Maison De Rosalia (Black Rose) Interativa escrita por Izabell Hiddlesworth


Capítulo 16
Nothing Much


Notas iniciais do capítulo

Oii!!

Cap. dedicado à Snow-chan (atendendo seu pedido ^^) e à Alice-chan que tá dodói :c

Boa leitura!! ♥



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Havia vários tecidos, caíndo e limitando meu campo de visão pelas laterais. Eram coloridos, estampados, divertidos e macios. Meus joelhos, tíbias e mãos eram acariciados pelo tapete vermelho que me guiava, sempre reto. Até que, me deparando com um tecido de barra rendada, o caminho evidenciou seu término se dividindo em vários.


Minha trilha de escassa iluminação tinha acabado. Eu ouvia vozes abafadas pelo pano a minha frente, que eu tinha descoberto ser, na verdade, a saia da toalha de uma mesa. Reconheci uma das vozes, que, em companhia da outra, travava uma conversa descontraída pelos risos e interferências exteriores.


Música clássica era audível, preenchendo o ambiente de sons como pano de fundo. Ousei erguer um pouco a barra, podendo ver pés escondidos em sapatos sociais e outros em sandálias e scarpans. Os que estavam em frente à mesa não fugiam a essa classificação. Salientei minha cabeça além da saia da toalha, para ver a quem pertenciam os pés.


Kain conversando com uma bela moça de longos e cacheados cabelos loiros. Seus orbes verdes piscavam alegres, brilhando para o moreno. Então, inclinando-se, Kain selou seus lábios com os da moça, enquanto ela correspondia o enlaçando com seus braços.

Meu mundo estava enfrentando um leve terremoto, como se uma rachadura estivesse sendo criada no meu pequeno globo de neve. Meus pulmões queriam se comprimir e um desespero se instalou em mim. O que estava acontecendo? Reagi, chamando por ele.


– Kain! - O berro me deixou sem fôlego.


– Mira-sama?!


E lá estava ele, o mordomo infiel. Parado nos batentes da porta do meu quarto, suando, exalando preocupação. Kain fechou a porta com cautela - apesar de que alguém deve ter acordado com esses gritos. Ele se aproximou de minha cama e se sentou de leve na beirada.


– O que foi, meu anjo? - Eu podia ver o seu sorriso mesmo no escuro.


– Nada demais. Acho que foi apenas um pesadelo - virei o rosto quente.


– Hmm, então eu estava nesse pesadelo? - Ele quis saber.


– Provavelmente... - puxei as cobertas e me deitei novamente.


– São 3h da madrugada. Você atrapalhou meu sono de beleza por isso?


Como pode agir tão naturalmente, depois de ter me destruído com um ato? Acalme-se, Mira. Pense: você disse que não era nada demais. Então por que tanta revolta?


Ainda estou me recuperando das suas respostas à Pequena Tragédia, algumas horas atrás. "Mira é só minha cliente, não tem nada demais entre nós. Eu já tenho alguém". Quem é esse seu alguém? É a moça do meu pesadelo? Meu Deus, estou ficando louca!


– Eu vou voltar para o meu quarto, até daqui a pouco, meu anjo - ele me beijou no topo da cabeça.


Eu tinha que fazer algo. Sentia como se ele estivesse escorregando por entre os meus dedos, me deixando desamparada e sem algo que iria doer com intensidade redobrada. Estiquei meu braço em um reflexo retardado, alcançando seu braço coberto pelas mangas do pijama.


– F-Fique comigo, para que o pesadelo não volte... - Que infantil.


Kain suspirou pesado, mas um sorriso adornou seus lábios no momento seguinte. Ele circundou a cama para ocupar o outro lado. Seu corpo se acomodou com elegância sobre o colchão, ele bocejou demoradamente e me lançou um olhar curioso que era iluminado pela luz do poste lá fora.


– Vamos, você tem de dormir - ele disse.


Depositei minha cabeça no travesseiro, procurando as palavras certas para me despedir dele. Mas eu me sentia fria e desolada, enquanto fragmentos do pesadelo ainda voltavam para tentar melhores efeitos, como atingir pontos em uma escala.


– Que foi? - Lancei, virando-me para o lado oposto.


– Nada. Só achei que você ia dizer algo legal.


– Não seja idiota, durma.


Alguns minutos se passaram, e como eu ainda me sentia vazia, resolvi cometer uma loucura. Arrastei-me para mais perto de Kain e, meio desajeitada, coloquei meu tronco sobre o dele. Inexplicavelmente, o calor que emanava dele era o melhor que eu já sentira, e isso me trazia paz.


– Hei, você é pesada - ele fingiu esforço com a voz.


– Ha... Ha... Ha... Muito engraçado - ironizei.


Pensando no baque que eu levei, acho que Kain nunca faria aquilo. Quer dizer, somos almas gêmeas, certo? Ou não? O que nós somos? Acho que já passamos por muitas coisas para dizer que é apenas uma relação profissional. Mas é claro que eu não vou perguntar isso, não quero parecer fraca. Ele tem de ser o primeiro a ceder.


– O que foi? Você parece tensa - ele acariciou meus cabelos.


– Kain, você nunca me trocaria, não é mesmo? - Arrisquei.


– Do que você está falando? É lógico que não! Você é me pertence, eu pertenço à você - ele riu um pouco, como se fosse uma pergunta idiota. - O símbolo do nosso contrato prova isso.


Pensei na marca de gato preto que temos em nossos ombros. Para mim era só mais uma marca, mas era a marca de Kain em mim. Ah, quem eu quero enganar? Eu não quero que ele me pertença só porque uma marca assim determina, quero ele de corpo e alma.


Queria acreditar que eu estava delirando, em tudo, em todos os sentidos. No entanto, não queria perder o calor dele aqui. Quem era aquela mulher? Ela existe? Isso foi uma premonição? Bem, o Kain jamais faria algo assim. Ele me ama.


Tá, ele nunca disse que me amava. Mas é bem óbvio, não? Acho que eu preciso de ar e um pouco menos de arrogância. Talvez eu esteja especulando demais, e isso não passou de um sono ruim, muito bem recompensado.


– Bons sonhos, meu anjo - ele desejou.


– Hm - eu fechei os olhos e mergulhei longe.





– Mira-sama? - Ele me chamou no banco do motorista.


Lutei um pouco para desfazer minha cara de confusa e adotei novamente meu jeito egoísta.


– O que é?


– Você está tão quieta nesta manhã. Há algo de errado? Claro, algo em que eu possa ajudar.


Você pode ajudar a dissipar essa neblina que não quer me deixar enxergar o sol, como também pode deixá-la mais densa ainda. Tínhamos chegado na mansão, mas havia uma moça parada na frente do portão de pedestres. Ela era loira, com longas e cacheadas madeixas. Os olhos verdes pareciam tímidos com a presença de Kain, mas ela sorriu.


– Vá entrando, sim? - Kain desceu do carro e voltou para o portão.


Eu não vou entrar, quero saber o que está acontecendo aqui. Essa moça me parece familiar, mas sinto como se não tivesse sido um encontro agradável. Vamos juntar um mais um e... É ela! A mulher que Kain beijou em meu pesadelo. Não pode ser, eu tentei afastar meus pensamentos dela a manhã inteira. Agora é pior, ela está aqui em carne e osso.


Quando dei por mim, meus pés já estavam andando ligeiros na direção dos dois. Kain tinha a mão dela entre as suas, e seus sorrisos se completavam radiantes.


– Mira-sama, acho que eu pedi para que a senhorita entrasse - o moreno advertiu.


– Quem é ela? - Minha voz saiu ríspida.


– Hm, a Loren é uma...


– Amiga - ela terminou a sentença.


– Tenho certeza de que amigos não ficam assim, nessa situação - observei.


– Ora, não seja tão grossa, Mira-sama - Kain me reprimiu.


– Deixe ela, Kain-kun. Só está com ciúmes, é normal na idade dela. Garotas que estão na adolescência tendem a ter esse instinto possessivo - Loren sorriu para mim. - Mas acho que você vai ter de ceder neste caso, Mira-chan.


Que audácia, como ela se refere a mim tão intimamente!?


– Acho que sua adolescência foi há muito tempo para você falar assim, com tanta certeza - ela soltou um grunhido ofendido.


– Já chega - decretou Kain. - Peça desculpas, Mira-sama.


– Não - teimei.


– Então vá para dentro - ele mandou.


Já ouviu o barulho de uma porcelana preciosa em sentidos materiais e sentimentais se partindo no chão? Esse é um som doce, que eu costumava ouvir todos os dias na minha casa, todas as horas. Esse é o som que o empurrão que Kain me deu fez em meus ombros. Esse é o som que ecoou em minha mente quando eu percebi que meu globo de vidro estava rachando.


– Vamos, se comporte.


As lágrimas me traíram, mas pelo menos me deram tempo de alcançar os degraus do hall de entrada. O que está acontecendo? Por que você não me contou dela? Você disse que você pertence a mim, não pode fazer o que bem entende.


– Mira-chan, eu... - Alex segurava um pager no topo da escada. - Mira-chan?


Mirei ela por alguns segundos, com os olhos transbordando. Dei uma fungada e saí correndo para o elevador.


– Mira-chan! Espere!


Alex não correu atrás de mim. Essa não é a sua função aqui, ela não é paga para tomar conta de mim - em específico. Entrei no elevador, que se encontrava vazio, para minha sorte.


– Kain, seu idiota - murmurei quando as portas se abriram.


Eu não quero ver mais nada daquilo.


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Notas finais do capítulo

Recomendo que vocês assistam à Sukitte Ii Na Yo!! ♥ É um anime muito perfeito, em todos os sentidos.

Vejo vocês nos reviews :3

Kiss, kiss