Tortura escrita por lawlie


Capítulo 1
Untitled




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Era a hora de sair. Àquele som de duros passos a correr em busca de liberdade, os miseráveis detidos saíam de suas celas a desejar apenas mais um raio de sol. Os portões estavam trancados por indestrutíveis correntes. Ao vê-los, bastava apenas contentar-se com esta reclusão. O fraco sol da manhã queimava seus rostos abatidos e cegava seus olhos semi-serrados. Às vezes, pensavam em um plano de fuga. Em vão. Aquelas rígidas grades de ferro envoltas com espinhos retinham seus últimos pensamentos de esperança.

Depois de vinte minutos que pareceram voar do relógio sem mais coexistir com essa obscura suspeita, a velha sirene ecoou por essas mesmas paredes de concreto. O som agudo e seco fazia o coração de muitos acelerar. Conformando-se com a taquicardia, alguns tentavam correr, desejando apenas escapar do cruel momento que estavam prestes a vivenciar. Inevitável. Não se podia mais adiar o horário marcado.

As sentinelas logo apareceram com seus sanguinários cães de guarda, a fim de mandar novamente o último vestígio de vida humana para o local de onde nunca deveria ter saído. Os dois portões finais de acesso ao céu foram selados por frios cadeados de aço. Infortunadamente, para sempre.

Os detidos caminhavam aos grupos para sua cela. O torturador apareceu, trazendo consigo seus passos que farfalhavam pelo corredor de pisos esverdeados, em um ritmo similar ao da marca fúnebre. Com seu olhar displicente e ríspido, mostrou que tinha a posse da chave que abriria a porta do inferno. Ao girar a tranca, aquele “clack” singelo fazia todos os detidos prenderam a respiração e apenas espreitarem pelo seu último minuto consciente.

Se não fossem em busca do destino pelas cadeiras elétricas, talvez fossem escolhidos para perder seus sonhos na câmara de gás, que corroeria seus pulmões e faria sua última gota de sanidade escorrer pelos ralos das fossas despercebidas. Suas vísceras reviravam à espera do instante seguinte que os obrigaria reencontrar-se com seu simples instrumento de tortura. Agora era a hora de se decidir de qual forma iriam ao encontro com os espíritos do outro mundo.

A porta se abriu. Na sala mal iluminada, podia-se ver quarenta cadeiras elétricas dispostas em fileiras irregulares. Sabiam o que deveriam fazer. Vagarosamente, com receio da morte em suas costas, cada um se encaminhou para seu majestoso trono, o qual iria fazer seus nomes serem esquecidos por toda eternidade.

Pensamentos e remorsos de uma vida inexistente surgiam naquelas mentes reprimidas. Mas tinham a certeza de que todas as lembranças obtidas até agora seriam destruídas pela alta voltagem algébrica prestes a pairar sobre suas cabeças e explodir seus cérebros até virarem mingau escorrido pelo chão aguacento.

O torturador, segurando um rifle, parou em frente às quarenta cadeiras elétricas. Com seu olhar maquiavélico e sem vestígio algum de compaixão, falou veemente para os condenados à pena de morte:

- Abram os livros na página 132.


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Notas finais do capítulo

xXxXxXxXxX

Espero que tenham gostado... xD