Eu jamais acreditei que fosse encontrar um garoto que nós detestássemos mais do que Dudley, mas isso foi antes de conhecer Ronald Weasley. Os alunos do primeiro ano de Slytherin , porém, tinham apenas duas aulas com os de Gryffindor, a de poções e Tranfiguração, por isso não precisávamos aturar Weasley muito tempo.

Ronald não parecia ter o controle da própria língua, sua dicção era horrível, mas as poucas coisas que eram entendidas eram, ou palavrões ou xingamentos, ele era um tolo que tinha ciúmes de qualquer um que fosse melhor que si, e o pior, não fazia nenhum esforço para tentar ser melhor. Seus irmãos mais velhos eram muito diferentes dele. Os gêmeos eram muito engraçados e ótimos se quiséssemos conversas sobre brincadeiras e temas variados. Percy era muito esforçado e tentava seu melhor para merecer seu lugar como monitor, era muito fácil falar com ele sobre as aulas e os professores. Draco não gostava muito dos Weasley em geral, mas deu uma trégua para os mais velhos, e virava um idiota quando perto de Ronald.

As aulas de vôo começariam na quinta-feira e os alunos de Gryffindor estariam com a gente.

Neville nunca andara de vassoura na vida, porque a avó nunca o deixara chegar perto de uma No fundo, eu achava que ela estava certa, porque Neville conseguia sofrer um numero impressionante de acidentes mesmo com os dois pés no chão.

Na manha de quinta-feira, quando o correio chegou, meu pai mandou uma carta, principalmente mandando tomar cuidado e não nos metermos em problemas.

Uma coruja de curral trouxe para Neville um pacotinho da avó. Ele o abriu excitado e mostrou para todos uma bolinha de vidro do tamanho de uma bola de gude grande, que parecia cheia de fumaça branca.

_É um lembrol! _ Explicou ele_  Vovó sabe que sou esquecido. Isso serve para avisar que a gente esqueceu de fazer alguma coisa. Olhe, aperte assim e ele fica vermelho se...Ah _ E ficou sem graça, porque o Lembrol de repente emitiu uma luz escarlate _ você esqueceu alguma coisa...

As três e meia, aquela tarde, eu e Harry e os outros garotos de Slytherin, descemos correndo as escadas que levavam para fora do castelo para a primeira aula de vôo.Era um dia claro, com uma brisa fresca  e a grama ondeava pelas encostas sob nossos pés ao caminharmos em direção a um gramado plano que havia do lado oposto à floresta proibida, cujas arvores balançavam sinistramente a distancia.

Os garotos de Gryffindor já estavam lá, bem como vinte vassouras arrumadas em fileiras no chão. Nós ouvimos Fred e George Weasley se queixarem das vassouras da escola, dizendo que havia umas que começavam a vibrar quando voavam muito alto, ou sempre repuxavam ligeiramente para a esquerda.

A professora, Madame Hooch, chegou. Tinha cabelos curtos e grisalhos e olhos amarelos como os de um falcão.

_Vamos, o que estão esperando?_ perguntou com rispidez. _ Cada um ao lado de uma vassoura. Vamos, andem logo.

Olhei para a vassoura. Era velha e tinha algumas palhas espetadas para fora em ângulos estranhos.

_Estiquem a mão direita sobre a vassoura _ mandou Madame Hooch diante deles _ e digam “Em pé”

_Em Pé! _ Gritaram todos.

Minha vassoura pulou imediatamente para minha mão, bem como a de Harry, mas foram umas das poucas que fizeram isso. A de Hermione Granger simplesmente se virou no chão e a de Neville nem se mexeu. Talvez faltasse convicção quando ele falava, havia um tremor na voz de Neville, que dizia com demasiada clareza que ele queria manter os pés no chão.

Madame Hooch, em seguida, nos mostrou como montar as vassouras sem escorregar pela outra extremidade, e passou pelas fileiras de alunos corrigindo a maneira de segura-las.

_Agora, quando eu apitar, dêem um impulso forte com os pés_ disse a professora. _ Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e volte a descer curvando o corpo um pouco para frente. Quando eu apitar... Três... dois...

Mas Neville, nervoso, assustado, e com medo que a vassoura o largasse no chão, deu um impulso forte antes mesmo de o apito tocar nos lábios de Madame Hooch.

_ volte, menino! _ gritou ela, mas Neville subiu como uma rolha que sai sob pressão da garrafa, quatro metros, seis metros. Vi a cara de Neville branca de medo espiando para o chão enquanto ganhava altura, vi-o exclamar, escorregar de lado para fora da vassoura e... o tempo pareceu correr mais devagar, minha varinha escorregou para fora do coldre e eu apontei-a para Neville gritando

_Vingardium leviosa!_ Ele começou a flutuar pouco mais que dez centímetros do chão, então desceu levemente até tocar o solo. Suspirei de alivio, quase perdendo a força das pernas com a perda da adrenalina. A vassoura dele continuou a subir cada vez mais alto e começou a flutuar sem pressa em direção a floresta proibida e desapareceu de vista.

Madame Hooch se debruçou sobre Neville, o rosto tão branco quanto o dele.

_Apenas um choque..._ ouvi-a murmurar. _ Vamos, menino, levante-se.

Virou-se para nós:

_Dez pontos para Slytherin pela reação rápida, Srta. Benedetti. Vamos continuar com essa aula, Sr. Longbottom não é obrigado a participar depois deste incidente.

Neville pareceu ter se recuperado um pouco do choque e se dirigiu para mim.

_Muito obrigado Chris...Jurei que fosse morrer._ Sorri complacente e passei um braço sobre seus ombros.

_Você é Bem vindo, Nev... Gostaria de tentar de novo? _ Ele pareceu pensar por um momento, antes de assentir.

_Se você estiver lá para me salvar, acho que não estou tão preocupado. _ Ele tentou brincar, ainda um pouco pálido.

Depois que todos aprenderam a controlar, minimamente, suas vassouras, sem mais incidentes perigosos, Madame Hooch nos mandou dar algumas voltas pelo local para nos familiarizarmos com a experiência de voar.  Eu e Harry já estávamos fazendo acrobacias pelo ar, um pouco longe dos outros para não machucar ninguém. Neville conseguiu ficar em uma vassoura sem se estatelar, mas não arriscou a fazer mais que flutuar em ritmo lento.

Ronald deve ter pensado que não gostava que nós pudéssemos voar melhor que ele, e junto com outro garoto de Gryffindor começaram a nos perseguir, sempre tentando nos encurralar ou fazer um bater no outro. Madame Hooch não estava prestando atenção em nós e eles estavam quase nos tirando para fora do ar da pior maneira.

Tive uma ideia e acenei para Harry, apontando o chão, ele concordou assim que entendeu minha ideia. Entramos em uma descida espiralada, um girando em volta do outro, ainda sendo seguidos, a descida foi íngreme e a poucos centímetros do solo nos separamos em direções diferentes os garotos atrás de nós não tinham tanta precisão nos movimentos, então se estatelaram na grama molhada. Eu sabia que eles não iriam ficar seriamente feridos, um pouco arranhados, mas nada muito grave. Pousamos as vassouras assim que tínhamos saído da manobra.

_ Harry Potter, Christ Benedetti!_ Madame Hooch vinha correndo, junto com Severus e, incrivelmente, o diretor.

_Nunca... Em todo o tempo em que estou em Hogwarts...

Madame Hooch quase perdeu a fala de espanto. Os óculos do diretor cintilavam sem parar.

_Como é que vocês se atrevem...Podiam ter quebrado o pescoço...

_Potter, Benedetti, me acompanhem, agora._ Severus demandou.Seguimos ele para o castelo, o diretor veio logo atrás, parecendo divertido.

Bem, se o diretor esta se divertindo, então não estamos em um problema tão grande, pensei.

Severus parou a porta de uma sala de aula. Abriu a porta e meteu a cabeça para dentro.

_Com sua licença, Prof. Flitwick, posso pedir Flint emprestado por um instante?_ Flint? O que Severus quer com o Monitor? Observei como o garoto veio para fora da sala de aula parecendo confuso, não melhorou a situação quando nos viu.

Seguimos Severus até onde eu tinha certeza de que era o escritório do diretor, dali o mesmo tomou a frente.

_Doces de Limão _ Ele falou para a gárgula, a mesma se moveu quando ele disse isso, revelando uma escada circular.

Subimos pela dita escada e logo nos encontrávamos sentados no escritório do diretor.

_ Sr. Flint estes são Christ Benedetti e Harry Potter. _ Severus nos apresentou

_Bem senhores... _ o diretor começou. _ Severus me perguntou se era possível contornar a regra para o primeiro ano depois de sua performance hoje, deixei claro que haviam duas condições...Primeira, entrar no time não deve prejudicar em seus estudos e notas...Segundo, devem haver vagas suficientes para os dois no time, não vou fazer vocês competirem por um lugar no time, por isso chamamos o capitão do time da quadribol de Slytherin, Marcus Flint._ Dumbledore explicou no melhor de sua habilidade.

_ Com sua licença, professor... Precisamos reformar todo o time de quadribol, então encontrar duas vagas que estão em falta não será problema._ Flint falou assim que lhe foi dada a chance.

_Um dos dois deve claramente ser o apanhador, mas o outro depende de suas próprias habilidades._ Severus comentou, eu estava ficando cada vez mais confusa. Nós não tínhamos pesquisado a fundo os esportes bruxos, portanto não sabíamos quem fazia o que no quadribol.

Levantei minha mão muito timidamente, chamando atenção dos três para nós. Harry estava tão nervoso quanto eu.

_O que faz um apanhador? _ Perguntei me sentindo estúpida, os três me olharam espantados. Harry decidiu prosseguir com minhas duvidas.

_Quais são as outras posições no quadribol?

_Como se joga quadribol? _ Perguntamos essa em uníssono.

_ Ora...Isso é interessante, se vocês não sabem nada de quadribol devo adivinhar que essa foi a primeira vez de vocês em uma vassoura? _ Dumbledore perguntou, muito entretido com o pensamento. Assentimos com a cabeça, sem tirar os olhos do diretor.

_ Então, comecemos do inicio... _ Flint disse. _ O quadribol é muito fácil de entender, mesmo que não seja fácil de jogar. Há um total de quatro bolas, duas são balaços, uma é a goles e a ultima é o pomo de ouro. Tem sete jogadores em cada lado. Três deles são artilheiros. Os artilheiros atiram a goles um para o outro e tentam mete-la em um dos aros para marcar um gol. Dez pontos todas as vezes que a goles passa por um dos arcos. Estão me acompanhando?

_Então é como um basquete com seis cestas e vassouras?_ Perguntei seguindo a lógica da explicação

_O que é basquete? _ Pergunta Marcus, curioso.

_Deixa pra la. _ eu disse na mesma hora.

_Agora, tem outro jogador, um para cada lado, que é chamado de goleiro. Ele tem que voar em volta dos aros para impedir que o outro time marque pontos.

_ OK, entendido _ exclamamos após um momento.

_Os balaços voam pelo ar tentando derrubar os jogadores das vassouras. É por isso que tem dois batedores em cada time. A função deles é proteger o time dos balaços e tentar rebate-los para o outro time.Agora, o ultimo membro da equipe é o apanhador. Um de vocês. Então tem o pomo de ouro, e é a bola mais importante de todas. É muito difícil de apanhar porque é veloz e pouco visível. A função dos apanhadores é agarrá-la. Eles têm que se meter entre os artilheiros, batedores, balaços e a goles para agarrá-lo antes que o apanhador do time adversário, porque o apanhador que agarra o pomo ganha para o seu time mais cento e cinqüenta pontos, o que praticamente lhes da à vitória. É por isso que os apanhadores levam tantas faltas. Um jogo de quadribol só termina quando o pomo é apanhado, o que pode demorar uma eternidade. _ Ele terminou sua explicação som um suspiro.

_Acho que Harry ficará melhor com a vaga de apanhador... Os batedores usam um bastão? Pouco maior que meu antebraço? _  Perguntei, curiosa se meus treinos de beisebol foram úteis apesar de tudo. Flint pareceu surpreso com a pergunta, mas logo assentiu.Sorri maliciosamente.

_Então vou concorrer para a vaga de batedora._ Severus parecia muito satisfeito com nossa decisão enquanto o diretor parecia esperar grandes coisas de nós.

_Vocês estão brincando.

Era hora do jantar. Nos acabamos de contar para Draco e Blaise o que acontecera quando deixamos os jardins com o prof Snape. Os dois foram bastante discretos, mas não o suficiente para nós não repararmos em sua surpresa.

_ Apanhador? E batedora? _ Draco exclamou. _ Mas os alunos do primeiro ano nunca... Vocês vão ser os jogadores da casa mais novos do ultimo...

_Século _ Completamos em uníssono, comendo despreocupados. _ Flint nos disse.

Blaise estava tão admirado, tão impressionado, que ficou ali sentado de boca aberta para nós.

_Vamos começar a treinar na próxima semana. _ anunciou Harry. _ Só não contem a ninguém. Flint quer fazer segredo.

Fred e George Weasley entraram nesse momento no salão, nos viram e vieram depressa falar com a gente.

_Grande Lance. _ falou George em voz baixa. _ Ouvimos seu capitão comentando. Estamos jogando também...batedores.

_ Sabe de uma coisa, eu acho que Gryffindor esta perdido, não tem nenhuma maneira que vamos ganhar a taça de quadribol enquanto vocês estiverem jogando. Se forem tão bons como Flint pareceu achar.

_Em todo o caso, temos de ir , Lino Jordan acha que encontrou uma nova passagem secreta para sair da escola.

Fred e George mal tinham desaparecido quando alguém menos bem indo apareceu: Ronald, meio arranhado e seguido por Seamus Finnigan.

_Comendo a ultima refeição Potter e Benedetti? Quando vão pegar o trem de volta para a terra dos trouxas?

_Weasel cala a boca e deixa a gente comer._ Draco interviu antes que eu falasse algo.

_E você é um covarde Malfoy._

_Enfrento você a qualquer hora, sozinho _ Disse Draco. _ Hoje á noite, se você quiser. Duelo de Bruxos. Só varinhas, sem contato.

_Seamus vai ser meu padrinho quem vai ser o seu?

Draco nos olhou, como se medindo-nos.

_Chris, meia-noite esta bem? Encontramos-nos na sala de troféus, esta sempre destrancada.

Quando Ronald foi embora, olhei para Draco.

_O que diabos deu em você para sugerir um duelo de bruxos, você sabe tão bem quanto eu que é proibido fazer um duelo oficial sem um supervisor neutro, muito menos sendo menor de idade._ Sussurrei asperamente para ele.Ele apenas sorriu para mim.

_Eu não vou comparecer apenas avisar Filch que haverão Gryffindors fora da cama nesse horário. Se você quiser prestar queixa com os professores é essa a hora._ Eu pensei por um momento.Não era algo que eu deveria fazer, vai contra tudo que meu pai me ensinou.Ah, que se dane, meu pai não vai ficar decepcionado comigo apenas por isso.Fechei meus olhos por um  momento, controlando minha expressão antes que um sorriso maligno saísse, e me dirigi para a mesa principal.Analisei os professores pelo caminho, seria uma má ideia ir para Mcgonagall ou Severus, seriam tachados de tendenciosos...A melhor hipótese seria o diretor...Feita minha escolha me dirigi para ele.

_Diretor Dumbledore..._Cumprimentei formalmente, me curvando um pouco.

_A que devo sua visita tão formal nesse momento em especifico._ Ele perguntou, genuinamente curioso.

_Ronald Weasley, mesmo após aquele desastre que todo mundo de quem foi a culpa, veio zombar de nós como se fossemos ser expulsos da escola. Draco veio em nosso nome e eles discutiram até que Ronald desafiou Draco para um duelo Bruxo, fora do toque de recolher, sem supervisão. Eu gostaria de prestar um queixa formal contra ele, sobre tudo que ele aprontou desde o começo do ano. E se forem pega-lo, ele estará na sala de troféus perto da meia-noite._ Respondi o mais breve possível, mudando alguns trechos para deixa-lo em uma pior.

O diretor e todos os professores que ouviram minhas palavras me olharam surpresos.

_Você é muito mais madura do que seus pares... A maioria tentaria resolver por conta própria..._ Profa. Minerva comentou impressionada.

_Eu trabalhei bastante tempo como aprendiz na policia trouxa, com casos de delinquência juvenil. Com o tempo você começa a pensar diferente.

...

No dia seguinte rondou a escola que Ronald Weasley se meteu em problemas novamente. Foi pego se esgueirando pelos corredores junto com Seamus Finnigan pelo diretor, conseguiram três meses de detenção com a Profa. Sinistra, todos dizem que detenção com ela é quase tão ruim quanto com Snape. Não perderam pontos pela compaixão que o diretor tinha pela casa, que tinha quase nenhum ponto em sua ampulheta.