Ká-bum! escrita por Nobody


Capítulo 8
Capítulo 7 - Canção




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No caminho inteiro Alicia permaneceu desacordada. Willian rasgou um pedaço da blusa que vestia para estancar o sangue de sua mão e depois a tirou, colocando-a sobre o corpo febril de Alicia. Ele já não chorava mais. Apenas passava as mãos sobre o pequeno rosto da garota inconsciente, enquanto remoía-se por dentro.
Logo que a carruagem chegou na casa, Willian desceu rapidamente levando a garota em seus braços, colocando-a em repouso em uma das camas. Adelaide, ao ver o acontecido, nada falou, apenas o ajudou a acomodar a moça.
Após algumas horas, a garota despertou. Viu ao seu lado o moço, ainda coberto de sangue, que estava velando-a.
– Você está bem Alicia?
– Estou bem sim, meu senhor. - a sua voz estava fraca, mas um sorriso brotou em seus lábios- Vejo que falhei ao ter que cumprir o dever de proteger-te...
Ela fechou os olhos. Foi bom ter feito isto, pois assim não pôde ver as pequenas lágrimas que escorreram pelo rosto de seu senhor.
***
Três dias depois, Alicia já retornara ao trabalho e a vida seguia o seu rumo normal. A única lembrança daquele trágico acontecimento era a mão ferida de Willian.
Os dois não conversaram mais após o incidente. Willian já não a utilizava mais como sua protetora, pois agora, ele é que queria protegê-la. Passou a ignorá-la para não dar mais trabalho a ela, mas ele sentia falta de ter alguém para conversar; não nescessariamente de ter alguém, mas de ter a companhia dela.
Por mais que Alicia negasse para si mesma, ela também sentia a falta de Willian, já que agora a única pessoa que tinha para conversar era Larissa.
Em uma noite, quando já se passavam das dez horas, Willian saiu para tomar um pouco de ar fresco e reorganizar sua ideias.
Desde que saíra e começara a andar, ouviu uma doce melodia.
Seguiu o som daquela voz e deu-se com uma garota. A garota era Alicia e a sua beleza era banhada pela luz do luar. Aproximou-se um pouco mais para escutar melhor aquela música, e ao ouvi-la, paralisou-se. Ele não ouvia aquela canção a muito tempo.
Alicia logo percebeu que tinha alguém a observando. Continuou cantando, levantando-se para procurar melhor. Logo viu um vulto escondido. Começou a diminuir a voz gradativamente enquanto se aproximava daquele vulto. Ao chegar bem perto, ela parou de cantar de saltou sobre o vulto que defendeu-se rapidamente.
–Senhor! - disse espantada ao ver que era Willian que a observava.
– Alicia!
– Me perdoe senhor! O que fazes a esta hora aqui no jardim?
– Eu vim.... passear. - respondeu a ela sem ter uma boa desculpa. - E você?
– A vezes venho aqui a noite, senhor. Gosto do ar que a natureza tem a noite.
–E... aquela canção? Aonde a aprendestes?
– Ouvi ela a muito tempo, senhor. Um dia, enquanto eu arrumava algumas coisas dentro da casa, eu ouvi uma mulher cantando em um dos quartos. Após isso, eu sempre ia a ouvir. Ela sempre cantava no mesmo horário, até o dia em que foi embora. Foi o único dia em que a vi e ela já entrava na carruagem, depois disso ela não retornou mais. Era uma bela mulher e possuía uma linda voz.
O moço nada falou. Alicia teve que chamá-lo para que ele despertasse de seus pensamentos.
–Essa mulher... era minha mãe... e era para mim que ela cantava.
– Eu não sabia... Perdão, senhor.
– Não, não peças perdão. Mas, podes continuar cantando?
Ela concordou com a cabeça e voltou a cantar.
Ele pegou-a delicadamente pela mão e levou-a até uma árvore, onde sentou-se e deu sinal para que ela se sentasse também.
Alicia continuou cantando, e a cada vez que ele brincava com as suas mãos, ela sentia seu coração pulsar mais forte. Então, ela soltou as mãos de seu senhor, parou de cantar e retirou-se, pedindo desculpas e dizendo que iria repousar.
Ela voltou para o seu aposento observando suas mãos que ainda estavam com o calor de Willian.
Aquilo era o certo a fazer, pois tinha medo de deixar que a situação florescesse.
O sentimento que sentia deveria ser cortado antes que se tornasse mais difícil de se lidar com ele.


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