Uma rosa, aquela flor, o símbolo da beleza e da realeza no reino da terra. A rainha das flores, o insígnia suprema de Queen Amaterasu, a Deusa da Terra, o ícone da esperança, a Sailor da joia azul...

Morta...

Mas, mesmo morta, mesmo embebida em seu próprio sangue, Amaterasu ainda consegue proteger os seus...

Consegue incumbi esperança...

UMA MALDITA ROSAAAA

Uma simples rosa conseguiu impedir meu ataque e o raio de escuridão foi barrado segundos antes de atingir a princesa de olhos serenos...

Momentos depois, Endymion, o príncipe de Elysion, o filho de Amaterasu... meu precioso príncipe de olhos azuis safira apareceu.

– Beryl, não se atreva a tocar na Princesa Serenity, ou se arrependerá. – havia ódio, muito do precioso ódio em seus olhos direcionado a mim...

–- Endymion... – seus olhos azuis me olhavam com rancor, imagino que foi o máximo que já possui do príncipe. O estupor de ter suas safiras em mim me deixou em êxtase...

Mas meu entorpecimento pelo aparecimento do príncipe se desfaz dolorosamente quando vejo-o indo em direção da musa de olhos azul-celeste e impondo uma barreira entre nós duas.

– Endymion, me diga – falei tentando pouco me importar com o olhar de carinho e devoção que aquela criatura depositava no homem que desejava para mim -- Por que está tentando ajudar a princesa da Lua? Você poderia ser o rei, o Soberano da Terra e da Lua se se casasse comigo.

– Será que não percebe que a perversa energia da Negaforça está te manipulando? – havia piedade no olhar de meu príncipe. Uma grande repulsa nasceu no meu peito, tal piedade me enojava -- Acorde e esqueça suas malignas ideias!

–- Cale esta boca – odiava ser olhada com piedade, logo eu... EU, a princesa do clã do oeste, EU, a futura soberana da Terra e da Lua – Por mais que não deseje, se não se calar, você também será eliminado.

A Negaforça imunda todo o ar e em um redemoinho de energia maligna afasta meu Endymion da princesinha da lua

–- Princesa Serenity!– escuto a voz de meu príncipe clamar aquela que eu odiava.

– Endymion... – uma forte luz invade o corpo da princesa, meu redemoinho de trevas se desfaz e somos sustentados em uma cúpula, vejo do outro lado meus guerreiros, meus shitennous, aqueles que excomunguei da influência lunar, em batalha com as guerreiras dela...

Volto-me para o casal e suas mãos estão unidas de forma inseparável...

Meu ódio explode em meu ser. Tento atingir o casal odioso, tento destruir estes que ousaram me desafiar, mas meus poderes estão paralisados...

Nesta cúpula de cristal a energia maligna não pode sair de meu ser...

Metallia? Não me abandone...

Clamo pela aquela que não sou eu e em resposta sinto o cetro que em minha mão estava crescer e se metamorfoseando em uma espada negra.

A empunho com força e tento acertar a princesa envolvida nos braços de Endymion.

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Não tenho tempo a perder!

Minha vista está embaçada pelas lágrimas que lutam para sair e pelo suor que molha meus cabelos dourados. Já minha espada, ela está cruzada com a do galante de cabelos prateados, aquele a quem me entreguei...

Ele não é capaz de me entender... Algo aconteceu ao lorde Kunzite, disto não possuo dúvidas alguma...

–- A princesa e o príncipe vão morrer! – Tento colocar chamar a atenção deste homem que um dia jurou proteger este casal sagrado, mas não vejo reação alguma nos seus outrora olhos cinza calorosos.

Empunho a espada com uma dose extra de força e ele cai sorrindo do outro lado... Não vejo nem sombras do homem pelo qual me perdi...

–- Quem importa com o romance destes dois, feiticeira de Venus?

Como? Como se atreve? – Ele é seu príncipe!! -- a ira invade o meu ser e a energia do meu planeta guardião descarrega um raio cor de pôr-de-sol a ele...

Ele cai desmaiado e eu posso observar a minha volta...

Vejo Mars tentando sem sucesso algum quebrar a barreira que nossa Princesa criou...

Desesperada, vejo que Mercury está caída do outro lado enquanto dois dos generais do príncipe, o ruivo e o moreno, lutam incansavelmente contra Jupiter...

–- ENDYMIONNNN.

Ouço um grito advindo da cúpula que se estilhaça neste momento em uma chuva de cristais.

Sem a cúpula posso me aproximar e corro para o trio sendo seguida de perto por Mars...

Beryl, aquela que trouxe toda a desgraça ao nosso reino, está atônita, uma espada negra jaz em seus pés. Não consigo ver reação alguma nela, parece que sua alma se esfacelou.

Expressão semelhante há nos olhos de minha pequena princesinha, olhos agora sem vida ou luz alguma...

O motivo para tal é o homem aninhado em seus braços...

Endymion, agora um corpo sem vida, não possuo dúvidas sobre isso...

Um fato irremediável...

­­meu peito pulsa junto com o da princesa...

Visivelmente, Serenity perdeu toda esperança...

Beryl é uma casca vazia, mas isso é perigoso...

Todo o poder que visualizei sem um ideal pode ser mais maléfico do que um poder concentrado....

Preciso por fim na criatura maligna que destruiu os sonhos do milênio de prata...

Com muita dor, brando a espada sagrada que Tsukuyiomi me enviou pelas mãos de Jupiter, perfurando o peito sem luz da alma desventurada que tentou matar minha princesa e se destruiu no processo...

Neste momento, sinto uma explosão de energia negra, a espada cai de minha mão e sinto um grande poder vindo do peito sem vida que atravessei.

Minha última visão antes da luz se esvair de meus olhos é minha princesa com a lâmina prateada da espada que abandonei em contraste com seu peito alvo...

–- Nã... – elevo minha mão para impedi-la, mas não existe mais vida em membro algum meu...

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Milênio de Prata, a terra dos deuses...

Olho o meu reflexo no espelho encantado do quarto de orações...

De uma hora para outra, minha imagem se dilui e vejo os olhos dourados de minha irmã-gêmea...

Queen Neherenia... A rainha da Lua Nova, aquela que certa vez tentou lutar contra a lua branca...

Um sorriso se forma nos lábios carmins dela e escuto sua voz em júbilo.

–- Enfim, Rainha da Lua Branca, enfim, minha vingança será completa...

–- Fostes tu? – Como ela, presa no espelho, pode fazer isso?

O sorriso da minha maléfica e orgulhosa irmã-gêmea se engrandeceu – Quem dera, minha doce rainha da lua branca... Somente pude amaldiçoar a princesa... O resto deixei para a grande roda do destino... Apreciarei daqui a queda do Grande Milênio de Prata...

Seu sorriso vai se esvaindo junto com sua imagem.

Ao longe, ouço a gargalhada de Neherenia e escuto como um sibilar maldito de um fantasma do passado, sua voz no dia em que comemorei o nascimento da luz da esperança, Serenity:

“A princesa irá morrer antes de herdar o trono e o Milênio de Prata sucumbirá!”.

Meu peito começa a doer e sinto que perdi algo...

Algo muito importante, era como se a linha dourada ligada ao meu coração se perdesse e somente restasse... morte...

A morte assola meu reino...

–- Serenity... – minha voz sai aguda...

Não posso mais permanecer aqui...

Não posso permitir!

Quando abro a porta vejo que todos estão caídos...

Um clima de escuridão e putrefação, antes não percebido por mim no ambiente sagrado do quarto das orações, pesa no ar...

–- Tsukuyiomi... – meu consorte, o homem que escolhi para viver a vida comigo está desmaiado... O amparo em meus braços e afasto seus cabelos dourados do rosto brilhante de suor...

Quando toco sua mão temos juntos uma visão nefasta...

A lua está coberta pela névoa de pó negro...

Acima do solo sagrado do Milênio de Prata uma figura temível se eleva...

Com olhos vermelhos e uma aura negra...

A criatura maligna, tal entendimento vem a meus olhos, que cobiçou meu reino...

Uma ferramenta atiçada pela maldição de minha irmã-gêmea...

Queen Metalia está descontrolada, destruindo com grandes descargas de energia tudo ao seu redor...

O corpo da sua marionete jaz no chão e ao seu lado...

Estremeço...

Serenity...

E aos seus pés, aos seus pés está o corpo de minha filha, minha princesa...

Lágrimas lutam em meus olhos e sinto a mão fria do homem que compartilhou comigo do poder sagrado do Cristal de Prata afagar meu rosto...

–- Somente há algo se fazer... – sua voz estremece e vejo a luz de seus olhos sumir...

Mas entendi o que ele disse...

Compreendi suas últimas palavras...

A mente deturpada das pessoas não poderá ser recuperada...

Todo o esplendor da Via Láctea se perdeu...

Somente algo pode ser feito...

Minha filha, a Princesa, a Luz da Esperança, destruída pela perda do amor–- consigo ver como um flashback de algo que não vivi, mas que a Lua precisa me mostrar -- rasgou o próprio peito com a espada que deveria protegê-la.

Minhas pernas cedem, pela dor de perder minha filha preciosa, e caio de joelhos antes de me elevar para meu último ato como Rainha e Deusa da Lua...

Só há um meio de destruir o inimigo... Tsukuyiomi me falou...

E eu o farei. por mais doloroso que seja... Eu o farei...

O poder do Cristal de Prata...

O poder sagrado concebido aos seres da Lua milênios atrás...

Ando pelo corredor sendo guiada pelo entendimento de séculos...

Preciso me posicionar no centro do mar de Serenidade...

Sinto duas presenças ao meu lado e observo os meus dois servos mais fieis, Luna e Artemis, os seres do planeta Mau que vieram com a missão de nos auxiliar a proteger a joia azul e, agora, observar o fim do grande Milênio de Prata...

Chego ao meu local de direito... Ao longe escuto os berros descontrolados do demônio Metallia, destruindo o que restou de meu adorado reino...

Fecho os olhos e sinto o peso do Cetro Lunar, a relíquia sagrada da Família Real da Lua...

Ele nunca foi tão pesado...

Mas, mesmo diante de seu peso, elevo-o sobre minha cabeça...

–- Não rainha – escuto a voz desesperada de minha gata de pelo negro – Se utilizar o Cristal de Prata sua vida correrá perigo...

Olho com carinho para a pequena felina, minha fiel conselheira -- Fico feliz em entregar minha vida pela paz na Terra e na Lua… -- Sinto a luz branca e cálida do Cristal Prateado me envolver e libero pela última vez o poder de cura da relíquia sagrada:

–- Cura lunar, Ação!

Primeiro sinto somente um sopro leve, um calor fluindo da palma de minha mão direita que carrego o cetro, envolvendo lentamente meu corpo... Só um pouco mais intenso que outrora...

Mas depois...

Depois de me aquecer levemente, sinto todo o poder avassalador varrer meu ser corpóreo e levar para longe a influência maligna de Metalia...

Meu coração quebrado tenta com suas últimas forças prender o demônio maligno nas profundezas do Reino Escuro que ela criou para si...

Mas dói...

Dói imensamente...

A imagem do futuro precioso que minha filha poderia ter me distrai enquanto cumpro minha missão... E antes de finalizar o selo, sinto meu corpo falhar e desfaleço...

Estou muito fraca...

Mas...

Mas...

Não posso morrer assim...

Olho para os lados e vejo os olhos de meus dois últimos servos a me observarem...

Sim...

Eu posso me permitir delegar para as gerações futuras o que fui incapaz de fazer...

No meu último resquício de energia tento passar meu testamento a eles...

–- Luna... Artemis...

–- Não fale, Deusa, guarde sua energia – havia desespero na voz de minha devotada companheira, mas balanço a cabeça e continuo.

–- O Cristal de Prata, a pedra sagrada pertencente à Lua, sempre nos guiou. Foi dela... – arquejo em dor, isso é a morte? – Foi dela que nós... sempre retiramos os elementos negativos da terra e a guiamos para uma boa direção... Luna... Artemis... – vejo a imagem desfocada de seus rostos – O Cristal de Prata... Ele ajudará a encontrar a paz apenas se os corações de vocês forem puros. Mas se o coração de vocês estiver cheio de energia negativa, ele servirá como uma terrível arma.

–- Nós sabemos, Rainha Serenity... – sinto o toque frio das lágrimas de minha gatinha em minha mão direita – Pare de falar, iremos...

Balancei a cabeça – Não há mais vida em meu ser... Preciso completar o que terminei... Acabei... – arquejo de dor e tento concentrar todas as minhas forças para finalizar minha missão – Acabei de selar a Negaforça com o Cristal de Prata. – a joia agora fria perece em minha mão – Mas... Mas eu receio que algum dia ela volte a vida novamente. O cetro lunar... ele somente pode ser usado... – o gosto de ferrugem aumenta em meus lábios e acabo expelindo sangue pela boca, os felinos se desesperam para me fazerem parar de falar, mas não posso – O Cetro Lunar somente pode ser usado por aqueles que pertencem à família real. Se no futuro a Negaforça voltar a reviver, entregue este cetro para a Princesa Serenity, para que ela possa preservar e proteger a paz no mundo todo...

Antes que Luna e Artemis protestassem os prendo em um sono profundo e envio-os para o futuro em que Serenity renascerá... E, com isso, convoco, enfim, as três Sailor solitárias, aquelas que proibi de interferir em qualquer batalha que envolva o Sistema Solar Interno...

As Sailors do Sistema Solar Externo...

Posso ver os três talismãs sagrados serem elevados e o nascimento de Sailor Saturn, a infeliz Sailor da Destruição que nasceu para extinguir esta era e, com isso, permitir que uma nova era surja...

Um novo planeta se forme...

–- Silence Glave Suprise.

Escuto voz suave da guerreira de uniforme roxo e assisto o seu cajado de morte, a alabarda silêncio ser levada abaixo...

Sinto o turbilhão de energia advindo do primeiro e último ataque desta triste sailor, e, assim, posso observar tudo no Castelo Lunar se transformar em pedra e depois se dissipar como pó... O reino terrestre também não resistiu e a joia azul foi devastada...

E, com isso, será possível uma nova evolução...

No meu leito solitário vejo o extermínio de tudo e o nascimento de um novo planeta... uma nova Lua... um novo Sistema Solar...

Tudo diferente do que eu conheço...

Um Sistema bebê que demorará milênios para evoluir ao nível do que acabei de ver perecer...

Neste momento, permito ao Cristal de Prata flutuar para o azul celeste do primeiro dia da nova era...

Fico observando-o voar para longe e dissipar-se em uma explosão de energia. Assisto também o seu pó envolver os frágeis espíritos daqueles que lutaram nesta batalha sangrenta...

Chega, finalmente, a hora de minhas últimas preces enquanto ser corpóreo...

Utilizo-as igual minha irmã-gêmea Neherenia para deixar uma sina, uma profecia, que será guiada pela roda do destino...

Um dia...

Um belo dia, haverá paz na terra...

Nesse dia...