídio, se ele mesmo já havia terminado com a sua vida? Ian acabou com a sua vida, e levou a minha junto.

Eu preciso voltar à caverna, avisar os outros e torcer para não ser recebida aos tiros.

Penso, então, em Mel. Oh, Mel. Ela amava Ian igualmente ao afeto que ele a tinha. Jared. Ele não iria sofrer quanto qualquer outro, mas sua maior preocupação seria ser descoberto, caso Ian tornar-se um Hospedeiro e suas lembranças fosse libertas. Maldito narcisista.

Jamie. Ele não tem um afeto tão grande por Ian, mas o fato de que eu estaria sofrendo perante seus olhos o fariam sofrer também. Jeb. Oh, Jeb. Mostrar fraqueza jamais seria aceito por ele mesmo, mas certamente sentiria a falta de Ian.

E por fim temos... O Kyle. Oh, não! Kyle... O irmão de Ian. Pensar nele me faz tremer. Kyle iria desejar a minha cabeça nos pés da sua cama como companhia para a noite. Ele não é do tipo que perdoa, e perdoar uma parasita que tirou a vida da pessoa que ele mais amava estaria fora de cogitação. Permito-me imaginar Kyle em meio a um completo desespero, ajoelhado sobre o chão, cobrindo o rosto com as mãos trêmulas enquanto suas lágrimas não hesitam em escorregar. Isso jamais aconteceria, ele é orgulhoso demais.

Mas, eu realmente precisava voltar.

Como eu consegui ser tão egoísta? Tão fria? Tão sem coração e tão amargamente... Humana?

Meu coração se encolhe novamente e eu abraço a mim mesma. Meus olhos queimam e a minha garganta rasga novamente, enquanto o Sol persiste em dançar do lado de fora, zombando da real humanidade crescente sobre minha alma.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu sou suspeita pra falar, mas eu gostei açslaçslas. Ficou pequeno, mas ficou legal.
O QUE VALE É A OPINIÃO DE VOCÊS, então bora comentar, né galera? O/ tenho tantas leitoras, por que tão poucos reviews por capítulo? Bora lá, ou nem tem próximo u_u
Nos vemos no próximo e é isso ae lol kkk ;*



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