-Isso é serio?- pergunto enquanto como mais um pedaço da minha torta.

-Sim, vovó está meio debilitada, a gripe a deixou de cama e como nenhum dos filhos pode ficar com ela, eu vou ficar. - Hanna disse enquanto remexia nas gavetas da minha penteadeira.- Mas são só por uns 3 dias, não mais que isso e enquanto eu estiver fora você pode ficar com me carro para ir pra escola.

-Não precisa deixar seu carro comigo Hanna. - eu digo meio em protesto.

-Nem começa Elly, você vai ficar com ele sim, é melhor que voltar a pé da escola, porque do jeito que as coisas andam nunca se sabe o que pode acontecer. - Hanna respondeu.

Haviam se passado quase uma semana depois do acontecido no estacionamento da escola e na casa de Hanna, porem nem ela nem meu pai pareciam esquecer, eles ficaram alertas e agora tinham cismado que segurança era a palavra chave.

-Não vou discutir com você. - eu disse, pois sabia que de nada adiantaria.- Não sei o que será de mim naquela escola sem você, terei que enfrentar  todo mundo sozinha.

-Você vai sobreviver, serão sós três dias. - ela responde.- Você ficará bem.

Continuamos conversando por algum tempo até que Hanna precisou ir para casa acabar de arrumar suas coisas, meu pai e eu a levamos embora e depois que chegamos só tomei um banho e cai na cama, não sei porque, mas me sentia esgotada nos últimos dias.

Acordei no dia seguinte com o despertador tocando feito um louco no meu ouvido. Me levantei, tomei um longo banho, peguei uma roupa qualquer e desci para tomar meu café, depois subi novamente, escovei meus dentes, peguei minha mochila, as chaves do carro recém-arrumado de Hanna e desci novamente.

-Elly, tome cuidado ok?!- disse meu pai me dando um abraço. - Estarei na empresa se precisar de mim e meu celular estará no meu bolso caso precise falar comigo.

-Tudo bem pai, não se preocupe. - eu disse retribuindo o abraço.- Agora preciso ir se não me atraso.

Dei-lhe um beijo rápido na bochecha e sai, entrei no carro de Hanna e em alguns minutos e já me encontrava na escola. Peguei minhas coisas e fui andando até o campus principal, minha primeira aula era historia com a senhorita Kent, peguei um lugar ao fundo, sem Hanna eu não tinha muita disposição para ficar agüentando as conversinhas alheias. A aula corria normalmente, as zuações corriam normalmente até que alguém bateu na porta.

-Com licença senhorita Kent. - disse o garoto que eu não conseguia ver direito devido ao péssimo ângulo onde me encontrava.- Meu nome é Patrick Collins, fui transferido para Vermont High School, hoje é meu primeiro dia.

-Por favor, entre senhor Collins, acomode-se aonde quiser e seja bem vindo a Vermont High School. - disse a senhorita Kent com seu costumeiro bom humor.

O garoto então entrou e começou a procurar um lugar para se sentar, eu podia ouvir os cochichos das meninas que diziam: “Ele é lindo”, “Que corpo”, “Precisamos conhecer o novato”, e isso me atiçou a curiosidade. Ele finalmente se sentou a uma fileira de distancia de mim, tudo que eu conseguia ver era sua jaqueta de couro preta e seus cabelos negros como uma noite sem lua, e alguma coisa me chamava à atenção nele, eu não sabia o que. A senhorita Kent continuou dando sua aula normalmente, porem eu não conseguia me concentrar, meus pensamentos iam e voltavam ao estranho que havia chegado e na sensação que ele passava. Finalmente a aula havia acabado, recolhi minhas coisas da mesa o mais rápido que pude, eu tinha que ver o rosto desse garoto. Então comecei a andar em direção a ele, porem ele estava mais rápido que eu e saiu como um furacão pela porta, corri para alcançá-lo. Eu conseguia ver suas costas então eu o segui no meio da multidão que se movimentava nos corredores da VHS, de repente alguém trombou em mim, tomei um susto e quando me virei de novo para frente ele havia desaparecido. Fiquei um tempo parada no meio do corredor tentando imaginar para onde ele poderia ter ido, mas desisti de pensar quando o ultimo sinal para irmos para nossa próxima aula tocou. Me virei de volta para ir para sala de biologia quando fui surpreendida, ele estava bem atrás de mim. Deixei todos os meus livros caírem.

-Me desculpe, não queria assustá-la. - ele disse ao recolher todos os meus livros do chão.

-Tudo bem. - disse tentando não parecer tão surpresa quanto realmente estava.

Mas então ele levantou o rosto e seus olhos cruzaram com os meus, seus olhos eram pretos profundos como um abismo, e eu já tinha visto esses olhos antes. Congelei. Era ele, o garoto que tinha me salvado no estacionamento e que depois apareceu e desapareceu na rua da casa de Hanna.

-É você. - eu disse ainda meio sem acreditar.

-Desculpe?- ele disse.

-Era você no estacionamento há quase uma semana atrás e era você na rua da casa da Hanna. - eu disse.- Era você. Quem é você?

Ele ficou serio, seus olhos passaram de receptivos a alertas.

-Me desculpe, não sei do que você está falando. - ele disse.- Cheguei hoje a VHS, nunca estive aqui antes e nunca a vi antes, você deve estar me confundindo com alguém parecido.

-Não era alguém parecido, era você, eu sei que era. - eu disse e eu realmente tinha certeza, eu nunca esqueceria seus olhos.

-Olha já disse, não sei do que você está falando, e agora eu realmente preciso ir. - ele disse e começou a se virar.

-Não, espere, eu... - comecei a dizer mas fui interrompida pelo senhor Devenrs.

-Senhorita Price, está atrasada para sua aula de biologia. - ele disse.

-Eu sei senhor Devenrs e peço desculpas, é que eu... - comecei a dizer mas fui novamente interrompida por ele.

-Não importa, permita que eu lhe acompanhe até a sua sala. - ele disse colocando uma das mãos nas minhas costas e me conduzindo até minha sala.

Olhei para trás por um instante e o garoto estava lá, me observando, quando percebeu que eu o havia visto ele se encaminhou para sala. Deixei-me ser empurrada para sala de biologia pelo senhor Devenrs, meus pensamentos em uma verdadeira desordem. Eu tinha certeza que era ele, era ele, mas ele estava fingindo ser outra pessoa, mas por quê? E por que ele tinha vindo parar na minha escola? Quem era ele afinal? O que ele queria de mim? Por que estava mentindo dizendo que não me conhecia quando tinha salvado a minha vida? Eu tinha muitas perguntas e precisava de respostas, e iria consegui-las no intervalo, custe o que custar.