Vivo Por Ela escrita por MayLiam


Capítulo 20
O que quer de mim?


Notas iniciais do capítulo

A semana está acabando...
A partir de semana que vem voltarei a atualizar Rainha Do Egito.
Boa Leitura!



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Elena ficou por muito tempo lendo e relendo aquelas páginas. Se martirizando pelo o que disse, fez, e também, pelo o que Damon havia lhe deixado como mensagem. Ele estava ferido, sem dúvida. Mas por mais que Elena quisesse pensar com a racionalidade que julgava ter sobre os dois, ela se via volta e meia inquieta pelos seus pensamentos. O livro esclarecia o que ela ouvira naquela noite, mas ele não conseguia justificar o que a condessa fazia na casa do duque, nem porque os dois estariam juntos numa leitura tão intima e dinâmica. Havia em Elena agora um conflito interno, ela sabia que errara, que agiu por impulso e se deixou levar por emoções que ela não sabe descrever, queria desculpas como amiga, mas estava mais que disposta a conflitar com Damon por mais explicações. Depois de horas brigando consigo mesma, ela decidiu pelo o que julgou mais saudável no momento: Ler.

Todas as noites, depois daquele livro ter chegado em suas mãos, Elena se dedicava a uma leitura sobre a história. Stefan chegou a estranhar tamanha dedicação de sua noiva, mas como ela já mantinha este hábito, julgou apenas que se tratasse de uma paixão e envolvimento pela narrativa. Muitas vezes ele pedia para Elena ler para ele alguns trechos, o que ela fazia sem hesitar. Afinal, ela adorava esses momentos com seu noivo, e ele adorava olhar para ela enquanto lia. E assim se foram mais duas semanas...

–Preciso conversar algo sério com você. – Stefan disse a meia voz, o que a faz parar imediatamente com a leitura.

–Diga. – ela fechou o exemplar, marcando a página e dando mais atenção ao seu noivo.

–Eu não pude deixar de notar que Damon e você estão quase sem se falar desde que vieram de Valeford. – ela se inquieta, uma das coisas mais difíceis de suportar ao conviver com Stefan é ver seu noivo praticamente forçar uma proximidade dela com Damon. Elena se pergunta se ele faria o mesmo se soubesse os sentimentos que ele nutre por ela.

–Stefan...

–Eu só quero que vocês estejam bem.- ele defende-se antes de que qualquer outra coisa seja dita.

– Estamos bem. Seu irmão não gosta de vir a corte, eu não gosto de sair sem você. Isso limita nossas possibilidades de encontros ao acaso, você não acha? – ele ia protestar, mas torceu seu lábio ao notar a expressão de Elena, ela estava fugindo de seu olhar, e bastante aborrecida.

–Não há nada que queira me contar? – ele pergunta aproximando-se dela- Elena, você pode me contar, o que será de nós sem confiança? – ela o encara, mas não há nada a dizer. -Sinto você e meu irmão tensos um com o outro por algo e não quero vê-los brigar. São importantes para mim. – ela levanta-se de maneira abrupta, dividida pela culpa e revolta.

–Damon e eu temos temperamento forte, e você bem sabe. Mas nossa convivência é normal, na medida do possível. – ela termina encarando a já nela de costas pra ele. Stefan baixa a cabeça e brinca com o anel em seu dedo.

–Contudo o que tenho visto na corte estes dias, eu prezaria que ele lhe visitasse com mais frequência, ou mesmo você a ele. Com esta nova campanha que estarei para começar com o rei, não acho a corte segura, eu temo por você, e meu irmão sempre será meu escudo quando não estiver aqui. – Elena identifica algo estranho em sua voz, e volta-se para olhá-lo.

–O que lhe inquieta?

–O rei é cercado de inimigos, muito mais que amigos, e se ele está e risco, como igual estamos todos nós, seus conselheiros. Eu cresci neste mundo Elena, mas sei que você não tem ideia das coisas que podem ocorrer aqui, e principalmente não sabe julgar em quem pode confiar. – ela bufa, sentindo-se ofendida pelo nível de fragilidade que Stefan sempre lhe impõe, e também ingenuidade. É como se ela não pudesse sobreviver sem ele ou seu irmão.

–Por que está tocando neste assunto agora? – ele fica de pé e caminha até ela, envolvendo sua cintura, e guiando-a novamente até a janela.

–William e eu vamos até o rei da França. Uma nova proposta de conciliação entre nossos países será tramitada. Ele tomou conhecimento de que o rei Luís, está tentando casar seu filho com a princesa da Espanha. – ele diz tudo com voz melodiosa, bem próximo ao seu ouvido, Elena apenas desfruta do toque firme de suas mãos em sua cintura - Henry é um jovem rebelde, de fato, e duvidamos que vá aceitar tal coisa. Além de tudo é voluntarioso e não costuma submeter-se ao pai. – Elena sorri de leve, imaginando que ele seja parecido com Damon -Contudo, William acredita que se formos até a França oferecermos ao rei uma proposta parecida, o casamento com a Espanha é bem mais proveitoso. A menos... – ele solta no ar.

–O que querem tentar? – ele questiona, acariciando as mãos dele.

–Ofereceremos um projeto incomum com os reinos.

–Isso é pouco. – Stefan concorda.

–Mas se Henry colaborar...

–E porque ele faria isso? – Stefan beija a face de Elena e a faz o encarar, segurando seu rosto entre suas mãos.

–Porque temos na Inglaterra algo que ele deseja mais até que sua coroa. – Elena franze o cenho confusa - A Duquesa de Cant.

–Senhorita Forbes? - ele assenti -Mas você disse que oferecer um casamento não surtiria efeito algum.

–Bem, isso muda se ele já ama o objeto de oferta. – Elena cerra os olhos, sentindo-se incrédula com o que acabou de ouvir.

–Você fala de pessoas como se fossem mercadorias. O que ela pensa disto tudo? – ela tira as mãos de Stefan de sua face.

–Ela é prima do rei. Seria capaz de qualquer coisa para proteger o reino. É u sacrifício comum entre a nobreza, Elena.

–Não entendo porque o tema de minha relação com seu irmão iniciou esta conversa. – ela o ataca, cruzando os braços.

–Você entende sim. Senão não estaria citando isso agora. – ele fala em tom severo e ela engole -Quero que fique sob a proteção de meu irmão, enquanto viajo com a senhorita Forbes até a França.

–De conselheiro foi rebaixado a emissário?- Stefan revira os olhos e solta o ar, pedindo aos céus paciência.

–Will confia em mim para falar com Henry, antes de falarmos com seu pai.

–Quando você vai?

–Em três dias.

–E só escolheu dizer-me isso agora? – ela passa consternada por ele até o outro lado da sala, Stefan sente-se exasperar.

– Elena, por favor. Damon pode proteger você, ele tem homens a sua disposição e influência na corte o suficiente para lhe garantir um teto seguro em minha ausência. Não preciso repetir isto a você. Sabe que seu lugar é ao lado dele, quando não estiver.

–E porque não posso ir com você?

–É uma viagem sigilosa.

–Como uma missão?

–O rei Luís não pode sequer sonhar que estou indo por seu filho, pelo menos não antes de William chegar para negociar o casamento.

Elena suspira, mas ao fim entende que não adiantará brigar.

–Você sempre me deixará com o seu irmão como guardião. Eu não sei porque fico imaginando que está preocupado com a nossa união como família, se no fundo sinto que você só ocupa-se de me arrumar um protetor. – Stefan ia protestar, mas ela o parou – Se for assim, melhor que seja ele. Boa noite!

Ela deixou a sala antes mesmo que ele pudesse terminar o tema. Elena agora caminhava até seu quarto, chorando. Por um lado havia a frustração de ver Stefan na forma que mais odeia: a do conselheiro disposto a tudo pelo rei; de outro lado estava ainda a sua raiva, ou talvez culpa, por Stefan constantemente forçar a aproximação dela com seu irmão; e por fim, a ideia de ter que, novamente estar aos cuidados e proteção de Damon.

....................................

–E eu que pensei que estes casamentos arranjados não faziam mais parte da rotina da corte. – Damon fala tom o mais hostil tom de ironia.

–É mais que um casamento. - Stefan defende, fazendo seu irmão bufar.

–Sempre é. Minha casa está aberta a Elena, e você bem sabe. A manterei segura. Minha única condição, contudo, é que leve um de meus homens com você nesta viajem.

–Eu tenho escolta, Damon.

–Sei disso perfeitamente bem, irmão. Mas é minha condição.

–Você faria de qualquer forma, não a deixaria a mercê. – Stefan gaba-se, tomando mais um gole da bebida que tem na mão.

–Verdade. Mas também é verdade que prezo por você e quero que deixe um de meus homens lhe acompanhar.

–Tudo bem, então.

–Quando ela virá? – Damon tenta conter o tom ansioso em sua voz.

–Amanhã.

–Que seja.

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–Damon, o que eu farei? Se Elena me vê aqui, ela....

–Ela não fará nada. – o duque fala com desdém, tentando se concentrar na leitura, enquanto a condessa anda de um lado para o outro -Elena é muito mais racional do que aparenta às vezes, eu não posso desamparar a ela, nem a você, portanto as duas ficarão sob minha proteção. Ela guardará seu segredo.

–Ela odeia-me. – Andie quase grita, sentando-se em protesto.

–Não odeia ninguém. Elena é uma mulher muito meiga e altruísta, contaremos a ela apenas o que precisa saber para que não se envolva em problemas.

–Eu não sei se isso...

–Você não tem escolha. – Damon diz largando o livro e indo sentar-se ao lado dela, ele segura levemente sua mão -Escute, eu quero protege-la, e para isso quero você perto de mim, eu poderia leva-la para outra propriedade na cidade, mas quero você debaixo de meus olhos.

–Confesso que me sinto mais segura assim. – ela hesita ao dizer, mas o faz sorrindo.

–Então estamos combinados. Quando meu irmão vir deixar a noiva aqui, você ficará em seu quarto, e quando ele se for, você se juntará a nós. – diz levantando.

–Você tem certeza do que vai fazer?

–Ela compreenderá.

Damon deixa o escritório e Andie solta a respiração devagar, tentando não entrar em pânico. Por alguma razão Elena não a suporta. E a ideia de que tudo o que tenha tentado proteger acabe caindo lhe é assustadora.

No outro dia, bem cedo, o caro de Stefan estaciona diante da casa de Damon. Ele os espera da entrada e Stefan guia a noiva até perto às escadas. Ele vira-se para sua noiva, e então beija levemente sua mão.

–Eu voltarei logo. – diz em um sussurro.

–Volte inteiro, de preferência. – a voz de Damon ecoa grave, e Elena se dá conta que ele aproximou-se mais dos dois -E me escreva todos os dias, para saber como andam as coisas. O mesmo serve para você Haward. – ele diz encarando o homem ao lado de seu irmão.

–Fique bem, meu amor. – Stefan fala e beija levemente os lábios de Elena, fazendo Damon desviar o olhar por uns segundos.

–Me escreva. – ela pede.

Quando Stefan se vai, Elena fica o máximo de tempo, observando o carro deixar a propriedade. Quando finalmente não há mais vestígios do automóvel, ela suspira e se volta para Damon, que a está encarando com um sorrido discreto, e ela poderia jurar que tímido. Ele sinaliza para que os empregados levem a mala para dentro da casa e, em seguida, oferece o braço para ela, que aceita.

–Como tem passado, Elena? – ele diz assim que a acomoda no sofá da sala, após lhe oferecer um suco, que ela aceitou.

–Bem, obrigada! E você?

–Bem. – ele diz sério, sentando diante dela. Há um silêncio no ar. Eles estão se encarando.

“Eu queria lhe falar...” – dizem juntos, depois de um tempo.

“Você primeiro” – sorriem como adolescentes depois, e o ar parece ter ficado mais leve.

–Bem, seguindo os bons costumes burgueses, fale primeiro senhorita, Gilbert. – ele sorri desafiador, e ela retribui o sorriso, mesmo depois perdendo o mesmo com um suspiro.

–Eu sei que lhe devo desculpas. Acredite-me, sei disso, mas não sei ao certo como pedi-las.

–Bela maneira de começar. – Jenna regressa com o suco dos dois, interrompendo o péssimo início de assunto. Depois de um gole ela continua.

–Isso se deve ao fato de não saber bem o porquê de ter que pedi-las. – Damon franze o cenho confuso -Eu não sei se estou conseguindo ser clara. – essa acena negativamente, demonstrando que ela não está, de fato, falando com clareza -Eu não sei porque lhe tratei daquela forma, naquela noite. – ela diz com um tom de exasperação, como se fosse difícil de reconhecer aquilo.

–Eu desconfio que sabe, mas não gosta do que sente. – ela ia começar a relutar, mas ele acenou com a não que não fizesse - De qualquer forma isso não importa muito agora, eu não quero ter que tocar neste tema que lhe desagrada tanto outra vez. – ele diz e deixa o copo diante deles na mesinha, retomando uma postura defensiva - Você está tentando me oferecer desculpas, e só a intenção me basta, sinta-se desculpada. – Elena morde o lábio nesta hora, sentindo uma inquietude dentro e si. Ainda há algo a tratar.

–No entanto... Eu... Eu não posso negar que ainda ficam algumas questões em minha mente. – ele a olha encorajando para que continue - O que ela fazia aqui? – dentro se remexe desconfortável, sabendo muito bem onde essa conversa vai dar. Sentindo a densidade no ar aumentar outra vez.

–Era minha convidada. Para lhe ser mais franco, considerando que sempre usarei a franqueza com você, mesmo não exigindo nem ilusionando ter o mesmo da senhorita, ela é minha convidada. – ele termina num tom meio esnobe, deixando Elena confusa.

–É? Eu... Eu não...

–Sim, você entendeu. – ele a corta, retomando um pouco do seu antigo eu, impaciente - Com licença, há algo que quero lhe mostrar.

Elena assente, ainda meio aturdida. Ela percebe que Damon está com um tom de voz estranho, mas ignora por hora. Ela aproveita um pouco a ausência dele para olhar melhor o lugar. No outro dia, além de ser à noite, ela mal teve tempo de olhar bem o lugar. Era uma propriedade linda, tanto quanto a de Valeford. E tanto quanto nela, nesta ela conseguia ver a mão dele em tudo.

–Acho que posso dispensar apresentações. – ela se sobressalta com a voz dele, e em seguida sente um gelo percorrer seu corpo.

–Olá, senhorita Gilbert. – Andie diz, a encarando sorridente. Elena encara a mão dela entrelaçadas ao braço de Damon, e então encara o olhar dele, mas o olhar dele não diz absolutamente nada.

–Condessa Star? Eu... – ela não sabe o que falar, e sua voz meio que engasga e fica presa na garganta.

–Andie tem sido minha hospede. – Damo começa, guiando a condessa até bem perto de onde, a minutos atrás, estava sentado com Elena -Devo confessar que bem antes mesmo de eu retornar à corte. – Elena meio que tonteia de volta a poltrona ao seu lado.

–Ela o quê? – ofega.

–Explicaremos tudo, Elena. Apenas diga que posso contar com sua descrição. – Andie pede com um tom doce na voz, Elena a encara sentindo a face queimar.

–Não tenho porque lhe assegurar nada. – há um tom sombrio na voz de elena, e ela encara Damon - Você pode me explicar isso?

–Ambos explicaremos, se você se acalmar. – ele diz sereno, apaziguador. Depois de alguns segundos trocando olhares faiscantes com ele, Elena houve a voz de Andie outra vez.

–Eu voltei da França sem fortuna própria. Na verdade fui forçada a voltar, eu não queria. Mas estava a mercê de meu prometido, Lord Aaron. – ela fala meio rápido, Damon segura sua mão, e Elena treme em resposta, parecendo mais tranquila, Andie continua. -Ele sabe de minha situação, mas não faz ideia de onde estou hospedada, eu... Eu apenas lhe falei que ficava na casa de uma antiga criada de meu pai. Ele sendo esnobe não tem coragem de averiguar o lugar. – ela encara Damon, que está sorrindo para ela, com ar confortador. Elena repara que os dois diante de si, agem quase como um casal, e isso a faz tremular -Damon... – ela parece hesitar -O duque me ofereceu estadia aqui, mas eu o pedi sigilo, desde então estou aqui.

–Está hospedada na casa desde que voltou à corte? – ela assenti -E você sabia? – Damon confirma.

–Não seria possível se eu não soubesse. – diz complementando a ideia.

–E ninguém na corte sabe? – Elena quer saber, já começando a sentir-se enganada por toda corte.

–Nem mesmo meu irmão. – Damon fala -Apenas as pessoas desta casa, e agora você. –ela encara sentindo quase fúria crescer dentro dela.

–Elena, suplico que guarde meu segredo. Há muito mais em jogo do que possa imaginar. – ela ignora Andie, dirigindo-lhe um tom desafiador.

–Porque o Conde de Whitmore estaria noivo de uma condessa falida? – Damon tem vontade de sorrir na hora, porque ela teve a mesma percepção que ele pela situação. Ele mesmo a responde.

–É complicado. Por hora você só precisa saber que Andie precisa de minha proteção, e como velhos amigos eu estendi a mão. E, contando com sua amizade, peço que guarde seu segredo. – ele usa um tom sarcástico, e Elena percebe bem, ambos voltam a se encarar desafiando-se.

–Contando com minha amizade quer que eu ajude você a esconder sua antiga prometida do noivo dela?

–Nunca fui prometida dele. – acode Andie.

–Estou bem ciente disso senhorita Star. – a voz de Elena sai em um verdadeiro rosnado, como o de um cão prestes a atacar.

–Elena, por favor. O assunto vai além do que lhe interessa. – Damon diz, comedindo a voz -Meu irmão quer você sob minha proteção, e eu estou protegendo a Andie. Terá que guardar o segredo.

–Teremos que conviver aqui, os três. – Damon assenti - É um belo quadro de fato.- Damon solta a respiração, quase vendo sua paciência ir embora.

–Sei que não nos damos bem, mas eu sinceramente não recordo o dia que lhe ofendi ou causei mal. Quero com isso dizer que não tenho ofensas com você, e adoraria que não possuísse comigo. – Elena sorri sem muita vontade para Andie, mal pode acreditar no que escuta.

–Bem, se há alguém nessa sala que deveria sentir-se ofendido pela situação atual não sou eu. Mas eu vejo que não há nenhuma objeção da parte dele. – agora estão se atacando, e Andie consegue sentir toda a tensão no local.

–Andie nunca me ofendeu, Elena.

–Não importa. – ela ergue as mãos e se põe de pé - A casa é sua. Estou como uma hóspede, assim como ela. – sinaliza para a condessa - E como prometi a seu irmão, meu noivo, aqui ficarei, e saberei ser discreta. Agora se me derem licença, gostaria de ir até meu quarto.

–Eu a acompanho. – Damon diz e começa a segui-la, Andie solta o ar dos pulmões e se permite relaxar no sofá. Quando Damon abre a porta do quarto e a deixa entrar, ela caminha até o centro do cômodo e o encara, olhos vermelhos.

–Você mentiu para mim. – ela diz com tom alterado.

–Eu não menti, eu omiti. – ele ergue um dedo -Você tem uma cisma gratuita com ela. Já cansei de lhe dizer que Andie não me fez nada e mal. – ele também quase grita.

–Por que não me contou antes o que vinha fazendo por ela? – ela desafia.

–Não era de seu interessa, Elena. – ele diz como se fosse a coisa mais óbvia. Elena engole, porque ele tem razão.

–Tem estado com ela desde que voltamos?

–Obviamente. – responde sem delongas.

–Isso explicaria porque não aparecia na corte. E Stefan achando que você estava sucumbindo de solidão aqui.- sorri com amargura.

–Stefan? – ele pergunta num tom sugestivo, ela cerra os olhos em sua direção intendendo onde quer chegar.

–Sim, Stefan.- rosna.

–Entendo.- ele acena com a cabeça - Eu não podia contar, mas agora você tinha que saber.

–Quer dizer que se seu irmão não tivesse gerado esta situação eu ainda sim não saberia? – fala se aproximando dele, com as mãos na cintura, pronta pra uma briga.

–É exatamente o que estou dizendo. – o tom de Damon está calmo outra vez, mas ela continua quase gritando.

–Achei que você confiasse em mim.

–Eu confio, do contrário teria a tirado da casa, enquanto estivesse aqui.

–Então porque não me contou antes? – ela cruza seus braços ao exigir a resposta, como se não estivesse segura quanto a como reagiria a ela.

–Não envolver você e meu irmão é a melhor decisão que tomei. – ela bufa e revira os olhos, lhe dando as costas.

–Acredito que todas as questões entre vocês foram solucionadas. - tom dela sai mais baixo, e Damon sorri brevemente, se aproximando mais dela, para então tocar os seus ombros, ela salta com o toque, mas não se mexe mais.

–Me interessa mais falar de suas questões. – ele sussurra junto a sua face, Elena arrepia-se com o sopro de sua respiração, amaldiçoando-se por isso.

–Eu não entendo a relação de vocês. – fala e recobra as forças para se afastar e o encarar, ainda com braços cruzados. -Ela lhe largou. Renunciou seu pedido. Ela não ligou pra você durante todos estes anos e agora você simplesmente a recebe de braços abertos, e confia nela o bastante para deixar seu irmão no escuro quanto a toda esta situação.

–Eu não espero que você entenda tudo, porque quando se trata de minha relação com Andie você não consegue pensar de maneira racional. Já cansei de lhe dizer que ela não me abandonou. – ele tenta apaziguar a situação, segurando os braços dela, olhando-a fundo nos olhos, com todo a sua sinceridade à tona.

–Verdade, nunca irei entender.- ela sente engasgar, e uma lágrima lhe escapa.

–Você está tremendo. O que foi? – ele pergunta e ela apenas se afasta, se desvencilhando de seu toque.

–Eu estou com raiva de você. Mentiu pra mim. – ela rosna por cima dos ombros, Damon encara a sua postura e tenta não perder o controle.

–Elena...

–Não sabe como me senti quando eu ouvi vocês aquela noite, não sabe como me sinto agora. – ela fala voltando a aumentar o tom.

–Ótimo, me conte! Conte para mim como se senti e se sentiu. – ele se põe diante dela novamente.

–Ah!... Porque não e disse antes? – ela se exaspera, passando as mãos no rosto, e soltando um pequeno soluço.

–Eu estou dizendo agora. Quando foi necessário. – ele continua, de maneira serena.

–Como você se sentiria? – Damon a encara confuso.

–Como assim?

–Como você se sentiria se eu... – ela hesita e faz uma cara de asco -Se eu estivesse dividindo o teto com Stefan, depois de ter terminado meu compromisso com ele.

–Nem em um milhão de anos é a mesma situação. – ele sorri - E eu não teria porque sentir nada. O que quer de mim, Elena? – ele pergunta, sentindo-se cansado.

–Nada! – diz firme, limpando outra lágrima teimosa da face.

–Então pare. Ela ficará comigo, você guardará nosso segredo e...

–Eu já disse que assim o farei. – ela grita.

–Ótimo! – ele altera um pouco a voz. Por uns segundos apenas ouvem a respiração exaltada um do outro.

–Ela cantou pra você. – ela ofega, vacilando uns passos para trás -Eu sei. Mas a letra não fazia sentido até agora. – quando fala isso, Damon vê um tremor percorrer o corpo dela e tenta ampará-la.

–Elena... – ele avança, mas ela recua mais.

–Vocês pensam igual. Sentem-se sufocados pelas pessoas da corte. – ela começa a formular uma ideia que a faz querer chorar ainda mais -Sentem-se cercados por almas mortas e vazias, e sentem-se congelando e se perdendo dentro de si, sem verdadeiros sentimentos, sem o amor um do outro.

–Ela descreveu perfeitamente. – Damon diz e Elena o encara, com quase ódio no olhar.

–Mesmo? – seu tom sai baixo.

–Sim. – ele diz e então alcança a face dela, a prendendo em suas mãos -Descreveu perfeitamente como me sinto sem você.

–Não! – ela começa a relutar, baixando o olhar, negando com a cabeça, deixando novas lágrimas lhe escaparem. Damon tenta trazer o olhar dele de volta ao seu.

–Quero me afastar de você e de meu irmão, mas eu... – ela ergue o olhar para ele, que tem os o olhos fechados, e depois de soltar o ar, a encara novamente. - Eu me sinto sem vida, eu preciso que você esteja comigo pra me sentir vivo. – Elena está tremendo, e Damon mal contém a vontade de beijá-la.

–Precisa que eu traga a vida a você... – ela ofega.

–Você vê? – ele tenta novamente, chegando mais perto dela. Suas respirações misturadas, ele baixa a cabeça e cola as testas de ambos -A música disse perfeitamente. – Damon começa a roçar os lábios na testa de elena, que não se julga capaz de reagir, está mais uma vez entregue e ele -Você sente ciúme dela.

–Não eu... – ela recua com a fala dele, mas ele a mantém presa. Ambos de olhos fechados.

–Eu amo você. – ele diz.

–Pare com isso. – ela pede, sentindo que não terá mais forças se ele continuar.

–Você quer mesmo que eu pare? – os dedos dele descem até a nuca dela, e afundam-se nos fios de seu cabelo. - O que quer que eu faça?

–Damon... – ela suplica temendo não poder pará-lo.

–Está fria. – é só o que ele diz, antes de levantar a face dela e a beijar docemente. No começo só um encostar de lábios, mas quando ela solta a respiração, seus braços se descruzam e seguram os pulsos dele. Elena o encara, e Damon mantém o olhar no dela. Quando ela desvia o olhar pros seus lábios ele faz o mesmo, e volta a beijá-la, desta vez de uma maneira mais apaixonada.

Damon conseguia sentir o perfume, aquele aroma doce, misturado a doçura dos lábios dela. Embora estivesse fria, havia um fogo irradiando de dentro dela. Eles estavam mais juntos agora. As mãos dela presas ao cabelo dele, e ele a prendendo firme pela cintura, não querendo larga-la jamais. Quando os lábios voltaram a se afastar, Damon levou uma de suas mãos até o ombro exposto de Elena.

–Não posso mais ficar longe de você. – ele diz a encarando, e desce para beijar seu pescoço. Elena revira os olhos de prazer, e deita a cabeça para trás quase perdendo o equilíbrio.

Ela segura os braços dele com força, sentindo o seu corpo aquecer, ouvindo o desejo do duque por ela. E ela não quer parar desta vez.


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Notas finais do capítulo

Amanhã eu postarei o último capítulo desta semana E semana que vem eu atualizarei Rainha do Egito.
Até mais!