Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 32
Vivendo


Notas iniciais do capítulo

E aí? Tudo bem com vocês? ♥ Bom, aqui está um novo capítulo que eu meio que me emocionei escrevendo, então eu espero que vocês o amem tanto quanto eu!
Um agradecimento especial à MsAbel ♥
E, bom, eu sempre coloco música aqui, mas essa vai ter que ser no meio do capítulo porque tem uma partezinha lá pro meio e tal. Tomara que vocês não se importem com a mudança >



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O casamento de Jared e Melanie.

Finalmente.

Olhei ao redor, satisfeito com o trabalho de semanas. Toalhas estavam estendidas no chão e os “convidados” se sentavam nelas. Todos os grupos sobreviventes estavam lá, inclusive o de Nate. Foi um jogado do Buscador, para a Peg se entregar aquela vez. Eles, de fato, encontraram o grupo de Nate, porém todos escaparam vivos dessa enrascada.

Agora eu observava todos aqueles humanos sobreviventes e lutadores, que sorriam e conversavam animadamente. De que lugar essa espetacular força vem? Essa força de se levantar de manhã e sorrir, mesmo sabendo que o mundo lá fora está dominado por intrusos? Mesmo sabendo que parentes estão mortos do lado de fora.

É algo inexplicável. Contudo, é real. Essa alegria é real. A verdade é que todos se “reencontraram” na vida. Reconstruíram suas vidas a partir de um começo estranho, mas as reergueram com garras e dentes. E aqui estão, prontos para celebrar um casamento para lá de estranho. Quase como se ainda fizéssemos parte de um mundo normal.

O que aconteceu, aliás, durante todo esse tempo? Voltei para a caverna e reencontrei minha vida. Recomecei-a pela última vez. Beijei Peg, dei socos em Kyle, joguei bola com Jared, abracei Melanie, sorri para Susan. Saí para outra incursão a fim de pegar preparativos para o casamento de Melanie e Jared e a “governei”, principalmente porque Jared não tinha ido. Realmente, depois de ter descoberto toda a verdade sobre mim não havia mais espaço para traumas.

E agora aqui estou eu, torrando dentro de um terno. Ser padrinho não é nada fácil, para dizer a verdade. Sinto uma pontinha de inveja desses convidados com calça jeans e camiseta. Por que padrinhos têm que se vestir elegantemente?

Jared se aproxima, esfregando as mãos uma na outra. Para ao meu lado, cruzando os braços atrás das costas e olhando todos os convidados assim como eu. Respira fundo, antes de falar.

— Obrigado — resmunga, comprimindo os lábios. — De verdade. Não esperava algo tão grandioso.

Sorrio, colocando as mãos nos bolsos da calça. Olho para ele com o rabo do olho.

— Sabe, eu já tive muita raiva de você — começo, chutando a areia e levantando uma pequena nuvem de poeira púrpura. — Mas, se não fosse você... Eu estaria sem Peg boiando em um mar de solidão e dor. Eu te devia essa.

— Droga, agora eu te devo mais uma?

Rio fracamente, colocando minha mão em seu ombro.

— Não se preocupe. Essa eu não vou te cobrar.

Ele sorri verdadeiramente, se iluminando de alegria. Balança a cabeça e encara o chão.

— E Kyle?

— Ele vai superar nossas diferenças — resmungo certo disso. — Com certeza vai.

— Eu queria ter visto vocês dois brigando na antiga casa de vocês — ele murmura franzindo o cenho. Solto uma gargalhada.

— Foi uma droga. Susan se meteu no meio pra separar.

— Deveria ter deixado. Teria sido mais divertido.

— É sempre divertido brigar com Kyle.

— Eu que o diga.

Sorrio, olhando para o horizonte e vendo Kyle sozinho com os braços cruzados e uma careta, provavelmente pela roupa desconfortável. Nego com a cabeça e dou duas batidinhas no ombro de Jared.

— Falando nele — balbucio antes de andar até Kyle em passos largos e constantes.

Paro ao seu lado, soltando o ar pelo nariz lentamente. Ele estreita seus olhos azuis, retorcendo sua boca. Seguro a risada, fazendo o comentário mais desagradável para ele nesse momento:

— Desconfortável, Kyle? — provoco-o com as sobrancelhas arqueadas.

Ele retorce mais sua boca e observo sua mão se fechar em um punho firme. Recuo com as mãos levantadas em rendimento.

— Foi só uma brincadeirinha — insisto rindo.

— Estou farto de suas “brincadeirinhas” — ele rosna sem me olhar.

— Ah, qual é? — murmuro, empurrando-o com um braço fracamente. Em seguida, apoio meu cotovelo em seu ombro. — Tem que levar as coisas mais na esportiva, sabe? Olhe tudo isso — e estendo meu braço livre, indicando o lindo dia no deserto. — Está tudo perfeito.

Ele respira fundo irritado e dá um fraco soco em meu estômago para eu largá-lo. Ando alguns passos para trás, falando em uma voz alta que ecoa pelo deserto, fazendo diversas cabeças se virarem em minha direção.

— Você tem que aceitar, Kyle — falo com um sorriso. — Você tem que aceitar.

Somente ele sabia que eu me referia a Sunny. Soltei uma gargalhada e continuei meu caminho distraído, feliz pela beleza do dia. Subitamente, topei com algo. Não, com alguém.

Vacilei um passo para trás e segurei firme nos ombros da pessoa, olhando-a dos pés até a cabeça diversas vezes. Logo depois, peguei a sua mão e a fiz girar graciosamente, com um sorriso em seu rosto.

— Ah — arquejei, surpreso. — Poxa!

Susan riu maravilhada, fazendo um gesto desatento com suas mãos para indicar que eu exagerava. O vestido tinha um tom de azul elétrico. Uma faixa em um tom mais brando de azul ajustava a peça logo abaixo do busto, tornando-a exclusivamente delicada. Outra listra de tecido da mesma cor cruzava a roupa em diagonal criando uma única alça em um dos ombros. A saia do vestido caía solta até o joelho. Era delicadamente simples e magnífico. Seu cabelo escuro e ondulado caia em ondas, cobrindo-lhe as costas, e sua maquiagem estava básica, dando um leve brilho ao seu rosto.

— Você está linda — sussurrei fascinado pela beleza de minha irmã.

— Obrigada — ela murmurou constrangida, abraçando minha cintura. — Você também.

Fiz uma careta — que ela não pôde ver — por causa do elogio que me fez. Sério isso? “Você também”? Ela estava incrível, eu estava apenas... eu. Balancei a cabeça negativamente, e então me detive em um movimento. Soltei Susan aos poucos, hipnotizado por uma verdadeira princesa que flutuava em minha direção com um sorriso em seu rosto.

(Escutem: clica)

Caminhei em direção a Peg deslumbrado e a ergui pela cintura, colando nossos lábios sorridentes por poucos instantes. Soltei-a novamente no chão, mantendo nossas mãos juntas entre nós. Ela ergueu o canto dos lábios e fechou os olhos.

Usava um vestido rosa extremamente claro do estilo “tomara que caia”. Sua cintura estava marcada por uma faixa com um laço perfeito e, após isso, o vestido se armava até a altura dos joelhos, com uma renda detalhada cobrindo-o por inteiro. Seu cabelo louro estava preso em um rabo alto e caía ondulado até seus ombros diminutos. Sua maquiagem era clara e delicada, combinando com sua personalidade. Estava igual a um anjo, apenas faltavam asas.

Aproximei-me dela e segurei em um dos lados de seu rosto, colando meus lábios em seu ouvido e sussurrando extasiado:

— Um par de asas ou uma coroa cairiam bem em um momento como esse — senti que ela se encolheu e quando a olhei ela estava corada e encarava o chão.

— É você que está um príncipe, Ian — ela sorriu, levantando os olhos e me olhando profundamente, envolvendo meu pescoço com leveza. Segurei em sua cintura diminuta. — É você.

Lentamente, deixei que nossos lábios se colassem. Eles iniciaram uma dança lenta e romântica, se fundindo um no outro especialmente. Por alguns instantes, nos beijamos apaixonadamente, alheios ao mundo ao nosso redor. Então, finalmente, trombetas foram soadas.

Lily gritou:

— Preparem-se, a noiva já vai chegar!

Foi uma baita correria. Separei meus lábios dos de Peg e sorri para ela, pegando em sua mão e indo até o outro lado em relação ao altar preparado por todas as pessoas da caverna. Cada um foi para seus respectivos lugares. Jeb para o altar, pois seria uma espécie de “padre” — não abençoaria os noivos, simplesmente faria um discurso em homenagem a eles —, os convidados espalhados pelo deserto e o noivo e os padrinhos na entrada da “igreja” a céu aberto em pleno deserto.

Aaron foi tocar uma música enquanto a entrada das pessoas acontecia. Primeiramente, Jared com a expressão ansiosa e a respiração descompassada. Em seguida, eu com Peg em um dos meus braços e Susi em outro — ela estava sem par, pois Jamie entraria com Melanie — e, logo depois, Kyle com uma Sunny envergonhada.

Arrumamo-nos no altar e esperamos ansiosamente por Mel, que despontaria do horizonte vestida de noiva. Jared respirava descontinuamente, ansioso para o precioso momento. Consegui ver lágrimas de felicidade refletidas em seus olhos e sorri, pegando o violão que estava ao meu lado.

Preparei-me para o momento certo para começar a tocar. Um burburinho soava no deserto enquanto Melanie não aparecia e eu concordava que ela estava demorando. Jared deve estar amaldiçoando-a por sua demora em um momento como esse.

Finalmente, duas figuras despontaram no deserto. Eram Melanie e Jamie, tão juntos que pareceram apenas um. Melanie segurava firmemente nos braços de um Jamie vários centímetros mais alto que ela e não sorria. Tinha os olhos cheios de lágrimas de ansiedade e realização. Consegui ver, mesmo de longe, que ela mordeu o lábio e olhou para Jamie profundamente. Ele ergueu os cantos dos lábios para ela, encorajando-a. O mundo pareceu ser apenas deles naqueles breves segundos.

Quando ela levantou os olhos para encarar Jared, um silêncio dominou as lacunas da imensidão do deserto. Estava na hora. Jamie piscou para mim. Toquei o primeiro acorde, em seguida outro e mais um até a melodia da música se formar.

Eles começaram a andar lentamente, com os rostos sérios. O vento os chicoteava, bagunçando o cabelo de Melanie que estava preso por algumas presilhas perto da raiz e caía solto, cobrindo seus ombros. Seu vestido era simples, tendo apenas um detalhe abaixo do busto para ajustá-lo, e então se soltava livremente, cobrindo parte do chão e impossibilitando de ver seu calçado. O véu preso em seus cabelos voava solto no ar, deixando-a com um ar mais leve e delicado.

Quando estava perto de chegar ao altar, ela sorriu pela primeira vez para Jared. Jamie entregou a mão dela para Jared e, após isso, deu tapinhas nas costas de seu futuro cunhado com um sorriso na cara.

— Cuide muito bem de minha irmã — li os movimentos labiais de Jamie.

Em seguida, ele foi se postar ao lado de Susan no altar. Eles entrelaçaram seus dedos. Soltei o violão e segurei nos ombros de Peg, mantendo-a na minha frente e ainda assim tendo uma clara visão de tudo o que acontecia.

— O que se deve falar sobre dois noivos? — inicia Jeb, proferindo as palavras em um tom sábio. — A vida de cada um? O quanto eles importam? O porquê de eles estarem se casando? Eu não faço ideia. Portanto serei breve, falando apenas o que o meu coração manda — ele faz uma pausa, encarando Mel e Jared. — Vocês têm mesmo que se casar, rapaz! Olhando desse jeito... foram realmente feitos um para o outro, mesmo que isso soe clichê. E o que isso importa? A vida não é um clichê extremamente previsível? O final é certo, sempre certo. A morte não erra. O amor também não. E onde tem amor, tem vida, e onde tem vida tem clichê. É inevitável. Eu amo o clichê de vocês dois. Essa ideia de se encontrar em um mundo pós-apocalíptico e se apaixonar perdidamente. Poucos têm esse privilégio. Acreditem, poucos mesmo — uma onda de risadas agita a pequena plateia com a piada oculta que o tio Jeb fez. — Não tenho muito mais para falar. Apenas: sejam felizes. Pelo amor de Deus, deem algum sentido para esse mundo. Vivam a vida em sua forma mais bruta de ser! Vocês escolheram um ao outro, certo? Então fiquem juntos. Vivam felizes para sempre. Façam parte de um conto de fadas. Vocês merecem se chegaram até aqui. Vocês merecem — tio Jeb sorriu e, em seguida, deu uma gargalhada olhando diretamente para Jared. — Rapaz, beije-a. Ela é sua mulher de agora em diante. E esse “em diante” pode durar a eternidade. Comece-a agora!

O corpo de Peg se balançava enquanto ela chorava. Sorri, envolvendo sua cintura e apoiando minha cabeça em seu ombro. Beijei sua bochecha molhada e voltei meu olhar para os noivos mais uma vez, sorrindo abertamente de orgulho de Melanie. Minha outra irmã. Aquela por quem eu já senti raiva, atração e carinho. Aquela que eu amo como uma verdadeira amiga.

Do lugar onde estava conseguia ver os sorrisos nos rostos dos dois. Lentamente, Melanie se virou para Jared que já a olhava profundamente. Ambos aproximaram-se hesitantes, subitamente envergonhados por precisarem se beijar na frente de outras pessoas. Melanie apoiou suas mãos no pescoço de Jared deliberadamente, aproximando seus lábios. Jared segurou em sua cintura, puxando-a para mais perto. Finalmente, se beijaram livres de qualquer amarra que os separasse.

O vento agitou as madeixas de Melanie e seu vestido no momento em que um barulho curioso ecoou através do deserto. Era um barulho oco e repetitivo. Forte. Estrondoso. Que abalaria qualquer um que se aproximasse dele. Olhei ao meu redor e compreendi o que era aquilo. Com um sorriso maravilhado em meu rosto, soltei a cintura de Peg e imitei o gesto magnífico que transmitia o som secretamente agradável. Juntei e separei minhas mãos diversas vezes, produzindo um clap, clap, clap.

Jared e Melanie se beijavam ouvindo o som mais maravilhoso já inventado. O som de aplausos. O casal de noivos estava sendo aplaudido.


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Notas finais do capítulo

E entãããão? Gostaram? Quero comentários com a opinião de vocês, hein! Foi realmente ótimo escrever esse capítulo ♥ Enfim. Até o próximo :*



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