Maison De Rosalia (Black Rose) Interativa escrita por Izabell Hiddlesworth


Capítulo 23
Just Give Me A Reason


Notas iniciais do capítulo

Oii!! :3

Bem, pra quem não conhece a música, dá um procuradinha: "Just Give Me A Reason" - P!nk feat. Nate Ruess.

Boa leitura!! ^^



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Minha cabeça ficou pendendo para frente o período inteiro, e meus olhos teimavam em tentar se fecharem. Não dormi bem na noite passada, apesar de ter me deitado antes das 21h. Só conseguia pensar nos gritos agonizantes de Kain, enquanto Yusuke tentava tirar o veneno das garras de Dark do pescoço dele. Eu fui proíbida de ficar com Kain na enfermaria, mas eu podia sentir sua dor pela marca do contrato.

Olhei pela janela que estava levemente embaçada pela chuva que caía docemente lá fora. Faltavam apenas trinta segundos para o sinal do período bater, e Yusuke já estava posicionado na frente do portão principal com seu carro exageradamente grande e negro. Eu distingui a silhueta do moreno apoiado ao veículo, encarando o nada da chuva.

O sinal bateu. Arkane parou no batente da porta da minha sala e me apressou para chegar até ela.

– Hei, que tal irmos na Gelato Mio? - Ela sugeriu.

– Fala sério, está caindo o maior pé d'água lá fora e você quer ir na sorveteria? - Ergui uma sobrancelha para ela.

Fran saiu de sua sala e se junto à nós. Arkane franziu o cenho e ficou mirando o pescoço dele por um tempo.

– Nee, Fran, o que é isso no seu pescoço? Ginger não te deu banho direito hoje cedo? - Ela perguntou.

O albino corou violentamente e de prontidão, levantando o colarinho da camisa do uniforme. Ele andou um pouco mais rápido do que nós, ganhando uma certa distância. Arkane assumiu uma expressão pensativa e então logo explodiu em pulos animados e cheios de purpurina - que ela arrumou sabe-se lá onde.

– Espera um pouco. Não é porque você não foi banhado direito. O Ginger foi quem fez isso! Kyah!!

Os alunos que transitavam pelo corredor a olharam assustados, outros riram dela e alguns nem deram bola. Mas o Fran se importou com seus berros malucos no meio de todo mundo, visto que ele estava tão vermelho quanto o sangue que escorreu da boca de Yuiichi ontem à noite.

– Vamos, é melhor você parar com isso - empurrei Arkane para que ela descesse as escadas. - Ah, é! Falta a Cash.

– Eu estou aqui - a baixinha me cutucou nas costas.

– Eu também - Viollet sorriu ao lado dela.

– Agora nós podemos ir pra Gelato Mio! - Arkane colocou a perna em cima do cume do corrimão e apontou para frente, como um capitão pirata na proa de seu navio.

– Sim, sim, Yomi-chan - Cash puxou-a pelo suspensório. - Vamos indo.

Quando chegamos no último lance de escadas, encontramos uma pequena aglomeração no pátio interno. Arthur acenou para nós, e as garotas ao redor dele seguiram a direção de sua mão para nos fuzilar. Esse cara não estava na faculdade?

– Yo, meus pequenos - ele sorriu.

Uma garota ruiva perto dele trincou os dentes de inveja. Como sempre, ele correu primeiro para Cash e Fran, porque os têm como irmãos mais novos. Depois ele abraçou a mim, à Arkane e à Viollet. Estranhamente, havia mais uma aglomeração atrás das fangirls de Arthur.

Me inclinei para o lado e encontrei Yusuke tirando fotos com algumas garotas ridículas do 1.º ano. Cash já avançava para ele, com as mãos cerradas e o olhar fulminante. Umas três garotas caíram no chão e o restante se afastou quando Cash deu um chilique no meio delas.

No entanto, Yusuke ficou para trás, enquanto a baixinha seguia para fora. Passei pelo moreno, balançando a cabeça para ele e lhe lançando um olhar decepcionado e irônico.

– O que foi que eu fiz? - Ele perguntou.

Os outros vieram atrás de nós.

– Hei, temos de esperar a Shiyo - Fran lembrou.

As coisas já estavam bem mais cor-de-rosa entre nós, desde ontem. Mas ainda assim eu não conseguia ficar muito tempo com ela. Nem é tanto pelas coisas que ela me disse, eu só não aguento em lembrar das coisas que eu fiz a ela nesses três dias.

Shiyo desceu as escadas com pressa, quase caindo no penúltimo degrau. Ela olhou para mim indiferente, no entanto, os cantos de sua boca queriam me oferecer um sorriso amigável. Acho que ela também estava sobre o efeito do choque de horas atrás, não é tão fácil assim mudar só porque encontramos uma inimiga em comum. Mas já era meio caminho andado.

Cash ocupou o banco do carona do carro de Yusuke, enquanto Fran, Viollet e Arkane ocuparam o banco traseiro. Isso obrigou a mim e à Shiyo irmos com Arthur. O loiro estava escutando uma música cuja melodia me era familiar e, inexplicavelmente, dolorosa.

– Que foi? Quer que eu mude a faixa? - Arthur perguntou, aproximando a mão do botão na lateral do volante.

– Não precisa - fechei a porta. - Qual o nome da música?

– Just Give Me A Reason - ele olhou no visor digital do rádio. - Da Pink com participação do Nate Ruess. Maneira, não é?

– Achei que você só gostasse de rock - disse.

– Você não sabe muitas coisas sobre mim - Arthur apoiou o antebraço na cabeceira de seu banco e virou o tronco para trás. - Yo... Shi-chan, não é?

Dei de ombros, mas eu teria retrucado, normalmente.

– E então, o que rolou na Black Rose ontem? - Ele quis saber. - Quando cheguei lá hoje de manha o jardim frontal estava um caos.

Olhei rapidamente para Shiyo.

– Digamos que nós acertamos algumas contas - fiz ar de mistério, Shiyo riu um pouco.

– Hm. Vocês sabem que o Ginger está p**o com vocês, não sabem? - Ele perguntou.

– Novidade - coloquei o cotovelo no apoio da porta. - Nós é que deveríamos estar p**os com ele. Aquele egoísta nos abandonou na hora do vamos ver.

– Entendo.








Finalmente me permitiram voltar para casa, depois de trocentas rodadas de sorvete. Larguei minha mochila em qualquer canto do quarto, tomei um banho de gato e coloquei meu pijama. Ainda estamos na metade da tarde, mas eu pretendo ficar com Kain na enfermaria até que Ginger me obrigue a ir dormir.








Meu agente estava deitado em uma das macas brancas e quase sem vida, se não fosse pelas gravuras de rosas e felinos que ornamentavam a madeira e as letras de metal dourado que escreviam "Mainson De Rosalia".

– Boa tarde - coloquei as mãos atrás do corpo. - Melhor?

– Hm - Kain permaneceu de olhos fechados. - Se eu estivesse melhor eu não estaria aqui, você não acha?

Ignorei a grosseria, mas isso fez meu peito arder. Cerrei os olhos e mordi o lábio inferior, tentando manter o auto-controle.

– Ainda dói?

Ele me indicou as voltas de faixa de gaze em seu pescoço. Me aproximei lentamente dele, esticando a mão para lhe tocar o rosto. Ele se esquivou, virando para o outro lado.

– Desculpe-me se não entendo de onde é que tudo isto está vindo. Pensei que estivéssemos bem - eu recuei para trás.

– Tudo isto o quê? - Ele cruzou os braços.

– Todas estas brigas, estes desentendimentos - levei minhas mãos ao peito. - Mas não estamos quebrados, apenas nos curvamos aos erros. Podemos tentar de novo, não é mesmo?

– Apenas dê-me um motivo para tentar de ensinar a amar de novo - Kain se sentou com esforço.

– Vamos dizer a verdade um ao outro, e parar de ficar recolhendo a poeira que sobra de cada briga que temos - eu estava trêmula.

– Sua cabeça está perdendo o controle novamente, só pode - ele sorriu com escárnio.

– Só um pouquinho do seu tempo e já basta, só um segundo - pedi.

Kain continuou tentando me interromper.

– Bem, eu começo então - passei por cima. - Desde o começo você foi um ladrão, você roubou meu coração. E só você que não percebeu isso ainda. Porque acha que eu não consigo levar nada à sério, e que penso que todos não passam de brinquedinhos para mim.

– Diga-me que você já teve o bastante do nosso amor que nunca existiu - ele cuspiu. - Você sempre diz que está cheia, é só isso que eu posso deduzir.

– Eu sou sua vítima condescendente - aumentei um pouco o tom, apontando para mim mesma. - Admito que deixei que você visse partes de mim que não eram tão bonitas. Mas a cada toque você as consertou. E agora você quer ficar longe de mim?

Meu rosto formigava freneticamente, eu sabia que não demoraria muito para que eu começasse a chorar na frente de Kain. Eu não queria que ele me visse chorando, mas também não queria que ele pensasse que não há nenhum sentimento bom, simples ou aconchegante dentro de mim. Eu também sou humana.

– Você está segurando nosso amor sozinha - ele disse.

– Percebeu isto agora? - Meus olhos se encheram de água.

– Você tem tido sonhos muito ruins, não é? Você costumava deitar-se tão perto de mim quando era pequena - sua expressão era nostálgica. - Agora, você tem falado durante o sono coisas que nunca diz para mim.

Eu caí com os braços na beirada da cama, me rendendo ao turbilhão de emoções. Tudo o que estava preso em mim, se recusando a ir embora.

– Minha princesa, ainda temos tudo. Eu nunca vou te abandonar, eu te disse. Está tudo na sua cabeça - ele segurou meus braços.

– Sim, mas isto está acontecendo - insisti.

– A verdade é que eu não gosto da Loren - a cabeça dele pendeu de um tranco para baixo. - Ela era só uma camuflagem, um escudo de papel. Eu nunca deixei de te amar, apesar de ter tentado por causa das nossas posições e das nossas idades. Você ainda está gravada nas cicatrizes do meu coração.

Foi demais, foi o cúmulo. Eu me senti fraquejando, mas também senti que eu não precisava me fazer de forte na frente dele, nunca mais. O nome dele com certeza estava nas feridas do meu coração, como nas veias e nas cicatrizes também.

– Desculpe, meus canais lacrimais são enferrujados - ele riu quando uma lágrima minha caiu em sua pele. - Eu vou consertar isso para nós.

Nosso amor é suficiente, é como servir um drinque e ter a certeza de que nada é tão ruim quanto parece. É só o medo que aumenta o tamanho das coisas, como ele me ensinou há anos atrás.

– Nós podemos aprender a nos amar novamente - ele me reconfortou com um beijo no topo da cabeça. - Minha princesa.





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Notas finais do capítulo

Voltamos ao caps. curtinhos u.u E em breve voltaremos aos caps. isentos de melação!! kkkkkk

Nos vemos nos reviwes :3

Bjs