O Sol Negro E A Lua Branca escrita por Gabby


Capítulo 26
Fogo Celestial


Notas iniciais do capítulo

Nem reclamem da demora, pois a culpa desta fez foram dos que não comentaram ú.ú No entanto, como agradecimento às reviews fabulosas da Néphely e da Byakuya, não vou dar maiores gelos neste capítulo. Recomendo que leiam ouvindo esta música: https://www.youtube.com/watch?v=2X_2IdybTV0
Como na fic é Halloween, bem que os leitores fantasmas podiam aparecer ;) Enjoy!



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O caos era indescritível. Rukia não sabia o que fazer; subitamente, todo o seu treinamento pareceu-lhe inútil. Mal podia desviar dos ataques desferidos pelos demônios, e muitas vezes não o conseguia. A adaga que a princesa guardava se provara inútil, pois os demônios se curavam de todos os cortes que ela conseguia fazer.

Sentiu uma mão envolver o seu pulso. Já preparava o seu ataque com a adaga, suja de sangue escuro, mas quando olhou não conseguiu atacar. Era Byakuya, que a puxava até a carruagem.

—Você e Ichigo precisam ir. —disse Byakuya. —Se deixarmos que os peguem, estaremos mortos.

Byakuya a empurrou para dentro da carruagem, mas Rukia resistiu.

—Nii-sama, não vê que eles vão nos seguir, que nunca irão desistir?! Precisamos parar de fugir e começar a lutar! —Rukia gritou, se libertando do aperto das mãos do irmão. —Só assim poderemos vencer essa guerra!

Byakuya ponderou por um segundo, logo depois arrancou Rukia da carruagem e a arrastou até atrás dela, onde colocavam a carga. Abriu o compartimento, lotado de malas, e jogou-as toda fora, com certa fúria e pressa.

—O que o senhor está fazendo?! —Rukia indagou, surpresa.

Byakuya sorriu afetado.

—Se vamos lutar, —ele retrucou— devemos lutar com as armas certas.

Byakuya levantou o fundo falso, com um símbolo mágico o protegendo contra o mal, e retirou de lá uma espingarda¹. Rukia, de início, não notou o conteúdo do compartimento, mas logo se concentrou e percebeu a magia flutuando pelo cenário: um feitiço de disfarce, uma ilusão. Dentro do compartimento, armas variadas se dispunham, de variadas épocas, tipos e tamanhos. Continham desde as armas de fogo recém criadas até machados e espadas.

—Todas estão bentas. Mas, para ativá-las, é necessário uma reze. —Byakuya explicou, carregando sua arma de fogo, as balas prateadas brilhando. —E estarão prontas para matar alguns demônios.

—Qual reze?

Rukia viu Ichigo rolando com um demônio, que o atacava. Ele desviava debilmente, tentando buscar um jeito de se libertar. Mesmo sabendo que eles nunca o matariam, o coração de Rukia se apertou em pensar que alguém —ou algo— pudesse causar sofrimento ao Kurosaki.

Para o alívio dos dois, Ulquiorra notou o que acontecia. Em apenas um impulso, saltou sobre o demônio e o retirou do corpo de Ichigo. Ulquiorra arrancou nacos de carne do demônio com as garras e os dentes, esfolando suas entranhas; e, apesar da bizarrice da cena, Rukia ficou feliz por ele estar levando a melhor sobre a criatura.

—É um verso da bíblia. —Byakuya a entregou uma katana japonesa. Rukia não sabia que o irmão sabia de seus treinos, mas percebeu que estava óbvio. Há algum tempo, ela tornara-se talentosa com este tipo de espada, e Ichigo influenciou isso nos treinos abundantes. A lâmina era bem polida, clara, o cabo era branco cor de neve. Era elegante e afiada. Como os Kuchiki’s. —Salmo 18:2.

Rukia se esforçou para lembrar do versículo, mas quando Byakuya começou a ita-lo, ela já o sabia de cor. A família Kuchiki era muito religiosa, e agora ela sabia o porquê.

— O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio.

A lâmina cintilou minimamente, mas Rukia já sentia o poder que ela irradiava. Estava quente em sua mão, como se ela portasse o próprio Fogo Celestial.

Byakuya mirou em um dos demônios, que levantava-se do feitiço utilizado por Urahara. A arma era perfeita em sua mão, assim como sua mira. Ele acertou na cabeça do demônio, que explodiu. O padrão de sangue do demônio inspirou Rukia a criar outros.

Ichigo respirou com dificuldade, caído no chão e imóvel. Ele observava, em choque, Ulquiorra estripando o demônio com os dentes, esfolando-o com as garras. Mesmo odiando o ser que o habitava, Ichigo não podia parar de pensar na pessoa, que sentia a violência, a dor, mas não podia fazer nada, pois nem mesmo tinha controle dos seus atos.

Desviou os olhos e levantou-se, mirando em Urahara Kisuke, que matava alguns demônios de um jeito poderoso e nobre. Com magia. Grandes esferas de poder, pequenas explosões coloridas, a safira do cetro brilhando.

Ichigo ouviu um barulho forte e sangue espirrou nele. Olhou para frente e lá estava Byakuya, portando uma arma de fogo que Ichigo nunca havia visto na vida. Em seu antigo reino, ninguém tinha. Foi apenas no Reino Kuchiki que ele havia visto algumas, um ou outro cliente de seu pai comentava sobre elas, mas nunca havia visto uma arma de verdade em ação.

Rukia apareceu correndo até ele, portando duas espadas. Deu a maior para ele, que tinha um cabo largo e uma lâmina comprida. Ichigo se sentiu mais seguro por enfim poder se defender, enfim ter como fazer isso.

—Já está benta. —arfou Rukia. —Significa que mata demônios.

Ichigo assentiu e foi ajudar Urahara, que já parecia exausto de tanto usar magia. Todo o treinamento com o pai, de repente, valeu à pena: Ichigo manejava perfeitamente sua espada, cortando demônios com maestria. Ele viu agradecimento nos olhos cinzentos de Kisuke. Ichigo não havia conversado muito com o conde, mas gostava dele. Urahara se sacrificara para os proteger, para dar paz à sua esposa, e Ichigo não descansaria enquanto ele não voltasse para ela.

A quantidade de demônios, de repente, não importava: Ichigo não olhava para seus olhos, vazios, mas sim para a sua espada e pensava apenas em estratégias de batalha, em achar um ponto fraco, uma guarda aberta.

Viu, com o canto do olho, Rukia lutando. Ela lutava com surpreendente delicadeza, com movimentos suaves porém firmes, e parecia mais forte do que nunca. Parecia, para Ichigo, que ela nascera para fazer aquilo. A família Kuchiki nascera para fazer aquilo. Eles pareciam mestrados na arte da guerra.

A carne dos inimigos era dura, mas nada do que a força, a lâmina e a força de vontade não pudessem cortar. Ichigo fazia movimentos rápidos, poderosos, e os derrubava com pouquíssimos golpes. Seu pai o ensinara a ser certeiro, porque ninguém merece sofrer, nem mesmo na morte.

O Kurosaki, pela primeira vez, se sentia parte da equipe. Com o brilho da magia de Urahara, ele via os pontos fracos dos inimigos. O barulho alto da arma de Byakuya abafava os berros dos demônios. Ulquiorra matava todos os demônios que ele deixava para trás, protegendo todos. E Rukia fazia ele se sentir forte e poderoso, confiante. Ichigo não sabia o porquê de tal coisa. Ele só sabia que os dois funcionavam melhores juntos do que separados. E estavam ganhando.

Urahara se aproximou de Ichigo. Agora ele utilizava uma espada de lâmina curvada, e enxugava o suor da testa.

—Parece-me que matei mais demônios do que estavam aqui de início. —comentou Kisuke, cortando a cabeça de um ser horrendo, como um humano já totalmente corrompido. Ichigo se surpreendeu com o talento de Kisuke para tal, já que pensou que alguém que podia fazer magia nunca treinaria com uma arma mundana.

— “Quando tiveres de sair à guerra contra teus inimigos, se vires cavalos e carros e um povo mais numeroso do que tu, não te entregues ao medo, pois contigo está Yahweh, o teu Deus, que te libertou e fez sair da terra do Egito.” —Ichigo citou, tentando-o encorajar. Afundou a espada na barriga de uma criatura, que berrou e caiu quando ele a retirou, suja de sangue.

— Hoje é Samhain, Ichigo. —disse Kisuke. —Não é o dia de Deus; é o dia das Fadas, dos mortos, do Oculto. É o dia do ano em que o Véu desaparece.

—Amanhã é Dia de Todos os Santos. —murmurou Ichigo.

—Mas não hoje. Esta noite é o Ano Novo das Fadas, dos feiticeiros, dos celtas, onde o Oculto é mais forte.

—O Oculto... —Ichigo pensou. —É por isso que os demônios estão mais fortes; é nesta noite que eles irão fazer o sacrifício.

Kisuke assentiu, de forma triste. Ichigo não conseguia ficar também, pois, se sobrevivessem a hoje, teriam um ano todo livres. Esta notícia o alegrou, pois deu-lhe um objetivo mais alcançável.

—Isto também não significa —Ichigo cortou a cabeça de um demônio —que você está mais forte?

Kisuke negou com a cabeça. Estava impressionado com a reação de Ichigo à informação, em como ele não ficara com medo ou nervoso.

—Magos celebram o Ano Novo com os mortais. —Kisuke explicou. —Ficamos mais fortes em 1 de maio, no dia de Beltane. É um festival celta, também celebrado por muitas outras criaturas mágicas. É o contrário de Samhain, que celebra o início do Inverno: este festival celebra o começo do Verão, o deus Beleno e toda a sua energia e luz.

—Realmente hoje é o contrário de Beltane. —disse Ichigo, atacando outro demônio. —Não vejo nenhuma energia ou luz aqui.

­ —

Já estava escuro quando Rukia notou que havia algo de errado no número de demônios. Ela já havia matado pelo menos uns dez demônios, e os outros homens não estavam atrás. Ela começou a notar que uma nova criatura sempre aparecia da floresta, totalmente diferente das outras, com um sorriso enorme no rosto. Percebeu, também, que depois de chamar os seus irmãos demônios, o demônio que eles atropelaram haviam sumido.

Mesmo sabendo do seu histórico com florestas estranhas — vulgo Arcádia— Rukia precisava ir para aquela floresta. Tinha certeza que havia algo errado nela que poderia garantir a sobrevivência de seu grupo. Sem pensar muito, pegou as armas que pôde e rumou para a floresta.

Quando entrou, quase se arrependeu. À medida que ia se direcionando ao coração da floresta, ela ficava cada vez mais escura. As árvores eram altas, e, ao contrário da estrada, a floresta estava totalmente silenciosa. Nem os pássaros cantavam. Todos pareciam mortos.

Com surpresa, escutou um barulho. Eram folhas balançando, um galho se quebrando... Alguém a seguindo. Virou-se, em posição de ataque, a mão agarrando forte a espada; mas logo a abaixou.

Quem estava atrás dela era Ichigo, coberto de sangue e suor. Rukia não sabia dizer de quem era o sangue —se de Ichigo, ou dos demônios. Possivelmente uma mistura dos dois. Ela mesma havia sido machucada pelos demônios diversas vezes, mas por causa da adrenalina da batalha mal sentira. No entanto, se sobrevivesse, amanhã iria sentir até demais —provavelmente todo o seu corpo ficaria roxo e até deitar seria exaustivo.

—O que você está fazendo? —perguntou Ichigo, com os olhos esbugalhados. —Não pode entrar em uma floresta assim, sem ninguém.

Rukia abaixou a espada.

—Não estou sozinha: estou com as minhas armas. Elas são tudo do que eu preciso. —Rukia retrucou, grosseira. Estava cansada de todos a tratando como a mais frágil do grupo. —Os demônios estão vindo desta floresta. Só preciso saber exatamente de onde.

—O ar desta floresta é pesado. —Ichigo comentou. —Acho que é por causa da energia demoníaca.

—Eu não sinto nada.

—Isso é porque a sua mãe não é um anjo caído. —Ichigo piscou. —É melhor você me seguir; vai precisar da minha ajuda.

Ichigo seguiu para a esquerda, floresta à dentro. Rukia bufou e o seguiu. Não demorou muito para ela também sentir a energia, que agora era opressora para Ichigo. Tinha cheiro de putrefação e de algo queimando.

Quando chegaram a uma clareira, tiveram a pior visão da sua vida. Viram o buraco do Inferno, literalmente. Era uma cratera enorme, rodeada por nuvens e brasas. Havia uma pilha de corpos humanos, desacordados ou mortos —Rukia nem Ichigo sabia dizer. Cinzas caíam do céu, e seres etéreos, demoníacos, voavam na forma de névoa negra. O demônio

atropelado estava lá, de costas para eles, compenetrados demais em um feitiço para prestar atenção em Ichigo e Rukia.

Os dois andaram em silêncio, quase em choque, contemplando os demônios saindo do Inferno —eles não eram criaturas vermelhas e com chifres; e sim anjos, ou mesmo homens, queimados. Eles viravam fumaça e rodeavam o buraco até encontrar uma casca ideal. Então desciam para a terra e assumiam um dos corpos humanos da pilha, andando, estralando ossos, felizes por enfim andarem na Terra com tamanha desenvoltura.

O demônio recitava o nome dos outros, o chamando para vir. Ele parecia se divertir com a situação. E precisava ser morto. O buraco precisava ser fechado.

Rukia foi até ele e o apunhalou pelas costas. O demônio urrou e ajoelhou-se no chão, o sangue espirrou no rosto da princesa, a terra pareceu tremer, Ichigo e Rukia pensaram ter vencido a batalha desta noite.

No entanto, o demônio se levantou e Rukia voou, batendo as costas em uma árvore. Ichigo correu até ela, que conseguiu balbuciar algumas palavras, mas não se levantar. O demônio encarou os dois com uma expressão sinistra. Ichigo levantou a cabeça para o encarar de volta. As trevas no olhar do ser o desnortearam.

—Parabéns, princesinha; você matou um de nós. —o demônio sorriu, com sarcasmo. —Porém, éramos cinco. Vocês ainda terão que enfrentar quatro de nós.

Um raio irrompeu do céu, estremecendo o mundo. Ichigo pôde ver, apenas por um segundo, todas as faces dos demônios, iluminadas pelo raio.

—Quem são vocês? —Ichigo perguntou, aterrorizado.

—Somos Legião². —ele sorriu.

—Pois que Jesus os coloquem novamente aos porcos.

Os demônios riram.

—Mas nós mesmos já fizemos isso: vocês, humanos, são os porcos. —gargalhou, novamente, as criaturas. —No entanto, esqueço-me que tu não és humano: és um ser impuro, filho de um anjo que quase virou demônio. Não passas de um feiticeiro inacabado, filho de anjo caído.

Ichigo, irado com as palavras, avançou no ser. Foi fortemente repelido, erguido no céu, apertado até quase não conseguir respirar e soltar a sua espada.

O demônio levitou até ele, subindo degraus invisíveis. O segurou pelo pescoço e o apertou, fazendo Ichigo tossir, buscar por ar desesperadamente.

—Só não o mato aqui, —vociferou o demônio— porque meus superiores ficariam muito irritados comigo. Vamos construir uma Nova Era: vocês irão ser as cascas perfeitas para A Estrela da Manhã e a Rainha da Noite.

O demônio lançou Ichigo novamente ao chão. Ele arrastou suas costas e as mãos ficaram esfoladas, a camisa ficou manchada de sangue. Ele tentou levantar, mas sentiu pontadas em todo o seu corpo, então deitou-se novamente. Soluçava de dor.

O ser desceu muito suavemente, caminhando com calma. Ele passou por Ichigo, o dirigindo um sorriso triunfante, lambendo os dentes com a língua, e um olhar provocativo. Foi até Rukia e a ergueu pelas axilas. Ela esperneou e o chutou, tentando se libertar dele, mas o ser era impassível. Rukia parecia muito frágil daquele jeito, o que fez com que Ichigo ficasse com raiva.

—Não sei o que Lady Lilith vê em você. —comentou o demônio. —É tão magrinha, tão pequena, tão fraca.

O termo irritou Rukia profundamente, ainda mais com o tom proferido pelo demônio. Ela fez a única coisa que pôde fazer, mesmo a achando um pouco patética: Rukia mordeu o braço do ser com muita força. Ele a largou no chão, balançando o braço e praguejando.

—Sua piranha!

Rukia sorriu, mesmo não estando disposta para tal. A irritação do demônio a divertia, e sorrisos irritavam qualquer um que já estava brabo.

O demônio fechou a cara e a chutou: na barriga, no rosto, nas pernas. Rukia só pôde abafar o grito, tentar proteger seus órgãos vitais com os braços. Ela não queria dar o triunfo para o demônio, mas doía demais —Rukia chorava de dor.

Ichigo queria ajudar, mas tudo o que conseguia fazer era se arrastar. Não sabia se havia quebrado algo, mas com certeza a sensação era de que havia. Todo o seu corpo estava dolorido, os seus ossos pareciam reduzidos a cinzas e a sua cabeça latejava.

O demônio notou que Ichigo se arrastava e parou de bater em Rukia. Ao lado dele, os demônios continuavam a arranjar corpos e a migrar para a estrada, em estado de torpor. Porém, nem mais um demônio irrompia do buraco.

O demônio foi até Ichigo e montou nas suas costas, o peso do corpo o sufocando. Ele gemeu quando o ser pegou o seu rosto e o ergueu com violência, apalpando suas bochechas.

—Agora você, —ele lambeu o pescoço de Ichigo. O ruivo teve vontade de vomitar, a textura da língua e a saliva o enojando. —posso ver porque foi escolhido.

Ichigo usou sua força para virar-se, bruscamente, e retirar o demônio de cima dele. O ser, caído ao lado dele, se levantou e riu. Suspendeu Ichigo pelo colarinho da camisa, o desferindo socos com a outra mão. O Kurosaki não pôde fazer nada: seus membros não funcionavam e ele apenas arfava, cuspia, urrava de dor.

Depois de certo tempo, seus olhos começaram a pender. Sabia que, se desmaiasse, seria literalmente o fim do mundo: o demônio carregaria os dois, sem resistência, até o altar do sacrifício e os mataria. Mas simplesmente não podia mais continuar acordado. A realidade era dura demais para ter consciência disso, a dor era grande demais para não querer fugir. Ele lutou mais uma vez, porém as pálpebras finalmente cederam.

Ichigo pensou ter visto sua mãe, Masaki, enquanto tombava. Suas asas estavam brancas e majestosas... No entanto, este anjo não era sua mãe.

Os olhos de Ichigo brilharam, em fogo branco. Uma explosão de luz irrompeu do corpo do ruivo, fazendo o demônio voar para longe e dissipando as nuvens de tempestade de perto dele. Ichigo abriu uma das mãos e a espada voou até sua mão. Ele a agarrou com força.

—Nephilim. —o demônio silvou, se levantando com dificuldade. Ele estava perto do buraco, de tal forma que as trevas que o buraco produzia pareciam ser dele.

Ichigo correu, rápido como uma bala. Segurou o ser pelo pescoço, esmagando seus ossos. O demônio urrou de dor, a carne do pescoço sendo queimada pela Luz Angelical, pelo Fogo Celestial. O segundo demônio pereceu ali mesmo, queimando como nunca havia queimado no Inferno.

No entanto, os outros demônios que ali habitavam não queriam queimar como o colega. Acertaram em cheio um chute na barriga de Ichigo, que recuou e os largou. Quando alcançou o chão, o ser deu uma rasteira no nephilim que, ainda atordoado com o chute, caiu.

O demônio fugiu e pegou o seu punhal, caído ao lado de alguns seres humanos utilizados como sacrifício. O demônio parecia louco, assustado; no entanto, com o punhal prateado incrustado de jóias e uma feição selvagem, ele também parecia assustador.

Avançou até Ichigo, o atacando com o punhal, porém o ruivo se defendeu com a espada e aproveitou para lhe deferir um golpe, que fez um corte raso atravessando peito e barriga. Completando o ataque, o Kurosaki ainda chutou a sua barriga e o derrubou no chão. Tentou enterrar a espada em sua barriga, porém o demônio desviou de seu ataque, rolando no chão. Ichigo tentou mais três vezes, e o demônio repetiu o desvio. Cansado, o Kurosaki colocou o pé em sua barriga, o prendendo no chão, e atingiu o seu peito, afundando a espada no peito do demônio.

Este demônio pereceu rugindo, com mais raiva do que dor.

Ichigo levantou a espada para acertar-lhe um outro golpe, porém o demônio chutou o seu rosto, fazendo novamente que ele recuasse e soltasse sua espada.

O ser alcançou o seu punhal e montou em Ichigo, que estava caído no chão. Ele acertou o seu rosto, e um filete de sangue vermelho saiu pelo corte, enquanto Ichigo berrava. Depois enterrou o punhal na barriga do nephilim, se aproximando perigosamente deste, que urrava de dor.

Ichigo lhe deu uma cabeçada, seguida por um chute. O demônio caiu para trás, atordoado. O Kurosaki alcançou a sua espada novamente e o matou, de uma maneira rápida e indolor.

Rukia assistiu, pasma, quando Ichigo ergueu o demônio no buraco, as trevas lambendo as pernas do ser. O último maldito esperneava, até mesmo chorava, e então libertou uma névoa negra de seu nariz e boca, que parecia tentar fugir. Ichigo soprou, fazendo a fumaça voltar para o seu portador, e largou a espada, para assim tampar a boca e o nariz do demônio.

—Que volte para as chamas que o acolheram. —Ichigo disse, e o largou.

O ser caiu no buraco, gritando que os outros demônios iam torturá-lo e mata-lo, depois ardeu nas chamas vermelhas, que não forneciam luz nem aquecimento: apenas dor.

A terra tremeu e o portal se fechou, ciente de que seu criador havia sucumbido. Ichigo caminhou até Rukia, a espada na mão, as pernas tremendo, depois caiu. Fechou os olhos por um momento; sua cabeça doía como nunca, seu cérebro parecia ferver.

—O que foi isso? —indagou Rukia, com uma curiosidade até animada para o seu estado: sangrando e cheia de hematomas.

Ichigo abriu os olhos, observando as nuvens se dissiparem, pensando nas fumaças demoníacas já seladas no Inferno. Apesar de tudo, a noite estava bonita e as estrelas brilhavam.

—Eu não sei.


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Notas finais do capítulo

1- Na real, bacamarte. Ela surgiu no século XVI. Preferi chamá-las de espingardas, que é o nome utilizado pelas crônicas portuguesas da época.
2- Significa que é mais de um demônio, um grupo deles. Jesus os expulsou de uma pessoa, os colocando em porcos.
Caso Bleach tivesse um live-action, quais atores (de qualquer nacionalidade) escolheriam para representar os papeis? Eu escolheria a Kaya Scodelario (Maze Runner; Skins) como Rukia e a Angela Basset (American Horror Story) como Yoruichi.
Vocês preferem que o próximo capítulo seja o Halloween de Neliel (que não vai ser fácil, porque né...) ou a busca por Toushiro e Hinamori?
PS: A pergunta do capítulo anterior ainda vale.