Kate voltou á delegacia, precisava fazer os relatórios do caso de David, foi inevitável não ser tomada por uma tristeza quando passou pela cadeira de Castle e a mesma se se encontrava vazia, ela percorreu todo o perímetro da cadeira com os dedos como quem buscasse algum tipo de conforto no gesto.

_Espero que melhore logo, vou sentir tanto a sua falta. –Ela sorriu um pouco, sua atenção se voltou para dois homens conversando logo a frente. Levantou-se e foi até os dois.

_Muito bem, qual dos dois vai me explicar como conseguiram me achar naquele porão? –Ela dizia falsamente brava.

_Você acha mesmo que eu ia te deixar sair por ai sem proteção Kate? Não mesmo, você é como uma irmã para mim e você acha mesmo que eu não ia atrás de você?

_Como me achou Espo?

_Você deixou o endereço no notebook, e ele estava ligado, eu acho que você queria ser encontrada. –Kate se lembrou então que só havia fechado o notebook, na pressa de salvar Castle acabou deixando todas as paginas abertas.

_Obrigada Espo, e Ryan, de verdade meninos eu não sei o que seria da minha vida sem vocês!

_Essa é nossa função Kate, somos amigos e protegemos uns aos outros. –Kate foi até Ryan e então o abraçou, e depois puxou Esposito para um abraço grupal.

_Hum Kate?

_O que Ryan?

_Posso te perguntar algo?

_Claro. –Ela responde soltando os dois do abraço.

_É claro que está preocupada com Castle, assim como todos nós estamos, mas tenho uma pequena duvida.

_E qual seria? –Ela cruzou os braços se atentando para o que Ryan falava.

_Todo mundo sabe que você é doida por ele. –Kate fez uma cara de brava apenas para disfarçar a verdade, afinal seria o fim do que mal começou se Gates ouvisse. Ryan a ignorou e continuou. –O que quero saber é se rolou alguma coisa naquele porão, você estava... Diferente.

_É claro que sim, mas não podemos falar disso aqui. –Esposito fez uma cara de assustado cômica que fez Kate dar um leve sorriso.

_Ele tocou em você Kate?

_Claro, que tipo de pergunta é essa Esposito? –A cara do detetive ficou dez vezes pior.

_Eu juro que se Castle sair dessa, eu mesmo o mato. –Kate não pode conter a gargalhada, Esposito era a favor dos dois ficarem juntos, porém é como ele mesmo disso, Kate é um tipo de irmã e imaginar alguém que ele estima, aprecia, gosta e protege tanto, como Kate, saindo com um cara que é tremendo mulherengo, como Castle, era preocupante. Tudo bem que o escritor mudou muito.

_Não perturbe Espo. –Ela riu. –Minha vez de perguntar, onde está a Gates e por que ela ainda não me chamou.

Como que para contrariar Kate, Gates aparece na porta de sua sala chamando Kate. Ela olhou preocupada para os meninos e respirou fundo antes de levantar, quando estava indo ouviu um “boa sorte” vindo deles. Ela parou na porta da sala e bateu, Gates não tirou os olhos dos papeis a sua frente.

_Entre e feche a porta detetive. –Kate obedeceu e avançou até a mesa de sua chefe. –Sente-se. –Ordenou Gates.

_Olha senhora, antes de tudo eu quero dizer que...

_Por favor deixe-me falar. –Gates a cortou. –Você sabe que o que fez foi muito errado não sabe?

_Sim eu sei. –Respondeu Beckett envergonhada.

_Você foi atrás de um assassino sem reforço nenhum, sem nos avisar para onde estava indo, se não fosse o detetive Ryan e o Esposito terem invadido seu apartamento e visto endereço em seu notebook, talvez você não estivesse aqui agora.

_Me desculpe por isso senhora.

_Detetive Beckett, você não colocou apenas a sua vida em perigo, como também a do senhor Castle. –Kate finalmente ouviu o que falava a tanto tempo, a culpa era totalmente sua, assim ela achava.

_Senhora eu sei que o que fiz é totalmente errado e sei também que Castle só está nessa situação por que eu não o afastei.

_Detetive, a sua parcela de culpa se restringe ao fato de que você não chamou reforços, não avisou a ninguém, mas apenas isso. O fato do senhor Castle estar naquele hospital agora, é uma fatalidade, era inevitável algo assim acontecer já que ele a seguia por todos os cantos.

Kate estava ficando com raiva disso tudo, ela tentou disfarçar ao máximo, mas Gates percebeu.

_O que foi Beckett?

_Porque ninguém me deixa assumir a culpa pelo que aconteceu a ele?

_Por que não é sua culpa.

_Claro que é. Senhora com todo o respeito, vocês estão se fazendo de cegos para não verem a verdade.

_E qual seria essa verdade detetive?

_A de que se eu tivesse cortado isso desde o começo, Castle agora estava bem longe de onde está.

_Isso implica nunca tê-lo conhecido detetive.

_Não me importo senhora, se isso significasse que ele estaria bem e a salvo, eu não me importo.

_E ai detetive, o destino daria uma outra forma de unir vocês. E talvez esse jeito novo do destino seria muito pior e muito mais traumático. –Kate olhou Gates nos olhos e entendeu o que ela quis dizer. –Veja, eu realmente sei o porquê fez tudo isso, eu entendo você de verdade.

Kate deu um leve sorriso, mas não ficou plenamente feliz por que sabia que vira mais coisa por ai.

_No entanto eu não posso ignorar o que fez. Dois meses de suspensão.

_Tudo bem. –Kate não ficou com raiva de Gates, ela sabia que o que tinha feito fora realmente errado e não começaria uma briga que já estava perdida. Ela levantou-se e caminhou em direção à porta, mas antes de sair é chamada.

_Ei Kate, é por causa da politica da delegacia.

_Eu entendo senhora. –Ela virou-se novamente e colocou a mão na maçaneta, entretanto antes de ter a chance de vira-la, Gates a chama novamente.

_E outra coisa Kate.

_O que senhora. –A detetive se vira para encarar a chefe.

_Ele é e está no seu destino e não há nada que você possa fazer para reverter isso.

_Eu sei senhora, obrigada. –Beckett saiu finalmente da sala de Gates e encontrou olhos curiosos a encarando.

_Digam rapazes.

_Qual foi à punição? –Perguntou Espo

_Suspenção.

_Quanto tempo? –Foi a vez de Ryan.

_Dois meses. –Ambos arregalaram os olhos, no entanto entendiam que o que Kate fez foi errado, pelo menos Gates não pegou tão pesado.

_Até que não é muito.

_É Ryan, até que não é muito. –Kate disse sorrindo.

_Você parece... Feliz com isso. –Ela parou de arrumar as coisas dentro as sua bolsa e voltou sua atenção para Esposito.

_É que, já que eu não vou ter muito que fazer hoje aqui, eu pensei em dar uma passadinha no hospital.

_Entendi o motivo de tanta felicidade. –Espo disse, estava feliz pela amiga, que sua vida amora e sua história conturbada com Castle estivesse avançado ao menos um pouco.

Ela colocou algumas coisas que estavam espalhadas em sua mesa na bolsa e desligou seu computador, sentiu alguém pegando em sua mão por trás, por um momento ficou extremamente feliz, pensou que de alguma forma era seu parceiro.

_Cas? –Ela disse virando-se e sorrindo de orelha a orelha.

_Como? –Era Demming, e Kate não escondeu sua e infelicidade ao vê-lo ali, ela daria tudo para ser Castle.

_Ah, é você Demming.

_É sou eu, e você não parece feliz em me ver aqui. –Ele disse um pouco sem graça.

_Não é isso, é que eu esperava... –Kate tentou achar uma maneira de explicar que ela esperava que fosse Castle, mesmo sabendo qual era a situação atual dele.

_Esperava por ele não é? Castle, você queria que fosse ele.

_É Tom, eu queria. É muito ridículo querer isso?

_Não, eu acho até normal, ele é um grande amigo seu. –Kate apenas assentiu, não queria ter de explicar a Demming que ela e Castle, talvez, já tivessem passado desse estágio de amizade.

_Ei Kate, depois passamos lá certo? –Espo disse apressado.

_Certo. Outro caso? –Esposito assentiu e puxou Ryan para o elevador.

_Então Kate, eu passei aqui para saber se você não quer uma carona para o hospital?

_Eu adoraria Dem, por favor. –Kate pegou seu casaco que estava apoiado na cadeira e foi para o elevador, Demming já esperava lá por ela.

Ela estava um pouco mais animada, a ideia de ver Castle causava esse efeito nela, entrou no carro do detive e eles começaram uma conversa qualquer, na metade do caminho, Kate já havia sorrido várias vezes de alguma palhaçada que Demming fazia.

_Então Kate, dois meses de suspensão? Sua capitã não pegou pesado não?

_Até que não Tom, eu meio que mereci, estou ciente disso.

_Certo, e você também está feliz por que de certa forma terá mais tempo para ficar perto dele não é?

_Sim. Quer dizer, eu devo isso a ele.

_Kate, não foi sua culpa

_Eu sei, mas eu sempre terei uma divida com Castle pelas vezes que ele salvou minha vida. E ele comigo também.

_Vocês são uma dupla bem interessante.

_Eu sei que sim, e eu sempre gostei disso sobre nós dois, não somos convencionais.

_Não mesmo. –Demming riu gostosamente e Kate o acompanhou.

_Vocês são muito diferentes, o que ainda não fez com que você o chutasse da delegacia?

_Acho que porque além dele me ajudar muito, é uma companhia e tanto, ele me anima, me entende, me escuta. –Ela poderia fazer uma lista dos motivos pelo qual gosta tanto de Castle, mas entrariam adjetivos que fariam com que Demming percebesse que eles tiveram algo.

_Entendi, chegamos!

Eles saíram do carro e foram em direção à recepção, a garota avisou que o horário de visitas começaria em quinze minutos. Foi um martírio para Kate esperar, pareciam quinze anos.

Quando finalmente a entrada foi autorizada, Kate só não correu para o quarto de Castle por que lembrou que Demming ainda estava lá, ela os esperou e acompanhou seu ritmo, que era lento de mais para a ansiedade de Beckett.

_Ei Dem, se importa de esperar um pouco aqui? Eles só permitem uma entrada por vez.

_Claro que não.

_Certo, prometo que não demoro.

_Kate, leve o tempo que for eu esperarei. –Beckett sentiu que houve um outro sentido nessa frase, porém resolvei ignorar. –Além do mais, eu vou ver minha prima.

_Uma prima sua está doente?

_Não. –Demming riu. –Ela trabalha aqui, é enfermeira. Inclusive eu a vi mais cedo saindo do quarto do Castle.

_Taylor? Ela é sua prima?

_Exato, é uma amor de garota. Bom, não vou mais te encher com histórias bobas, vou procura-la, e você, trate de aproveitar o todo o tempo que tiver ali dentro.

_Obrigada Dem. –Kate foi até ele e o abraçou, ele estava sendo um bom amigo ajudando Kate a passar por tudo.

_Não por isso. –Ele retribuiu o abraço e solta-a, Kate entrou no quarto, nada havia mudado, ela ainda tinha esperanças de que quando voltasse ao hospital, ele estaria pelo menos com os olhos abertos.

_Ei Castle, sou eu. –Ela se aproximou da cama e passou os dedos pelo seu rosto. –Eu tinha esperanças de que você teria acordado, ou ao menos se mexido enquanto eu estivesse fora. Adivinha? Gates me suspendeu, mas ele teve razão.

Ela ficava minutos olhando para o rosto dele, esperando qualquer tipo de reação, aproximou-se dele e o beijou, mesmo ele não correspondendo, ela sentiu-se um pouco melhor.

_Kate? Você está com ele?

_Josh? –Kate gelou. –O que está fazendo aqui.

_Ele é meu paciente, infelizmente. –Beckett começou a ficar preocupada com o fato de seu ex-namorado estar cuidando do seu atual, ele não seria capaz de fazer nada, seria?