Femme Fatale escrita por slytherina
Notas iniciais do capítulo
Nikita choca-se com os estranhos valores da Section 1.
Nikita passou a “dormir” na casa de Trácio. Contudo, ela não pregava o olho enquanto estava com ele. Preferia passar a noite andando no apartamento estreito, enquanto seu cliente dormia. Na primeira noite ela até desejou que ele caísse em tentação e tentasse atacá-la. Pois aí ela teria um bom motivo para matá-lo, sem sofrer sanções pela Section. Michael cuidou dos detalhes sórdidos, como livrar-se do cadáver. Ele colocou a defunta em um saco utilizado pela polícia e o misturou entre outros em uma funerária local. Com sorte nunca perceberiam que ela havia sido “plantada” ali. - Eu não agüento mais isso. Eu preciso sair. - Reclamou Trácio, marcado de perto por Nikita. - Você faz o que eu disser. Se não tivesse estragado tudo matando aquela moça, ainda teria a sua liberdade. - A companhia de vocês nunca me falou que meus hobbies seriam um empecilho. - Trácio falou baixinho, enquanto metia as mãos por dentro das mangas do pulôver. - O que? Seus hobbies? Você quer dizer que... que já fez isso antes? O que você é? Um serial killer? - Não... eu apenas me divirto... de modo diferente... - Trácio não pôde falar mais nada. Nikita o havia agarrado pela gola do pulôver e por pouco não o estrangulou. Ela o largou de uma vez, fazendo-o cair pesadamente no sofá, massageando o próprio pescoço, com uma expressão assustada na face. Nikita desviou os olhos dele. Lembrou-se da própria situação. Condenada por assassinato. Um crime que não cometeu, mas... e se tivesse cometido? Poderia ter alegado legítima defesa, pois o meliante a atacara com uma faca. Porém, o juiz não vira assim, porquê ela era uma drogada, moradora das ruas, enquanto o bandido era um veterano das forças armadas. Ela pegou a pena de morte. Enquanto isso, aquela barata humana, matava por prazer... e as pessoas encaravam isso com naturalidade. Isso era nauseante. - Se você me machucar de novo... eu não vou mais cooperar. - Trácio choramingou. - Você vai o que? - Nikita perguntou incisiva, enquanto colocava a bota de salto alto nas partes baixas do informante. - Aiiii... está me machucando... - Trácio começou a chorar. - Parillaud, pare com isso. - Michael exclamou, ao entrar no apartamento. Nikita se recompôs. Inspirou profundamente e fuzilou Trácio com o olhar. - É sério. Ela quer me matar. Eu tenho medo dela. - Trácio choramingou um pouco mais. - Eu não quero que ela fique comigo de novo. - Olhou magoado para Nikita. Michael e Nikita se entreolharam. - Tudo bem, eu tomo conta de você agora. Ela ficará na parte externa da casa. - Michael resolveu pôr panos quentes na querela. - E não é só isso. Ela não me deixa sair de casa. Eu preciso de ar. Afinal sou um ser humano. - Trácio continuava a olhar magoado para Nikita. - Ok! Eu saio com você esta noite. - Michael cedeu mais um pouco. Nikita limitava-se a olhar de um para o outro. Aquilo tudo era surreal demais. - Eu posso telefonar, Besson? - Trácio perguntou com uma vozinha meiga. Michael limitou-se a assentir com a cabeça. Trácio levantou-se e foi para seu quarto. - Parillaud, você não pode perder o auto-controle. - É você quem está perdendo a noção do que é certo ou errado, Michael. - Já disse para não chamar o meu nome. - Sabe... tudo isso é uma palhaçada. Eu peguei cadeia, peguei pena máxima, por menos do que isso. Esse homem é um... monstro. Ele não pode ficar andando por aí... - Não cabe a você julgá-lo Parillaud. O seu serviço é claro. Você tem apenas que zelar pela vida dele. Faça o serviço que lhe foi designado. Nikita encarou Michael com raiva. Subitamente notou que estavam sendo observados. Virou para o lado e viu que Trácio estava parado na porta do seu quarto, olhando para eles. O homenzinho esticou tremulamente o braço segurando o celular, na direção de Nikita. - É para você. - Ele falou num fio de voz para Nikita. Ela pegou o celular e colocou no ouvido. Ouviu atentamente, já sabendo quem era e o que iriam lhe falar. - Está bem. - Nikita desligou o celular e o devolveu a Trácio. Virou-se para Michael e falou numa voz gelada. - Era... nossa companhia. Eles me proibiram de machucar Trácio. Disseram que serei punida se isso voltar a acontecer. Trácio a observava com um brilho no olhar. Um discreto sorriso se formou no canto de sua boca. Mais tarde naquele dia, Michael e Trácio foram novamente ao night-club da noite fatídica. Nikita deveria ficar do lado de fora, mas cansou-se de ser tratada como uma cadela perdigueira. Entrou no night-club e dirigiu-se ao bar. Com sorte encontraria sua nova amiga. - Oi Jane! - Mina cumprimentou-a efusivamente. - Oi Mina! E aí, pronta para outra? - Nikita sorriu amigavelmente. - Sim, minha capitã! - Mina bateu continência, ao que Nikita sorriu achando aquilo ridículo. - Já conheci muitas mulheres duronas, mas você deixa todas no chinelo. - Isso é um elogio? - Com certeza. - É, eu acho que sou durona. - Então, quer ir ao meu apartamento novamente? - Eu bem queria, mas não vai dar. - O que houve? - Meu... caso... foi o que houve. - Não me diga que ele a proibiu de passar a noite fora. - An-hã! - Você não deve deixá-lo mandar em sua vida. Afinal você não é uma escrava. - É... às vezes é como me sinto. - Você está mais iludida do que eu pensei. Ao ouvir isso, Nikita encarou a outra sorrindo. - Ei, me veja um drink leve, eu não quero ficar bêbada como naquela noite. - Pois não! - Mina afastou-se sorrindo e foi preparar o drink. Nikita observou Michael e Trácio com o canto do olho. Seu cliente estava com uma loira sentada em seu colo, enquanto Michael apenas o observava como se fosse um celibatário. Então, Trácio desfez-se da loirinha e se dirigiu ao bar também. Nikita ficou inquieta. - Oi garçonete, eu quero uma cuba libre, pode ser? - Trácio falou com sua vozinha. - Pois não, em um instante. - Mina respondeu sorrindo. Mina entregou o drink de Nikita e afastou-se para preparar o de Trácio. - Trácio, eu sei o que você está pensando. Não, de maneira nenhuma, não. - Nikita falou em um tom baixo, apenas para os ouvidos de seu cliente. - Algum problema, Trácio? - Michael perguntou, já tomando partido. - Não, nenhum. Eu apenas vim beber aqui no bar. - Trácio falou tranquilamente. Nikita ficou atônita. Ela queria falar a Michael, mas encontrou o olhar gelado do outro, como se ela fosse o inimigo. Olhou para Trácio e se arrepiou ao ver o bom humor do cliente. Percebeu seus olhos gulosos em direção a Mina. Ela mais uma vez pediu ajuda a Michael com os olhos. Nikita sentia que poderia explodir. Michael percebeu seu estado de espírito, e limitou-se a se afastar para telefonar. Nikita lembrou-se das conversas com Michael na Section, quando ele a fez acreditar que sabia toda a verdade a seu respeito, que ela era inocente, e que não merecia ser escrava do inferno que era a Section 1. Lembrou-se de Michael mexendo nos controles da gaveta, antes de falar com ela. Ela nunca poderia confiar nele, pois era tão destituído de alma quanto Operations e Madeline. Aquele tipo de gente prezava a amizade de demônios monstruosos como Gerber e Trácio, enquanto a vida de pessoas comuns e inocentes não valia nada para eles. Nikita sentiu vontade de vomitar. Se ela tivesse coragem e bastante sangue frio, executaria Trácio agora, ali mesmo. E se Michael quisesse matá-la, que desse cabo da vida dela, isso já não era importante. Entretanto ela ainda não tinha chegado a esse ponto, de assassinar alguém tão facilmente e aceitar de bom grado a própria morte. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. - Jane, você está se sentindo bem? - Mina perguntou se aproximando dela. - ... não... eu não estou bem. Acho que vou aceitar seu convite de visitar seu apartamento, Mina. - Nikita falou tentando controlar a voz embargada. - Tudo bem. Aguarde só uns 15 minutos, que eu conseguirei alguém para me substituir. - Mina disse isso e afastou-se. Nikita olhou para Trácio que tinha um brilho no olhar, e bebericava seu drink. - Parillaud, venha cá um instante. - Michael a chamou. - Sim, Michael? - Nikita falou aproximando-se dele. - Falei com a base. Eles não querem o envolvimento da polícia, e nem que o cliente seja contrariado. - Se Operations pedisse minha cabeça em uma bandeja, você a daria de bom grado, Michael? - Não faça dramas, Parillaud. - Hah... Eu sempre achei que lhe dariam a ordem para me matar, e que você executaria por medo de Operations. Nunca pensei que você me mataria por um capricho de um cliente, apenas por que é um cão sabujo, que não sabe fazer mais nada na vida além de obedecer ordens. - Controle-se Parillaud, ou eu terei que solicitar outro agente para substituí-la. As lágrimas passaram a escorrer pelo rosto de Nikita. Ela afastou-se de Michael, sem lhe dar as costas. Aproximou-se do bar, enxugando o rosto e procurou por Mina com os olhos. - Pronto Jane, podemos ir. - Mina lhe disse alegremente, mas sua alegria turvou-se um pouco ao ver Nikita chorando. As duas se retiraram do night-club.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Não é minha intenção plagiar ou copiar o seriado. Considero minha Nikita um pouco diferente da televisiva, mas um pouco de sua personalidade, sobretudo seus sentimentos pelas injustiças cometidas pela Section, tinham que ser mostrados.