Finalmente, Boas Festas! 

Passei os últimos meses sem olhar para o Malfoy, não apenas seus olhos, como seu corpo inteiro. Não era mais comum nos esbarrarmos em algum canto, ele parecia não andar com Alvo quando eu estava com meu primo, então de certa forma, eu me sentia livre. 

Estranhamente, me aproximei de Lorcan nas últimas semanas, apesar de tudo, ele era um cara até que legal, claro que ainda fazia algumas besteiras, mas era um trabalho em progresso. Quem diria que eu poderia virar amiga dele depois de tudo. Tudo bem que toda a família não gosta muito da ideia, ficam de olho em mim e ficaram mais paranoicos que o normal.  

 Alvo finalmente se resolveu com a Babi, enquanto Fred e a Molly estão enrolando para oficializarem alguma. James está saindo com uma lufana para fazer ciúmes na Dominique, enquanto isso ela está saindo com o Zabine (conseguiu entender porque a Babi se resolveu com o Alvo?) e a Rox está saindo com o Lysander. Falta alguém? Acho que... 

— SEU IRMÃO ME PAGA, ROSE WEASLEY! - Lily! Como eu te esqueci? 

— O que ele fez desta vez? - Perguntei sentando no sofá e puxando o cobertor para que ela pudesse se sentar comigo. 

— Ele falou para o Wood que eu não queria mais nada com ele! - Ela falou enquanto se sentava, e começou a chorar desesperadamente, se ela não for a rainha do drama, não sei quem pode ser - Chama a Molly para mim? 

Levantei e comecei a andar arrastando o cobertor salão afora. Eu não ligo para o que acham de uma garota de 16 anos andando por um castelo sombrio com um cobertor às três da tarde no domingo. 

Molly tinha o dom de acalmar a Lily antes que eu pudesse faze-la refletir sobre o ocorrido, eu amo minha prima, mas ela tem sérios problemas quando se trata de Hugo Weasley, em um momento parece que eles namoram, no outro a terceira guerra mundial bruxa está acontecendo. Hugo também não facilita, ele não consegue se decidir se quer ter algo com a Lily ou não, o que faz com que o relacionamento dos dois fique conturbado demais para acompanhar.  

Como eu sempre esqueço o caminho para o Salão Comunal da Lufa-Lufa tive que tentar a sorte no Lago Negro. Enquanto passeava com o meu cobertor azul evitei olhar para os lados, eu não queria ter a sorte de encontrar Malfoy com alguma garota pelos corredores.  

— Vejamos de não é a cabeça de cenoura! 

— O que você quer Lorcan? - Perguntei me virando para encara-lo 

— Nada - Ele falou levantando as mãos em forma de rendição, enquanto eu levantava a sobrancelha - Posso andar com você? 

Continuei andando, e obviamente, Lorcan me seguiu. É estranho, mas mesmo só tendo a companhia dele eu me sentia bem. Ele é um bom amigo, me fez rir, me seu carona nas costas para aulas de adivinhação, me deu abraços quando eu precisava, porém eu não conto meus segredos para ele, ainda me lembro que ele quer se vingar e que essa pode ser o momento perfeito certo? A inimiga chorosa e solitária, que está totalmente destruída por estar gostando de alguém que realmente é seu inimigo. Ele ainda não ganhou a confiança necessária para conversamos sobre coisas intimas.  

Assim que chegamos ao Lago Negro, vi o gorro amarelo da Molly encostada no ombro de Fred que usava o moletom de lã escrito "F.W." nas costas. Eu queria deixar os dois sozinhos, quem sabe eles finalmente assumem que se amam e entrem em um relacionamento. Mas Lily estava desesperada, e caso Molly não acalmasse a ruiva, eu não conseguiria conversar com ela, e foi apenas por isso que gritei "Molly, código laranja!". Depois de um selinho rápido, o gorro desapareceu em uma das entradas do castelo. 

Um vento frio passou e, automaticamente, me abracei, em um gesto para me aquecer melhor. Senti o braço de Lorcan cobrindo meus ombros e me puxando para um abraço. Não consegui evitar um sorriso quando senti o seu perfume.  

— Vem, vou te levar ao salão comunal. 

Seguimos pelos corredores escuros de Hogwarts conversando sobre a temporada de quadribol, Lorcan é batedor junto com Lysander, eles eram bons, mas tio Jorge sempre fala que eles nunca terão a ligação que ele tinha com o tio Fred. Enquanto ele contava sobre uma das suas aventuras no verão passado visualizei Alvo vindo na nossa direção com o Malfoy, não podia evitar que Alvo saísse com o melhor amigo, mas eu podia evitar ele quando ele estivesse com a fuinha albina.  Eu tentei desviar e fazer outro caminho, mas Alvo já havia me visto. 

— Rose! - Tentei sorrir descontraída, mas a foi um fracasso - O que você tá fazendo? 

— Uma careta para ver se consigo assustar o Lorcan! - Eu preciso começar a arrajar desculpas melhores para esses momentos vergonhosos, isso foi simplesmente horrível.  

— Já te disse que não vai conseguir, cabeça de cenoura – Lorcan falou enquanto bagunçava meu cabelo, tentando me ajudar com a desculpa que eu dei 

Ri da situação, odeio que mexam no meu cabelo, então apenas bati de leve no estomago dele, enquanto ele fazia uma careta fingindo que doeu, me fazendo rir mais ainda. Acabei olhando para o Malfoy que na minha opinião não parecia feliz com o nosso momento. Senti como se Malfoy realmene quisesse mostrar isso, porque não era comum que ele demonstrasse seus sentimentos, Alvo já havia nos falado sobre isso no começo do ano.  

— Bom, está muito frio para ficar fora do Salão Comunal, estou levando a Rose para o da Grifinória, querem vir? Vamos jogar xadrez mais tarde. - Lorcan falou, colocando seu melhor sorriso no rosto. 

— Estamos ocupados. 

Simples assim. Malfoy saiu andando com as mãos nos bolsos da calça jeans, sem esperar Alvo, que pediu desculpa e correu para alcançar o loiro. Continuamos a nossa caminhada cheia de risadas e brincadeiras. Chegando a entrada do Salão Comunal encontramos Lily gritando com Hugo, o qual apenas bufava e tentava sair do caminho, Molly estava do lado de fora do Salão com o rosto enterrado nas mãos. Puxei Lorcan e o levei para a biblioteca, onde passamos o resto da tarde jogando xadrez bruxo. 

*** 

O natal em Hogwarts é sempre cheio de surpresas, principalmente na manhã quando abrimos os presentes. Teria sido como qualquer outro ano, livros e um suéter com um "R" no centro, mas além dos presentes comuns eu recebi uma rosa vermelha com um bilhete preso nela. "Uma rosa para a minha Rose" com uma caligrafia perfeita. Muito bonita para ser do Lorcan e muito romântico para ser do Alvo. 

Peguei a rosa e senti seu perfume, tão refrescante, de repente a rosa trocou de cor, estava branca, como o tempo lá fora. Não pude deixar de sorrir, era um feitiço avançado na minha opinião, o único que conseguiu fazer esse melhor que eu na aula de transfiguração foi o ... 

— Malfoy - sussurrei, levantei e me dirigi ao banheiro, sem soltar a rosa, que ficou cinza. 

Pelo amor de Merlin Rose, como você pode achar que o Malfoy te mandou uma flor encantada? Cada dia mais estupida, vocês se odeiam, mantenha o foco nesse pensamento! Por que a senhorita sabe-tudo decidiu que ia beijar ele? Por que tinha que haver um momento tão parecido com um sonho sem significado nenhum? Quando você começou a se sentir atraída pelo fuinha albina? Talvez o fato de ele ser o único que você tem problemas com a máscara ajude a tornar ele um cara misterioso e charmoso, mas lembre-se quem ele é! Filho do cara que o seu pai mais odeia.  

Lavei meu rosto e me observei no espelho, eu não tinha mais olheiras, fazia um longo tempo desde que eu não tinha dificuldade de dormir. Meu rosto estava amassado, mas limpo. Eu lembro a minha mãe, tirando os olhos azuis, as sardas e o cabelo cor de fogo. Eu não era a menina de onze anos mandona e sabe-tudo que todos conheceram no nosso primeiro ano em Hogwarts, eu me tornei uma mulher... Bom, estou chegando lá. 

Sai do banheiro e olhei o estado da Dominique, com um pijama preto todo rasgado e provavelmente sujo. Na noite passada ela havia esquecido de tirar a maquiagem então a sua cara estava quase toda preta e amassada, mas sendo filha de Fleur, ela continuava linda. Ainda acho que ser parte veela faz com que metade de Hogwarts goste dela, mas todos tem medo dela por sua máscara. Ela parevcia tão calma e tão doce, era uma pena que eu tinha que acorda-la.  

Coloquei a rosa na cama e tomei espaço, corri e pulei em cima de Dominique, a loira levou um susto e me jogou para um lado da cama enquanto caia do outro. Comecei a rir e desejei um feliz natal enquanto ela me xingava. Ela abriu os presentes, mas não havia nada direfente do comum: maquiagem, um suéter da vovó com um "D" no centro e joias vindas da França. 

Segui para o Salão Comunal depois de colocar uma roupa confortável, todos comemoravam, depois de abraços e sorrisos me dirigi para o Salão Principal, que estava vazio, a não ser por um sonserino brincando com a comida a sua frente. Ele me olhou e meu mundo caiu. CADÊ O FOCO QUANDO EU PRECISO DELE? Ele agiu como indiferente e simplesmente balançou a cabeça, voltando sua atenção para a comida. Como eu pude achar que fora ele que me deixou a rosa? Talvez tenha sido mesmo Lorcan. Deixei o Salão e não demorou muito para eu ouvir a voz dele. 

— Weasley! 

— O que você quer, Malfoy? - Perguntei me virando para encara-lo, já falei que eu tenho que parar de me virar? Ele vinha correndo segurando um envelope. O cabelo dele balançava e eu conseguia ver todos os seus músculos por baixo da blusa de frio que agarrava o seu corpo. Era uma visão de tirar o folego de qualquer um.  

— Feliz natal! - Ele falou me entregou o envelope - É a minha prova de História da Magia, lembra? Passei por sua causa. É um jeito de falar obrigado. Nunca tive a chance. 

— Você está bem? - Falei colocando minha mão na testa dele 

— Um "de nada" seria suficiente. - Ele falou frio, tirando minha mão de sua testa, aquele toque mexeu com todo o meu estomago. O que eu não esperava era o próximo movimento, ele me puxou para perto e prendeu meu corpo no seu com o braço envolta da minha cintura- Mas acho que preciso de um obrigado pela rosa. 

Não tive tempo de pensar e seus lábios estavam contra os meus, eu estava surpresa e gostava desta sensação, minhas mãos foram para o seu cabelo, enquanto ele pressionava minha cintura, me puxando para perto. O beijo parecia calmo de princípio, mas foi se tornando cada vez mais desesperado, como se ele não quisesse que o momento acabasse. Malfoy pediu passagem com a língua e eu concedi, o gosto de hortelã que ele me proporcionava me fazia pedir por mais, e sem eu perceber o puxava. 

Estava perfeito, mas eu precisava de ar. Olhei para a sua face, vermelha, ofegante, ele era tão lindo. Eu ofegava, e tinha certeza que estava tão vermelha quanto ele.  Malfoy colocou a mão no meu rosto e me deu um selinho. 

— Feliz Natal, Weasley. 

—Feliz Natal, Malfoy. 

*** 

Meus dias até o Ano Novo foram cansativos. Durante o dia eu passava com meus primos e com o Lorcan e a noite, as escondidas, eu me encontrava com o Scorpius na Sala Precisa.  

Eu estava conhecendo pouco a pouco o verdadeiro Malfoy. O verdadeiro homem no qual eu acabei gostando é na verdade, tudo o que eu sempre vi. Senhoras e senhores, Scorpius Malfoy, assim como eu, não tem uma máscara. 

O que é engraçado não é mesmo? Eu nunca poderia imaginar que o cara que não demonstra o que está sentido não tem uma máscara. Ele sempre mostrava essa face fria e arrogante, que na verdade é como ele é. Claro, ele tem um coração e ele é uma pessoa boa, mas ele mostra o que todos preferem ver, o lado dele que ele assumiu como verdadeiro. Alvo sempre soube disso porque ele era uma das poucas pessoas que havia conhecido os outros lados de Scorpius Malfoy. 

Era difícil esconder dos meus primos e de Lorcan o que estava sentindo por Malfoy, ainda mais porque ele era um dos poucos alunos que também ficou no castelo, então passávamos todas as nossas refeições junto com ele. Ele sempre ficava perto de Alvo, que costumava sentar à minha frente, como fazíamos n’A Toca, era comum eu me flagrar o encarando, e vice-versa. Parecia que não éramos capazes de esconder os nossos verdadeiros sentimentos.  

Naquela noite estávamos todos no Salão Principal, dizem que esse foi o primeiro ano que não estávamos tendo algo especial na véspera ano novo, talvez seja o fato de poucas pessoas terem ficado para o Natal em Hogwarts. Estávamos comendo e fazendo o que fazemos de melhor: rindo uns dos outros. Para a felicidade de todos um pouco antes do jantar Fred chamou atenção das pessoas a nossa volta fazendo um pedido de namoro a Molly, na qual ficou tão vermelha que era possível confundi-la com o suéter que estava vestindo. 

Scorpius estava conosco, e como sempre ele se sentava com Alvo de frente comigo, enquanto Fred e Molly estavam ao meu lado.  Era possível ver que ele estava sofrendo ao observá-los, e eu não podia culpa-lo, tudo o que eu queria era estar nos seus braços. Eu estava conversando com Domi, que na minha opinião só estava falando comigo porque ela queria contar algo sobre o Zabini e fazer o James ouvir, eu não estava realmente prestando atenção no que ela dizia, estava ocupada demais brincando com o meu pudim. Lorcan chegou atrasado ao jantar, Lysander falou que ele estava cansado, então ele se colocou no mínimo espaço que existia entre Molly e eu, me dando um abraço e pegado uma colher para comer minha sobremesa.  

Scorpius não pareceu muito feliz com a situação, então ele se levantou, eu estava pronta para dar uma desculpa para ir atrás dele quando ele se virou.  

— Quer saber? Já é quase meia-noite e como estamos todos reunidos, pode ser o último dia da minha vida. - Ele subiu em cima da mesa e se ajoelhou na minha frente - Rose Weasley, aceita ser a minha namorada? 

Eu não podia acreditar, eu não sabia o que fazer, olhei para todos a minha volta, Lorcan estava furioso, Hugo estava engasgado com sua comida enquanto Lily tentava ajuda-lo batendo na suas costas, James estava fazendo uma careta que eu não sei descrever ao certo, algo como confusão e raiva, Alvo sorria malicioso enquanto Babi estava com a cabeça em seu ombro sorrindo, Fred e Molly estavam com aquele olhar de "Eu sabia" e Domi sorria e balançava a cabeça me encorajando. 

— E você ainda pergunta? - Fiquei de pé no banco onde estava sentada – Scorpius Malfoy, eu aceito ser sua namorada.  

Scorpius se levantou, me puxou para perto e me beijou, ali mesmo, sem pensar nas consequências. Assim que nós beijamos o relógio bateu meia-noite. Sim, esse seria realmente um Novo Ano.