Corri, o mais rápido que eu pude, corri enquanto eu tinha forças, enquanto eu ainda conseguia respirar, não sei por quanto tempo eu estava correndo, só sei que continuei assim, cheguei a praça de Forks, vazia, silenciosa, me sentei em um dos bancos e fiquei olhando, apenas esperando que continuasse como estava.

 Ao olhar para a praça e ver os balanços me levou a uma das lembranças que eu mantinha tão trancada dentro de mim, minha infância, minha irmã, momentos bons antes do terror que começou a minha vida.

Flash Back on.

-Mais alto Isa, mais alto. –Eu gritei rindo, enquanto minha irmã mais velha me balançava.

-Você vai cair bells. –Isadora disse ainda me balançando, seus olhos brilhavam e ela tinha um sorriso nos lábios.

-Isa para. –Pedi e ela segurou o balanço fazendo-o parar.

-Aconteceu alguma coisa? –Ela questionou vindo para minha frente.

-Você nunca vai me deixar não é? –Comecei a olhando nos olhos. –Quando papai e mamãe se forem é você que vai estar aqui comigo não é?

-Eu nunca, nunca vou te deixar pequena. –Isadora disse alisando meu cabelo, papai e mamãe do outro lado da grade conversavam com um homem enquanto riam. –Eu sempre vou te proteger.

-Promete? –Questionei a abraçando.

-Prometo. –Ela disse e beijou minha cabeça. –Vamos lá, quem chegar primeiro no papai e na mamãe ganha.

Flash back off.

-Você prometeu. –Eu disse para o vento sentindo mais lagrimas lavarem meu rosto. –Por que você e não eu?

-Já notou que se faz essa pergunta sempre. –Ouvi a voz de Carlisle, mas não me virei para vê-lo. –Acho que nos fazemos essa pergunta todos os dias, eu só queria saber por que ela e não eu.

 Ele se sentou ao meu lado e eu não o olhei, nada disse só continuei ali, parada olhando para o balanço, me questionando quanto tempo fazia a ultima vez que eu estive em um balanço, ouvi Carlisle suspirar.

-Tudo na vida á um por que. –Eu disse e me virei para olha-lo. –Me desculpe pelo que disse sobre você não ser um bom pai, eu disse aquilo de cabeça quente, nada do que aconteceu é sua culpa.

-Esta tudo bem bells. –Ele me puxou para seus braços e eu não me afastei. –Eu sinto muito por tudo. Principalmente por não estar do seu lado sempre que você precisa.

-Você esta aqui agora. –Eu disse, respirei fundo antes de me afastar um pouco. –A muita coisa que você, a mamãe e Phil não sabem.

-Eu imagino que sim. –Ele disse seus olhos presos no meu. –Mas não faz diferença Bella, você é minha filha, meu único tesouro e não posso perder você.

-Eu pulei na frente daquele caminhão por que estava gravida pai. –Eu disse e vi um lampejo de entendimento passar pelo seu rosto, choque, mas eu não podia parar não mais. –Eu pedi ao médico para não contarem para vocês, eu fiquei gravida por causa do estupro, eu me senti suja, eu tinha nojo de mim, então depois daquele dia, eu soube que nunca mais poderia engravidar, Marcos me ofereceu drogas e eu aceitei de bom grado, era o meu jeito de fugir das lembranças, de esquecer tudo, eu só permitia que me tocassem quando estava drogada. –Parei para respirar fundo, ainda olhando em seus olhos. –Mamãe nunca soube, ninguém nunca soube a não ser Marcos, Wanessa e Ruan e claro Jacob, foi ele que me deu a ideia de vir para Forks, estava na hora de dar um fim naquilo de me afastar da onde os pesadelos criaram vida.

 Eu desviei os olhos e esperei, esperei que ele gritasse, que ele me batesse, que ele me xingasse, que ele levantasse e fosse embora sem dizer nada, mas ele apenas me abraçou, uma lagrima sua tocou minha testa enquanto ele me apertava mais.

-Eu te amo tanto filha. –Ele disse e um soluço rompeu meus lábios. –Vai ficar tudo bem, eu estou aqui agora.

-Eu também te amo pai. –Eu disse chorando. –Eu não sei como contar isso para Edward, para a mamãe e Phil, para Esme e meus amigos, como dizer isso a eles e ver o nojo nos seus olhos.

-Eles te amam, eles vão ficar do seu lado, tenho certeza. –Ele disse.

 Dirigi até a escola rapidamente, precisava falar com Edward, me desculpar, contar a ele tudo, parei o carro do lado do Volvo, mas ao descer eu senti que algo estava errado, todos estavam olhando para mim, caminhei indo em direção a meus amigos quando uma menina me parou.

-Ela é doente. –Ela disse e eu a encarei.

-Não querida ela é pior que isso. –Tânia disse. –Ela é uma drogada.

-Como é Tânia, acho que você perdeu o medo do perigo. –Eu disse dando um passo na sua direção sem vacilar, sem tremer.

-Nós sabemos quem você é Isabella. –Ela disse. –Nós sabemos que é culpa sua, a como é o nome mesmo, aé Isadora ter morrido.

 Tânia tomou uma porrada na boca, mas não foi eu que a acertei, Rosalie estava de um lado, do outro Alice e sabia que logo atrás podia sentir meus amigos, eu não olhei para o lado, não tinha como ninguém saber sobre as drogas, nem sobre minha irmã, corri para a secretária, eu precisava falar com Black, ele tinha que ter uma resposta.

-Como assim arrombada. –Ouvi Jacob gritar para o diretor.

-Jacob. –Eu chamei e vi dor em seus olhos ao me ver. –Como todos sabem de tudo?

-Arrombaram minha sala Bella. –Ele disse e eu senti o ar faltar, meu coração doeu, minha cabeça rodou.

-Eles roubaram sua ficha Srta. Cullen. –O diretor disse e foi o que precisava para que eu caísse, mas eu não senti o chão os braços de Edward me mantiveram em pé, eu não tinha o sentido chegar, nem mesmo a seus irmãos.

-Isso não poderia ter acontecido. –Emmett disse. –Por que você trouxe a pasta de Bella para a escola?

-Por que estamos dando continuidade ao tratamento. –Jacob disse.

-Quem foi? –Questionei. –Quem pegou?

-Não sabemos. –O diretor disse.

-Fale por você. –Victória disse da porta.

-Foi você? –Eu rosnei e fui para cima dela sendo detida, por Jasper e Edward.

-Está louca? –Ela disse e seus olhos se encontraram com os meus. –Eu posso te odiar Isabella, mas eu não sou a garota má aqui, eu sei o que é perder tudo no mundo.

-Então quem foi? –Alice questionou.

-Posso começar a enumerar quem me odeia na escola. –Eu disse com sarcasmo.

-Você nunca suspeitaria. –Victória disse. –Ângela Weber.

-Ângela? –Todos questionamos.

–Por que deveríamos acreditar em você? –Emmett questionou.

-Eu não tenho por que mentir, Ângela fez isso é só o que eu sei, ouvi ela e Tânia conversarem, ela roubou os arquivos, contou a Tânia que a ajudou a espalhar tudo. –Victória disse.

 Fiquei sentada na sala do diretor esperando, meus amigos a minha volta, Victória em um canto Jacob sentado a minha frente, eu não falei uma palavra, não tive coragem de olhar nos olhos dos meus amigos, era pior do que eu imaginava, não era para descobrirem assim.

-Eu sinto muito Bella. –Jacob começou.

-Esta tudo bem Jack. –Eu disse e o olhei. –Não é sua culpa, mas quem fez isso vai pagar e não será um preço barato.

-Você não pode perder a cabeça. –Jacob me alertou.

-Tarde de mais para isso. –Eu disse. –Eu sai de casa hoje pensando em contar isso, dizer tudo, ainda mais depois de contar a Carlisle, minha mãe e Phil.

-Você contou a eles? –A pergunta veio de todos.

-Sim. E a ideia era contar a vocês também. –Eu disse passando a mão no rosto.

-Me chamou diretor. –Ouvi a voz de Ângela fez o sangue em minhas veias correr bem mais rápido, a porta bateu, eu não precisava olhar para saber que seu rosto demonstrava terror ao me ver ali.

-Sente-se senhorita Weber. –O diretor apontou ao meu lado, eu levantei os olhos e olhei dentro do seus olhos, vi Ângela estremecer, e era para ela faze-lo mesmo, pois ela tinha assinado sua sentença de morte. –Serei direto, Srta. Weber você arrombou a sala do Sr. Black e pegou a ficha da Srta. Cullen?

-Não. –Ela disse, mas sua voz falhou, eu me pus de pé e a virei para mim tão rápido que eles estavam lentos de mais.

-Eu salvei sua vida sua vagabunda. –Eu gritei. –Eu apanhei para que não fosse a tomar um tiro, eu deixei que aqueles homens estivessem perto de mim depois de tudo que eu passei, eu coloquei a vida dos meus amigos e a minha vida em risco para você sair viva e é assim que você retribui.

 Senti Edward me puxar com ajuda de Emmett, ela encostou do outro lado da sala, mantendo uma grande distancia de nós, Jacob me chamou, mas eu estava longe dali, Victória estremeceu no canto.

-Eu vou matar você. –Eu disse sentindo todo ódio romper no meu coração. –Se você leu aquele maldito relatório saberá que eu estou dizendo a verdade, eu vou matar você, esfaqueada ou a bala, mas você morrerá.

-Isabella. –Jacob chamou firmando meu rosto nas suas mãos e seus olhos nos meus. –Chega agora. –Ele não desviou os olhos do meu, me confrontando com o olhar, seu rosto tão sério como o meu. –Tire ela daqui. –Ele disse para o diretor. –Deixem apenas Edward na sala.

 Vi pela minha visão periférica todos saírem, Jacob continuava firmemente me confrontando com o olhar, nenhum de nós iria ceder, ouvi a porta bater e Jacob se afastou, Edward aliviou o aperto em meu braço, de vagar ele me soltou e deu um passo para trás.

-Ela jogou minha vida pelo ar Jacob. –Eu disse com ódio.

-Não é por isso que você tem que sair ameaçando. –Ele disse. –Ela pode te denunciar, não temos prova que foi ela.

-Eu não me importo. –Eu disse, sabendo que Edward estava na sala, eu não me virei, eu não olhei em seus olhos. –Eu não me importo se for presa ou morta no processo, eu vou enforcar aquela menina, eu já não estou com problemas de mais para lidar, eu já não tenho nada mais para sofrer.

-Mais tem o que perder. –Jacob gritou, para quem não nos conhecia poderia se assustar, mas Jacob era meu psicólogo a anos, era meu amigo e não poupava nada para me fazer ficar na linha. –Vou deixar vocês conversarem. –Ele andou até mim. –Pare de fugir.

 Ouvi a porta bater e tremendo me virei para Edward, ele estava encostado na parede, seus olhos baixos, sua postura era uma que eu nunca tinha visto, ele parecia chateado. Eu odiava o fato de Jacob estar certo, eu tinha o que perder, eu tinha amigos e o amor da minha vida, se eu já não tivesse perdido.

-Edward. –Eu disse sentindo minha voz falhar. –Eu juro que iria te contar, eu vim dirigindo igual uma louca para isso, eu queria que você ouvisse da minha boca. –Ele não se moveu, ele nada disse, e aquilo partiu meu coração. –Eu sinto muito por ontem.

 Nada, o silencio dele me cortou, mas o fato dele não ter nem me olhado me machucou mais ainda, queria cair de joelhos, queria chorar e implorar por seu perdão, eu estava cansada de mais, fraca de mais, eu sentia o mundo desabar, a minha volta a nossa volta, mas Edward continuava ali, calado, parado.

-Olhe para mim Isabella. –Edward disse se aproximando de mim, meus olhos encontrando os seus, ele segurou minha cintura fortemente, sua face séria, brava, mas ainda assim ele era tão lindo. –Foda-se o que esta escrito naquele monte de papel, foda-se o que vão dizer, você é minha garota, eu vou estar aqui quando você precisar, eu te amo tanto, vamos passar por isso juntos.

 Então ele me beijou, forte, firme, me mantendo segura em seus braços, eu enlacei seu pescoço com meus braços, quando nos afastamos encostei minha cabeça em seu peito o deixando me abraçar.

-Eu também te amo Edward. –Eu disse.

 Alguns minutos depois saímos da sala e eu pude ver meus amigos ali, fui abraçada por eles com promessa de que tudo ficaria bem, me ajeitei e sai da secretária depois de dizer o diretor que assistiria aula normalmente, junto com meu namorado e meus amigos eu segui para a aula, não importava mais nada, eu tinha eles, eles sabiam de tudo agora, e eu iria até o fim enquanto eles estivessem do meu lado.