Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 50
O amanhecer


Notas iniciais do capítulo

Gente muito obrigada pelos últimos comentários. Pela primeira vez, recebi 3 páginas de comentários em um só capítulo. Eles me deixaram tão animada que senti na obrigação de postar um capítulo hoje, kkk. Além dos comentários também recebi 2 recomendações, o que também me deixou tão feliz. E assim dedico esse capítulo especialmente a Laila e a mariia avlis que recomendaram a história. Valeu.
Vou deixar vocês com o capítulo, sei que ele não está aquela coisa, mas espero que gostem e comentem.



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"- Edgar, eu quero muito. Eu quero ... eu quero ... eu quero muito! Mas só de pensar na possibilidade de te perder de novo. Eu não sei se aguento. - Laura

– Não, você não vai me perder.- Edgar

– Você já disse isso antes. - Laura"

Lado a Lado

Por Edgar

Eu acordei... ainda era cedo e Laura estava em meus braços... Parecia um sonho ... A noite anterior toda parecia um sonho. Mas era realidade, e vê-la em meus braços me dava mais certeza disso.

Não havia palavras para descrever aquela noite e como senti ao tocá-la, possuí-la depois de tantos anos. Nossas ações no baile causaram uma grande comoção, não sabia como seríamos vistos depois daquilo. Mas não me importava. Eu estava feliz, completamente feliz.

Não conseguia imaginar como tinha vivido tanto tempo sem ela. Ou melhor, eu não tinha vivido, durante todos esses anos eu havia hibernado. Esperado por esse momento, pois somente ao tocá-la, ao tê-la daquela maneira, eu me sentia vivo de verdade... de corpo e alma.

E eu queria ficar assim pra sempre com Laura. Entre aquelas quatro paredes do nosso quarto, abraçado a ela, sem nenhuma roupa nos separando, sentindo a sua pele, seu calor, seu cheiro... Mas isso não era possível, já amanhecia e sabia que em breve teríamos que voltar para o mundo. Como tinha medo desse amanhecer. Como tinha medo que aquela felicidade acabasse.

Então a abracei mais apertado, como se assim pudesse aproveitar mais esse momento e impedi-la de sair dos meus braços. Mas ela começou a se mexer, o que aumentou meu medo de vê-la partir:

– Edgar, meu amor? – ela disse se espreguiçando

– Meu amor – a beijei de leve

– Já amanheceu? – ela perguntou manhosa

– Ainda não – sussurrei em seu ouvido – Pode voltar a dormir.

– Eu não quero voltar a dormir. Você dormiu bem? – ela sorriu iluminada

– O melhor sono que tive em 5 anos- fui verdadeiro

– Eu também – ela comentou

– Sendo assim ... - disse atrevido, se ela não queria dormir, achei que podíamos aproveitar aquele tempo juntos, até porque eu não sabia o que aconteceria depois que amanhecesse.

Comecei a beijar seu pescoço, sua nuca, seus ombros, acariciar e beijar as suas costas. Laura suspirava e eu também, tocá-la me tirava do prumo, me inebriava. Depois a virei e beijei sua boca com vontade... Ela estava tão linda... tão real... E nesse clima delicioso de um novo dia... com forças renovadas e conosco completamente ao natural ... nos amamos novamente com muito amor e calma enquanto amanhecia.

Mas a manhã veio, nós ainda ficamos um pouco preguiçosos nos braços do outro. Só que tivemos que nos levantar... Já era hora... E Laura começava a se preocupar com nossos filhos.

Ela queria ir embora logo. Falava das crianças. Mas eu a convenci a ficar um pouco mais. Ela não podia ir ainda, não sem antes conversamos... depois dessa noite... não sem saber direito o que faríamos a seguir.

Na noite anterior, ignoramos o passado... não falamos do futuro ... deixamos ambos para viver o presente, seguir nossos sentimentos. Mas esses não podiam ser ignorados eternamente, e por isso eu tinha medo desse amanhecer, dessa conversa que precisávamos ter, tinha medo dela acabar com a nossa felicidade, só que não podia ser mais adiada.

Laura conseguiu achar uma roupa mais apropriada para o dia no guarda-roupas, nos arrumamos e descemos pra tomar o café da manhã:

– D. Laura? – disse Matilde surpresa ao avistá-la na mesa

– Sim... Matilde. Sou eu. Bom dia – ela disse bem humorada

– Fico feliz de ver a senhora aqui- ela disse sincera

–Eu também fico... e muito .– falei segurando sua mão, e sorrindo pra ela.

Nós comemos um pouco nesse clima ameno, estávamos felizes e ainda trocávamos olhares apaixonados.

Mas íamos adiando a nossa conversa... por medo. E apesar de não demonstrar, uma ansiedade começava a tomar conta de mim. Em um momento enquanto Laura ria de um comentário meu, eu acabei não conseguindo me segurar:

– E agora, Laura?- perguntei sério, ela apertou minha mão e olhou bem em meus olhos

– E agora, Edgar? – eu a olhei firme e ela continuou indecisa – Não sei...não sei. O que você quer fazer?

– Volta pra casa, traz as crianças e vamos viver como uma família. Seremos felizes... – sorri talvez ela aceitasse a minha proposta assim

– Eu não posso, Edgar. Não posso – ela respondeu desviando o olhar

–Não diga que você se arrependeu...- eu gaguejava- Arrependeu da última noite...

– Não, nunca me arrependeria. Foi uma das melhores noites da minha vida... Você foi tão maravilhoso, eu me senti tão feliz, e em um momento que estava tão mal. Agora me sinto tão bem... Ahh... Eu não posso. Entende... Eu não posso me jogar de cabeça...- ela disse emocionada, e eu apertei novamente suas mãos

– Laura...meu amor ... Eu sei que tem os nossos problemas... mas a gente pode resolver isso juntos. Volta pra casa.

– Edgar, entende... eu não posso... eu não consigo ... não agora. Não assim de uma vez... há tantas coisas. Ontem e hoje foram maravilhosos... mas isso já aconteceu antes... Nós éramos muito bons nas noites. Eu preciso saber se agora somos bons durante o dia. A gente mal começou a se acertar... Há tantas coisas não resolvidas, entre você e eu, entre os nossos filhos. Não posso trazê-los assim de repente... Não sei se posso confiar em você, no destino. Você pode dizer com sinceridade que confia totalmente em mim?

– Não, mas a gente vai recuperar essa confiança. E quero fazer isso junto. Há tantos anos que vivo nessa casa vazia... quero vê-la com vida e amor. E agora, Laura...

– Edgar, eu imagino o quanto deve ter sido difícil, o quanto você sofreu aqui... Ontem, eu …- ela estava emocionada- Mas vamos com calma... Agora … ainda não consigo. Eu estou pensando em nós dois a longo prazo. Eu estou pensando em nós dois e principalmente nas crianças... Precisamos acertar as coisas antes, a nossa confiança... não posso voltar pra uma canoa furada. Pois se algo der errado... se nós não conseguimos, não sei o que será de mim … e nossos filhos serão os mais afetados. Aí não terá mais chance pra gente. Pra nossa família.

– Nada vai dar errado, meu amor. A gente vai conseguir ... – falei intenso e acariciei o seu rosto

– Você é muito otimista. Dizia isso antes , e não ... – a interrompi

– E você é pessimista. Agora é diferente. – estava começando a me alterar

– Edgar, não quero tomar uma decisão precipitada. Só agora que voltamos... Ahhh... Acho melhor ir, eu já tinha que ter ido mesmo... Pensa ... eu também vou pensar... depois nós conversamos , vai ser bom cada um pensar sozinho– ela se levantou e estava indo, eu ainda tentei impedi-la segurando seu braço, ela olhou bem pra mim, me beijou e depois disse

– Meu amor... preciso ir ... pensa ... não fica chateado comigo.

Assim, ela saiu. Eu fiquei pensando ... Não estava chateado. Fiquei triste com as suas ideias, mas não chateado. Queria tanto ela, Pedrinho e Cecília na nossa casa. Queria os tanto perto de mim.

E aquela conversa tinha me incomodado. No fim, não tínhamos decidido nada. Era cada um com a sua visão, mas nenhuma decisão. Não queria que tivesse terminado assim.

Eu precisava de um rumo. Depois daquela noite singular, com as sensações e os sentimentos maravilhosos ainda vivos, e uma vontade grande de vivê-los novamente, era o mínimo que tínhamos que ter, um rumo.

Eu amava Laura e sabia que ela me amava. Nas nossas últimas horas juntos reafirmamos isso com tamanha intensidade. Não podia deixá-la sair assim e fui atrás dela. Talvez ainda a encontrasse na rua.

Mas não a vi. Peguei meu carro e fui diretamente pra sua casa. Nós precisávamos terminar aquela conversa, e não era depois, era naquele momento.

Fui atendido por Lauro e entrei um pouco desconfortável:

– Bom dia, Edgar – ele me cumprimentou

– Bom dia – respondi desconfortável, nos sentamos no sofá, rolava um clima estranho, eu já não tinha o mesmo ciúmes, mas percebi que nunca havia conversado realmente com ele, assim pra quebrar o clima fui direto ao que queria – A Laura está?

– Ela não está com você? Nesse caso, vou começar a me preocupar... já que ela não passou a noite aqui!- ele disse sugestivo

–É que... - estava acanhado – Nós passamos a noite juntos … mas tivemos uma conversa hoje de manhã e … - ele me interrompeu

– Vocês brigaram? - Lauro me perguntou direto

– Não, não foi uma briga … Mas é que... não estava sendo muito boa e não terminamos a conversa.

– Entendo. Foi há muito tempo?

– Não – respondi

– Então a Xará ainda deve estar chegando. Fica tranquilo – ele falou de forma calma

– E as crianças? - perguntei

– Isabel, saiu com os 3. Meio que pra evitar perguntas de Pedrinho e Cecília sobre a mãe – ele disse sorrindo

– Foi uma boa iniciativa – admiti

– Isabel tem ótimas iniciativas... - ele riu, fez uma pausa e depois voltou a falar – Edgar, espero que seu ciúme tenha acabado depois de ontem.

– Ciúme? Eu não … - ele me interrompeu

– Veja bem, a Xará é uma mulher bonita e eu gosto muito dela. Mas não é dessa forma... não da forma que você gosta dela. Entende? Ela é uma ótima amiga, e depois desses anos todos, é como se fosse minha irmã.

– Eu imaginei depois que te vi com Isabel. Com ela é outra história, né?- insinuei

– Sim... Ahh, Isabel … - Lauro suspirou - com ela é outra história sim. Uma história complicada... Não tão complicada quanto a sua e da Xará, mas é complicada também. Só que ontem, acho que nos acertamos … finalmente – ele parecia feliz

– Fico contente em saber.

– Eu te garanto que estou mais contente que você com isso. - ele parecia animado, Lauro era muito simpático mesmo e realmente em pouco tempo ele tinha conseguido me deixar a vontade – Agora sobre a Xará, fica tranquilo. Mesmo se eu quisesse alguma coisa com ela, não teria chances. Nem eu, nem ninguém. Não com ela te amando tanto. Você é o único que ela quer, Edgar.

– Ótimo saber isso, Lauro- disse ainda um pouco resistente

– Deixa de ciúmes, homem.. Laura é bonita sim, houve pretendentes, uns até com intenções sérias... Mas ela nunca quis, pois nunca te esqueceu.

– Você acha que falar que minha mulher teve pretendentes vai me deixar tranquilo?- perguntei

– Não podia mentir... Com o seu jeito e beleza, você sabe que seria assim.

– E é isso que me perturba – comentei

– Mas não precisa se preocupar … A xará nunca deu confiança a outro.

– Não é que não confie no amor de Laura. Eu confio. Eu não confio é nas ações dos outros homens.

– Estou vendo o quanto é ciumento... O que separou vocês não foi falta de amor, me parece mais obra do destino. Saiba que torço muito por vocês. Me simpatizei com você e sei que podem ser felizes juntos, pois você também a ama, apesar de tudo. Ela já sofreu muito. Enfim, você tem o meu apoio. Só não a magoe novamente, pois aí se verá comigo.- ele ameaçou de forma leve

– Eu não vou... Eu não quero magoá-la. Só quero fazê-la feliz.

– Bom saber … Sabe que ...

E nós continuamos a conversar. Ele me contou casos de quando todos moravam na pensão. Alguns engraçados, o que nos trazia muitas risadas, outros mais sérios. Eu também contei algumas estórias minhas e de Laura.

A conversa foi bem animada. E eu percebia o quanto Lauro era uma ótima pessoa. Ele era muito espontâneo, e entusiasmado. Chegamos a falar de assuntos muito íntimos como os meus problemas com Laura e as suas intenções de pedir Isabel em casamento. Até dei umas dicas sobre onde conseguir alianças e como falar com seu futuro sogro.

Depois de algum tempo, Laura apareceu, nos pegou conversando e rindo. A expressão em seu rosto era bem engraçada, talvez ela tivesse estranhado essa minha aproximação repentina com Lauro.


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Notas finais do capítulo

Sei que esse capítulo pode ter mudado um pouco o clima dos anteriores... Sei que não deve ter agradado tanto. Mas não é sempre que dá para escrever capítulos com profusão de emoções, kkk, esse foi necessário pra construir a narrativa. Espero que mesmo assim tenham gostado. Ainda há um monte de coisas pra acontecer.
Então o que acharam? E essa ideia de Edgar? E essa ideia de Laura? E Edgar e Lauro como amigos? Espero que tenham gostado e comentem muito, recomendem, pra me a ajudar a escrever.