Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 81
Capítulo 81


Notas iniciais do capítulo

olar pessoas lindas!



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– Jess... Meu bem... – ela falava com a voz aflita enquanto andava pelo apartamento. Já sentia todo o arrependimento daquela atitude correr seu corpo e ele aumentou imediatamente quando avistou a namorada no canto da sala, como um animal acuado. O sol passava pela cortina e refletia nos cabelos acobreados que tampavam o rosto da ruiva. Ela abraçava a si mesma e dava pra ouvir os soluços.

Santana se ajoelhou na frente dela e com cuidado tocou seu ombro. A garota deu um sobressalto e levantou a cabeça encarando a latina com os olhos vermelhos.

– Você é o que? Algum tipo de psicopata sádica? – Santana abaixou a cabeça, agora compreendia o que tinha feito e sabia que não tinha nenhuma justificativa para apresentar. – Deu muito medo San... uma dor que não era física... Foi muito, muito ruim! – ela falava com a voz fraca. Colocou a mão no queixo da namorada, para que elas se olhassem – Por favor, não faça essas brincadeiras comigo...

– Desculpa... eu só posso dizer isso – a latina falava com a voz rouca, parecia falhar, ver a ruiva naquela posição, com aquela expressão a lembrou dos dias em que ela tinha ficado moribunda, alheia ao mundo. Não queria nunca mais ver aquele medo passando por aqueles olhos – Eu não sei o que deu em mim... De repente pareceu uma ideia legal! Eu queria te dar prazer, queria te deixar feliz depois da música linda que você cantou pra mim ontem! – ela dava de ombros, sabendo que qualquer explicação não faria o tempo voltar para evitar aquele sofrimento que agora ela via no rosto da namorada.

– Eu estava feliz, muito feliz! Não precisava de mais nada! Você estava indo tão bem, eu estava nas nuvens já... – ela fez uma cara sonhadora – Mas quando você mudou o tom de voz e começou a me ordenar coisas– ela estremeceu, mas continuou a falar com calma – Anota na sua agendinha, NUNCA tente me prender, me segurar, me fazer submissa... Mesmo que seja de brincadeira! Isso acionou um gatilho poderoso dentro de mim! Eu juro San... eu te amo muito! E no dia que você chegou, eu me surpeendi comigo mesma por termos conseguido fazer amor tão naturalmente. Eu tinha esse medo comigo desde aquela noite em que aqueles malditos nos abordaram. Medo de não conseguir deixar ninguém me tocar! – ela fazia carinho no cabelo da latina que agora deixava algumas lágrimas correrem pelo rosto. Ela estava realmente arrependida. – Eu me sinto tão segura com você, eu me sinto confiante, porque sei que você nunca me faria mal, nem faria nada contra minha vontade e o que aconteceu agora a pouco, deu um curto circuito na minha mente, derrubou por um momento que eu acreditava. Sei que não foi sua intenção fazer isso, mas foi como me senti. Eu só consigo falar disso agora porque eu e minha psicanalista conversamos muito sobre o assunto! Não pense que você deixou de ser minha preocupação um dia sequer que estávamos longe. Ela me ajudou muito... e no dia que você chegou e as coisas fluíram tão naturalmente, eu fiquei imensamente feliz! Eu me senti realmente livre! Mas infelizmente, eu ainda tenho meus limites e acho que eles sempre estarão comigo...

– Jessie, meu amor, você devia ter conversado comigo sobre isso antes! Eu sou uma insensível, bruta do caramba! Fui egoísta fazendo as coisas sem pensar! – ela passava a mão pelos cabelos, indignada consigo mesma - Você é especial, aquele noite me afetou muito, mas a você afetou muito mais! Mais uma vez mil perdões! – ela pegou as mãos da ruiva e levou até seus lábios, dando um beijo suave e depois olhou em seus olhos - Eu prometo! Nunca mais vou fazer isso nem nada parecido! Tá anotado na minha agendinha! Palavra de escoteiro! Vou te amar sempre com muito carinho! – ela alisou o rosto da ruiva que a encarava com uma carinha abatida, como se tivesse chorado a noite toda. O corpo ainda dava uns espasmos pelo choro – Me dá um abraço, por favor, bem forte pra eu saber que você ainda confia em mim.

Jessie abriu um sorriso tímido e foi ao encontro dos braços da namorada. Um abraço sincero, cheio de amor. Ela sabia que a latina nunca faria algo pra magoá-la. Santana sempre a respeitara muito e ela devia ter conversado com a garota antes sobre esse assunto.

– San, mesmo você sendo uma louca inconsequente, eu te amo! – a ruiva saiu do abraço e deu um selinho na ponta do nariz da morena.

– E mesmo você me dando um raduque me jogando fora da cama e me fazendo bater a cabeça no chão, me deixando mais doida ainda, eu te amo muito mais! – deram um beijo rápido com um sorriso tímido.

– Agora bora levantar que eu to aqui, pelada no chão gelado! – a ruiva sorriu e começou a sair do chão – e pior, nem gozei! Você parou quando eu estava quase lá! Foi muita, muita sacanagem! – ela estendeu a mão pra morena levantar.

– Se você quiser, eu posso continuar de onde paramos, com o maior prazer! – ela se levantava com uma careta, suas costas e bumbum doíam.

– Machucou? – a ruiva falou preocupada e Santana concordou com a cabeça – Bom, que assim você se lembra de nunca mais provocar minha ira – a morena fez uma cara tristinha, achava que ia receber agrado.

– Poxa, eu já pedi desculpa... – ela falou se lamentando.

– Eu sei! E por isso, só por isso, eu vou te fazer uma massagem! – ela viu a cara animadinha da latina e já avisou – Com muito carinho e sem sacanagem!

– Mas você não vai querer que eu termine... bem você sabe – ela tentou conter a cara de safada característica, pra pegar leve depois de tudo que tinha acontecido.

– Huuum... É uma proposta tentadora – ela falou pensativa – Mas vamos deixar pra mais tarde! Hoje temos o dia todo livre e eu quero aproveitar ele com você.

– Ahhh você é tão linda e eu sou uma idiota! – Santana deu um tapa na testa – Não acredito que fiz aquilo com você.

– San... relaxa! Você errou, mas eu também errei por não conversar com você sobre isso antes – ela sorriu - Vamos ficar decentes, colocar uma roupa e tomar café na rua. Depois a gente vê o que rola! – ela caminhou até a geladeira – Olha isso, tá uma devastação! A gente precisa fazer compras e tem que ser hoje! Amanhã tenho que ficar quase o dia inteiro no orfanato.

– Pelo visto minha massagem vai ficar pra depois... – ela falou num tom de drama.

– Infelizmente vai, mas você sabe que pode esperar coisa boa! – deu uma piscadela para a morena enquanto corria pro quarto.

Desceram para a rua, era cedo ainda, o sol não estava tão forte, a temperatura estava agradável e elas saíram de mãos dadas. 4 quarteirões depois entraram numa padaria grande, cheia de doces e confeitos na vitrine. Não conseguiram resistir.

– San, lembra dos cupcakes que você me levou certo dia, fazia pouco tempo que tínhamos nos conhecido. – ela apontava para os bolinhos na vitrine – Vou querer esses, pra relembrar!

– Claro que eu me lembro, foi meu pedido de desculpas, por ser idiota com você! Também vou querer! Acho que cai bem no tema: Pedido de desculpas por ser idiota. – ela fez sinal de aspas no ar.

– Meu bem, a gente conversou um monte ontem! Esqueceu tudo? Você é como é e eu te amo assim! Não fique se chamando de idiota! Você tem sua personalidade e não quero que você deixe de ser assim! – Santana ameaçou começar a falar, mas ela prosseguiu – E não adianta dizer que você não me merece, que esse papo tá furado! Estamos juntas nessa!

Queriam se beijar naquele momento, mas as mesas estavam cheias de velhinhos, alguns até observavam as duas de mãos dadas. Resolveram se controlar para não chocar a terceira idade logo cedo.

Sentaram numa mesa pequena, mais afastada da agitação. Comiam caladas os bolinhos e Santana caiu na risada quando viu o nariz da namorada cheio de glacê.

– Que foi? – ela continuava comendo, nem aí pra latina.

– Seu nariz... sua boca...cheios de glacê! Deixa eu limpar! – ela foi pegando um guardanapo de papel.

– Só se for com a boca! – ela falou meio de brincadeira, mas com o olhar sério.

– Jess, olha, tá cheio de gente aqui... – a morena falava meio cochichando – Tem certeza?

– Se tá te incomodando minha lambança, essa é a única solução! – falou tranquila.

Santana tentou ser rápida, uma hora que parecia não ter ninguém olhando. Levantou a bunda da cadeira e segurando o queixo da ruiva lhe tascou um beijo e uma lambida no nariz. Voltou a sentar, meio com a sensação de estar praticando um crime.

– Huum isso que eu chamo de beijinho doce! – Jessie sorria toda sonhadora enquanto se encostava relaxada na cadeira. Santana olhou para o lado e duas velhinhas numa mesa um pouco distante as observava. Ela gelou, até que uma delas lhe deu uma piscadela e sorriu pegando na mão da senhora que a acompanhava.

– Jess... Olha lá... – a ruiva já ficou curiosa e se mexeu na cadeira – Calma, disfarça caramba! – a garota concordou com a cabeça – As duas velhinhas, sentadas na mesa um pouco atrás de você. Ela viu a gente se beijando, mas tipo, pelo que entendi, elas são namoradas! – ela falou animada.

– Own que bunitinhoo! Quero ver, quero ver! – ela se virava sem muita discrição e notou as senhoras a observando também. Sem vergonha na cara, deu um tchauzinho e as duas responderam animadas.

– Você é louca! – Santana caíra na risada. A situação tinha sido fofa e ao mesmo tempo engraçada.

– Você dizendo que eu sou louca? Devo estar ruim mesmo! – mostrou a língua pra latina – Elas estavam olhando, foi uma comunicação normal! Quis dizer pra elas “Tamo junto”! – ela deu duas batidinhas no peito com a mão fechada – Devem estar se vendo na gente... e nós estamos vendo nosso futuro! – ela arregalou os olhos como se descobrisse algo mágico – San, na verdade deve ter sido um sinal do destino, uma coisa transcendental! Achei linda essa comunicação de almas!

– Sério... desde quando você é toda exotérica!? Comunicação de almas? – a latina tentava ser racional, mas também tinha achado bem legal o que tinha acontecido.

– Aff que chata! Vou explicar porque sou paciente e te amo! – ela segurou na mão da latina e olhou nos olhos dela – Você me deu aquele beijo morrendo de medo de alguém vir nos censurar. Eu também estava com medo. Porque aprendemos a achar que o que fazemos, o amor de uma pela outra é algo errado, feio, que a gente tem que esconder, se envergonhar! E aí, aquelas duas linduxas nos surpreenderam, nos apoiaram. Estamos nessa juntas e o amor sempre vence! Foi como se elas dissessem: Vão em frente, não tem nada de errado nisso! – ela falou tudo isso muito empolgada, se sentia fazendo um discurso – Enfim, eu achei lindo!

– Uau! Depois dessa eu acho que fiquei convencida! – ela cruzou os braços e olhou pra namorada – Então é isso meu raio de sol... Vamos ficar velhinhas, sensuais, juntas e vamos espalhar amor por aí, igual aquelas duas – apontou pra mesa, mas quando olhou, as mulheres tinham sumido – Puta merda! As velhinhas sumiram! – ela falou de olhos arregalados.

– Como assim, aqui é a única passagem pra sair da padaria! – a ruiva estava incrédula, mas também não via mais as duas – Bom, isso prova mais ainda minha teoria! – ela falou tranquila enquanto Santana ainda tinha uma expressão estupefata – Elas vieram nos passar essa mensagem, não importa se não eram reais! O recado foi dado e nós entendemos!

– Isso foi muito estranho... – a latina falava balançando a cabeça. Nós duas vimos!

– Era pra ver, oras! – Jessie partia para o segundo cupcake já dando o assunto por terminado. – E come seu bolinho logo aí, e faz favor de se lambuzar que eu quero limpar com um beijo também!

Santana revirou os olhos, mas adorou a ideia.

Perderam noção do tempo. Conversavam bastante, riam. Sentiam-se muito felizes. Saindo da padaria, partiram para um hipermercado que o mapa mostrava ser próximo.

– San, você precisa aprender português, meu bem! – Jessie falava divertida vendo a namorada tentando ler os outdoors na avenida.

– Tem bastante coisa escrita em inglês por aqui... Se bobear nem preciso!

– Nada disso gatinha! Você é quem vai pedir os frios e o pão lá no mercado! 300 g de mussarela, 300 g de presunto e o caramba a quatro!

– Jess, não inventa! – ela falou meio nervosa pensando que ia passar vergonha

– Eu vou estar do seu lado, bobinha! A tia te ajuda! – ela deu uma piscadela para a latina e estendeu a mão – Chegamos, dá a mão pra tia e vamos atravessar!

– Chata! – mostrou a língua mas deu a mão pra ela.

– Eu também te amo!


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