Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 19
Divertir


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que não ia ficar muito tempo sem postar? Se eu disse, então estou cumprindo minha promessa. Se eu não disse, então estou prometendo agora. A não ser que aconteça algum imprevisto eu vou postar com mais regularidade.
Enfim, vamos partir para os agradecimentos. Eu sei que faz um tempão que eu não falo com a Wanderer, mas foi ela quem me deu essa ideia e eu escrevi um tempão atrás também, mas criei alguns empecilhos (briga da Peg e do Ian) e só deu pra eu encaixar agora. Então obrigada a ela que me deu essa super ideia. E quero agradecer a MsAbel que, como sempre, revisou para mim.
Até as notas finais :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/361035/chapter/19

Nós finalmente fomos jogar de verdade. Dessa vez, não foi toda a caverna para a Sala de Jogos. Limitamos-nos a convidar Mel, Jared, Susi e Jamie.

A primeira divisão de time foi meio injusta, na verdade: garotos contra garotas. Eu, Jamie e Jared ganhamos, é claro. Na segunda divisão, fizemos 3 times, cada qual um casal. Quando eu e Peg jogamos contra Susi e Jamie, eles ganharam. Quando Jamie e Susi jogaram contra o Jared e a Melanie, eles perderam. Quando Melanie e Jared jogaram contra mim e Peg, nós perdemos. Mas não estávamos contentes com jogos tão curtos e fáceis – e eu não estava contente de perder tanto -, então começamos a trocar de parceiros de dupla. Quando eu joguei com Melanie contra Jared e Peg, nós ganhamos. Achei divertido o nosso entrosamento já conhecido: ela era rápida e a minha mira era mortal. Quando joguei com Peg contra Jared e Susi, nós ganhamos.

E então foi a vez de Jamie e Melanie jogarem contra mim e Susi. Foi, de longe, o jogo mais complicado. Tão complicado que me obrigarei a descrevê-lo.

Melanie é rápida – todos têm conhecimento disso -, mas foi uma surpresa perceber o quanto Jamie também podia ser rápido quando queria, além de ser forte e ter uma pontaria tão boa quanto a minha. Susi também me surpreendeu – ela era habilidosa quando se tratava de driblar a bola. Deveria ter suposto isso quando a salvei da mão dos Buscadores: a maneira como ela os despistou foi brilhante. E ela não era a garota mais devagar do mundo também.

Preparamos-nos, combinando estratégias de jogo. Seria fácil: Susi driblaria a bola até perto do gol, quando jogaria para mim e eu marcaria o primeiro ponto. Basicamente, o jogo seguiria dessa maneira – ela tocando para mim e eu marcando. Mas foi inesperado o entrosamento entre Melanie e Jamie, e perdemos osentido de nos prepararmos.

Permitimos que Mel e Jamie começassem com a bola, tendo a certeza de que ganharíamos de qualquer maneira. Posicionei-me em meu lugar estratégico e Susi se preparou para avançar sobre eles quando lhe fosse dado o aval.

Melanie chutou para Jamie cautelosamente, para que a bola não se desviasse do percurso pré-definido. Jamie começou a tocar a bola para o gol deles quando Susi começou a marcá-lo, tentando tirar a bola de seus pés. Mas ele também sabia driblar muito bem e estava a enganando, enquanto eu podia observar que Melanie estava pronta para receber a bola perto do gol deles, como eu. Saí de meu lugar para ajudar Susi, mas em um momento de distração Jamie passou a bola para Mel e ela marcou o primeiro gol facilmente.

Estreitei meus olhos para os nossos adversários. Então não adiantavam estratégias quando se tratava dos dois. Teríamos que jogar com nosso corpo e alma disputando com os dois irmãos que agiam exatamente como eu e Kyle agimos – o conhecimento ajuda na hora do jogo.

A bola começou conosco dessa vez. Susi a passou para mim com um chute tão leve quanto o que Melanie deu para passar para Jamie. Segurei a bola com meu pé para analisar a maneira como eu deveria ir para o gol e nesse meio tempo Jamie apareceu para roubá-la de mim. O driblei, mas estava sentindo dificuldades nisso. Ele sabia muito bem como marcar.

Visualizei ao longe Susi perto do gol. Eu sabia que teria que tocar para ela o mais rápido possível, mas não havia possibilidades com Mel e Jamie me encurralando. Lancei a ela um olhar de socorro e ela se aproximou de nós sem ser vista. Deixei que eles achassem que conseguiriam tirar a bola de mim e, no último momento, passei a bola para Susi com um chute forte, mas nada comparado ao chute que ela deu para marcar o nosso primeiro gol. A bola ricocheteou na parede e fez eco de sua batida.

O jogo estava empatado, mas algo me dizia que éramos bons jogadores. Nós tínhamos entrosamento. Seu chute me surpreendeu; era muito parecido com o meu. Considerava-nos salvos pelas nossas habilidades.

Preparamos-nos pela última vez: o jogo acabaria quando a próxima dupla fizesse gol. Eu estava tenso com a pressão. Sentia que tínhamos a obrigação de fazermos a jogada mais brilhante de todas. Algo me dizia que faríamos.

Jamie tocou para Mel dessa vez. Logo que ela recebeu a bola, começou a correr em direção ao gol, mas eu a interceptei. Ela tentou passar de mim, mas quando viu que não conseguiria, passou para Jamie. Entretanto, Susi apareceu de algum lugar correndo e roubou a bola antes que alguém pudesse fazê-lo. Como estava do lado contrário da quadra em relação ao nosso gol, fez uma curva e continuou correndo, crente de que faria o nosso segundo – e último – gol.

Contudo Jamie a alcançou e a interceptou, como eu fiz com Mel. Ela não conseguiu passar por ele e ele acabou por trazer a bola novamente para o lado do gol deles. Sua pontaria estava pronta – ele faria um gol e estaria acabado o jogo. Ele se preparou para chutar, mas até eu me surpreendi com meu gesto. Corri para frente do gol para jogar a bola nem que fosse para fora, porém Melanie me seguiu. Ela tentou me empurrar para o lado para dar espaço para o gol ser feito, entretanto eu era mais forte que ela e cravei meus pés ali. Dali eu não sairia, dali ninguém me tiraria.

A bola veio com força e bateu no pé de Mel, do lado de fora. Seguindo a Lei da Ação e Reação, a bola voltou com a mesma força que foi jogada. Mas Susi chegou antes de Jamie na bola e foi correndo para o nosso gol. Segui-a e esperei que ela fizesse o gol decisivo, porém ela jogou para mim.

Como Susi corria muito rápido, ela tocou a bola com tanta força que ela chegou a levantar voo. Eu não alcançaria com o meu pé, então corri para pegar embalo e pulei, acertando a bola com a minha cabeça.

O último gol foi feito.

– Ai, meu Deus! – Peg exclamou, soltando uma gargalhada e tapando sua boca com a mão.

Jared nos analisava perplexo, assim como Melanie e Jamie. Troquei um olhar com Susi, que me observava com cumplicidade. Provavelmente era a única que não havia se surpreendido com nossa jogada. Ela me lançou um sorriso torto e arqueou as sobrancelhas.

– Nunca, nunca deixe esses dois jogarem no mesmo time novamente – disse Mel de uma maneira engraçada. – É a mesma burrice que deixar Ian e Kyle juntos no futebol.

A alusão entre mim e Susi e entre mim e Kyle me deixou surpreso. Alguma coisa se acendeu dentro de mim e eu não soube reconhecê-la. Do outro lado do campo, Susi me analisava minuciosamente.

...

Sentamo-nos no chão, cansados depois de um dia de jogo. Respirávamos penosamente, tentando recuperar o fôlego. Comigo estava Peg – sentada entre minhas pernas, com nossas mãos entrelaçadas e apoiadas em sua barriga -, Jared e Mel – que estavam na mesma posição que nós: Mel sentada entre as pernas de Jared e as mãos dos dois entrelaçadas na barriga dela – e Jamie e Susi – que estavam próximos, ambos meio espalhados pelo chão, apoiados por suas mãos esticadas atrás de si e com as mãos quase se tocando.

– Queria saber onde vocês acharam essas alianças – comentou Melanie, depois de um tempo, com a respiração já normalizada.

Ela olhava fixamente para a minha mão e de Peg, tão juntas que podiam facilmente ser confundidas com uma só.

– Achamos tempos atrás no deserto. Eu já lhe contei – disse Peg, começando a brincar com os meus dedos, os abrindo e os fechando em uma sequência. Sorri com a cabeça apoiada no ombro dela.

– Como vocês tiveram essa sorte? Quero dizer, apenas estava lá?

– Sim – Peg olhou para ela novamente, um sorriso genuíno se insinuando em seu rosto ingênuo. – Eu somente passei a mão pela areia e lá senti alguma coisa. Era isso – ela levantou a mão direita, exibindo-a de todos os ângulos.

– Sortudos – murmurou Mel, com um sorriso fraco e melancólico em seu rosto.

Ela baixou os olhos para as mãos dela e de Jared e aparentou ficar um pouco fora de órbita. Ela parecia estar sonhando com uma coisa muito boa, pelo sorriso que estava em seu rosto. Jared suspirou e apoiou sua cabeça em seu ombro, com os olhos perdidos no chão.

– Por que queria saber? – perguntei depois de um tempo de silêncio, com o cenho franzido de curiosidade.

Todos me olharam quando eu disse isso, surpresos por eu ter quebrado o silêncio que havia se abatido em nosso pequeno grupo. O assunto já havia desaparecido, o tempo curto o apagado. Entretanto eu não me importei de perguntar sobre ele, de ressuscitá-lo. Eu senti que Melanie havia jogado verde; ela queria contar alguma coisa, mas não sabia como.

– Queria saber o que? – perguntou Susi, perdida no assunto.

– A Mel – respondi. – Por que queria saber como encontramos nossas alianças?

Melanie me olhou com o cenho franzido, como se não estivesse entendendo o que eu queria dizer. Talvez a ficha tenha caído, ou ela simplesmente tenha resolvido me dar uma resposta, ou talvez houvesse achado a resposta para as questões que atormentavam sua cabeça, mas ela respondeu. E devo dizer que a resposta não me satisfez nem um pouco.

– Ah, por nada não, só curiosidade – mas sua voz estava fina e triste demais, e seus olhos se desviavam muito para o rosto preocupado de Jared.

– Você sabe que não damos ponto sem nó, não sabe? – perguntei com a voz especulativa.

Melanie me encarou, decidindo se contava ou não o motivo por trás de sua pergunta mal disfarçada. Sua boca se contorceu em um biquinho enquanto ela pesava os prós e contras. Então, finalmente, ela assentiu e se recostou no peito de Jared novamente.

Eu sabia que agora era só uma questão de tempo até ela me contar. Ela precisava reunir um pouco de coragem para expor seus sentimentos. E esse pouco de coragem requeria ajuda de Jared. Ela o olhou com as sobrancelhas arqueadas e ele respondeu ao olhar com uma expressão indecifrável. Eles se encararam por um tempo, conversando por olhares apaixonados. Por fim, Jared suspirou e contou a notícia tão esperada.

– Eu e Mel estamos pensando em... – mais uma troca de olhares por parte deles. – Nos casar. – terminou ele, analisando depressa as expressões dos ouvintes.

Peg apertou mais forte a minha mão, um sorriso grande surgindo em seu rosto surpreso. Jamie engasgou com a notícia e rapidamente se ajeitou, sentando com a postura mais reta. Susi ergueu as sobrancelhas e soltou uma risadinha despretensiosa, como se soubesse o tempo todo que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Eu sequer sei que expressão estava em meu rosto. Era uma mistura de surpresa com alegria indisfarçada.

– Mas... – eu estava confuso com a ideia. – Como?

– Não cerimônia tradicional ou essas coisas – descartou Melanie. – Somente achar alguma coisa para simbolizar nossa união.

– Por isso queria saber das alianças – as coisas se encaixaram em minha cabeça.

– Exato.

– Sem cerimônia tradicional? Não brinque assim comigo – disse Peg de uma maneira engraçada. – Issovaiacontecer de uma maneira ou outra. Não pode ser na igreja, mas não significa que não possa ser tão romântico quanto. Terá vestido, aliança, penteado e tudo que se tem direito.

Melanie riu harmoniosamente de Peg.

– Não, não pode ser assim – afirmou Mel, certa disso. – É apenas alguma coisa que simbolize a nossa união – insistiu com simplicidade.

– Pois eu concordo com Peg – me intrometi na conversa. –Terá que ter uma comemoração. Vocês merecem isso, depois de aguentarem um ao outro por tanto tempo – somente Susi riu de minha piada sem graça.

– Nós não temos esse direito, não somos livres... – contestou Jared.

– Sim, vocês têm – Jamie entrou na conversa. – E sim, vocês são livres. Eu quero ver minha irmã se casar, eu quero levar ela pelo altar e eu vou fazer isso.

Um sentimento estranho de orgulho pelo o que não era meu cresceu no meu peito. Ver Jamie falar daquele jeito todo orgulhoso da irmã fez acontecer coisas estranhas dentro de mim. Algo meu tinha a necessidade de ver Mel se casar com o homem que ela ama. Considero-a quase como uma irmã, e ela incontestavelmente merece um casamento digno de ser lembrado.

– Mas Jamie... – Mel suspirou.

– Mas nada. Deixem-nos cuidar disso – eu disse com determinação.

– E se fosse um casamento surpresa? – perguntou Susi, com os olhos azuis brilhando de empolgação.

– Como surpresa? Nós sabemos – respondeu Jared de uma maneira que fez parecer que Susi tinha algum problema mental.

– Eu sei, eu sei. Mas nãonessesentido. No sentido de vocês não verem nada da organização, apenas as roupas.

Era uma boa ideia. Considerável. Troquei olhares com Peg, que trocou com Jamie, que trocou com Susi e que trocou comigo, que sorri maleficamente, o plano perfeito em minha cabeça.

– Não, não – em uníssono Mel e Jared negaram.

– Quietos – ordenou Peg. – Agora, Ian, acho que deveríamos ir para o banho – ela se levantou e me estendeu a mão, com uma expressão de alguém que queria conversar. E muito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu particularmente amei escrever isso *-* Então, deixem reviews, se gostarem muito da história recomendem, podem falar comigo pelo twitter @lenisemendes ou por mensagem privada por aqui mesmo. Não se preocupem, eu não mordo :33
Dependendo dos comentários, hoje ou amanhã eu posto o próximo que já está pronto. Que tal?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Almost Human" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.