Hospital Stay escrita por LilakeLikie


Capítulo 4
Diabo de Olhos Negros


Notas iniciais do capítulo

Olá Leitores!Eu escrevi esse capítulo três vezes.Cada vez que eu ia revisar,apagava tudo e recomeçava.O capítulo em si ficou bem frouxo,mas o começo da fanfic vai ser assim mesmo,pretendo melhorar isso no decorrer.Gostaria de agradecer à todos que comentaram e também à srta claudiamcrway que favoritou a fanfic!Além disso,temos dois novos leitores que estão me deixando muito feliz :DNos vemos lá embaixo!Desculpem-me os erros e boa leitura!



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Abri meus olhos com uma certa dificuldade devido à forte iluminação de onde estava.Não tinha forças sequer para mover minha cabeça para o lado.Ia me preparando para dormir novamente quando ouvi uma voz rara e que já não ouvia havia um bom tempo.

—Filha,você está bem?

Era minha mãe.Depois de tanto tempo esperando que ela ao menos mandasse algum recado,desistira de me ver no hospital.Ela e meu pai só iam quando acontecia algo ou quando não tinham nada melhor para fazer.

Quando se passa tempo demais num lugar que ninguém gosta de estar,as pessoas vão lentamente desistindo de te visitar.Isso foi acontecendo com todos que eu tinha ao meu redor.De início foram os primos e os tios.O tempo ia passando e a fortuna de amigos e amigas que você tem vai diminuindo.Eles dizem que irão te visitar diariamente,mas quando vêem que a volta será demorada,evitam até de passar em frente ao hospital.

Se quer saber quantos amigos tem,basta ficar doente.Até então,nunca tive conhecimento completo do meu diagnóstico ou da situação em que me encontrava.Uma das poucas coisas que eu sabia era que meu coração era fraco desde que nasci,porém na época eu poderia ir para casa e só voltar quando houvessem complicações.

O tempo passou e quando eu tinha por volta de oito anos de idade comecei a sentir fortes agulhadas no peito.Achei que fosse algo normal e deixei de lado.Algumas semanas se passaram e eu continuava a sentir tais agulhadas,só que elas iam ficando cada vez mais fortes.Numa aula de Educação Física,durante um curto percurso senti tudo ao meu redor escurecer e meu peito esquerdo doer.Quando acordei já estava no hospital,com meus pais e meu irmão ao meu redor,preocupados.

Foi mais de um ano e meio fazendo exames e mais exames o tempo todo.Do modo em que estava,já não podia mais participar das aulas que tomassem meu esforço físico.Muitas vezes,a ansiedade para uma prova me fazia passar mal.Aos doze anos,meu tratamento em casa já não surtia mais efeito.Tive duas opções: continuar minha vida normalmente e correr riscos ou me internar em um hospital que tivesse ao menos alguma habilidade no assunto.E desde então,passo meus dias neste lugar tedioso e muitas vezes macabro.Sobre a escola,não abandonei.Uma vez por semana uma professora vem me dar aulas.Se eu entrasse numa escola agora,seria a aluna mais adiantada.

—Katherine,estou falando com você.Está me ouvindo,querida?

Minha mãe ainda estava ali,havia me esquecido completamente.

—O que aconteceu mãe?

—Você só teve uma recaída.Fizeram alguns exames e o resultado sai daqui a pouco.Você tem se cuidado?Tem se alimentado direito?

O tom de preocupação dela era evidente.Eu não sabia o que fazer ou o que havia feito de errado.Tenho me segurado firme e forte para tomar os remédios e cada coisa que me aplicam nas veias.Olhei em seus olhos marejados e apenas acenei com a cabeça positivamente.Não precisa fingir que se importa.O médico adentrou o quarto e me observou seriamente.

—Que belo susto você nos deu senhorita Katherine.Por sorte,não foi nada grave,mas se continuar pulando refeições,as consequências serão mais sérias.Peço que repense a opção de fazer trabalhos comunitários.O de ontem acabou te fazendo mal e só queremos que melhore o quanto antes.

Depois disso disse mais algumas baboseiras que eu fiz questão de não prestar atenção.Preferia qualquer um dos meus devaneios à ter de ouvir alguém me encher de esperança,coisa que não existe mais em mim.A esperança nos leva à felicidade e à crença de que vamos melhorar.Só que a cada instante que você começa a cair fica mais difícil acreditar na esperança.Da felicidade já não me importo mais.

Não me lembro como nem quando a minha felicidade me abandonou,mas deduzo os motivos disso ter acontecido.Mais uma vez culpo o tempo.Ninguém mandou ser tão fixo,tão resistente e tão real.Impossível algo ser tão complexo e ao mesmo tempo ser tão simples.

Talvez nem tenha sido culpa do tempo.É um pobre coitado mesmo!Foi da solidão toda a culpa da fuga da felicidade.Sem mais sorrisos,sem mais lágrimas,sem mais emoções reais.Apenas eu e a sinteticidade de qualquer um.Obviamente eu ficava feliz quando alguém vinha me visitar,triste quando algo ruim acontecia,apenas não tinha mais a vontade de expressar cada um.Melanie teve de se adaptar às novas caras e bocas que eu fazia sem ter culpa alguma.

Saí do meu devaneio para ouvir apenas o que restava o médico dizer:

—Tenhamos esperanças,você ainda vai sair deste hospital.

Deu um leve sorriso amarelo e retirou-se.Meus pais vieram se despedir,ação que pouco me deu importância.Nunca estavam presentes,porquê agora?
Fiquei alguns instantes sozinha.Pensei em dormir novamente mas a forte luz em direção aos meus olhos me desencorajou.Não podia me mover devido ao soro,não podia me levantar devido à fraqueza.Bela situação fui me colocar.Fechei meus olhos para refletir.

—Você está se sentindo melhor?

Arregalei os olhos assustada e virei-me rapidamente para o lado.Era Ethan que havia chegado para uma visita.Quem diria!
Aquilo realmente me animou.Sentei-me na cama para conversarmos melhor.

—Te assustei?

—Está tudo bem. - disse tentando puxar o cabelo desarrumado para trás - Não pensei que viesse me visitar.

—Pois eu vime se eu soubesse que você estava passando mal teria te trazido para o quarto ou chamado uma enfermeira.Você me assustou.

—Lamento. - disse virando meus olhos para baixo.

Ethan permaneceu ao lado da cama me observando.Parecia que queria conversar ou dizer qualquer coisa,mas permaneceu calado.Olhei em seus olhos e notei uma certa insegurança na formulação do que dizer.Desnecessário.O que quer que diga não me fará ficar irritada ou responder negativamente.

—Eu estive pensando em irmos ao jardim do hospital mais tarde - olhou em meus olhos e prosseguiu - mas acho que você tem que ficar em repouso.

—Que não seja por isso - disse olhando à bolsa de soro que estava quase no fim - assim que eu terminar essa bolsa vamos para o jardim.

O garoto me olhou espantado enquanto eu regulava o fluxo do soro para que esgotasse o mais rápido o possível.Queria sair daquele quarto o quanto antes.

—Mas isso não vai te fazer mal?

—O quê?

—Aumentar o fluxo do soro e sair do quarto.Isso não é perigoso?

—Ethan acredite,já fiz isso várias vezes só para poder ver meus amigos.Já desmaiei uma vez ou outra e certa vez fugi do hospital logo após me recuperar de um desmaio.Eu sei o que estou fazendo. - falei apontando à prancheta que ficava sobre uma mesinha no outro canto do quarto - Você poderia por favor pegar a prancheta que está na mesinha?

Um tanto receoso de seus atos,pegou a prancheta e a trouxe em silêncio completo.Agradeci,mas ele ainda parecia um pouco assustado.Li a ficha calmamente para saber se ainda teria de tomar mais soro.Olhei o número da bolsa ligada a mim e entreguei a prancheta à Ethan.

—Por favor,coloque onde estava.E se acha que sou capaz de sair daqui sem tomar os remédios certos está enganado.Essa é a última. - disse travando o regulador e retirando a agulha do meu braço.Olhei para Ethan que ainda parecia duvidoso - Você quer ir ao jardim?

[...]

Fomos até o jardim em silêncio.Empurrei Ethan até uma árvore bem alta e de flores brancas que eu adorava.Sentei-me no gramado e me estiquei de modo que pudesse sentir cada gramínea me tocando,cada flor caindo de seus galhos.Fechei os olhos e aspirei o mais puro ar que já havia sentido antes.Estava encantada com a magia que me percorria até que o moreno ao meu lado fez questão de quebrar o silêncio.

—Achei que você não fosse sair do quarto.

Olhei para ele que continuou observando o nada.

—Então da próxima vez não duvide de mim. - respondi séria.

—Eu não quis dizer isso,é que... você estava tão mal hoje mais cedo que achei que não teria vontade nem de sair.Falei aquilo por brincadeira,não pensei que fosse aceitar.

Voltei a olhar para a frente.Tem sorte de não me conhecer muito bem.

—Então você não queria vir ao jardim? - perguntei friamente.

—Eu queria - disse fazendo uma longa pausa até continuar - mas não achei que seria hoje.Assim como eu disse você estava mal hoje de manhã.

Finalmente prestei atenção por completo no que ele estava dizendo.Olhei para ele que por sua vez olhava para suas mãos.

—Você foi me visitar hoje cedo?

Suas bochechas se avermelharam.Permaneci com os olhos grudados nele,esperando uma resposta.Neste exato momento uma brisa gelada passou por nós,me fazendo arrepiar.O silêncio era terrível.Algumas luzes se acendiam devido ao Sol estar se pondo e o céu escurecendo.Odeio essa hora do dia.Odeio o silêncio quando faço uma pergunta.

—Sim,eu fui.Mas você estava dormindo e seus pais estavam no quarto conversando,não quis interromper.

Mais um pouco de silêncio.Pra quê tanto silêncio,meu Deus?!

—Não devia ter se preocupado com eles,raramente vêm me visitar.

—Mas pelo menos estamos conversando aqui no jardim.

—Para mim isso não é suficiente.Quer fazer algo realmente divertido?

Ethan me olhou com certa desconfiança.Levantei-me do chão e limpei minha camisola que mais se assemelhava com um vestido.Observei-o novamente e aparentemente ainda estava analisando os perigos.

—Está bem,o que vamos fazer?

—Você vai ver.

Comecei a empurrá-lo pelo jardim,ignorando quaisquer coisas que ele perguntasse.Nunca havia feito isso com alguém antes e por este mesmo motivo era mais emocionante.

—Para onde você está me levando,Kate?Por favor...

—Você vai ver - disse cortando o que quer que fosse dizer.

Atravessamos o jardim a paramos no meu esconderijo secreto.Nunca soube como ou porque não descobriram aquele lugar.Bastava atravessar o pequeno bosque,passar em frente à ala universitária e atravessar mais algumas árvores.

Era uma árvore de um tamanho razoável,não muito mais alta do que as outras,porém sempre fora mais larga e com um imenso vão que possibilitava a minha entrada e a de Ethan juntos sossegados.Logo atrás dela tinha um muro que cercava o hospital,quando descobri o local,aquele canto já estava quebrado e facilitava minahs fugas.

—O que é isso?

—Meu esconderijo.Venha. - disse passando o moreno pelo espaço no muro e atravessando logo em seguida.

Seus olhos brilharam naquele exato momento.Estávamos livres!

—Com fome? - sussurei em seu ouvido.

—Como?

—Perguntei se está com fome.Estamos livres e conheço um lugar ótimo.

—Mas não temos dinheiro algum!

—Isso não é problema.Vamos.

Atravessamos cerca de duas ruas e chegamos ao tal lugar.Era uma lanchonete pouco conhecida mas dona de um dos melhores lanches que eu já provei.Como conheço os donos há muito tempo,sempre me deram comida quando aparecia por lá durante minhas fugas.Certamente bons amigos.

—Olhe só quem chegou!Kate,quanto tempo! - disse a mulher de cabelos cacheados vindo em minha direção me abraçar - Quem é esse seu amigo?

—Este é Ethan e ele também está internado lá no hospital.Tem algo para nós,Tia Nancy?

—Pra você sempre tem alguma coisa,minha querida!

Levei o garoto até uma mesa que ficava no canto.Diversas pessoas ficavam nos encarando devido à gritaria que causamos.Logo Tia Nancy trouxe dois lanches para nós.Ethan devorou o seu como se nunca tivesse provado fast food antes.

Terminei de comer meu lanche e fui conversar com todo o pessoal da cozinha e com a Tia Nancy.Que saudades.Me despedi de todos e saí com Ethan.Era quase hora dos nossos medicamentos e caso nos atrasássemos iriam notar nossa ausência.

—Volte logo e com mais tempo minha querida! - pude ouvir Tia Nancy gritando.

Delicadamente atravessamos a primeira rua.Percebi que Ethan estava bastante feliz,mas desde que saímos do restaurante não conversamos.Estava quase chegando na calçada quando um carro preto estacionou ao nosso lado.Era só o que me faltava.

—Katherine?!Ethan?!O que vocês dois estão fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Amanhã é um dia muito bacana pra mim,faz um ano que eu estou no Nyah! e pra comemorar vou postar uma fanfic nova e uma One-shot.Não posso garantir,mas talvez eu atualize Hospital Stay também.Além disso,agora estou administrando uma página que visa ajudar leitores e escritores de fanfics com capas,dicas e recomendações.Quem estiver interessado: https://www.facebook.com/WebReadersMuito bem,como eu disse,não sei se já vou atualizar Hospital Stay amanhã,vai depender de como será o rendimento com a nova fanfic.De qualquer jeito,o próximo capítulo vai demorar bem menos.Digam o que não gostaram,se o rendimento caiu,se deve melhorar e entre outras coisas,a opinião de vocês é muito importante!Até o próximo pessoal :)



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