Visão do personagem Emerson Souza

Confesso que por isso eu não esperava, muitos grupos para se formar e acabei por ficar nesse... uma tarefa muito simples para um grupo como o meu, teríamos de caçar o famoso Deathtouch uma espécie de escorpião demoníaco, dizem que seu veneno é incurável e mata de forma rápida e sem causar dor e só era possível de se encontrar anoite. Meu grupo era formado por Alex Smith, o representante de meu castelo, Nero Raven Wolfiano, um garoto que assim como eu e Smith, era de Stalker, o castelo especializado em caça de criaturas, e conosco também estava um outro slayer chamado Sieg Krieger, mas ao contrário de nós ele era de Omnia, o castelo que faz tudo. Ou seja, uma criatura relativamente fácil de ser encontrada, sendo perseguida por três caçadores de Stalker, sendo que um deles era um Smith, uma pessoa da renomada família de caçadores, seria algo irritantemente fácil, ou deveria ser pelo menos... o que deixara essa missão interessante era o lugar, a temida Floresta de Sombras, uma floresta que fica perto de Hunterland, ela é um lugar sombrio e com muitos mistérios, poucos se atrevem a ir até lá devido a lenda do demônio de olhos dourados, chamam-no Guardião da floresta, dizem que quaisquer um seja, humano ou slayer, que se atrever a caçar ou matar em suas terras, é morto.

–Então essa é a temida Floresta de Sombras? Bem, temos uma missão a fazer, então vamos. - comentei a fim de apressá-los, não havia motivo para demorar mais do que o necessário.

Ninguém respondeu ou pareceu se importar em responder, nós guerreiros de Stalker costumamos trabalhar sozinhos. E apesar de não falar muito ou conversar muito com meus parceiros eu sabia que Nero e o Smith eram tão calados quanto eu, então não tinha muita esperança de ocorrer uma boa conversa pelo caminho e por isso revolvi me manter em silêncio, assim como os outros.

A Floresta de Sombras fazia jus a seu nome, enormes árvores de caules negros como a noite e folhas de um verde escuro similar a um preto. A pálida luz da lua banhava inutilmente a escuridão da floresta, não importava quanto de luz tentasse entrar, as árvores eram muitos juntas uma da outra e a quantidade de folhas não permitia que a luz lunar atravessasse para iluminar nosso caminho portanto seguimos floresta à dentro, naquela completa escuridão.

–Fiquem atentos, este lugar é perigoso e o escuro pode vir a nos atrapalhar. - disse Alex Smith, ele tinha 17 anos, 1 ano mais velho que eu, tinha olhos verdes e estatura mediana, seu cabelo pendia entre o loiro escuro para o castanho escuro. Ele vestia uma blusa negra regata e uma calça também negra e um coturno, tornando-se quase invisível se não fosse pelos braços e cabeça e mesmo naquele breu o seu punhal de jade emitia uma luz fraca.

–Certo. - Nero limitou-se a responder, era um garoto que aparentava estar entre os 15 aos 17 anos, não saberia dizer direito, tinha cabelos castanhos um pouco grandes e bagunçados, uma pele branca e uma aparência calma, seus olhos castanhos escuros observavam a escuridão com cautela e começavam a mudar de cor tornando-se vermelhos. Ele usava uma calça meio rasgada e seu casaco negro se misturava a escuridão da floresta assim como sua camisa avermelhada. Duas espadas um tanto estranhas formavam um “x” em suas costas, ambas não tinham guarda, seu cabo negro não possuía pomo e a lâmina prateada possuía detalhes também negros.

–Como desejar, Smith. - disse o Sieg, era um garoto um tanto forte, tinha a pele clara, cabelos loiros estilo social, olhos azuis e feições fortes, ele usava um sobretudo branco com um símbolo estranho negro e com as mangas rasgadas. Uma espada que parecia ser de prata repousava em suas costas.

Após alguns minutos caminhando na escuridão, pudemos ver, lá ao longe, uma abertura por onde as árvores se separavam deixando a luz da lua banhar a terra com uma luz azulada. O vento frio logo começou a atingir meu rosto e o cheiro da floresta a ficar mais forte, seria uma noite bonita se não estivéssemos em uma missão. Após chegarmos a parte iluminada da floresta confesso que fiquei um tanto admirado, era um lugar bonito de fato, um córrego passava sereno por entre as pedras em um lugar ali perto, o som dos pássaros era ritmado e alegre, mas a floresta em si estava mortalmente silenciosa.

–Ali. - disse Alex apontando para uma espécie de caverna que se encontrava ali perto. - São em lugares como aqueles que os Deathtouchs vivem. Se ele está em algum lugar está lá.

–Finalmente os encontramos. Mas então... nós precisamos de um plano. Ou vocês esperam que cheguemos lá na cova deles e dizemos: “Deathtouch, Deathtouch, venha até aqui, precisamos pegá-lo e como você é bem educado não vai nos picar não é?”. - falei sarcasticamente.

–Isso não funcionaria, eu acho. - respondeu Nero tão sarcasticamente quanto eu, aquilo me deixou um tanto nervoso.

–Parem de se encarar, chegamos até aqui, vamos terminar logo essa missão não acham melhor? Depois vocês se matam, façam o que quiser, mas até lá somos uma equipe. -disse Sieg me lembrando qual era o assunto que estávamos discutindo. Nunca havia me dado bem com o Nero e fazer uma missão com ele era algo que não gostei desde o inicio.

–Vamos lá, então eis o plano: Eu e o Nero vamos para a cova, você é o que tem a melhor habilidade de rastreamento já que consegue sentir e gravar o cheiro de uma criatura mesmo a quilômetros de distancia, será necessário caso encontremos alguma e ela acabe por fugir ou para sabermos se estamos no lugar certo. Sieg, quero que cuide da ronda, veja se algum inimigo nos espreita ou trate de não deixar nenhuma criatura nos atrapalhar. E Emerson. -disse Alex, apontando para mim. - Fique de guarda para caso de o Guardião aparecer. Muitos slayers de classe ‘’S-‘’ como você vieram a este lugar e não retornaram com vida. Vamos terminar isso rápido, ainda tenho algumas duvidas em relação a essa missão e este lugar.

De fato, eu era o de classe mais alta ali, era um dos únicos slayers que tinha calasse maior ou igual a “A+” e isso me deixava com uma responsabilidade indesejada, não que meus “parceiros” fossem fracos, pelo contrário eram bastante fortes, porém se algo desse errado a culpa seria jogada toda em cima do Alex já que ele era o representante de nosso castelo e também o líder da missão, fora que envergonharíamos nosso castelo, porém era uma missão fácil, não havia nada com o que se preocupar, é claro, se o guardião não aparecesse.

Após todos concordarmos e ouvirmos os detalhes que Alex tinha para nos dizer, aceitamos sua proposta e começamos a missão. Alex e Nero entraram na caverna, ela tinha um cheiro estranho algo semelhante aos hospitais mais pobres das cidadezinhas, era escura e tinha algo de aparência gosmenta e não confiável em suas paredes. Eles entraram com cuidado para não encostar em nada e correr riscos desnecessários e logo ambos sumiram na escuridão da caverna. Olhei para os lados e percebi que Sieg não estava mais lá, pelo visto já tinha partido floresta adentro para verificar o território.

A espera com certeza foi o pior de tudo, ficava lá sentado em uma das pedras esperando que algo acontecesse ou que Alex e Nero voltassem com o bicho em mãos. Estava tudo monótono e cansativo até que ouvi um grito vindo da floresta, era sieg disso eu tinha certeza.

–Merda, então ele apareceu, não é? -murmurei para mim mesmo. -Isso será interessante no fim das contas.

Outro grito e o silêncio mortal retornou. Eu levantei e fui até perto de onde as árvores ficavam mais unidas deixando pequenos espaços estreitos. Fiquei observando a escuridão por um tempo, pouco mais de 5 minutos, tentei ver o que se passava, mas a escuridão não me permitia ver nada. Logo virei para voltar de onde tinha vindo, logo vi algo que me surpreendeu. De alguma forma a entrada da caverna havia sido fechada com várias rochas que nunca havia visto antes, um tanto pequenas uma em cima da outra, como uma pilha e lá perto uma salamandra vulcânica começara a soltar seu fogo, fundindo as estranhas rochas uma na outra. Mas como? Como aquilo aconteceu sem que eu percebesse e o mais importante, como foram tantas rochas em tão pouco tempo?

Me apressei a desembainhar levemente minha seigen, a Raijuu, uma espada branca com detalhes azul-escuro que a fazia se parecer com uma nuvem marcada por vários raios. Foram poucos centímetros, mas o suficiente para minhas presas aumentaram assim como minhas unhas. E com um leve movimento vertical com o dedo indicador um raio cortou os céus, ignorando as árvores ao redor e acertando apenas a salamandra, fazendo-a se contrair de dor e sofrer leves espasmos. Era uma criatura estranha, parecia uma salamandra comum mas com o tamanho de um cachorro adulto e com uma pele vermelho-rubro e preto que me lembrava o magma. Fui até lá e com minha outra espada, uma igual a minha seigen, porém vermelha em vez de branca e com detalhes negros, e com um rápido movimento decapitei a criatura, fazendo o sangue escuro e quente jorrar e o sangue fez a grama crepitar e a minha espada esfumaçar levemente.

–Bravo, bravo! Tem uma habilidade interessante garoto. - disse uma voz humana detrás de mim, era confiante e séria e eu não ter percebido a sua chegada e isso me irritava. -Tomara que seja forte o suficiente para me divertir.

–Garanto que sou forte o suficiente para te matar. -falei rispidamente. - Odeio pessoas folgadas que pensam ser mais do que são.

–Vejamos... seu poder é eletricidade, provavelmente domina os raios como fez com minha criatura. Usa duas espadas e uma delas é sua seigen, a branca provavelmente já que não mostrou sua forma mostro quando desembainhou a outra. É forte, isso dá para saber só pelo poder que você emana, chutaria algo entre “S-“ e “A+”. Nada mal, nada mal mesmo. Estou certo?

–Bela observação, sabe o que sou e ainda fala tão despreocupadamente, ou você é louco ou forte o suficiente para me desafiar, não é mesmo Guardião da floresta. - retruquei

Logo após dizer isso virei para poder encarar o adversário mas assim que virei não havia mais ninguém lá. Olhei para os lados e nada.

–Estou aqui, garoto. -disse o Guardião atrás de mim. Como ele se moveu tão rápido? Em questões de segundo, só o tempo de eu virar e ele já estava atrás de mim novamente. Saltei para frente a fim de ganhar distancia. - Ah eu me chamo Thomas Jackson a propósito, qual seu nome? Podemos ser amigos, até eu te matar claro, não é como se isso fosse importante, mas devíamos aproveitar nossa amizade até eu te matar, será rápido, alias vale a pena ter uma amizade de 10 segundos? Afinal é o tempo que levarei pra te matar, infelizmente.

–Mas como?! - deixei escapar.

–Eu estou aqui, deveria manter os olhos em seu inimigo. -disse o guardião agora do meu lado, ele estava sentado despreocupadamente na grama, tinha um rosto sério e tinha mais ou menos 1,56 de altura, era um garoto da minha idade e muito branco, seus cabelos pretos desgrenhados voavam dançantes a ordem dos ventos e seus olhos tão negros quanto a escuridão da floresta fitavam o nada como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo. Ele vestia uma jaqueta de couro parecida com a dos antigos aviadores que batia em seu joelho, com um capuz peludo que pendia em suas costas, uma calça de aspecto leve porém resistente e um coturno preto protegia seus pés.

Ao ver tive uma sensação estranha, ele emitia o mesmo poder dos slayers porém havia algo errado nesse poder era descontrolado e furioso, parecia-se mais com uma das criaturas de classe “S” que encontrei uma vez, um poder obscuro e furioso, corrompido de mais para ser de um slayer. Ele tinha uma espada negra de um metro ao seu lado, que mal pude ver por conta da sombra da floresta.

–Deixe-me explicar a sua situação. Seu amigo que estava caminhando pela minha floresta atacou dois de meus amigos, eu o ataquei e lancei para as serpentes venenosas do rio, ele deve estar sendo devorado neste exato momento. -disse o Guardião. -Eu trouxe essas pedras para cá e um amigo especial que deixa um veneno mortal por onde passa, a lesma devoradora de homens, você deve saber qual é, uma criatura cujo rastro de “gosma” tem um efeito paralisante quase que instantâneo, fora que é invisível, claro, conhece? Ela é legal não é? Um bichinho interessante, covarde mas interessante. Continuando, Você acabou de matar a Pyros, minha salamandra isso já é motivo para eu ter te matado, mas você é forte, e para mim força é tudo. Por isso não quero que seus amigos me atrapalhem na hora de te matar, te dei uma chance de me vencer, apesar de isso ser quase impossível, eu só quero uma boa briga, então me divirta garoto.

–Tenho de acabar com você de forma rápida. Pagará pelo que fez aos meus parceiros, pagará com sua vida, maldito. -respondi furioso após tanto tempo em silêncio. Tinha de ajudar logo o Sieg e avisar sobre a lesma para meus companheiros, não havia tempo para conversas. -Vamos logo com isso não tenho todo tempo do mundo para te vencer.

Ele nada disse só foi para dentro da floresta e caminhou para sua escuridão, logo estava a poucos metro de mim, seus olhos tornaram-se dourados e seu corpo cresceu, expandindo-se tornando-se mais forte, ele aparentava ter quase 2 metros agora, podia ver pela forma escura se formando e expandindo entre as árvores . Ele respirou pesadamente e vi um par de asas se balançarem com dificuldade por entre as árvores, seus cabelos agora estavam tão grandes que batiam em suas costas e balançavam pesadamente, resistindo contra o vento.

–Você é mal-educado não é? -disse ele com uma voz horrenda, eram duas camadas de voz, uma do guardião e a outra da criatura. -Não me disse seu nome.

–Emerson. - respondi friamente.

–Emerson hein? Olhe para trás, Emerson. -disse o Thomas.

Quase que eu olho por curiosidade mas sabia que era um truque, desviei o olhar por um segundo para ver melhor se ele realmente tinha asas ou não e quando foquei nele novamente ele já não estava lá. Senti um forte golpe me lançar para longe, um golpe forte em minha coluna que me tirou o ar, olhei novamente e lá estava ele, um demônio com o rosto do Thomas, ele tinha um corpo mais pálido ainda, quase sem cor, e suas asas negras batiam pesadamente, seus olho dourados me fitavam entediados. Uma calda negra balançava de um lado para outro e suas mãos e pés, que agora encontrava-se sem coturno , estavam com garras extremamente afiadas.

–Eu falei para olhar para trás Emerson, é uma pena você não ter me escutado. Prazer em conhecê-lo, de qualquer forma, sou Deviljin, o demônio da velocidade. - após dizer isso ele desapareceu de minhas vistas e pude escutar sua voz vinda da floresta. -Se quiser uma chance de salvar seus amigos terá de me matar, bem... desculpe-se com eles quando estiverem passando para o outro mundo.

Dessa vez não disse nada, não pensei em nada, nada além de matá-lo, desembainhei minha espada branca, uma coisa que não fazia a muito tempo. Senti o poder preencher meu corpo, e a eletricidade me dar forças, vi o céu fechar, trovões rugirem e relâmpagos iluminaram o céus negros a cada piscar de olhos e um cheiro de ozônio preencheu minhas narinas, olhei para o Thomas com ódio declarado e disse:

–Vejamos quem é mais rápido, o demônio ou os próprios raios. -logo depois senti meu corpo ascender aos céus em forma de raio e logo em seguida descer bem em cima de Thomas, nossas espadas se chocaram ao mesmo tempo em que um trovão retumbou, e assim começou a luta entre os slayers mais rápidos que já caminharam sobre a terra, o raio branco contra a velocidade negra.