Círculo das Ruas escrita por Marykelly
Notas iniciais do capítulo
Finalmente FÉRIAS. O/ Vou tentar postar mais rápido já que terei mais tempo livre pra escrever. :D Espero que gostem do capítulo.
− E eles eram gatos? – Essa foi a primeira coisa que a Amanda perguntou, logo depois que eu terminei de falar.
− Eu não fiquei.... Analisando a aparência deles. Estava mais preocupada com a a minha vida. – Reviro os olhos e dou uma mordida no bolinho que eu pedi. Arnoldo estava demorando, então resolvemos esperar numa das mesas na calçada de um restaurante próximo às lojas. Ela me encara e morde o bolinho dela com tanta indignação que ele começa a se espatifar. − Ah! Agora eu me lembro. Sabe... Um deles parecia encantador enquanto socava meu estômago até quebrar todas as minhas costelas.
− Pare com isso! – Ela amassa um guardanapo e o atira na minha direção. – Está falando como se eu não desse a mínima. – ela resmunga e faz uma carranca de falsa mágoa.
Eu conheci a Amanda numa festa, no banheiro feminino. Ela estava se acabando em lagrimas por ter se separado. Eu a chamei para se sentar comigo e o Kevin e comecei uma conversa, para que se sentisse melhor. E... bom, não paramos nunca mais.
− Os meus pais já sabem. – Digo enquanto fito meu bolinho. – Eles discutiram. – Quando levanto os olhos ela está franzindo o nariz numa expressão estranha. – Não faça essa cara, suas sardas só aumentam. E também não foi tão ruim assim. Pelo menos ainda não. Ainda não tive como conversar com eles.
− Se eu fizer assim.... elas somem? – Ela pergunta, fazendo bico e sugando as bochechas. Como se a única coisa que ela tivesse escutado foi “sardas”.
− Não. E agora você parece um peixe sardento. – Ela atira outro guardanapo amaçado, mas dessa vez eu consigo desviar. Ela resmunga com uma cara insatisfeita. Nunca soube de alguém que odiasse tanto ter sardas como a Amanda. Era quase uma paranoia. Não eram tão evidentes antes dela começar a pintar os cabelos de vermelho – O que ela acredita disfarçar as sardas, dando a entender que era ruiva natural.
− Olhe, se precisar me mim estou bem aqui. Você sabe eu tenho um extraordinário poder de persuasão. – ela fala enquanto sacode a ponta dos seus cabelos.
− Eu sei. − Riu.
− Sem mim você já estaria morta. Ou presa. Ou as duas coisas. – É a minha vez de amaçar um guardanapo e atira-lo.
− Hey, pare com isso. Você vai acabar com todo o estoque de guardanapo desse lugar.
− Oh! Não jogue a culpa para mim.
Eu comecei a falar alguma coisa, mas parei assim que percebi sua expressão contorcida de medo.
− Ah, Amanda? Você está bem? – pergunto.
− Shhhh, levante e entre comigo no restaurante. Agora. – ela levanta e puxa meu braço para que eu a siga.
− Hey, o que está havendo? – Eu me solto do seu aperto em meu braço e recuou alguns passos, esbarrando em alguém que estava atrás de mim. O garoto tinha um jeito bastante parecido com os de Crenshaw. Não só pelas suas roupas folgadas e o seu jeito largado, mas também pela sua atmosfera ameaçadora.
− No próximo fim de semana será a inauguração do novo clube da Ukansy – Ele me olha de cima a baixo. Eu fico estática, sem entender nada. Sinto o aperto forte da Amanda no meu braço, me tirando da minha hipnose.
− Como é? – Pergunto, cerrando os olhos. Não que eu esperasse alguma coisa , mas a forma que ele começou essa “conversa” foi totalmente sem sentido. Ele solta um suspiro e entrega dois panfleto da pilha, que ele segurava, a mim.
− É um clube de festas noturnas. Aí tem toda a informação que vocês precisam para chegar lá. Vai ter bebidas de graça por toda a noite.
− Ahm... – Digo, finalmente entendendo.
− Eu vejo vocês lá. – Ele solta um sorriso malicioso, olhando um tempo para Amanda e depois seguindo para outra mesa. Amanda me puxa pra dentro do restaurante enquanto eu via um segurança se aproximando dele.
− Você ficou maluca? – Ela me fala, já dentro do restaurante. −O que deu em você pra falar com ele? Eu disse pra vir comigo. – sua fala ofegante deixava transparecer que ela estava realmente apavorada.
− Mas ele não fez nada. Só estava trabalhando. Eu não entendo por que você está agindo assim.
− Como assim você não entende? Ele não fez, mas poderia ter feito. – Ela começa a fungar. Penso em algo para dizer que a impeça de chorar.
− Então é assim? Tudo bem eu ficar sozinha com... como você disse? "bad boys". Mas um não pode nem chegar perto de nós? – Ralho.
− Não é isso, Abby. Você... você realmente não notou? – Ela pergunta, com um olhar triste.
− Hum. Não. – Sinto seu olhar confuso e depois, como se nada tivesse acontecido, ela volta ao normal.
−Tudo bem, então. Eu só pensei que fosse alguém.
− Quem?
− Ninguém. – Ela diz, ajeitando o cabelo no espelho da parede.
− Como assim ninguém? – Protesto, ficando na sua frente para que ela não possa ver seu reflexo.
− Ninguém que você conheça. – Ela bufa e caminha em direção ao banheiro.
Qual era o problema dela?
− Abby. − Amanda me chama quando estou prestes a entrar no carro. Ela exibe um sorriso inocente e meio receoso. O que ela estava tramando? – É que... eu tinha algo para falar pra você. Na verdade eu vim pensando nisso, mas.... – ela reveza o peso do corpo entre um pé e outro.
− O que?
− O Kevin me ligou. – Meu sorriso some. – Ele me disse que tentou te ligar, mas só dava fora de área, então entreguei a ele seu novo número. Eu não pensei direito na hora, achei que estaria tudo bem, mas depois fiquei pensando se você queria falar com ele.
− Fala sério. Você está mesmo me pedindo desculpa por isso? – Faço uma careta e ela solta um riso seco. – Eu vou ligar pra ele quando chegar em casa, está bem? Isso deve demorar um pouco, você sabe pra onde vou agora....
− Ah, você vai mesmo voltar lá? − ela me pergunta.
− Eu prometi que ia. Eu vou me afogar na banheira quando chegar em casa. Estou completamente fora do ar. – bufo.
Pouco depois do carro começa a andar ouço o toque de mensagem do meu celular.
“Hanna Campbell a convida para um jantar especial e um incrível bate-papo. - Fig & Olive, Melrose Place”
Isso só podia ser brincadeira. Que coisa... Praticamente ninguém sabia sobre esse número de celular, fazia apenas alguns dias que tinha comprado e já estavam me mandando mensagens.
Não faço ideia de quem seja essa tal de Hanna.
Digo para mim mesma que foi apenas um erro de alguém ao escrever o número do destinatário e deixo para lá.
***
− Abby! Finalmente você chegou. Comecei a pensar que não viria.
− Eu disse que vinha – Caminho a seu encontro, no centro do salão. Ela se aproxima e me puxa para um abraço apertado. Fiquei meio tensa mas acabei retribuindo.
− Sim. Eu sei, mas acabei pensando que... bem, isso não importa mais. Venha. Vou apresentar você. – Huh, Eu queria me jogar de cara no chão e ficar lá até que todos fossem embora.
− Hey! Abby. – Procuro o dono da voz que me chamou e vejo Roger e Natalia junto ao grupo que não devia ter mais que cinco pessoas.
− Oi. – Abro um sorriso forçado e aceno para eles. Eu tinha me esquecido que eles estariam aqui. A Natália estava claramente tentando não ser notada por mim e ficou bastante irritada com Roger por ele ter chamado a minha atenção.
− De onde vocês se conhecem? – Margaret fez uma cara de quem estava surpresa e pouco à vontade com isso. Ficamos encarando uns aos outros, no meio de uma cena constrangedora.
−Ah... a gente... – Roger começa mas eu me apresso em interrompe-lo.
− Longa história. – Digo, tentando dar fim a conversa.
– Tudo bem. – Ela pisca pra mim. Mas o que...? – Pessoal, escutem! Essa aqui é... a Abby. Ela será uma de nós. Então... que tal darmos as boas vindas?
– O-o que? – engasgo enquanto ouço ela falando. – Eu não... – Ela agiu como se eu não estivesse ali e continuou falando.
– Não esquenta. Ela é sempre assim. – Estranho quando a Natália se aproxima. Já percebi que ela não é muito de falar. Ou não é muito de falar comigo. – Então... Já que você veio aqui... Eu queria te pedir pra não falar pra ninguém, sabe? – Ela solta o ar e coça uma das sobrancelha. – O fato de virmos aqui. Eu e o Roger. Ninguém mais sabe.
– Eu não sei a quem poderia falar, mas não precisa se preocupar. – Olho para Margaret enquanto ela auxilia os seus alunos em alguma coisa.
– Ótimo. – murmura.
– Prontos? – Margaret nos alcança e pede para que eu vá para um banco próximo a parede. – Eu vou colocar a música. Tente não chorar. – Ela ri e anda em direção a porta.
– Então... foi daqui que você tinha saído. – Roger fala enquanto se senta ao meu lado.
– Sim. – Ele não fez uma pergunta mas eu respondo mesmo assim. – E você não vai? – inclino a cabeça em direção à turma.
– Eu ainda não estou no nível deles. Você vai ver.
– Ah, vocês ensaiam separados?
– É... Treinamos juntos todos os dias, mas cada dia um grupo de nível fica até um pouco mais tarde.
– Por que não querem que saibam de vocês aqui? – Pergunto, sem disfarçar a curiosidade.
– Por que você não quer que saibam de você aqui? – Eu devia ignora a pergunta assim como ele fez, mas eu não queria criar um clima chato.
– Porque assim evito um monte de problemas. – respondo. Dando de ombros.
– Idem. – Ele murmura, rindo, e encara os dançarinos que estão a alguns metros de distância, dispostos em lugares combinados.
Eu me recosto na parede, à espera do "espetáculo". Abro um discreto sorriso assim que ouço a música.
Pelo visto a coisa ia ser animada.
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Será que a coisa vai ser animada mesmo? :)
Gostam? Farei o possível para postar o próximo ainda essa semana. Bjs.