Morte ao Entardecer escrita por Stormy Raven


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Fic participante do concurso “Queen of Hearts”, da UMDB/FFSol.
Tema 02 – “Entardecer”

Enfim, meu primeiro Yaoi. Dedicado especialmente a Petit Ange, que me apoiou nessa idéia maluca, e a Camila Jéssica, que betou com muito gosto ^^b



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Morte ao Entardecer


 


      Por dias e dias, Oz esperava por um momento como aquele. Já não se agüentava mais, só conseguia pensar em um modo de frear essa vontade. Desde que vira a cicatriz que ele mesmo causara em Gilbert há tanto tempo, não sossegou mais.


 


      “Deve ter sido duro para Gil durante estes dez anos... Se bem o conheço, ele se culpou sem motivo algum. Tudo culpa minha...”


 


      As cores amareladas do pôr-do-sol penetravam pela janela, iluminando bem o aposento, e cegando quem quer que fosse que entrasse ali, já que a janela ficava frente a frente com a porta. Oz sabia disso, e contava com esse trunfo caso alguém tentasse interrompe-lo. Sim, pois sempre alguém chegava ao pior momento: Ou era Alice, esfomeada; ou Break, com seu estranho modo de agir e ‘brincar’. E até mesmo Miss Sharon, com o simples desejo de conversar um pouco.


 


      E ele já estava ficando cansado disso. Não conseguia um momento sequer sozinho com Gilbert que não fosse fora de casa, durante as missões – sempre perigosas – que eram obrigados a completar.


 


      “Mas agora não é hora de ficar se lamentando. Finalmente consegui.


 


      Hoje, no entanto, era o dia perfeito. Alice dormia profundamente depois de um almoço farto, e de algumas horas discutindo com Gil e Break. Sharon foi visitar sabe-se lá quem, possivelmente alguma amiga ou algum membro da Pandora. Xerxes, como não desgrudava dela, foi junto. Era a chance que Oz esperava: Ninguém poderia interrompe-lo.


 


      “Gil me perdoe, mas não agüento mais essa curiosidade.”


 


      Gilbert Nightray estava deitado, dormindo em um divã. Dormir naquele horário é bem incomum. Mas, devido aos perigos dos dias anteriores, e especialmente às estressantes brigas com Alice, era um mais que merecido descanso. Dormia profundamente relaxado, e Oz sabia que seria raro conseguir outro momento como esse, então partiu logo para o ataque:


 


      “Certo, primeiro as presilhas...”


 


      Com um pouco de dificuldade, o garoto foi retirando as presilhas douradas* que prendiam a camisa branca de Gilbert. A cada presilha retirada, o pequeno Vessalius sentia seu rosto cada vez mais quente, e uma sensação esquisita na barriga. Não achava que teria tanta dificuldade em um ato tão simples...


 


      E assim, entre ondas de calor e friozinhos na barriga, Oz conseguiu abrir a camisa de Gil sem acordá-lo. Lentamente, descobriu o peito do moreno, revelando a pele branca antes oculta, e revelando também a cicatriz, a terrível cicatriz feita  dez anos atrás.


 


      Esse era seu objetivo: Chegar até a cicatriz. Ver de perto o que causara com as próprias mãos. Por dias pensando nisso, com essa fixação em entender o mal que fez a Gil.


 


      Só que Oz não estava satisfeito em apenas ver. Queria tocar, sentir. Mas, na posição em que estava não seria muito fácil. O divã já era alto, e Gilbert estava levemente virado para o lado contrário ao seu...


 


      “Eu vou ter de arriscar e torcer para ele não acordar. Seria uma situação meio complicada se ele despertasse agora.


 


      Tentando ser o mais silencioso e sutil que conseguisse, o garoto de cabelos dourados subiu no divã e sentou-se sobre o quadril de Gil. A sensação estranha na barriga aumentou, parecia um calafrio só que era de certo modo... Gostoso de sentir. Era impressão ou sua respiração havia se tornado estranhamente pesada agora?


 


      Oz tentou não pensar muito nisso, e voltou-se para seu objetivo: A cicatriz. Mas, agora havia outro problema. Na posição em que estava, a luz do sol batia direto em seus olhos, cegando-o.


 


      “Sol maldito! Vou ter de chegar mais perto.”


 


      Abaixou-se e ficou com o rosto rente ao peito nú do moreno. Podia ver a cicatriz com muita clareza agora. Examinou-a cuidadosamente, passando o dedo indicador por toda a sua extensão, sentindo a pele macia do adulto. Um arrepio subiu-lhe pela espinha. Que pensamento foi esse que passou rápido por sua mente, fazendo-o corar tanto?


 


      Agora que já tinha conseguido o que queria, Oz não sabia o que fazer. O normal seria sair dali o mais rápido possível, antes que Gil acordasse. Mas algo em seu interior não queria fazer isso. Queria aproveitar mais aquele momento íntimo entre os dois, mesmo que um deles estivesse dormindo. Só não sabia como.


 


      Pensando nisso - sem parar de acariciar o tórax de Gil – o garoto apenas se abaixou mais e deitou sobre o corpo do Nightray adormecido. Fechou os olhos por alguns momentos, começou a imaginar coisas que não tinha coragem de falar a ninguém...


 


      Até que, de repente, a porta do quarto foi aberta violentamente.


      - Oz!


      O menino caiu no chão, assustado, e se leva


ntou de imediato, reconhecendo a silhueta na porta:


      - Tio Oscar!


      - Oz, finalmente te achei. Precisamos conversar sobre um assunto muito sério, a Alice aprontou... Tem mais alguém com você?


      Oscar não conseguia ver o quarto direito, pois a luz do sol estava sobre seus olhos. Cobriu parcialmente o rosto, tentando enxergar algo, mas só conseguia ver a silhueta de Oz sentado no chão, coçando a cabeça:


      - O que está fazendo aí?


      - Eu estava... Dormindo! É, dormindo, e você me assustou abrindo a porta assim!


      Oscar deu uma gargalhada, dizendo em tom jocoso:


      - Queira me desculpar, ó nobre Oz Vessalius, por atrapalhar seu descanso.


      E saiu do quarto, fechando a porta. Oz ouviu as gargalhadas do tio ecoando pelo corredor, enquanto este se afastava. Suspirando aliviado, o garoto levantou-se tentando desamassar a roupa.


      “Salvo pelo entardecer. Mais alguns minutos e o sol já teria se posto, e tio Oscar teria visto o que eu estava fazendo. Que sorte!”


 


      - Por que estou sem camisa?


      Gilbert sentou-se no divã, sonolento. Olhou à sua volta e viu Oz em pé, de costas, iluminado pelo sol ponte.


      - Oz?


      O pequeno Vessalius congelou. Não conseguiu articular palavra alguma. Não conseguiu se mexer. Nem piscar. Nada.


      Mas o pior foi a porta sendo aberta por Oscar de novo:


      - Oz, sobre aquilo que eu queria falar...


      E, só para deixar a situação ainda mais constrangedora, o sol finalmente se pôs, revelando a Oscar um Gilbert sonolento, confuso e sem camisa, sentado no divã; e um Oz em pé, com a roupa toda amassada, tão vermelho quanto um tomate.


 


      Salvo pelo entardecer. Morto pelo entardecer.


 


 


 


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Notas finais do capítulo

*Essas presilhas normalmente não são visíveis, mas no episódio 16 do anime dá pra ver elas claramente.