E Se Eu Não Voltasse, Você Sobreviveria Sem Mim? escrita por GiGihh


Capítulo 26
Recordações e verdades vindas de um sonho


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas que eu adoro!!! Demorei, não foi? eu estava de castigo e meu pai quiz prolonga-lo bastante depois que dei as minhas escapadas... Bem demorei um pouco para fazer o cap, mas acho que ele ´ficou bom, mas é vocês quem devem dar opnião aqui, então...
Boa leitura!



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SADIE



Parecia quase impossível um de nós dois desviar os olhares; eu via muito claramente o medo em seus olhos escuros, a preocupação e alivio. Era reconfortante saber que eu podia contar com ele... Que ele se importava. Decidi por desviar meus olhos dos seus e voltar à atenção para minha avó.



–Quando vocês vão?

Seus olhos me pareceram tristes e ainda mais cansados.

–Vamos agora. – senti que meus olhos se arregalaram – Minha querida, você vai ficar bem. Seus deuses vão vigiar vocês dois; vão guardá-los em segurança. – ela beijou minhas mãos e sai da sacada, parou em Walt e disse que cuidasse bem de mim; assim que ela sai do quarto senti meus olhos se encherem de lágrimas e os olhos de Walt sobre mim. Virei para a sacada ignorando o menino e vi meus avôs entrando no carro e sumindo pela estrada de terra... Um vento frio levantou meus cabelos e levou algumas das minhas lágrimas embora, mas não todas.

Quando os perdi de vista voltei a me sentir estranhamente só; abandonada em um pesadelo que eu já não conseguia controlar e muito menos acordar. Voltei a sentir o calor de seus olhos sobre mim e voltei a me virar. Walt continuava no mesmo lugar de antes e o mesmo olhar permanecia; provavelmente pensamos igual e tínhamos nossas necessidades: corremos um para os braços do outro até nos perdermos em um abraço apertado. Envolvi seu pescoço em meus braços do mesmo modo que ele enlaçava minha cintura; não sei ele, mas consegui recuperar minha paz e a sensação de solidão de perdeu bem longe de mim.

–Você tem uma voz impressionante. – ele disse sorrindo quando nos afastamos um pouco; não consegui manter o riso preso dentro de mim. Ri com vontade, pois essa era a ultima coisa que eu esperava que ele falasse.

Ele sorriu e pegou meu pulso com delicadeza e cuidado, e passou a observar meu ferimento: uma linha rosada cortava minha pele do pulso até a palma da mão. Walt seguiu o caminho do corte com o dedo, olhado encantado para minha pele que parecia brilhar na linha rosada.

– Seu corpo se recupera muito mais rápido. – ele comentou ainda admirando meu ferimento, mas já não o segurava.

–Vou considerar isso como um elogio. – voltei a me sentar na sacada, mas ainda pude senti-lo sorrir; segundos depois ele estava sentado ao meu lado admirando a noite comigo. Não precisávamos de palavras; estávamos bem e não estávamos sozinhos. Depois de algum tempo em silencio o bater de assas me chamou a atenção. Estava surpresa que ele não tivesse aparecido antes.

–O que veio fazer aqui? Eu não vou te morder!– perguntei e exclamei em alto e bom som em tom de riso. Walt olhou para mim como se eu estivesse ainda mais louca do que o normal, mas antes que ele dissesse algo uma voz cortou o ar.

– O que? Até parece que você não morde! – a águia se tornou visível e no mesmo instante estendi o braço direito e as garras se fecharam em meu pulso. Eu ri e Walt deixou escapar um sorriso de canto. Hórus, meu pai tinha ele como melhor opção – Bom você esqueceu algo na sua janela e me enviaram para lhe trazer. – só então reparei no que estava enrolado em uma das suas garras... – Acho que isso não combina muito comigo, então... – Hórus libertou meu pulso de suas garras e ergueu vôo; não se afastou muito e logo ele soltou o objeto no ar que vinha em minha direção: meu colar se encaixou em meu pescoço e o deus pousou ao meu lado.

–Brigada! – sorri para o deus que voltou seus olhos de cores diferentes para mim em duvida.

–Pelo colar? Não, eu fui mandado e...

–Não, não por isso – cortei-o e tanto Hórus quanto Walt me olhavam sem entender do que eu falava; meus olhos fitavam a escuridão da noite encantada com uma constelação quase passageira, o sorriso da deusa Nut e não consegui evitar sorrir de volta – Por me ajudar hoje, Hórus. Acho que sem você Emma não estaria mais viva.

Se fosse possível a ave hospedeira teria sorrido, mas como isso não era possível, o sorriso veio dos olhos da ave em um brilho de orgulho.

– Ah menina, ela estaria sim. Você leva mais jeito do que gostaria de admitir. Dei-te os conselhos a pedido do seu pai, mas no fundo não era muito necessário e ele sabia disso. – a ave fez algum som estranho aos meus ouvidos e entendi que aquilo era o mais perto de uma risada que o deus chegaria – Ainda me pergunto o que passou na sua cabeça pra morder o nariz do mercenário.

Eu levei o dedo aos lábios sentindo o começo de um enjôo.

– Eu ainda consigo sentir o gosto do sangue dele. – senti meu corpo tremer e a ave inclinou a cabeça para o lado e seus olhos atentos me observavam.

–Nojento, não?

Consegui sorrir ouvindo a afirmação do deus.

–Bastante!

–Bom, seu pai me mandou, como você bem sabe para ver como estava. Agora que já cumpri meus deveres devo voltar ao Duat. Quer mandar algum recado?

Pensei por alguns segundos e já sabia o que seria necessário meu pai ouvir.

– Diga ao pai que ele não precisa se preocupar.

O brilho feliz passou mais uma vez pelos olhos da ave.

–Você sabe que ele vai ignorar tais palavras.

–Sei, agora xô passarinho! – a ave voltou para a imensidão dos céus e desapareceu na escuridão.

–E eu suponho que você queira saber o que me aconteceu hoje. – olhei para Walt e seu sorriso era solidário.

–Se não te incomodar, eu adoraria saber os riscos que correu.

Eu sorri e finalmente me senti mais à-vontade; comecei a contar do instante em que ele me deixou em casa, passei pelos meus avos e cheguei ao celular; Walt me tentou me dar um olhar severo, mas seu sorriso estragava a tentativa. Segui contando o que se passou nos mínimos detalhes que eu ainda lembrava; Ele me ouvia e comentava algo e quase não acreditava que eu cheguei perto de tirar três vidas.

Por fim resolvemos por entrar novamente no aconchego do quarto. Fui parar ao lado da minha cama onde deixei meu celular, peguei-o e me sentei pensando em nada especifico. O vento frio chegou a minha pele de forma levemente dolorosa e me ocorreu que eu já havia sentido aquela sensação antes: a dor e o prazer que me vieram com o vento me lembraram do sonho que tive com Walt.

... Virei para olhar em direção à sacada na direção do vento e lá ele estava tal como no sonho; Walt admirava o quarto com os olhos tão perdidos quanto os meus antes estavam. Ele voltou a olhar para mim e quase pude sentir o sonho se refazendo nas entrelinhas da realidade. Walt se aproximava de mim com passos decididos e seguros, mas seus olhos ainda pareciam não entender o próprio corpo; eu já me encontrava de pé e o celular esquecido de volta na cama. Dessa vez não dei passos para traz e deixei que se aproximasse.

Quando Walt parou não havia mais que vinte centímetros nos separando. Nenhum de nós sabia o que dizer ou fazer; nossos corpos pareciam assumir o controle sem se importar com as conseqüências. O mais estranho é que nossas respirações continuaram calmas provando que era o corpo no controle. Walt desviou seus olhos dos meus, constrangido por não saber o motivo da aproximação. Dei um passo pequeno para frente e isso foi o suficiente para nossos corpos estarem afastados por milímetros... E para ele voltar seus olhos para mim.

Seu rosto podia não demonstrar qualquer traço de emoção assim como o meu, mas seus olhos brilhavam com surpresa e alegria. Ainda guiada apenas pelo meu corpo, sem ter a menor idéia do que fazia, levei minha mão a sua nuca e desci os carinhos até o pescoço e voltei a repousá-la na nuca fazendo uma leve pressão. Aproximei-me ainda mais, colando nossos corpos e voltando a sentir o arrepio que me vinha com o vento.

–Boa noite – sussurrei em seu ouvido e selei meus lábios em sua bochecha. Prolonguei o momento o máximo possível, mas por fim minha mão percorreu a curva do pescoço, chegou ao ombro e desceu pelo braço. Dei um passo para traz e voltei a olhar em seus olhos; Walt segurou minha mão e a levou aos lábios, murmurou um “boa noite” e saiu do quarto.

Não me lembro de quando me deitei, mas sei que eram nove horas da noite quando apaguei. Esperava ter uma noite de sono tranquila já que meu corpo e mente estavam esgotados, mas não. Parece que meu azar é imenso e predominava até em sonhos.

Estava no Duat, disso tinha certeza. Era um lugar com o ar pesado e muito denso, estranhamente familiar aos meus olhos e a minha mente. A imagem em forma de lembrança me invadiu e tive certeza de que estava do outro lado da prisão do Caos. Meu corpo estava com a aparência normal e não com aquela forma esquisita de galinha, desse modo pude sentir em meus pés nus a praia de areias negras e composta com vários escaravelhos mortos. Da primeira vez que estive ali me sentia desconfortável como se todas as células do meu corpo estivessem se separando; agora eu me sentia acolhida pelo Caos e o lugar parecia me acolher de certa forma.

Ah! Vejo que atendeu ao meu chamado. – a voz tremulou através do ar; o som cortante arrepiou minha pele - Diga como vai sua vida desde que conseguiu prender-me neste fim de mundo?

Minha voz, por um mero instante, pareceu presa a garganta e não soube o que dizer. Me incomodava, muito mais do que gostaria de admitir, a presença e proximidade com a serpente.

–O que quer?

–Ora, é ainda mais apressada do que me lembrava. Bem, quero saber se Andrea já conseguiu a proeza de te enfraquecer, mas vejo que não.

Um frio se passou pela minha espinha; um calafrio de medo.

–Como sabe dela?

O riso da serpente só fez com que meu medo em forma de certeza aumentasse.

–Pequena maga, você sabe o que quero dizer, admita a si mesma que sabe e não doerá tanto.

Eu sabia... Mas tinha que ouvir dele!

–Quero ouvir de você – minha voz soou tão tremula quanto meu corpo parecia estar.

–Você sabe que do mesmo modo que seus deuses sussurram em seus ouvidos, eu, a poderosa serpente, sussurro para aquela fraca mortal. Não estou forte o bastante para possuí-la, mas o suficiente para deixá-la com ainda mais ódio... E assim desejar ainda mais a sua morte!

Eu sentia o poder da verdade naquelas palavras da mesma forma que sentia o sorriso vindo delas. Isso se encaixava perfeitamente bem, mas algo ainda faltava...

– E o que você ganharia com a minha morte?

O riso desta vez foi ainda mais frio e arrepiante.

–Acha que eu permitiria a sua alma voltar ao seu pai? O tolo Osíris? Você é poderosa demais para que eu a deixe de lado. Traria, ou melhor, trarei sua alma até mim e você me ajudará a retornar ao mundo!

Foi a minha vez de rir.

–E você esta decepcionado, não? Ainda estou viva e não pretendo morrer tão cedo.

Apófis também se dignou a rir.

– Tem razão. A mortal é ainda muito resistente e você consegue ser forte demais até em seus sonhos... Mas pequena Sadie, a mortal não é a única a quem posso recorrer para matá-la. Diga: por que Andrea a odeia tanto?

–Sou mais bonita que ela. – as palavras saíram sem minha permissão e minha voz soou desprovida de qualquer emoção.

–Isso mesmo. E você sabe quantas outras mulheres fariam o mesmo que Andrea e pelos mesmos motivos?

Eu sentia mais uma vez o sorriso através das palavras da serpente.

–Varias – minha voz voltou a sair sem minha permissão e quase tão fria quanto eu me sentia.

–Varias! Então se eu não conseguir sua alma agora não demorará a eu tê-la do mesmo modo.

Sua risada foi a ultima coisa que ouvi antes de acordar sentada e molhada de suor. Meu corpo tremia e eu já sabia o que havia de errado com Andrea. Não consegui deixar de pensar nas palavras da serpente, mas não consegui acreditar que conseguiria minha alma... Meu pai me ajudaria. Eu sabia que sim. Ainda eram 05h30min da manhã, o sol ainda demoraria a nascer e levar de vez o desconforto.

Não consegui ficar na cama nem mais um segundo, quem dirá na casa. Me levantei e tomei um banho frio quase gelado para despertar de voz do pesadelo; me vesti com um jeans, uma regata qualquer preta e meus tênis... Então saí de casa.


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Notas finais do capítulo

E?????? Que acharam? eu confesso que sentia falta dessa presença do caos rsrsrs, mas fazer o que né?
Bem, desculpem qualquer erro, minha demora e me contem o que acharam.
Coments? favoritações e recomentações? qualquer forma de manifeztação é muito bem vinda!
Bjss =))