Maison De Rosalia (Black Rose) Interativa escrita por Izabell Hiddlesworth


Capítulo 27
Broken Words


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!!

Bem, aqui vocês terão as respostas para as seguintes perguntas:
— O quê aconteceu entre Acace e Ginger?
— Por que o Heimirich tem os olhos vendados e por que ele não fala?

Boa leitura!! :3



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Fran me deu um intervalo de duas horas, alegando que precisava repousar um pouco. Sua saúde sempre foi assim, frágil. Se bem que agora ele já está muito melhor, mais resistente e disposto. Posso sentir sua alma se levantando um pouco mais a cada minuto.


Ainda restavam uma hora e meia para que eu preparasse para recuperar Ginger. Me joguei na cama no quarto que tinham arrumado para mim. Heimirich estava dando uma volta pela mansão com aquela albina energética que me repreendeu por tratar ele assim.


Sinceramente? Eu não me importo. Heimirich é meu mordomo, meu brinquedo, faço o que eu quiser com ele. Me senti solitário com meu próprio pensamento egoísta e mesquinho. Vaguei minhas mãos atrás do cobertor na beirada da cama, me aninhando nele e fechando os olhos com força.


Lentamente pude perceber a força vital que me abraçava, tentando me dar alguma plataforma para fixar os pés e não me afogar dentro de mim mesmo. Não consegui sorrir como agradecimento, mas ela sabia que eu precisava daquilo.


– Vai ser difícil, não acha? - Perguntou a voz aveludada.


– E como - concordei com ela.


– Não acha que está sendo possessivo demais? - Perguntou.


Me revirei na cama inquieto. De alguma forma eu sabia que o que eu estava fazendo não era certo, mas meu coração quebrado precisava daquilo.


– Assim como disse que precisava de Heimirich e o trata como um qualquer agora? - A voz jogou.


A frase soou como uma acusação, mexendo nas minhas entranhas violentamente como se quisesse fazer vomitar o passado inteiro e me desfazer dele. Eu não podia, já tinha tentando diversas vezes.


– Ora, você sabe que ele tem seus motivos para querer se apoderar de tudo que faça ao menos uma pequena fissura em sua armadura - a voz grave apareceu.


– Você deveria mostrá-lo a luz, não arrastá-lo para as trevas - repreendeu a voz aveludada.


Quando essas duas vozes tão confusas e difusas surgiram pela primeira vez em minha mente, eu logo as apelidei para tornar as coisas mais fáceis. A voz aveludada, lembra uma voz de mãe, de uma mulher bondosa, sábia, linda e amorosa. Chamei-na de Aiymme, minha pequena clareira. A voz grave e pesada, de pai bravo, de homem rígido e centrado, chamei de Aaron.


Era assim em todos os momentos que eu conseguia ficar só. Eles vinham me acalentar, ou me tirar o sossego, mas eu gostava da companhia deles. Me lembro de quando recebi eles... Foi numa noite fria e chuvosa, eu estava ajoelhado sobre a poça do sangue de meus pais, no meio dos cacos de vidro estilhaçado. Eles foram os únicos que permaneceram comigo de verdade.


– Eu sei o que estou fazendo - encarei o teto.


Só vozes e sensações... Eu queria poder vê-los.


– Não, não sabe. Você ainda é apenas uma criança, não tem plena consciência das coisas que faz - disse Aiymme.


– Ele já é quase um homem! - Exasperou Aaron.


– Um homem de verdade não roubaria o sentido da vida de outro - Aiymme devolveu.


Deviam estar discutindo sobre minha cabeça, onde a tensão do ambiente se tornava quase palpável.


– Não tem como você saber - Aaron cortou. - Você é apenas uma vozinha sem sentido.


– Calado, você não tem o direito de falar assim com ela - declarei.


– Meu querido - Aiymme afagou meus cabelos -, a dor que você sente está originando o egoísmo. Não pode deixar que a dor te vença, não pode querer que as pessoas ao seu redor sintam a mesma dor. Isso não vai te curar.


– Ele não quer que ninguém sinta dor alguma, só precisa ter o Ginger de volta - justificou Aaron. - Se Fran quer que eles lutem, é inevitável que ele sinta dor ou que ele sofra.


Exatamente. Se meu priminho não quer ceder e ainda por cima está promovendo uma luta entre nós, não posso ser de todo responsável por sua dor.


– Talvez você não tenha percebido, mas querer esse mordomo de volta não é algo lógico e justo a se fazer - disse Aiymme. - Ele nunca de pertenceu de fato, fora emprestado para que você não entrasse em depressão.


E mais marcas dolorosas do passado me invadiram. Os gritos que eu não consegui evitar na calada da noite, sempre lembrando meu desespero na noite em que meus pais se foram. Eu só tinha cinco anos quando aquilo aconteceu, o trauma se instalou em mim.


Mas, quando eu completei sete anos, recebi um "presente" especial. Lembro-me muito bem da tarde ensolarada, rara naquela parte do estado, quando os empregados abriram as portas para um garoto de cabelos negros levemente ondulados. Seus olhos verdes me atravessaram gentilmente, como se vissem a minha alma. Apaixonei-me por ele instantaneamente, mas até então era uma paixão fraternal.


Ginger viera da mansão dos Schwarzrose, a parte alemã dos Rose Noire. Ele tinha sido um apelo de Heimirich aos meus tios, que cederam o garoto por um tempo em troca de que Heimirich fosse seu professor.


O moreno passou a cuidar do meu psicológico. Brincava comigo, me dava carinho, atenção e, o mais importante, me amava. Não que eu nunca tivera recebido isso por parte de meus pais ou de Heimirich, porém, com a morte deles, Heimirich se viu obrigado a cuidar dos negócios da família enquanto eu não tinha a maioridade. Ele se tornou distante.


Para tornar as coisas mais reais, Ginger disse que me amava. Não sei se partiu realmente de seu coração, ou se ele fora instruído a fazê-lo, mas eu me senti seguro e feliz. Trocamos beijos, carícias e promessas de amor. No entanto, percebi que tudo aquilo não passou de palavras quebradas. Agora tudo se tratava de palavras sem nexo.


Então, atendendo ao chamado de seus verdadeiros patrões, Ginger voltou para Fran. Ficou um imenso vazio em mim, e a crise de abstinência se alastrou por meu coração, me tornando o que sou hoje. Ele me disse que eu era o único.


– Por que você insiste em me lembrar disso, Aiymme? - Questionei entre dentes.


– Se lembra de como se agarrou à Heimirich depois disso e fez com que ele prometesse permanecer ao seu lado para sempre? - Aiymme abriu-me a ferida suavemente. - Como você acha que ele se sente sobre isso agora?



– E o quê isso importa? - Aaron interrompeu. - O garoto não tem culpa de ter se apegado mais à Ginger.


– Mas ele tem culpa de ter mutilado Heimirich - Aiymme transpassou-me o controle do negrume chamado "consciência limpa". - Seu olho direito.


Uma semana depois que Ginger fora levado de volta ao seu "dono", Heimirich passou a se preocupar comigo de um jeito exagerado. Eu nunca duvidei que o mordomo me amasse, mas parecia que esse amor tinha crescido consideravelmente.


Eu estava me sentido injustiçado, ferido, enganado e, mais uma vez, abandonado. Heimirich fez questão de fechar todas essas feridas. Porém, a depressão psicótica estava tentando mais do que nunca se apossar de minha mente e de meu coração, e eu cedi.


Estávamos passeando em meu parque favorito da cidade. O balão de um garoto se prendera numa árvore. Heimirich foi ajudá-lo, seus olhos sorriram bondosos para a criança. Eu senti ciúmes. Quando chegamos em casa, eu o atei à parede do porão e perfurei seu olho direito com ferro quente. Foi sua primeira punição.


– Seu olho esquerdo - Aiymme anunciou.


Caí nas escadas da mansão, derrubei a cristaleira em cima de mim. Inúmeros cacos de vidro se fincaram em mim. Ao me socorrer, esperava que ele chorasse por mim. Mas ele apenas me levou às pressas para o hospital mais próximo e zelou por minha recuperação.


Me recuperei e, quando voltei para casa, disse a ele: "Se você não chorou por mim, não vai chorar por mais ninguém". Inutilizei seu olho esquerdo da mesma forma que o outro.


– Suas cordas vocais - Aiymme tinha um tom revelador.


Heimirich cantava como um anjo, eu amava - ainda devo amar - aquela voz surreal. Um conde de nosso meio social também se apaixonou por seu timbre, o convidando a cantar numa festa que ele daria em sua mansão. Assim que voltamos para a mansão dos Rose Noire, contratei um dos ratos que vivem no submundo para extrair-lhe as cordas vocais.


– Quem você é? - Aiymme perguntou.


– Ele é Acace de la Rose Noire - Aaron respondeu por mim.


– O quê você é? - Aiymme insistiu.


– Um monstro - respondi estático.


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Notas finais do capítulo

Eu fiquei com dó do Acace u.u E vocês?

Nos vemos nos reviews =]

Kissus~