Um silêncio absoluto dominava a sala circular. Todos já sabiam pelo que (ou melhor dizendo, por quem) estavam esperando. Seus sentimentos estavam confusos e suas respirações ofegantes. Quer dizer, se passaram dez anos. Ninguém sabia o que esperar.

O barulho de passos se aproximando e de uma porta rangendo fez todos despertarem de seu êxtase.

Por fora, a garota, que agora é uma mulher, estava do mesmo jeito. Seus cabelos castanhos batendo um pouco abaixo do ombro, sua mesma expressão de sabe tudo, e até mesmo seu mesmo amor pelo livro Hogwarts uma História continuava igual. Sim, a garota estava com esse livro em mãos.

Será que dez anos realmente se passaram? Porque, pareciam apenas dez minutos. Porque, parecia que ela apenas iria encontra-los no Salão Comunal da Grifinória pra estudar pra Poções ou simplesmente, dar uma bronca em algum deles por não terem feito o dever de Transfiguração. Porque, todas as magoas adormecidas despertaram. Porque, todos os sentimentos ainda permanecem ali.

A castanha não conseguia forçar seus pés a se mexerem. A mulher que, por fora parecia à mesma, já não era mais aquela garota de antes.

Até aquele momento.

Porque, ali, com aquelas pessoas, ela sabe que tudo que foi durante todos esses anos não é nem um terço do que realmente ela é.

Porque, ali, ela voltou a ser ela mesma.

Porque, ali, seus medos, inseguranças, desesperos e decepções voltaram.

Porque, ali, a vontade de chorar também voltou. Dessa vez, ela não tinha forças para controla-la.

Suas lágrimas escorreram. Com força total.

Foram dez anos guardando todas elas. E, já não podia fazer mais isso. Não com aquelas pessoas por perto.

Sentiu que era realmente isso. Ela precisava sair dali. O que eles iriam pensar de vê-la chorando assim? – “Nada, Hermione. Eles não se importam mais.” – Respondeu pra si mesma.

Juntou todas as suas mínimas forças e se encaminhou pra fora do Salão. Ouviu passos a seguindo, mas, não se importou. Não deveria ser nada demais. Talvez, o segurança querendo saber o porquê dela sair tão cedo e ainda chorando. Ou talvez, McGonegall. Querendo saber o porquê dela ter ido embora da sala.

Sendo quem fosse ela decidiu se livrar logo da pessoa. Quando se vira, surpreende-se com a visão.

- DRACO?

- Também conhecido como Barbie com pênis!

- RONY?

- Que pode ser chamado de ruiva oxigenada!

- VOCÊS VIRARAM AMIGOS?

- Isso não importa agora, Mi! Porque você tá chorando?- O ruivo pergunta e a garota fica assustada pela forma carinhosa que ele está a tratando.

A verdade, é que, Rony sempre quis falar com Hermione. Há tempos ele tinha perdoado a garota e, chegou à conclusão de que ela não tinha culpa. Alias, nem Harry tinha culpa. Ninguém manda no coração. Se ele se apaixonou por Hermione isso era bem compreensível. Sempre tentou convencer Draco disso. Mas, o loiro se mostrou mais cabeça dura que Rony.

- Você se importa? – A garota responde um pouco rude demais. Mas, o ruivo pareceu não ligar.

- Sim, me importo. Você é minha amiga, lembra?

- Sou? – Ela pergunta, suas lágrimas novamente saindo. Só que, dessa vez, de felicidade.

O garoto não responde, vai até a mesma e lhe confere um abraço apertado no qual tenta passar todos os seus sentimentos.

Ela corresponde e eles ficam longos minutos abraçados.

- Ron, eu senti tanto, tanto, tanto a sua falta. – Ela fala em meio a suas lágrimas de felicidade.

- Eu também, pequena. – Ele fala sorrindo. – Sr. Malfoy, o Draco comeu sua língua?

- Essa piada foi tão ruim que me deu caganeira. – Draco replica.

- Draco, olhe os modos. Temos uma dama aqui.

- Você já está acostumada com isso, ruiva.

- Licença?

- Sim, Granger? – O loiro ter a chamado pelo seu sobrenome doeu mais que mil facadas encravadas em seu peito. Doeu até mais que uma maldição Cruciatus.

- Er..Hm.. Como, vocês viraram amigos? – Eles apenas deram um risadinha e Draco responde:

- Longa história. Por falar nisso, acho melhor voltarmos pra o Salão.

- Eu não vou.

- Vai sim. Gina, já te perdoou. Alias, na minha opinião, nem tinha o que perdoar né. Você não fez nada. – A ultima frase o Weasley disse olhando pra Draco.

Engraçado que, antigamente, a pessoa que tinha o dom de ler as emoções da garota e saber o que ela estava pensando, era Harry. Rony sempre foi meio lerdo. Agora, as situações são inversas. Irônico.

O ruivo não ligou pros protesto de Hermione e saiu a puxando em direção a sala circular.