Andava pelos bosques de seu reino, em suas mãos, uma carta que queria ter podido entregar ao destinatário muito tempo.

– Ouvi dizer que você se estabeleceu... – Falava ao vento, como se estivesse em sua presença. – Que encontrou alguém e agora está casado... seus sonhos se tornaram reais não é? Acho que ela lhe deu coisas que eu seria incapaz de lhe dar...

Olhou a lua, grande, iluminando o banco onde se sentava com a carta abraçada em seu peito, como seu tesouro mais precioso, enquanto quentes lagrimas percorriam seu rosto. Mas um sorriso brincava em seus lábios, enquanto via a distancia uma pequena família se divertindo.

– Detesto aparecer do nada, te espionar, sem ter sido sequer convidada, não consegui evitar... – Sussurrava para o vento, a voz tremula soando pelo vento.

– Meu velho amigo, por que está tão quieto? Nunca foi de sua natureza se conter. – Um riso triste soou pelos seus lábios, enquanto lagrimas ainda caiam pela face triste. – Ela te mudou não foi? Parece mais feliz... mais vivo, nossos velhos amigos não te reconheceria mais...

O sorriso teimava em continuar em seu rosto, distorcendo sua expressão.

– Mas não importa... eu encontrarei alguém como você, alguém que me ame, como um dia eu cheguei a te amar. – Gotas caiam na carta, tão apertada ao peito da garota, mas sem apresentar qualquer sinal de amassado. – Não desejo nada mais do que sua felicidade, isso também.

– Lembro-me de nossas conversas, das palavras que sempre me dizia, sem sequer desconfiar dos meus sentimentos, lembro-me perfeitamente de suas palavras... “as vezes o amor dura”... “as vezes, em vez disso ele machuca” – Um soluço irrompeu de seus lábios, seguidos de outros. – Mas nunca cheguei a lhe dizer, o quanto eu te amava...

Olhou novamente para o céu, nuvens escuras começavam a se manifestar, obscurecendo a grande e brilhante lua, enquanto a noite esfriava, obrigando a pequena família se abrigar no conforto do lar.

– Crescemos praticamente juntos, unidos pela luta de um mundo melhor, pela libertação de nossos amigos e familiares, o ontem é uma doce lembrança nesse momento. Eu devia ter percebido como o tempo passa, e as pessoas mudam...

Não notara as primeiras gotas de chuva caírem, mansamente pela vegetação, somente observava aquela família em particular, a família que um dia sonhara ser sua, mas não foi o que acontecera. Não sentia raiva, já havia se conformado em não tê-lo consigo, e apenas culpava o destino por sua falta de sorte.

– Um dia eu encontrarei alguém que me ame, alguém que me faça feliz, assim como você está agora, com sua esposa, com seu filho... – Pegou aquela carta, seu tesouro, e o rasgou em inúmeros pedaços, jogando-os ao vento, como um gesto de libertação.

– Seja feliz... Sonic the Hedgehog...

...

...

Atrás das arvores outra figura espreitava pela escuridão, e sorriu tomando enfim a coragem de que precisava para o que sempre sonhara em fazer... tinha receio, mas resolvera arriscar.

– Vamos, Antoine... é agora ou nunca... – murmurou consigo mesmo, seu sotaque francês mais forte com o nervosismo.

A garota virou-se, indo para o abrigo de um teto quando viu a figura tão perto de si, de inicio se assustou, mas depois esperou que ele dissesse algo, sabia que ele queria lhe falar.

– Princesa... tenho algo a falar-lhe... – “Não seja covarde!” Se repreendeu, respirou fundo diversas vezes.

– Sim... – a voz era calma, doce até, o que o surpreendeu, e enfim tomou coragem.

– Princesa, há muito queria falar-lhe, mas sempre me acovardava, mas, agora finalmente tomei coragem... eu... eu... – Não conseguia dizer as palavras que tanto queria.

– Diga, Antoine, você...? – Perguntou docemente, embora no fundo, já sabia o que ele diria.

– Princesa, amo-te, deste a primeira vez que a vi, mas tinha medo, medo de não ser aceito, eu vi que amava aquele ouriço. – Disse as palavras num jato, e fechou os olhos com força, esperando a sentença da mulher que tanto ama.

– Antoine... – Ouvira a voz doce soar, não abriu os olhos, esperando a negativa que viria, mas a ação seguinte lhe pegou de surpresa.

Braços o envolveram num abraço quente e apertado, e lábios macios tocaram os seus. Abriu os olhos surpreso, para logo novamente os fechar, retribuindo aquele beijo em seguida.

“Encontrei... estava o tempo todo, mas nunca percebi... alguém como você..."