Levantou uma de suas sobrancelhas, questionando o que acabara de ouvir. Para aprender, tinha que fazer? Isso não parecia nada certo. O garoto de cabelos brancos a olhava de forma gentil, gentil até demais. Suspirou e se deu por vencida, ele não seria capaz de enganá-la.

- Está bem - Levantou-se da cadeira e saiu da sala, indo até a cozinha.

Assim que a garota de cabelos róseos se foi, Hitsugaya riu como nunca. Matsumoto não estava reconhecendo seu superior, por um momento achou que estava louca. Esfregou os olhos fortemente, tentando acordar de um possível sonho doido.

- Algum problema, Matsumoto? - Perguntou o baixinho, após se recompor.

- Sim. Por que fez aquilo? - Olhou de maneira incrédula para ele - Não é assim que se ensina, Taichou.

O garoto revirou os olhos ao ouvir as palavras de sua tenente. Será que ele não podia ser mau pelo menos uma vez? Precisava ser sempre o mocinho? Bufou derrotado. Talvez estivesse sendo um pouco mau com ela, afinal, Yachiru só queria aprender a ler.

- Amanhã eu paro com isso - Avisou um pouco arrependido - Mas hoje eu quero dar uma liçãozinha a ela.

A tenente iria falar mais alguma coisa, porém a pequena rosada voltava equilibrando uma xícara de café nas mão. Revirou os olhos cor caramelo e deixou aquilo de lado, por enquanto iria apenas observar aquela vingança infantil.

- Aqui está - Yachiru colocou com cuidado na mesa a xícara com o café quente - Mas eu não aprendi nada.

- Não é tão simples assim, demora algumas horas para conseguir - Mentiu enquanto bebia um gole da cafeína - Agora me faz uma massagem?

- Como é?! - Questionou incrédula. Aquele branquelo só podia estar enganando-a - De jeito algum. Não sou idiota, muito menos sua escrava particular!

- Certo... Se você não quer aprender... - Hitsugaya fez uma cara decepcionada, mas dava muito bem para notar que era tudo fingimento. Na verdade, ele estava rindo por dentro.

A kusajishi bufou e andou para trás do capitão, alcançando suas costas. Se Ken-chan estivesse ali ele com certeza não falaria daquela maneira com ela. Colocou as mãozinhas nos ombros do Taichou e apertou levemente, massageando aquela área com cuidado. Se bem que sua vontade era quebrar os ossos daquele bobão.

O baixinho fechou os olhos, aproveitando aquele toque maravilhoso. Sentia um pouco de culpa por fazer aquelas coisas, mas não podia pensar nisso, iria ensiná-la apropriadamente amanhã. Sorriu satisfeito, imaginando a provável irritação da garotinha. Ela ficava muito bonitinha brava e... Balançou a cabeça levemente, afastando aqueles pensamentos. Estava ficando louco, só podia ser.

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Seus dedos estavam doloridos, suas pernas não agüentavam mais, e havia passado apenas duas horas desde a massagem. Quantas coisas já fizera? Nem se lembrava mais. Caiu ofegante no meio do chão, completamente exausta. Aprender era tão cansativo assim?

Café, limpeza, massagem, polimento na zanpakutou, entregas de relatórios e muito mais... Yachiru fazia tudo que ele mandava, igual um cachorrinho adestrado. Olhou à pequena estirada no chão, talvez devesse contar a verdade. Sim, era a coisa certa, Matsumoto também concordava, seu olhar raivoso dizia tudo.

Abriu a boca para começar a falar, mas sua amiga de infância entrou bem no momento. Hinamori carregava um olhar gentil, como sempre. Sorriu ao vê-la, não se falavam desde a festa.

- Olá Rangiku-san, Shiro-chan - Cumprimentou-os alegremente - Yachiru-chan, posso falar com você um segundinho?

A pequena levantou uma sobrancelha de forma interrogativa, mas concordou. Ambas saíram do cômodo e foram conversar em um lugar mais isolado, longe de dois ouvidos curiosos. Toushiro grunhiu irritado e sua tenente riu de sua cara, sem medo algum.

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- Por que você está ajudando o Shiro-chan? - Indagou a morena, bem curiosa.

- Não estou ajudando aquele bobo, ele está me ensinando a ler e escrever - Virou a cara irritada - Se eu fizer as tarefas eu vou conseguir. Bem, foi o que ele disse.

Hinamori começou a rir bem alto, e isso irritou ainda mais a rosada. Qual era a graça afinal? Hoje era o dia de brincar com a Yachiru? A morena viu que estava irritando-a e tentou cessar os risos, mas estava meio impossível. Nunca pensou uma atitude dessas de seu amigo.

- Desculpe... Mas... - Tentava dizer sem rir - Shiro-chan enganou você direitinho.

- O QUÊ?! - Gritou indignada. Já suspeitava que estivesse sendo usada, mas ouvir aquilo da morena deixou-a muito brava.

Olhou com ódio em direção a porta, muito chateada e um pouco triste. Havia feito como ele pedia, estava sendo obediente, e o que ganhava com isso? Caminhou até o local pisando forte, ignorando a tenente Momo. Iria dar o troco.

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Estava preocupado, inquieto. O que elas estavam falando? Hinamori nunca foi de conversar com a pequena. Iria se levantar e espiar um pouquinho, mas a tenente de cabelos róseos volta com um sorriso doce no rosto. Ela não estava brava e exausta? Qual era daquele sorrisinho? Bem, isso não importa. Era agora, iria revelar toda a verdade.

- Yachiru... Sabe, eu...

- Sim? Quer café Hitsugaya-taichou? Vou pegar para você - Saiu novamente da sala, sem dar tempo para ele dizer.

Ergueu sua sobrancelha de maneira confusa, não entendendo nada. Ela estava fazendo isso de boa vontade? Abriu a boca para perguntar algo à sua tenente, mas a garotinha voltou antes mesmo de dar tempo. Arregalou os olhos com tamanha agilidade.

- Demorei? Acho que não... - Carregava uma bandeja com vários copos de café quente - Sabe Ken-chan me treinou para ser rápida - Foi se aproximando dele sem o menor cuidado - Trouxe vários cafés, bem quentinhos e... - Tropeçou de propósito e derrubou tudo nele - Ops...

- Q-QUENTE - Gritou se levantando automaticamente.

- Sério? ÓTIMO! Assim eu aprendo como se escreve isso - Falou irritada - Agora qual palavra devo aprender? Dor? Tortura? Morte?

- Certo, já entendi! - Retirou o jaleco dos capitães que estava ensopado - Eu te enganei... Desculpe!

- Jura? Nem notei - Disse irônica - Você é ridículo! Não vou contar ao Ken-chan, mas não me subestime, ouviu? - Retirou-se da sala nervosa - NUNCA MAIS FALE COMIGO! - Gritou antes de sumir definitivamente.

Paralisou completamente, sem saber o que fazer. Normalmente iria bufar e deixar de lado, mas agora não, aquilo havia atingido-o. Sim, ela tinha razão, havia sido ridículo. E agora? Pediria perdão? Imploraria para ensiná-la adequadamente? Não. Apesar de tudo, ainda era orgulhoso.

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Havia terminado o seu trabalho, já era noite, estava em seu quarto, pronto para dormir. Mas então, por que não conseguia? Por que aquelas palavras o assombravam? Era conhecido por ser frio, então por que não ignorava tudo e dormia em paz?!

A chuva caia forte lá fora, e os trovões eram a única fonte de iluminação no quarto. Se não gostasse desse clima assustador com certeza culpá-lo-ia pela sua falta de sono. Mordeu os lábios fortemente punindo-se por aquilo e amaldiçoando seu plano estúpido.

Ouviu algumas batidas na porta e se levantou para ver quem era, mas não sem antes reclamar bastante disso. Bocejou e abriu a porta, não vendo ninguém. Bem, não até olhar para baixo.

- Yachiru-fukutaichou? - Arregalou os olhos surpreso pelo estado em que ela estava; Completamente molhada e tremendo.

- Eu... Eu tenho medo de trovões - Confessou envergonhada - Bem, não tem ninguém que me possa... Posso dormir aqui? Com... Você... - Encurtou o assunto.

Sorriu aliviado por ela não estar com raiva. No fundo era apenas uma garot... DORMIR COM ELE?!

Continua...