Insônia escrita por Star


Capítulo 1
Capítulo umnico


Notas iniciais do capítulo

Dedicados a todos aqueles que, como eu, fazem cosplay de coruja pela madrugada a fora.



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Existe algum momento na madrugada em que você se dá conta de que, não importa se o pé está coberto ou não, se está de bruços ou de lado, se bebeu leite morno ou contou todas as cabeças de gado da história da humanidade, você não vai conseguir dormir.

Eu chamo esse momento de “sono de mentirinha” (não é um nome muito másculo, mas você também não é, então cale a boca). Acontece lá pelas três e quatro da madrugada. Você sabe que é inútil continuar deitado, mas também não tem porquê levantar. Então só fica encarando o teto no escuro, sentindo a vida escorrer pelas suas pálpebras mais secas que a virilha frígida daquela vizinha mal-amada que sempre pergunta quando você vai arrumar um namorado.

É minha quarta noite seguida de sono de mentirinha. De dia eu fico parecendo alguma coisa estragada que pisaram em cima. A recepcionista do meu trabalho disse que se continuar assim vão descontar o café que eu bebo do meu salário. Não sei se era brincadeira.

Todo sono de mentirinha tem um motivo de existir, um motivo desesperado por atenção que grita das vielas obscuras da sua mente e não deixa que seus olhos fechem, ou que o colchão pare de pinicar, ou que seus ouvidos ignorem o barulho irritante do relógio batendo, só por birra. Geralmente é algum trabalho importante, saudades, algo que você não disse apesar de querer muito, ou algo que disse e se arrependeu muito, muito depois. Tipo, por exemplo, uma confissão espontânea, num momento inapropriado. Digamos, hipoteticamente, que você tenha invadido o trabalho do seu melhor amigo, às sete da manhã, arrombado a porta de uma reunião e gritado feito uma louca desvairada que ele só podia ser um monte de merda estúpido se estivesse realmente pensando em voltar com a ex.

Me remexo na cama, desconfortável. Nas últimas noites sempre tento varrer a memória incômoda pro esquecimento, lembrando de filmes antigos. Hoje está especialmente difícil. O produtor babaca de Hollywood está acordando e encontrando a cabeça do seu cavalo puro-sangue debaixo das suas cobertas quando o rosto assustado de Pedro surge do nada, e a única coisa que ele, muito confuso, consegue fazer é gaguejar o meu nome. Fecho os olhos com força. Jack Nicholson psicótico arranca um pedaço da porta com um machado. “Ana”, ele diz, olhos verdes muito arregalados. Mia Farrow vai até o berço preto e descobre que deu a luz ao demônio. “Ana, você não está usando calças”.

Rolo na cama de um lado pro outro, o rosto fervendo, desejando ser engolida pelos lençóis para alguma outra dimensão. Por que eu fiz aquilo? Por que, Jesus, Ave Maria, Buda, Michael Jackson, elenco de Lost, por que?

Na hora a resposta me parecia muito óbvia. Eu tinha que fazer aquilo. Foi uma ação tão natural e instintiva quanto respirar. Uma hora eu estava na minha cozinha, passando manteiga em algum pão velho que sobrou de domingo e cantando baixinho junto do rádio, e na outra eu estava na sala de reuniões do décimo nono andar gritando sobre como fulaninha era uma vagabunda ordinária e como eu amarraria o monte de matéria acéfala e fedorenta que o Pedro era em um poste na rua antes de deixar que eles dois voltassem.

Em algum lugar da minha cabeça um homem alegre tenta chamar a atenção cantando o refrão de Singing In the Rain e dando pinotes sobre poças d’água, mas meu cérebro parece particularmente interessado em me denegrir ainda mais. “É claro que eu sei que estou sem calças”, eu não sabia, e puxei a barra da camisa larga de Brasil Rumo ao Hexa!!!!, porque me pareceu que talvez um representante da China estivesse olhando meus fundilhos. “Mas ainda não quer dizer que você possa simplesmente voltar praquela desclassificada!”.

Pedro é um idiota. Tão idiota que chegou a ficar irritado e achou que seria boa ideia discutir comigo, no estado de louca desvairada selvagem que eu estava. “O que deu em você, caralho? Você não manda em mim!”, Pedro gritou. “Eu não vou deixar você estragar a sua vida!”. “Eu faço o que eu quiser com a porra da minha vida!”. Acertei ele com uma pasta que meus instintos assassinos encontraram por aí. Ele tentou tirar a pasta de mim e por um ou dois minutos nós nos estapeamos como dois gorilas ensandecidos. Choveu papel para todos os lados e agora com certeza toda a população da china tinha visto até enjoar as minhas calcinhas floridas. “Por. Que. Você. Tem que. Ser. Tão. ESTÚPIDO?” eu gritava, a cada vez que acertava ele com algum relatório muito bem feito, cheio de detalhes, notas de rodapé e folhas pesadas.

O júri da minha cabeça formado por Audrey Hepburn, Princesa Léia e a gorda psicótica de Obsessão defendiam arduamente a minha atuação. A gordinha até mesmo se queixava por eu não ter decapitado alguém com o grampeador. Elas entendiam que eu não tinha outra escolha. Afinal, o que mais você pode fazer quando recebe uma mensagem de texto do seu melhor amigo dizendo “sorte do dia: pediu pra gente conversar. talvez a gente volte.”, senão ir até o trabalho dele ainda de pijama e meter a força um pouco de juízo naquele cabeção animal?

A culpa era toda dele. Pedro, seu idiota. Imbecil, babaca, jumento. Chuto o travesseiro contra a parede como se fossem os seus miolos molengas. Ele conseguiu a façanha de encontrar a pior piranha do Rio de Janeiro pra chamar de mozinho. Já perdi as contas de quantas besteiras ela fez, pra depois jogar a culpa nele e o desgraçado terminar a noite enchendo a cara dizendo que não voltaria nunca mais e ligar pra ela na manhã seguinte, porque tava carente. Aquele demente. Demeeeente!

Agora você já deve ter uma noção bem clara do drama do meu sono de mentirinha. E se não estiver do meu lado, cai fora da minha história. Vai ligar pra sua própria vagabunda ordinária que faz escândalo porque só ela pode ter as unhas dos pés pintadas de vermelho, que eu não quero gente assim sendo meu leitor.

O que tem realmente me deixado inquieta vai voltando pra minha cabeça, enquanto tento me soltar do nó que o lençol fez em volta do meu pé como se fosse uma cascavel. É o fim da lembrança, que eu sempre adio. É o momento em que Pedro agarrou meus pulsos e me sacudiu feito gelatina barata. “Ana, porra! Qual teu problema? Pra que esse barraco todo?”. Eu ainda me debatia feito barata quando leva inseticida na fuça. “Me solta seu palerma frangote nojento imbecil só faz merda ainda quer voltar praquela piranha tomara que os dois ardam no inferno de judas não sei porque caralhos eu ainda sou tua amiga ou porque eu gosto de você filho da puta monte de idiota escroto”, gritei, ou cuspi todas as palavras de uma vez, como preferir, louca desvairada cheia de revolta na cachola que eu sou.

Veja bem, eu só percebi mesmo o que tinha acabado de fazer quando fui solta e senti o silêncio pesando sobre a sala. Aquele silêncio que parece errado, sabe. Aquele silêncio “fudeu, fiz merda”. E eu nem me refiro a ter invadido a reunião de negócios de uma empresa multinacional ou ao chinês tirando foto com flash da minha calcinha pra usar como papel de parede mais tarde. Pedro parecia congelado, com aquela cara de palerma enjoado dele, os olhos afilados, a boca aberta. “O que você disse? Ana... O que você disse?”.

Não fiquei pra responder. A lembrança torturante termina com Pedro gritando nas minhas costas que eu se eu achava que podia ficar bagunçando a vida dele desse jeito e fugindo quando quisesse, estava muito errada, mocinha, e pare de fugir agora antes que eu jogue essa cafeteira na sua cabeça, e você sabe que eu sou bom de mira, vou abrir um buraco no seu crânio e usar pra guardar moeda, e Ana você não pode fugir de mim a vida inteira enquanto eu corria da sala de reunião e por nove pares de escada até que não pudesse mais o ouvir.

Desde então, eu não tenho dormido muito bem.

Muitas ligações e mensagens de texto com “precisamos conversar” vieram e estão sendo devidamente ignoradas durante esses quatro dias. Não sei como responder. Não sei direito o que dizer, ou o que aconteceu. Digo pela parte do meu psicológico, já que o físico todo mundo sabe desde que alguém postou o vídeo no youtube “mina locona quebrando o pau no rapaz”. Você pode procurar, se quiser. Modéstia a parte, minha família inteira, inclusive um tio do Piauí que eu nem sabia que existia (nem o tio, nem o Piauí), me ligaram para parabenizar a minha atuação e dizer que se eu precisasse de uma ajuda medicinal eles estavam aí pra isso.

Não é como se eu gostasse do Pedro. Como uma mulher gosta de um homem e como dois cachorros se gostam quando estão no cio, quero dizer. Nós somos amigos há uns bons cinco anos. Ele me ajudou a passar da fase de adolescente esquisita e eu o ajudei a controlar o gênio fora da lei destrutivo. Nós viramos muitas noites bêbados, rindo, conversando, gritando, deitados no terraço de um prédio que invadimos, correndo na praia, sendo assaltados na praia, fazendo boletim de ocorrência na polícia porque o cara que nos assaltou na praia denunciou Pedro por ter quebrado a cara dele. Não é como se eu gostasse dele.

Pensar nesse assunto faz meu sangue arder e me dá uma agonia enorme, e decido sair da cama. O ar está tão abafado que, na verdade, eu saio de casa. São quatro da madrugada, mas eu não consigo ficar parada. Desço a rua do meu apartamento primeiro com uma caminhada devagar e acabo correndo até meus pulmões quase arrebentarem com o ar semicongelado da madrugada. Os pensamentos não ficam pra trás. Eles me perseguem como se estivesse presos ao meu pescoço por uma coleira.

Eu não gosto do Pedro. Ele sempre esteve comigo quando eu precisei, mas é isso que amigos fazem. E eu me preocupo com ele, mesmo sabendo que ele se acha tão bruto e agressivo que poderia arrebentar qualquer problema que lhe aparecesse. Mas ele não entende que não é assim, e não vê o quanto é carente, e idiota, e carinhoso. E frágil, eu diria. O problema é que a vagabunda ordinária da ex também não vê isso, e adora e trata ele como se fosse um pitbull de lutar.

Pedro não é só ele quando arrebenta a cara de um brutamontes na praia, ou quando fica bêbado e arranja briga com seis caras de uma vez, ou quando atira uma cafeteira em alguém que está fugindo do seu trabalho pelas escadas. Pedro também é a forma como ele fala empolgado de algo que gosta, e o sorriso que dá quando brinca com o seu cachorro, e o fato de ligar pra mãe todo dia de manhã pra dar bom dia.

Eu lembro do jeito como ele bate os dentes quando está concentrado e isso faz meus intestinos gelarem. Lembro de como ele sorri quando eu falo algo maldoso demais e diz “precisamos dar um jeito em você, Ana”, e corro o mais rápido que posso. Eu não gosto dele. Eu não gosto dele. Eu não gosto dele.

O telefone está na minha mão e minha respiração está ofegante demais. São quatro e quarenta da madrugada e conto oito toques na ligação antes de ser atendida.

“Seja quem for, vá pro inferno”, a voz rouca de sono me atende.

“Pedro, sou eu.”

“Ana”, ele leva um segundo ou dois esperando sua habilidade de raciocínio acordar, “que horas são?”

“Quase cedo o bastante pra ver Dora, a aventureira”.

Há um silêncio na linha e eu sinto um certo medo. É a primeira vez que nos falamos desde a minha piração e imagino que ele no mínimo esteja com algum ódio no coração pela cena.

“Que droga, Ana”, ele diz, “Vai, Diego, vai é muito mais legal.”

Eu rio e há um silêncio curto outra vez.

“Você podia ter esperado até meio-dia pra dizer que sente muito e que eu sou um cara muito legal por não te matar”, Pedro diz, sonolento. “E vá ignorar as ligações da sua mãe, por favor.”

“Pedro”, eu o interrompo. “Pedro, eu...”

Não consigo encontrar as palavras certas pra continuar. Esse é o pior lado do sono de mentirinha. Ele te ajuda a descobrir que lado da sua vida você andou capengando e o que precisa consertar, mas não como resolver o maldito problema.

Talvez Pedro tenha finalmente percebido a minha voz ofegante como a de um cachorro ou tenha se assustado por eu não chamá-lo de idiota em trinta segundos inteiros. De qualquer forma, a voz dele perde o resto da rouquidão do sono e pareceu mais alerta.

“Você está drogada?”, um carro passou raspando por mim buzinando muito alto, porque eu de alguma forma estava andando pelo meio da rua sem perceber. “Ana, onde você está?”

“Pedro”, repeti. “Acho que estou prestes a fazer uma merda muito grande.”

“Ana, me diz agora onde você tá, eu tô indo te buscar. Quem tá aí com você? Não desliga a porra desse telefone. Ana, responde!”

Senti a voz dele ir se perdendo dentro de mim, aos pouquinhos. Minha mão que estava com o celular caiu para a cintura e Pedro me xingando e os barulhos dele pelo quarto ficaram distantes. Eu olhei pro alto, buscando uma última certeza. Dizem que a hora mais escura da madrugada é a que vem logo após o amanhecer. Devia faltar pouco, então.

Puxei um último fôlego. E gritei.

“Pedro! PEDRO!”

Levou um instante ou dois para que ele aparecesse na janela do terceiro andar, bem acima de mim, ainda com o celular segurado contra uma das orelhas.

Pude ouvi-lo gritar meu nome, xingar, e mandar que eu esperasse, ele ia descer. Mas eu não podia esperar. Se não fizesse isso logo talvez não conseguisse dormir nunca mais na minha vida. Fechei os olhos com força e puxei fôlego mais uma vez.

“PEDRO, EU SINTO MUITO POR TER INVADIDO O SEU TRABALHO! Desculpa se isso te deu problemas! Eu sei o quanto você se esforça naquela porcaria!! E SINTO MUITO POR CHAMAR A SUA EX DE VAGABUNDA ORDINÁRIA! E DE PIRANHA, E DE CACHORRA, BUNDA MOLE, DESCLASSIFICADA... E PUTA, EU TAMBÉM CHAMO DE PUTA, QUANDO VOCÊ NÃO TÁ PERTO!! Sinto muito por parecer ser tão mandona na sua vida! EU SOU ESTÚPIDA, VOCÊ SABE!! DESCULPA MESMO!!! E desculpa, mas é que... É QUE EU MEIO QUE ACHO QUE ESTOU APAIXONADA POR VOCÊ!!! MAS FOI SEM QUERER!!!!”

Assim, aos berros, pro céu, pro inferno e pros vizinhos com insônia ouvirem, eu vomitei meu coração em palavras nada meigas e desajeitadas. Me declarei aos olhos de Jesus, Ave Maria, Buda, Michael Jackson e do elenco de lost. E tudo que me sobrou foi a garganta latejando, desconfortável.

Nada aconteceu.

Eu abri os olhos devagar, temerosa, como quem vai no banheiro de madrugada e toma cuidado pra caso a avó esteja fazendo xixi quietinha no escuro. Só vi o céu muito preto sob a minha cabeça.

Pedro não estava na janela. Ele deveria estar empacado com a chave da porta, ou descendo as escadas. Ele não me ouviu.

Meus joelhos fraquejaram e eu não sei dizer se o que me encheu foi alívio ou algo mais esquisito. Estava feito, pelo menos. Talvez agora eu pudesse dormir.

Começava a pensar em dar meia-volta e correr pra casa, quando meu olhar baixou e encontrei Pedro no portão, me encarando. O susto foi tão grande que quase caí pra trás. Eu não tinha o ouvido chegar. O filho da mãe tá treinando pra ser ninja?

“Ei”, eu disse, meio desconfortável, e emendei a primeira coisa que consegui pensar “Tá treinando pra ser ninja, por acaso? Nem te vi aí.”

“Ana...”, ele abriu um sorriso muito cansado, muito dele, e passou uma das mãos pelo cabelo amassado. “Você tem que parar de bagunçar a minha vida assim”.

“Eu sei”, ri de nervosismo, tentando fazer com que tudo parecesse natural “Mas quem quer dormir quando dá pra se ter uma madrugada tão interessante assim? Eu sou pura diversão.”

“Pelo menos dessa vez você está usando calças”, ele diz, e eu olho pras minhas pernas cobertas pela flanela lilás.

“Achei melhor usar pijamas assim. Você sabe, pro caso de eu precisar fugir por aí.”

“Você não vai fugir agora, vai?”

Pedro me encarou com seus olhos muito verdes, e de repente eu soube que ele tinha me ouvido, sim. Como eu seguia com as coisas agora? Desviei o olhar pra rua deserta, sem um poste de luz ligado. A companhia elétrica dessa área é bem vagabunda.

“Não sei.”

“Não sabe ou não quer?”

“Não quero.”

“Então, fica.”

Pedro estava encostado no batente da porta, me oferecendo a mão. Alguma coisa na pose dele, no sorriso de garoto, na samba canção que deixava ele com cara de pai divorciado que dá em cima das amigas da filha, nos olhos que me conheciam havia tanto tempo, me atraía muito mais do que deveria. Eu vacilei.

“Eu sou uma bagunça...”

De alguma forma ele me alcança e me puxa pela cintura. Pedro, o meu amigo idiota que faz piadas dignas do Zorra Total. Pedro, o babaca agressivo que já quebrou o meu braço. Pedro me abraçou, o seu corpo tão quente do sono de verdade que eu interrompi contra a minha pele congelada de desbravadora da madrugada que senti que poderia derreter. De alguma forma eu ainda estava inteira quando ele disse, a testa quase colada na minha:

“Você é. É louca, impulsiva e incontrolável. Uma maldita fugitiva. Nunca consigo saber qual a próxima coisa que vai fazer, ou falar. Você me atrapalha e me perturba de todas as formas imagináveis e ainda é cara de pau o suficiente pra me largar por quatro dias inteiros preocupado contigo e invadir meu prédio de madrugada.”, ele diz. “Sem contar que consegue ser lerda o suficiente para ser a última pessoa a ver que eu também gosto de você, Ana. Mais do que o que seria recomendável.”

Devagar, quase como se estivesse com medo de que eu mordesse – e talvez estivesse -, ele me beija. A sensação é uma pressão quente e carinhosa sobre meus lábios e faz com que todos os nós dados pelo meu estômago se derretam e desmanchem.

“Vem”, ele aponta com a cabeça pras escadas “já, já vai começar Dora, a aventureira.”

Nós rimos, porque ele é o idiota do meu melhor amigo, e finalmente sinto que eu talvez não tenha estragado tudo à minha volta.

Não havia mais drama torturante para ser resolvido, nem questões existenciais ou arrependimentos gigantescos para serem trocados por Hannibal Lecter ou pelo Charles Chaplin. O sono de mentirinha finalmente deu tchauzinho, bateu os pés no tapete e se mandou. Depois de umas cinco horas animadas Pedro e eu dormimos feito dublê de defunto.





Para de pensar besteira. Nós ficamos acordados assistindo Dora, a aventureira.





Por um tempo, pelo menos.


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Notas finais do capítulo

Quem nunca ficou com insônia e saiu correndo de casa às quatro da madrugada de pijama pra resolver os seus problemas? Acontece o tempo todo.Pff.