Os braços fortes dele me envolvem no meio da tempestade que se formou. Acabamos de tocar o solo maciço e melado deste novo planeta. Vejo que seus olhos estão estreitos para ver além da tempestade. Este planeta é diferente de todos os outros que já andamos, falando nisso...

Por quantos planetas já passamos?

Não faço ideia, só sei que nestas duas semanas foram muitos. Endymion teme que nossos guardiões estejam nos monitorando, por isso, não ficamos muito tempo em lugar algum...

Já andamos por planetas enormes, uns quentes demais, outros inabitáveis e outros que me fizeram acreditar que a lua é grande e um ótimo lugar para viver...

Não é que eu esteja reclamando, é fascinante conhecer tantos lugares... Mas... Eu gosto da joia azul, nenhum planeta é igual à nossa joia azul...

Estamos no limite da galáxia da joia azul, a via láctea. Este planeta, segundo Endymion me adiantou, é banhado por três sóis, Fighter, Healer e Maker, três belas estrelas brilhantes no céu azul. Infelizmente o clima não está tão bom para observar estes sóis.

–- Serenity, venha. – Endymion encontrou uma caverna e me puxa para ela – esta tempestade não é normal.

Eu estava muito angustiada para falar qualquer coisa. Sim, aquela tempestade não era normal. Parecia que todo o planeta estava reclamando algo, mas o que será?

Permaneço toda a ventania nos braços de Endymion. Sentia fome intensa, mas o que nós poderíamos fazer dentro daquela caverna... Achei melhor não reclamar, isso só pioraria as coisas e, uma vez que a tempestade passasse, poderíamos procurar comida, não?

Não sei quanto tempo se foi, mas a ventania lá fora se mantinha ininterrupta e vi Endymion olhando ao longe. Quando acompanhei seu olhar, os vi...

Eram três figuras altas encapuzadas e uma figura central, mais frágil e machucada, sendo arrastada pelas outras três. O maxilar de Endymion endureceu e o vi elevar-se.

Não precisamos trocar nenhuma palavra sobre aquilo: Iríamos ajudar!

A espada dourada de meu príncipe estava a postos, enquanto, eu rapidamente troquei o longo e esvoaçante vestido branco pela minha roupa de guerreira.

Sim, além de ser a princesa da lua também sou uma guerreira, Sailor Moon, o legado da família, a herdeira do cristal de prata e do cetro lunar.

Endymion lança uma bola de luz próxima aos carrascos e ao prisioneiro. A luz é forte, mas meus olhos estão protegidos pela viseira que coloquei previamente. Rapidamente me infiltro na comitiva e solto as correntes da prisioneira. Sim, ela é uma mulher, consigo ver.

Ela está fraca, então a coloco em minhas costas. Um dos algozes ver minha ação e tenta me deferir um golpe com o estranho cajado que levava, mas sou rápida e fujo com a prisioneira para dentro da caverna.

–- Ela está muito fraca – grito para Endymion, enquanto ele sela a porta da caverna com um feitiço.

–- Como eles se atrevem a fazer isso, com uma mulher? – meu príncipe retira a tampa do cantil e dar um pouco de água a mulher.

Só agora consigo vê-la realmente. Ela é belíssima, tinha longos cabelos vermelhos, pele clara e rosto delicado.

–- Deixa que eu dou água para ela – sorrio sem-graça e literalmente e arranco o cantil da mão de Endymion.

Eu confio nele, mas... Nem louca eu deixá-lo-ia dar aguinha na boca de outra mulher, Aff, e ainda uma mulher tão bonita...

Quando a água toca os lábios rosados dela, vejo que ela começa a reagir. Seus olhos âmbar abrem lentamente, incomodados pela luz da fogueira que Endymion acendeu mais cedo.

–- Onde estou? – aquela mulher pulou para traz igual um felino assustado e se colocou em posição de batalha, mostrando os dentes – Quem são vocês?

–- Você está a salvo – Endymion fala primeiro que eu.

A mulher arruma a coluna sem desviar o olhar – A salvo? – ela arqueia a sobrancelha – Quem são vocês?

–- Sou Sailor Moon – nem morta direi para esta mal educada que sou a princesa da Lua – e você não poderia ser mais gentil com quem a salvou?

–- Uma sailor? – ela olha para Endymion.

–- Sou o guardião dela, responsável por auxiliá-la – ele guarda a espada que havia desembainhado – Endymion.

–- Pois bem – ela fecha os olhos e sinto um forte aroma de flores de oliveira, aquele aroma cítrico, doce e refrescante que eu tanto gosto. Uma forte luz em forma de borboletas cor-fogo envolve-a, seus ferimentos são curados e ela se revela em um longo vestido vermelho ornamentado – Sou a Princesa Kakyuu, a herdeira do reino Tankei, o reino das flores laranjas, responsável pela proteção de Kinmoku. – Não acredito, minha boca se abre de forma vulgar, ela é a princesa deste planeta?–- E sou grata a vocês, Sailor Moon e Endymion, por me resgatarem...

–- Foi um prazer – Endymion faz uma longa referência – Jovem princesa.

Eu imito-o e nós três nos sentamos ao redor da fogueira. Meu estômago, que já não aguentava mais, ronca.

A princesa do planeta do fogo, Kinmoku, faz uma mágica estranha, que preciso aprender, e surge, meus olhos brilham, comida ao seu lado – Permitam-me demonstrar minha gratidão...

Ela me passa uma fruta redonda que considerei ser a irmã da pera ou da maçã, mas o gosto era diferente, mais doce e cremoso. Realmente apetitosa.

Enquanto comíamos, ela nos contou o que estava acontecendo no planeta: invasores de outra galáxia estavam tentando tomar Kinmoku para si. As frentes de batalha sofreram baixas e enquanto ela ia encontrar-se com o príncipe dela, – o fato de ela já ser comprometida, fez-me gostar um pouco mais dela – suas guardiães foram machucadas, elas se perderam e ela foi capturada de surpresa.

–- Não será possível ficar por muito tempo, mas, se o desejar, poderemos te ajudar – Endymion olhou para mim e assenti, já que Kakyuu é comprometida não há com o que me preocupar, né? Sem falar que ficar um pouco mais do que uma noite em um planeta será bom.

–- Toda ajuda é necessária... O palácio Orenjinohana (Flor de Laranjeira) é onde os aliados estão reunidos – ela nos olha de forma suspeita – Mas não posso simplesmente levá-los até lá. Do que estão fugindo?

–- Você é sagaz – Endymion sorri divertido – Mas somente posso falar que não somos seus inimigos... e poderemos te ajudar.

Ela considerou um pouco, seu olhar parecia que estava lendo nossas mentes. Admito que apesar da perspectiva de usar uma banheira e dormi em uma cama confortável ter me atraído, comecei a temer continuar com esta mulher misteriosa.

–- Ok, meu castelo não permitirá o ingresso de inimigos...

Seu sorriso fez uma sensação gelada descer pela minha espinha. O que será que acontece com os inimigos que no castelo ingressam?

Andamos com passos rápidos, a entrada do castelo Orenjinohana, tal qual Elysion, deve ser em algum local escondido e de difícil acesso...

Nada falávamos enquanto prosseguíamos e isso fez com que eu ouvisse cada vez mais alto o som que identifiquei ser do planeta, um farfalhar de cordas doce e suave, semelhante aos violinos que Sailor Neptune entona nas raras cerimônias oficiais que ela comparece...

O som intensificou quando ingressamos em um jardim de Laranjeiras.

–- Chegamos – Kakyuu falou com simplicidade – Vocês passaram pelo portal – a princesa sorriu – O coração de vocês é puro...

–- Não precisava de teste para saber! Nós... – olhei para ela de forma desagradável, mas Endymion segurou com força minha mão... O que ele está pensando? Nunca fui tão ofendida...

Já estávamos cercados por criaturas do planeta, todos eram muito parecidos com Kakyuu, altos, esguios e belos. Três rapazes a abraçaram com força.

Um deles me impressionou enormemente, ela alto, tinha pele clara, longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo baixo e olhos claros. Enquanto o observava percebi que ele também olhava para mim com interesse e Kakyuu os levou a nós.

–- Sailor Moon, Endymion, gostaria que conhecessem meus guardiões: Healer, Maker e Fighter – o cara que havia me impressionado – Eles são auteregos das minhas sailors protetoras.

–- Como? – isso não existe, nunca ouvi falar sobre isso...

–- Em Kinmoku, todas as sailors que protegem a família real possuem auter egos, é uma forma delas não morrerem em batalha... Pensei que Endymion fosse o seu, Sailor Moon...

–- Não é bem assim... – Endymion sorriu para ela, não gosto dele sorrindo para outras mulheres, olho-o com repreensão.

Conversamos coisas vãs e depois de um tempo, meu Endymion saiu para a sala de guerra acompanhando os outros três, enquanto Kakyuu me guiava para um quarto...

Imagino que ficaremos aqui por um tempo... só não sei se isso será bom ou ruim...