Não importa o quanto eu tente me separar de você. Não importa o quanto eu diga para mim mesmo e para os outros que você não presta. Não importa o quanto eu me esforçe para parar de te olhar. Eu sempre volto para os seus braços. Sempre, sempre, sempre, não importa os esforços e sacrifícios. Por que você é uma droga e eu sou um viciado que tenta, inutilmente, parar com o vicio.

Sempre que eu te encontro, lembro do que você me fez passar, de toda a dor e sofrimento que me trouxe, de todas as lágrimas roladas pensando em você. Mas então eu cometo um erro fatal: olho nos seus profundos e sedutores olhos escuros como a noite e lembro de momentos que deviam ser esquecidos. Momentos que nunca deveriam ter acontecido.

Lembro-me de cada noite que passamos juntos. Lembro-me dos nossos corpos se unindo com sincronia e perfeição. Lembro-me do suor escorrendo pelo seu corpo perfeitamente esculpido. Lembro-me da sua voz, rouca e baixa, dizendo para mim, e apenas para mim, indecências e declarações de amor, tão perdidas e sem senso como o que nós faziamos sozinhos naquele quarto. Lembro-me do pecado que cometiamos juntos.

E então eu caio novamente no meu vicio. Porque você é intoxicante e sabe exatamente como usar esse artificio. E por causa desse fato, aqui estamos nós novamente. Trocamos meia dúzia de palavras e você já conseguiu acabar com dois meses de tratamento intensivo.

Corpos se movendo em sincronia. Um quarto escondido de tudo e de todos, exceto de nós dois. Suor escorrendo. Gemidos abafados. Pedidos por mais, muito mais. E então, dois longos e altos gemidos, soltos quase ao mesmo tempo. Eu cai de novo, não? Já que foi você que me puxou.

Deito no seu peito desnudo e olho para o seu rosto. Você não mudou nada nesses anos todos, não? Continua o mesmo belo e cobiçado homem. Mas mesmo tendo todos aos seus pés, você sempre volta para mim, não? Como eu sempre caio no seu encanto, nós continuaremos assim enquanto continuarmos a viver, não?

Você me encara e dá um sorriso de canto. Olhos negros com os azuis. E então você começa, com essa voz que eu amo.

-E então? Já cansou, raposinha?

Esse apelido... Ele realmente sabe como me provocar. Nada menos digno de você, minha droga favorita.

-Eu não sei... quem sabe o Teme não me responde?

Ele alarga seu sorriso. Que sorriso pervertido. E lá vamos nós novamente, provar do pecado. Só mesmo você para me fazer dizer essas coisas. Afinal, você é o mais intoxicante de todos os venenos.