Never Let Me Go escrita por patch


Capítulo 13
Sequela




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Entrei desesperado no PS do GSM com Jo em meus braços. April, que estava no balcão folheando alguns papeis, assustou-se quando me viu.

— Alex... O quê?... Essa não é a interna?...

— Sem perguntas, Kepner. Apenas me ajude à alocá-la. Ela teve um colapso, uma overdose, eu não sei... — Não tinha forças para explicar a situação. Eu a queria acordada. E queria agora!

— Ah, meu Deus. Sim, claro!

April — sob pressão —, poderia ficar ou muito estérica ou muito emotiva. Já tinha me acostumado com o gênio dela. Ela gritou com um interno muito alto, que depois do sermão, saiu abalado à procura de alguma cama vaga para Jo.

— Por aqui, Alex — ela foi na frente e eu a segui até o último leito disponível no PS.

Deitei Jo e retirei os cabelos castanhos que grudavam no suor em sua testa.

— Apenas ajude-a, ok? — Reforcei meu pedido.

— Você tem que me explicar melhor essa história, Alex, para que eu possa fazer isso.

— Eu fui na casa dela e a encontrei inconsciente, cercada de entorpecentes — simplifiquei. — Ela tentou suicídio, Kepner. Se eu não tivesse me preocupado e ido de encontro com ela... Se eu tivesse demorado mais um dia para sentir a falta dela... Ela estaria morta.

Os olhos de April estavam úmidos, quando afirmou, dizendo:

— Você tem a minha palavra, Alex. Eu vou ajudá-la. Farei o possível e se isso não for o suficiente, farei o impossível para que ela fique bem e segura — ela afagou meu ombro com gentileza, demonstrando suporte.

— Obrigado. E ah, posso pedir mais um favor? — Abusei.

— Claro — ela respondeu, condescendente.

— Não conte à ninguém que ela fez isso consigo mesma.

Quando April assentiu, Jo se mexeu. Meu coração explodiu em alegria e 2 segundos depois, em desespero. Ela não parava de se contorcer. Ela estava tendo uma convulsão. Deixei a incerteza de lado e logo coloquei-a de lado na cama, para que ela não se engasgasse com a saliva branca que expelia pela boca. April chamou alguns enfermeiros para me auxiliar. Após um minuto, seu corpo parou de tremer e acalmou-se.

— Ela precisa fazer alguns exames, Alex. E com o quadro de overdose em vista, ela ficará internada por algum tempo até que esteja parcialmente desintoxicada. Ter convulsão nesses tipos de caso, é normal, então não entre em pânico, ok? Como eu disse, farei o impossível para que ela se reestabeleça.

Fiquei grato por não ser outra pessoa ali além de Kepner. Aquilo soava estranho. Eu estava agradecido por ela ter me ajudado. Nos ajudado.

Não saí do lado de Jo por um segundo sequer. Ela seria transferida para um quarto depois que os resultados de seus exames saíssem. April perguntou-me se eu permitiria que Jackson à ajudasse com Jo e eu disse sim. Ele se dispôs à suturar os cortes nos pulsos dela. No começo, eu não ia muito com a cara dele, mas ele havia mudado. Em algumas partes, ele era muito parecido comigo. Não perguntava o que havia acontecido ou porque ela teria feito aquilo, apenas fazia seu trabalho. Sem julgar, sem questionar.

O biombo nos dava a privacidade que necessitávamos. Jo não merecia ser a chacota do hospital por àquilo. Em primeiro lugar, eu não toleraria isso. Em segundo... Eu me importava com ela.

Esqueci completamente do meu plantão e do compromisso que tinha com meus pequenos pacientes. Meu mundo desligara e só voltaria a funcionar, se Jo desse o ar da graça e acordasse de vez e sem nenhuma sequela.

Passaram-se duas horas quando ela começou a abrir os olhos de encontro com a claridade do quarto branco e extenso. O brilho deles me refletiram e então pareceram confusos.

— Aonde eu estou? — ela indagou, com a voz rouca.

— Você está no hospital, Jo. — Acariciei o rosto dela. Estava gelada. — Eu te trouxe aqui. Você não estava nada bem.

Ela se moveu e viu as agulhas fincadas em suas veias. Estava incomodada. Observou o curativo em seus pulsos e não entendia porque estavam ali. Acalentei-a, esperando que meu toque a acalmasse.

Pelo contrário. Isso deixou-a mais agitada.

— Eu não me lembro de nada — confessou.

— Alguns males são para o bem, então talvez seja melhor assim — eu disse, reflexivo. — Você não terá motivos para ficar se culpando de algo que já passou... Um erro que não vale a pena mencionar. Tudo vai voltar ao normal — prometi.

— Você não está entendendo. Eu não me lembro de nada — pausou. — Quem é você?

Um dejavu me atingiu em cheio. Pestanejei. Não, aquilo só poderia ser uma brincadeira de mal gosto dela. Lembro-me de como foi ter Izzie sem memória. Foi insuportavelmente doloroso fazê-la lembrar, a cada 10 segundos, o que havia acontecido durante a cirurgia. Não perderia a cabeça dessa vez... Não podia.

— Olá Jo, meu nome é Alex Karev, sou cirurgião nesse hospital... Na verdade, você também está estudando para se tornar uma — permiti um momento de reflexão. — Alguns de seus amigos sentiram sua falta, desde quando você parou de comparecer aos seus plantões e então, decidiram procurá-la em sua casa — pausei. — Você esteve em estado de overdose por aproximadamente 12h, então trouxeram-na aqui. Você não consegue lembrar de nada, nadinha mesmo?

— Eu... — ela quis sentar-se, então a ajudei. — Não lembro de nada, me desculpe. Eu te conheço? Você é meu amigo?

O que eu responderia?

Pensa rápido... Você pode dizer que é o melhor amigo e fazê-la sofrer novamente, ou dizer que é apenas um médico e poupá-la da decepção da sua escolha. Quem decide é você. Meu subconsciente estava ficando abusado, mas tinha que concordar que ele tinha razão. Grande parte do motivo de Jo estar ali na minha frente, com aminésia ou sei lá o quê, foi porque escolhi um lado. Mas como seria diferente, se eu não escolhesse o lado da minha esposa?

— Hm... — Hesitei. — Não sou seu amigo. Quer dizer, já trabalhamos juntos no Centro Cirúrgico, mas apenas isso. Na verdade, só estava passagem mesmo. A Dra. April Kepner pediu que eu desse uma olhada em você, pois ela está em uma cirurgia agora mesmo. Ela ficou preocupada com o seu estado e então eu vim checá-la.

— Mas você... Não está nem com roupa de médico — ela apontou em minha direção.

— Eu acabei de chegar e Kepner logo me pediu para vir vê-la. Apenas isso. — O prontuário dela estava em cima do criado-mudo e eu já tinha lido e relido para saber o que acontecera de verdade com Jo, nos mínimos detalhes, mas peguei-o de novo e fingi dar uma olhada rápida. — Vou pedir mais uma ressonância magnética para averiguar o motivo do seu esquecimento repentino. É isso. Espero que fique bem.

Sem delongas, saí do quarto dela. Merda, eu fizera isso mesmo? As palavras dela ecoaram na minha cabeça: “Eu confiei em você e na primeira oportunidade, você pulou fora.”

Me senti a pior pessoa do mundo.


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Notas finais do capítulo

Voltei nessas férias p finalizar a história desses lindos!!!! Espero que não tenham desistido de saber o final.



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