Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 8
Capítulo 8




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Jessica estava chegando na porta quando Santana bateu, chegando no tempo combinado. Ela vestia uma calça colada ao corpo e camiseta branca. Levava na bolsa uma saia, como a ruiva havia a aconselhado. Trocaria quando chegasse lá, afinal não queria facilitar o trabalho de algum tarado no metrô.

- Podemos ir? – Jessica deu uma olhada rápida no corpo na morena, enquanto ela se distraía conferindo na bolsa se havia pegado a sua cópia de chave do apartamento. Ela não queria que a latina percebesse e achasse que ela estava a vendo com outros olhos que não os de amiga.

Santana assentiu e desceram as escadas depressa saindo pra rua. A estação do metrô era próxima e o caminho parecia tranquilo a luz do sol, mas a noite com tudo escuro parecia tão distante e ameaçador. Jessica se sentia agradecida por ter com quem voltar do trabalho agora.

- Guardei os 2 cupcakes que sobraram na geladeira. – a ruiva puxou assunto – Se quiser passar em casa depois que voltarmos e me ajudar a comê-los...

- Estavam muito bons não é? Acho que vou aceitar seu convite... mas não garanto ainda. Se hoje for tão corrido quanto ontem, estarei morta de cansaço! – Santana estava sendo sincera, estava realmente com medo de não aguentar o ritmo do bar.

- Ficar cansada é inevitável. O que vai acontecer é você se acostumar com isso! E você vai ver, quando menos esperar vai estar lá sensualizando em cima do balcão!

Santana olhou agradecida para a amiga e riu da sua expressão. Seu sotaque também era diferente, o que tornava mais engraçado. Era bom ter por perto alguém com uma visão otimista das coisas. Se é que dançar no balcão era uma coisa boa para se traçar como meta de conquista profissional.

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O bar estava vazio quando chegaram, mas já estava aberto pois Tracy, a dona estava lá dessa vez. Santana ficou apreensiva ao vê lá pois era possível que ela a recusasse como funcionária.  Outras garotas estavam chegando e acenavam para as meninas.

- Sant... posso te chamar assim? – Jessica trouxe a atenção da latina pra ela.

- Sim... Sant está bom, mas só se eu te chamar de Jess. – Santana sorriu mas continuava preocupada com sua situação.

- É, acho que você viu, a Tracy é aquela loira baixinha atrás do balcão. Bom, olhando aqui de longe ela parece sóbria. Preciso chegar mais perto para constatar isso. Não se preocupe, vou falar com ela agora mesmo a seu respeito! Enquanto isso vá indo lá pro quartinho e vista seu uniforme. Eu já vou logo atrás pra te trazer para se apresentar pra Tracy.

Santana assentiu e se direcionou para a porta que levava ao quarto de estoque. Percebeu que Tracy a acompanhava com o olhar, afinal ela era uma estranha. Mas logo ouviu Jess indo falar com ela e ficou mais tranquila.

Entrou no quarto para começar a vestir a camiseta decotada e a saia preta que havia trazido. Estava só de sutiã enquanto sentou para tirar a bota, para depois tirar a calça e substituir pela saia. Estava distraída virada de costas para a porta enquanto tirava as calças quando abriram a porta repentinamente. A latina se assustou e levantou rápido mas um dos pés ainda estava enroscado na calça e ela se desequilibrou lançando seu corpo pra frente. Estava a segundos de sentir o gosto da poeira do chão no rosto quando foi segurada pela cintura, sendo praticamente encoxada por quem fez isso.

E lá estava ela. De calcinha e sutiã de renda branco olhando pra uma Jessica que continuava a segurar sua cintura pelas costas mesmo depois que ela havia recuperado o equilíbrio e estava a salvo. Santana olhou de relance para o rosto dela.

- É...eu devo agradecer, tendo em vista que você quem me assustou e você mesma me salvou? – Santana dava um sorriso tímido enquanto sentia os braços da outra na sua cintura, segurando firme.

A ruiva pareceu sair do transe e logo a soltou se sentindo envergonhada.

- É... acho que na próxima eu bato na porta...Você é do tipo que se assusta fácil! É que aqui a gente entra sem bater mesmo, estamos todas acostumadas...– Jess tentava descontrair a situação enquanto não conseguia desviar os olhos do corpo exposto da morena que agora estava de frente para ela. – Falei com a Tracy, ela disse que tudo bem você ficar se eu achar que você tem capacidade.

Santana sorriu e só agora se sentiu mais calma sobre o emprego. Então se deu conta que ainda estava somente de peças íntimas e começou a se vestir. Ela não ligava em exibir o corpo, e Jess já não era mais tão desconhecida. Ela apenas tinha sido pega de surpresa. Mas ela sentia que era diferente ficar sem roupa perto da ruiva, pois podia ser sua imaginação, mas estava havendo certa tensão sexual entre as duas e isso a deixava intrigada e constrangida ao mesmo tempo.

Jessica se trocava rápido e sem cerimônia enquanto Santana se perdia em pensamentos. Olhou para a latina, viu que ela estava pronta também, segurou na sua mão e indicou a porta para saírem, mas antes se lembrou de uma coisa.

- Ah e pra qualquer efeito, você tem 21 anos. Entendido Snixx – e deu uma piscadela para a latina.

O coração de Santana bateu descompassado nesse momento e ela deu um sorriso cúmplice, concordando com o que acabava de ouvir.

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As horas passavam rápido, e o bar nunca parecia se esvaziar. Nenhuma menina parava um minuto, serviam mesas, faziam um charme, ouviam uma cantada aqui e ali enquanto a  música rolava solta. Santana estava pegando o ritmo e se sentia mais rápida nos atendimentos e na hora de entregar os pedidos. Podia notar que Tracy a observava e sorria satisfeita, “tomara que isso seja um sinal de aprovação”, a latina torceu.

Eram 2:30 da manhã quando elas se despediram das colegas e partiram para a estação do metrô. A noite havia sido corrida e Santana não via a hora de deitar na cama e relaxar. Jess parecia orgulhosa da garota não a ter desapontado e ser bem esperta nos atendimentos.

- E aí, o que achou hoje? – a ruiva começou.

Andavam depressa pois o frio da madrugada era cortante e ambas queriam chegar logo em casa.

- Eu achei uma loucura, mas achei que fui bem de modo geral. E Tracy, o que achou? – Santana queria ser a melhor, não queria que a chefe ficasse insatisfeita.

- Ela me disse que consegui achar uma das boas dessa vez. E eu concordei. Em todos os sentidos, você é boa. – deu uma piscadela enquanto puxava a mão de uma Santana com sorriso bobo, para entrarem no vagão do metrô.

Sentaram-se lado a lado e sem pensar Santana apoiou a cabeça no ombro da ruiva enquanto cruzava os braços para tentar se aquecer. Estava exausta e com frio. Estava se sentindo mais segura com uma amiga ao lado. E essa sensação era boa.  A garota sorriu com a atitude da latina que pode sentir quando a ruiva suspirou profundamente apreciando o momento. Jessica então passou um braço pelas costas da morena, segurando seu ombro a trazendo mais pra perto de si. Assim ficaram por 5 estações, quando estava próxima a que iam descer, a ruiva olhou para a outra garota e percebeu que ela estava cochilando. Sussurrou um aviso para que ela despertasse e desceram ainda de mãos dadas, como haviam entrado.

Jessica não sabia o que dizer. Santana caminhava ao seu lado calada, então ela achou melhor não puxar nenhum assunto com a latina. Mas foi a morena quem começou a conversa.

- Obrigada mais uma vez pela ajuda... Pela primeira vez eu estou me sentindo segura aqui nessa cidade – e olhou com olhos marejados para a ruiva que se espantou com a situação. Ela então continuou – Sabe, eu sou durona e acabo resolvendo os problemas dos outros, como foi o caso com a Berry. Mas, as vezes estou desmoronando por dentro. Só o que eu sentia até esses dias era desespero. Não sabia quem eu era, tinha esquecido meus objetivos ao vir pra cá e estava sem direção. Ser garçonete/dançarina de um bar não é exatamente algo que eu esperava, mas estou feliz porque por tenho uma ocupação enquanto não consigo o que realmente quero. E também, graças a isso, conheci você. – Santana concluiu deixando uma lágrima escorrer. Mesmo que contra sua vontade. Andava de cabeça baixa enquanto falava, para evitar que a amiga visse que estava chorando.

Jessica decidiu fazer vista grossa com a visível emoção de Santana, ela não queria que a latina se sentisse constrangida ao expressar seus sentimentos. Resolveu tentar tirar mais alguma coisa da morena, ela aparentemente precisava desabafar.

- E me conhecer significa exatamente o que pra você?

- Eu não sei, eu só sinto que eu precisava de alguém pra organizar a bagunça dentro de mim. Você parece ser a pessoa certa. – Santana deu de ombros enquanto levantava a cabeça e sorria com os olhos vermelhos para a ruiva que tinha o olhar encantado por ela.

- Eu sou boa para organizar, mas não se engane. Eu também estou uma bagunça. Te ajudo se você também me colocar no lugar, pois caso você não tenha visto eu também estou sozinha e insegura. – Sorriu percebendo que seus olhos também estavam começando a embaçar devida a água que se juntava neles ao perceber que a latina estava sendo tão honesta com ela.

Estavam na entrada do loft. Sorriram uma pra outra e de mãos dadas subiram as escadas. O apartamento de Jess ficava no segundo andar, e o de Santana no terceiro. Pararam em frente a porta do 204, então a ruiva resolveu se manifestar:

- Te prometo que vou tentar organizar sua bagunça. – Estavam uma de frente pra outra e Jessica continuou – Pode ser inadequado, mas acho que o primeiro passo é você me dar um abraço. – Sorriu ao ver que a latina tinha cessado o choro e sorria em retribuição.

Santana tomou a iniciativa do abraço. Apoiou seu queixo no ombro da amiga, respirou profundamente e apertou os braços ao redor da sua cintura. A sensação era de fato verdadeira: Naquele abraço ela estava segura.

Jessica sorriu enquanto sentia o “abraço de urso” de Santana e se controlava ao sentir o perfume agradável que a pele da latina emanava. Ela queria mais que um abraço. Queria pegar a morena no colo, niná-la e dizer que tudo ia ficar bem e que o mundo não ia mais machucá-la. Mas não podia fazer isso... além de Santana pensar que ela estava se aproveitando dela, também não podia proteger nem a si mesma desse mundo que dá pouco e cobra muito.

Separaram-se do abraço e  não quebraram o contato visual. Santana então se lembrou de esclarecer um fato, enquanto ainda olhava para aqueles olhos verdes, no tom mais escuro que ela já os tinha visto até então.

- Como você disse hoje a tarde, eu poderia ter o garoto que eu quisesse nas mãos... – chegou mais próxima do ouvido da ruiva - Mas isso não vale de nada quando na verdade do que eu gosto mesmo são das garotas! – deu um beijo estalado na bochecha da ruiva a sua frente, que agora se encontrava boquiaberta com a revelação e então subiu as escadas rumo a seu apartamento com um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

E aí?



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