Eram nove horas da manhã e Melissa já estava terminando de passar seu gloss. Acordará cedo, pois pretendia conhecer a cidade e, quem sabe, comprar algumas coisas, aproveitando que não tinha aula.

Naquela noite sonhará com o encontro que teria com Isabella. Teve duas versões em sua cabeça: ou Isabella adoraria ter uma irmã, ou odiaria o fato. Apostava na segunda opção, mas confiava que Charlie saberia lidar com isso.

Mel arrumou o cabelo em um rabo alto, chaveou a porta e saiu para andar pela cidade. Estava indo a pé mesmo, já que sua moto chegaria hoje junto com os moveis e caixas.

Parou em frente à uma lojinha vermelha, com detalhes verde-limão que chamou sua atenção. Não que ela achasse bonita essa combinação de cores, na verdade estavam horríveis, e foi exatamente por isso que lhe chamou a atenção. A loja era simples, assim como as outras, mas tinha verdadeiras maravilhas para uma pessoa como ela, que queria decorar a casa.

Mel sempre quis ter sua própria casa, deixá-la como quisesse, e agora finalmente conseguira isto. Sorriu e andou até a seção de quadros. A maioria ilustrava paisagens, haviam até algumas que ela reconhecia das fotos que sua mãe tirou em sua viagem para Forks e que sempre lhe mostrava. Mas o quadro que mais lhe agradou mostrava um lobo. Na verdade uma loba, completamente branca, deitada em uma grama verde e cercada por lobinhos pretos e cinzas. Um único filhote, o mais miúdo e afastado dos outros era marrom e, com certeza, fora o que mais lhe deu vontade de apertar.

Mel foi até o balcão e pediu para que o dono da loja deixa-se aquele quadro e um outro, que detalhava uma garota dançando, reservados, ela voltaria e buscaria mais tarde, pediria para Charlie ajudá-la já que ainda não possuía um carro. Seu único veiculo era sua amada moto. Moto essa que estava indo buscar neste momento.

Assim que entrou na construção que abrigava a transportadora, Mel pôde avistar sua Yamaha preta. Correu até ela sorrindo e, literalmente, lhe deu um abraço.

–Te extrañaba, baby. – sussurrou e ajeitou-se ao ver o atendente lhe olhando com uma sobrancelha arqueada e um sorriso divertido. – Ah, oi. – Sorriu amarelo. – Vim buscá-la, quanto ficou?

–Aqui diz que já está paga. É só assinar aqui, montar e sair.

–Sério? Mesmo? – sua empolgação era contagiante, o atendente apenas assentiu. – Me dê esse papel aqui logo. Tem uma caneta?

Mel assinou onde devia, vestiu seu capacete e saiu. A verdade era que, por ela, não usaria o capacete, adorava sentir o vento diretamente em seu rosto e bagunçando seus cabelos, mas não queria obrigar o pai a lhe dar uma multa por desobediência à lei de transito.

– Ajuda? – ela virou-se em direção à voz e viu um garoto alto, louro e de olhos verdes, sorrindo para ela. Pela camiseta e boné com logotipo, deduziu ser o atendente da loja de artigos esportivos que acabara de entrar.

– Na verdade sim. Que tipo de esporte se pratica por aqui? – perguntou. Gostava de coisas novas e atividades esportivas era uma das áreas que mais lhe interessava.

– Não tem muito o que se fazer em Forks. Talvez uma caminhada pelas trilhas da floresta, mas está proibida a entrada de pessoas naquela área. Se você for corajosa pode tentar o Surf em La Push, ou, se for louca, tentar saltar de um dos penhascos. – Mel sorriu.

– Quero materiais para trilha e caminhada, roupa de surf e uma prancha. Ah, e vocês tem biquínis? – assinalou nos dedos, o fazendo arregalar os olhos.

– T-temos. A parte das roupas é por aqui. – ele foi andando e Mel o seguiu. Ficou escolhendo os biquínis e as roupas de surf enquanto o garoto foi buscar os equipamentos para trilha. Ela pediria uma liberação para seu pai para poder caminhar, não gostava de ficar parada e não era agora que iria começar.

Escolheu dois biquínis apenas, havia trazido outros na mala e pretendia usá-los nos raros dias de Sol. A roupa de surf era branca com alguns desenhos em vermelho. Pegou também uma saída de praia branca, soltinha e dois pares de rasteirinha.

– Hey, as pranchas de surf são por aqui. – ele apontou e ela novamente o seguiu.

– Esta ou... esta? – ela apontou para as duas, pedindo a opinião dele.

– A segunda tem as cores da sua roupa. – ele apontou, com uma feição de quem não sabia exatamente o que estava dizendo.

– Tem razão. – sorriu.

– Você é nova na cidade, não é? – Ele perguntou curioso e Mel assentiu.

– Sim. Melissa, prazer – esticou a mão para o garoto que a segurou.

– Mike. Mike Newton – Mike apertou a mão dela e Mel não conseguiu deixar de pensar que viu o rosto do garoto ficar vermelho quando segurou sua mão.

– Seus pais têm uma loja ótima. – sorriu, e então seguiu para o caixa – Tem como deixar a prancha para pegar depois? Na moto é meio complicado de carregar. – Disse para a garota de cabelos e olhos castanhos que estava passando sua compra.

– Tudo bem, reservamos por dois dias. – ela disse sorrindo para Mel.

– Obrigada. – as duas se viraram para Mike que se aproximou para embalar as cosias.

– Você está na cidade a passeio? – ele continuou a sessão de “perguntas para a estrangeira”.

– Não. Vim morar com meu pai e minha meia irmã. – contou indo em direção a porta.

– Ah – ele a seguiu – Quem é seu pai?

– Charlie Swan.

– Você é filha do chefe Swan? – perguntou alto já que Mel estava caminhando pra longe.

– Esse mesmo – sorriu e acenou, enquanto atravessava a rua.

Melissa não sabia, mas havia acabado de ter seu primeiro contato com sua irmã, e deixado uma boa impressão ao menos por enquanto. No entanto, as coisas podem mudar muito rápido. Um segredo muda vidas. E ela era toda uma vida guardada em segredo.