– San, amor... acorda! A gente precisa se apressar! – Jessica tentava com delicadeza acordar a latina que parecia não querer abrir os olhos.

–Huuum eu não quero... me deixa aqui, no nosso mundinho... – ela falou com a voz rouca de quem acabava de acordar enquanto agarrava a namorada e a prendia sobre ela com seus braços – Eu ficaria assim com você pra sempre... falando sério! – ela olhava com olhos apaixonados para a namorada que tinha um sorriso tímido.

– Eu nem preciso dizer que faria o mesmo – Jessie corria os dedos pelos cabelos da latina, espalhados pelo travesseiro – Mas vamos esperar mais um pouquinho, e voltaremos a essa posição lá em New York!

– Ai, que horas são?! - Ao ouvir falar sobre New York, Santana pareceu acordar realmente.

– Hora de você ir embora... – Jessie falou manhosa, fazendo biquinho.

– Hum assim você me deixa triste também... – A morena fazia carinho nela.

– É drama... não liga pra mim não! Sei que vamos nos ver em breve! – ela sorriu, tentando ser o mais sincera e otimista possível – Quer dizer, se você não perder esse voo...

– Ai Santa! Que horas são?

– Temos um tempo considerável... vai tomar um banho enquanto arrumo o café pra gente! – Jessie ia saindo da cama – E depois bora pra rua! Até o aeroporto podemos pegar algum congestionamento nesse horário... Não quero imprevistos!

– Sim senhora! – Santana fez sinal de continência, se levantou da cama e saiu marchando em direção ao banheiro e para provocar a ruiva, dava uma reboladinha.

Jessica foi para a cozinha e preparou a mesa, pães, frutas, geleia e peito de peru. Estava sem fome e imaginava que Santana também estivesse, mas se forçaria a comer um pouco para dar o exemplo.

Foi até o quarto sorrateiramente, onde a latina estava se arrumando e ficou espiando pelo vão da porta entreaberta. A garota cantarolava baixinho, distraída penteando o cabelo enquanto se olhava no espelho.

A ruiva respirou fundo, com um olhar apaixonado. Depois de tudo que ela havia passado nos últimos tempos, a vida resolvera ser generosa e colocara Santana em seu caminho.

No caminho ao aeroporto, vieram em silêncio no taxi, apenas de mãos dadas, trocando olhares que valiam mais que palavras.

Depois do check in se dirigiram ao portão de embarque depois de adiarem isso ao máximo.

– Vou tentar resolver tudo o mais rápido possível e em breve estarei com você! – Jessie falava otimista tentando não chorar – E seu teste será perfeito, tudo vai dar certo! – apertava a mão da namorada que apenas assentia com um sorriso. Se abrisse a boca, sabia que a voz sairia em tom de choro.

– Eu te amo! – ela conseguiu dizer e emendou um abraço apertado na ruiva que apenas deixou-se abraçar enquanto chorava baixinho.

Quem olhasse de longe, pensaria que Santana estava indo para alguma guerra, tamanha era a tensão e a despedida. Mas é assim que os apaixonados são... Qualquer separação ou despedida tem um ar de eterno.

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O voo correra bem e depois de quase 10 horas nas nuvens, Santana chegou à Grande Maçã. “Caótica como sempre”, ela pensou com um sorriso.

Estava meio dolorida por estar tanto tempo sentada, caminhava pelo aeroporto procurando um taxi. Ligou para sua mãe informando que tudo tinha dado certo e já estava em solo norte-americano. Maribel respirou aliviada do outro lado da linha. Deixaria para ligar para Jessie quando chegasse em casa e pudesse falar mais a vontade. Deixou apenas uma mensagem:

“Cheguei bem, mas metade de mim ficou aí com você! ♥ Traga de volta o mais rápido possível! ”

O prédio do loft que viviam continuava o mesmo. Claro, pouco tempo tinha se passado, apesar de parecer que estava longe há anos. Santana subiu as escadas enquanto pensava em seu cansaço e também na saudade que estava de Rachel e Quinn. Aceitou a contragosto que era maior que gostaria. Já era noite, com certeza estariam em casa. Bateu na porta, pronta pra surpresa.

– Saaantanaaaaaa! – Quinn gritou animada assim que abriu a porta. Pulou na amiga a apertando num abraço.

– Cheguei pra janta, Berry! – ela falava sorrindo, olhando por cima do ombro de Quinn para a garota que observava as duas - Coloca mais um prato aí! – ela agora abraçava a pequena, percebendo que estava com mais saudades do hobbit do que queria admitir.

– Você chegou agora, agora? – Rachel perguntou – Veio direto aqui pra casa? – ela parecia meio apreensiva.

– Sim... preferi vir dar um oi aqui antes de ir pro loft da Jess e me acomodar de vez. Porquê? – o olhar dela ia de Quinn para Rachel, que trocavam expressões meio ansiosas.

– Huuum... – Quinn tantava encontrar palavras, mas todas resolveram fugir naquele instante.

– Fala, Fabray! Que cara de bunda é essa de vocês? Eu to cansada e com fome... Não me irritem!

– Santana... - Rachel respirou fundo. O combinado tinha sido Quinn contar mas pelo visto ela tinha perdido a língua – Fazem dois dias que percebemos uma moça estranha no prédio. Um dia chegamos praticamente juntas da rua, tentei cumprimentar e ela nem me deu moral. Então resolvi segui-la discretamente e ver onde ela tava morando porque pelo que eu sabia não tinha nenhum apartamento disponível.

– Tá... e aí? – a latina ficava cada vez mais ansiosa.

– Aí, que eu quase caí das pernas quando vi que ela entrou no loft da Jess! E ela tinha a chave! – ela falava espantada, com a voz estridente – Eu fiquei muito espantada! Quem era aquela menina? Uma invasora louca não teria a chave...

Santana sentiu as pernas fraquejarem. Como assim tinha alguém na casa delas? Quem era essa garota? Jessie tinha dado a chave para alguém mais e esquecera de avisá-la?

– E vocês descobriram quem é essa doida? Como ela é? – ela estava com os olhos arregalados, a mente trabalhando rápido.

– Não San... não conseguimos mais encontrar com ela depois desse dia – A voz de Quinn tinha voltado – Não sei os horários dela... Tentamos ficar de tocaia mas não cruzamos com ela. Se não fosse a Rachel vê-la naquele dia, nem saberíamos de nada...

– Berry, você tem certeza do que viu? Você não tá usando nenhum entorpecente com a sua turma doidona de NYADA? – a latina tentava acreditar que era uma brincadeira, uma visão.

– Infelizmente, San... ela parecia bem real! – ela deu de ombros – Não tivemos coragem de bater na porta pra conferir...

– Ahhh, pois eu tenho! E vou agora descobrir isso! – Santana estava possessa. O cansaço tinha ido embora, a fome sumira.

– Calma, vamos com você... Talvez tenha sido minha imaginação mesmo.... – Rachel agora tentava mudar a conversa pra ver se a amiga se acalmava um pouco. Grande ilusão.

A latina nem olhou pra trás, saiu vazada do apartamento, disposta a descobrir quem era essa garota misteriosa invasora de casas.

– Quiiiinn, vai atrás dela, amor! – Rachel falava desesperada.

– Rach, ela sabe se virar muito bem... Acho melhor a gente nem tentar se meter nisso, não nesse momento. Deixa ela descobrir quem é a garota. Se demorar muito, vamos atrás.

– Ai eu to com medo... alguma coisa me diz que essa história será longa.... – Rachel abraçou a loira.

xxx

Ela sentia as veias de sua cabeça pulsarem, o coração estava disparado enquanto descia as escadas rumo ao apartamento de Jessie. Rachel devia estar maluca... impossível alguém estar vivendo lá. A ruiva nunca tinha falado que compartilhara moradia com alguém e tinha poucos conhecidos em New York e eram as meninas do trabalho. A não ser que... NÃO! A única que um dia morou com Jessie além dela, foi... Não podia ser, ela estava morta, pelo que mais era sagrado, a ruiva tinha lhe contado que a menina fora assassinada.

“Santana... bate logo nessa merda de porta e para de imaginar coisas!” – uma voz falou no fundo da sua cabeça.

Ela tinha uma chave, mas preferiu bater. Torcia muito para que Berry estivesse zombando da sua cara. Nenhum sinal lá dentro. Bateu novamente na porta, agora com mais intensidade. Não vai ter ninguém. Não é pra ter.

E então ela sentiu todo seu estomago remexer quando ouviu barulhos do outro lado e logo em seguida uma garota abriu a porta e a observava com olhos curiosos.

A voz da latina se esvaiu, seus olhos se arregalaram. Quem a observasse diria que parecia um cervo assustado diante de um caçador. Não era possível... A moça que a encarava era idêntica a da foto que Jessie lhe mostrara. Aquilo não estava certo! Lola deveria estar morta!