Sunshine escrita por Lushaws


Capítulo 1
Você sempre será a luz da minha vida.




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Setembro, 1989.

– Eu quero voltar pra casa, mãe!

– Brian, por favor... Você sabe que a vovó está muito doente, e temos que vê-la.

– Por quê? Ela já ficou doente outras vezes, e a gente não veio.

– Eu vim, mas você ainda era muito pequeno.

– Mas aqui tem cheiro de doentes, mãe!

– É porque tem muitos doentes aqui, Brian. Vamos, ande rápido! – ela se apressou para que a porta do elevador não fechasse e, ao entrar dentro, puxou o filho.

– Que droga, mãe! Eu devia estar na piscina com o Emm e o Ted, e não aqui, nesse lugar chato! – a mulher olhou em volta, envergonhada, e murmurou um pedido de desculpas às pessoas presentes.

– Se você não parar com essa birra, vai ficar sem brincar na rua por uma semana, Brian! – o mais novo revirou os olhos, mas ficou quieto.

Logo, os dois chegaram ao andar da oncologia do hospital, e foram direto ao quarto onde Mary Jane – avó de Brian – estava internada. Ela já tinha oitenta e dois anos, e descobrira a pouco tempo que tinha câncer pancreático avançado. Devido a sua idade, uma cirurgia de tamanha proporção não era indicada pelos médicos, e a própria não queria se submeter ao procedimento. Como a cirurgia é a única forma de “curar” o câncer, todos os familiares estavam viajando para Pittsburgh, para que possam se despedir da matriarca.

Joan Kinney – mãe de Brian – mantinha sua pose de durona sempre que estava com o filho, por mais devastada que estivesse por dentro. Aquela era uma situação em que toda a família sofria em conjunto.

– Oi, vovó! – cumprimentou Brian, por mais que sua cara fechada não disfarçasse seu estado de espírito.

– Oi, Brian. Como vai meu pequeno herói? – Mary sorriu, por mais abatida que estivesse parecendo.

– Eu vou bem, e a senhora?

– Também, querido. E o Jack, como está?

– Está bem. Ele queria vir, mãe, mas tinha uma reunião importante.

– Oh, claro que ele queria. – a mais velha riu, rolando os olhos ao ver o rosto da filha corar – Ora, Joan, eu e seu marido nunca nos demos nada bem, e você sabe disso. Mas tenho que admitir que ele está se saindo muito bem. – piscou.

– Ele vai se sentir lisonjeado ao ouvir isso, mãe. Mas é sério, ele realmente está preocupado.

– Que ótimo, assim em breve terá cabelos brancos também! – Joan apenas riu, revirando os olhos.

– Mãe, posso brincar no parque?

– Aqui não tem parque, Brian.

– Na verdade, Joan, tem uma sala no fim do corredor cheia de brinquedos. É perto da ala infantil, então tem muitos médicos lá.

– Mas... – olhou para os olhos suplicantes do filho – Ok, mas tome cuidado, e fique quieto. Saiba que eu sempre irei lá para ver se você está comportado, viu?

– Ok. – sorriu de orelha a orelha e saiu correndo porta afora.

– Não corra, Brian! – gritou Joan, olhando pela porta o filho correr.


Brian finalmente chegou ao “parque”, e foi com certo desânimo que percebeu que não havia balanços, escorregos, nem gangorras; apenas quebra-cabeças, jogos de montagem e bonecos. E, além disso, só havia uma criança brincando agora, e um casal sentado nas cadeiras ao lado.

Ele se aproximou hesitante, e viu que o menino estava montando um quebra-cabeça do Batman, seu desenho favorito. Sorriu animado e puxou uma cadeira, pegando uma peça e tentando encaixar.

– Ei, esse quebra-cabeça é meu! – exclamou o menino loiro, olhando-o com raiva.

– Mas...

– Justin, que falta de educação é essa?! – a mulher, que parecia ser a mãe de “Justin”, reclamou – Em primeiro lugar, o quebra-cabeça é do hospital, e não seu. E mesmo se fosse seu, não haveria porque não dividi-lo!

– Mas mãe...

– Justin, eu posso montar o quebra-cabeça com você? Eu adoro o Batman! – Brian interrompeu a discussão, sorrindo gentilmente para o menino, que parecia ser mais novo que ele.

– Gosta mesmo? – Brian assentiu repetidamente – Ok, então, pode brincar comigo.

Os dois fizeram mais dois quebra-cabeças juntos: Um do Super Man e um do Homem Aranha; e conversaram sobre muitos desenhos que gostavam de assistir. Justin – aos olhos de Brian – era tão loiro que parecia o sol, e Brian tentava internamente criar um apelido que só ele pudesse usar. Por isso, passava alguns segundos pensativo antes de jogar – mesmo quando era sua vez, o que não passou despercebido aos olhos de Justin.

– O que foi, Brian?

– Justin, eu posso te chamar de Sunshine?

– Sunshine? Por quê?

– É que seu cabelo é amarelo, igual à luz do sol. Mas tem que ser só eu.

– Ok. Depois eu vou criar um apelido pra você, tá? – Brian assentiu, e ambos voltaram a brincar.

Creig e Jennifer – pais de Justin – apenas olhavam os dois meninos, sentindo os olhos vermelhos e cansados encherem-se de lágrimas mais uma vez.

Brian estava tão absorto em sua conversa que nem percebeu a chegada de uma terceira pessoa à sala, só deu-se conta quando ouviu a voz chorosa da mãe de Justin gritarem desesperadas.

– Não! Meu filho... Meu bebê! Não! Por que, Deus?! – ela gritava desesperada, correndo para perto dos mais novos, que assistiam a tudo com olhos arregalados, e agarrando o filho com força. – Eu te amo, Justin! Eu te amo demais!

Olhou para trás e viu um médico falando com Creig, que chorava silenciosamente.

Brian se sentia perdido naquele ambiente de desespero, então só sussurrou um “Tchau, Sunshine” e voltou devagar para o quarto de sua avó.


"Quando alguém te ama, a forma de falar seu nome é diferente." Billy, quatro anos


Dezembro, 1989.

Brian balançava os pés, sentado na cadeira da “sala de jogos” do hospital. Ele tinha vindo visitar a vó bastante animado hoje, e só ele e sua mãe sabiam o motivo. É claro que ele havia contado tudo à mãe, que – por meio da descrição do filho ao sofrimento dos pais de Justin e pelo fato deles estarem na ala da oncologia infantil – deduziu o motivo do desespero. Então, Brian – logo ao chegar – correu para a sala de jogos, na esperança de que Justin estivesse ali. Definitivamente, nenhuma criança merecia sofrer de um câncer tão cedo.

Mas já fazia muito tempo que esperava – quando chegava, o “ponteiro grande” estava no três, e agora já estava no dez.

Uma enfermeira passou e ele correu até ela, segurando-a pelo jaleco.

– Moça, a senhora sabe se o Justin vem hoje?

– Você sabe o sobrenome do Justin, querido?

– Não. Mas o cabelo dele é amarelo, e os olhos são azuis.

– Bom, temos um Justin assim aqui, quer ver se é ele?

– Quero, mas tenho que pedir à minha mãe antes.

– Ok, eu vou com você. Onde ela está?

Justin foi correndo, puxando a enfermeira junto, até o quarto de sua vó, e entrou.

– Mamãe, ela disse que sabe onde está o Justin.

– Bom, senhora, há um Justin aqui que pode ser o que seu filho está procurando.

– Tem certeza que quer ir ver, Brian?

– Tenho!

– Tudo bem, eu vou com você – se levantou da cadeira onde estava e pegou na mão do filho, seguindo a enfermeira até a ala pediátrica.

Havia uma grande sala, com cerca de seis leitos infantis, mas apenas quatro ocupados. Brian foi passando pelo meio da sala, olhando para os lados para ver se achava Justin. Quando avistou o loiro, sentado numa das “camas”, saiu correndo, e pulou em cima dele, abraçando-o apertado.

– Brian, cuidado! Cuidado, filho! – sua mãe o puxou de cima do menino, abraçando-o de lado.

– Oi, Brian!

– Viu, mãe?! Ele se lembra de mim! Oi, Sunshine!

– Oi, eu sou Joan Kinney, mãe do Brian. Desculpe pelo incômodo, é que meu filho...

– Eu sei, Justin também. – Jennifer interrompeu, sorrindo para a mulher. – Sou Jennifer Taylor, e esse é o Creig, meu marido. Justin não para de falar de Brian um minuto sequer, mesmo depois de meses, e todos os dias que viemos aqui ele ia para a sala de jogos. – ela riu.

– Eu criei um apelido pra você também! Vai ser “Moonshine”, porque se eu sou a luz do sol, você é a luz da lua.

– Eu gostei! Bonito, né mamãe?!

– Lindo, querido.

– Olha, Sunshine. – Brian pegou a mochila que carregava, tirando de dentro um saco de batatinhas e abrindo. – Quer?

– Quero! – Justin pegou uma, e os dois comeram juntos.


"Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela." Chrissy, seis anos.


Fevereiro, 1991.

Brian esperava animado, com sua bola e sua bicicleta. Ao seu lado, Jack – seu pai – segurava sua mão, enquanto sua mãe ia buscar Justin no carro de seus pais.

Já havia dois anos que ambos se conheciam, e Brian ia sempre que podia visitar Justin no hospital – principalmente quando ele tinha quimioterapias mais pesadas – ou na casa dele. Hoje, Justin ia vir brincar com ele e com seus pais no parque.

O aniversário de Justin havia sido no começo do mês, e essa seria a primeira vez que ele andaria na bicicleta que seus pais lhe deram. Não se sabia quem estava mais empolgado: Brian ou Justin.

– Ei, Moonshine. Que tal apostarmos uma corrida?!

– Acho melhor irem devagar, meninos. – Joan disse preocupada.

– Deixa eles brincarem. Vamos sentar. – Jack puxou-a em direção ao banco.

Então, Brian e Justin estavam andando com suas bicicletas. Começaram devagar, mas foram aumentando a velocidade com o tempo. Logo, estavam correndo pelo parque todo.

– Epa, cuidado! – gritou Justin, quando um garotinho passou na sua frente segurando uma bola. Ele tentou desviar a bicicleta e acabou caindo no chão.

Brian, que estava mais a frente, ouviu o grito do garoto e parou, olhando para trás. Quando viu Justin no chão, correu até ele, e se ajoelhou ao seu lado.

– Machucou?

– Meu joelho. – mostrou o joelho ralado. Brian gritou pelos pais, meio desesperado, antes de se debruçar sobre o joelho de Justin e soprar.

– Passou?!


''O amor é quando ele não ri porque você caiu, e sim te dá a mão e assopra seu machucado.” - Katlin quatro anos.


Outubro, 1991.

– Brian, a Jennifer me ligou, perguntou se você poderia ir agora para o hospital ver o Justin. Você quer ir?

– Quero, quero! - desligou seu jogo e correu para o seu quarto, trocando de roupa o mais rápido possível.

Logo, estava no banco traseiro do carro de sua mãe, que olhava-lhe de cinco em cinco minutos, com os olhos cheios de lágrimas pela situação difícil que Jennifer lhe falara por telefone. Já se afeiçoara tanto ao pequeno Justin, não queria de maneira alguma ver-lhe sofrer.

Finalmente chegaram ao hospital, e pacientemente esperaram o elevador chegar.

Fizeram o trajeto todo em silêncio absoluto. O elevador parou duas vezes antes de finalmente chegar ao sexto andar.

Brian correu - quase pulando - até o quarto onde sabia que Justin ficava, mas quando se aproximava, ouviu um choro alto e dolorido. Aproximou-se devagar e entrou no quarto. Logo que pôs seus pés para dentro, viu um "vulto rápido" passar para o banheiro, e viu Jennifer chorar desesperada sentada na cama de Sunshine, enquanto Creig alisava suas costas.

– Como ele está? - perguntou sua mãe atrás de si.

– E-ele está com vergonha, e com raiva. Escondeu-se no banheiro quando Brian chegou. - Creig respondeu, a voz embargada e os olhos vermelhos.

No chão do quarto, Brian viu muitos fios loiros jogados, e se perguntou se Sunshine tinha cortado o cabelo no hospital.

– Justin?! - chamou, batendo na porta do banheiro.

– Não quero ver você! Eu estou feio e careca!

– Você nunca vai ser feio, Sunshine, nem careca! - Brian riu.

– Vou sim! Eu quero meu cabelo de volta! Pare de rir de mim! - Brian parou de rir ao ouvir os soluços de Justin.

– Mamãe, eu já volto! - e correu saltitando até o banheiro social do hospital, com sua mãe olhando-o do corredor.

Entrou no banheiro, e colocou a mochila que carregava em cima do balcão. Na ponta dos pés, abriu-a e tirou de dentro os papeis e lápis que havia trazido para brincar com Justin. Finalmente, achou a tesoura que estava procurando.

Segurou uma parte do cabelo e cortou. E novamente. E depois, e depois, e mais uma vez, até que seus cabelos - antes abaixo da orelha - estivessem curtos.

Então, guardou a tesoura na bolsa e pegou o cabelo jogado no chão, carregando em suas mãos enquanto voltava para o quarto.

Quando chegou, Justin estava chorando em cima da cama.

– Brian! O que você...? - ignorou sua mãe nervosa, e estendeu os cabelos de sua mão para Justin.

– Toma, Sunshine. Eu sei que é preto, mas a gente pode pintar de amarelo e colar na sua cabeça, eu não me importo.

Justin sorriu abertamente, enquanto Joan e Jennifer choravam juntas pelo gesto.


"Foi quando ela ele se escondeu, porque estava sem cabelo, e eu disse que não a o amo somente fisicamente e sim espiritualmente, pois não amamos um corpo e sim uma alma." - Gabriel nove anos para Giovanna sete anos. (Instituto do Câncer)


Março, 1997.

– Ah, qual é, Sunshine... É só uma festa!

– Brian, eu odeio festas e, além disso, só vou te atrapalhar.

– Atrapalhar? Por que atrapalharia, babaca?

– Não posso beber, posso passar mal a qualquer momento, nenhuma garota vai ficar comigo, o que significa que você vai se sentir culpado em me deixar sozinho para fica com alguma.

– É, precisamos conversar sobre isso... - Justin podia jurar que viu Brian corar.

– Sobre eu te atrapalhar?! Não precisamos, eu sei que...

– Sobre as garotas.

– Nem tente me convencer que vão gostar de mim, eu sei que não vão!

Brian revirou os olhos e pôs a cabeça entre as mãos - como sempre fazia quando estava nervoso.

– Isso porque são idiotas e vadias, Jus. Mas não era isso que eu ia falar.

– Então o quê?

– Eu meio que... não gosto de... garotas. - desviou o olhar.

– Não gosta de garotas? Como assim? V-você quer dizer que... - arregalou os olhos.

– Sim, Jus, eu sou gay. Só espero que isso não mude nada entre nós.

Brian estava inseguro, triste e confuso. Tinha certeza absoluta que era gay ou, pelo menos, bissexual. Há também a leve possibilidade de não ser exatamente gay, mas só apaixonado por um homem - no caso, Justin. O que complicava ainda mais tudo, afinal, era seu melhor amigo, e a ideia de perdê-lo simplesmente não era aceitável.

– Hmm... Não vai. Digo, tudo bem você ser gay. Mesmo.

– E você, Jus? - levantou os olhos para encarar a face corada do amigo.

– Eu o quê?

– Você acha que é... gay?

O loiro arregalou os olhos, suas orelhas ficando ainda mais vermelhas.

– E-eu não... talvez... ahm...

– Qual é, Sunshine! Eu sou teu amigo, cara, acabei de te contar que eu sou gay. Pode me falar.

– E-eu... é, eu sou gay. - desviou o olhar, colocando as mãos no rosto de tanta vergonha.

– Ok, então... - Brian se aproximou levemente, sem que Justin percebesse - Eu... - mais um pouco - Hmm... - novamente, agora já encostando sua coxa na de Justin, fazendo com que ele pulasse e se afastasse um pouco.

Brian esticou um pouco o rosto, ficando a poucos centímetros do de Justin, que mantinha os olhos arregalados e as bochechas ainda coradas.

– Eu posso te beijar, Sunshine?

– A-acho que... - apenas fechou os olhos, o que Brian interpretou como uma afirmação muda.

O moreno de aproximou e - ainda de olhos abertos para ver a reação do menor - roçou seus lábios, dando-lhe um selinho e se afastando um pouco. Dessa vez, foi Justin que aproximou seus rostos e, com um sorriso sacana, Brian voltou a unir seus lábios, agora aprofundando mais um beijo. Suas línguas exploravam a boca um do outro com certa insegurança. Brian sabia que era o primeiro beijo de Justin e - embora fosse bastante "popular" entre as garotas - nunca havia beijado um homem antes.

Pararam o beijo para respirar, mas logo uniram seus lábios de novo. E mais uma vez. Instintivamente, Brian deitou Justin na cama, apoiando-se sobre ele com seus braços. Separaram-se de novo, e olharam-se nos olhos, logo voltando a se beijar.


"O amor não é quando lhe entregam uma rosa, e sim quando lhe entregam seu coração, pois o coração é a vida, e a vida é o seu amor." Wendel 6 anos, declaração para Isabel 5 anos.


Abril, 2013.

Brian caminhava devagar, os leves pingos de chuva caindo sobre seu rosto. Deveria ter vindo antes, mas acabou deixando para última hora, e tinha que estar no aeroporto em duas horas, para voltar à Manhattan. E, claro, voltar para Manhattan sem visitar Justin não era uma opção.

O moreno andou mais alguns passos, antes de parar em frente ao túmulo de Sunshine. Na placa, abaixo de seu nome e suas datas, dizia "Para sempre a luz do sol", o que absolutamente combinava com o loiro cheio de vida.

Justin morrera há dez anos, depois de quase seis anos de namoro com Brian. Depois de enterrar seu amado, Brian se formara em direito, e se mudara para Nova York - como sempre combinou com Justin. Sempre vinha à Pittsburgh em datas especiais - tanto as mundiais quanto as pessoais para ele, como o dia em que conhecera Justin, o dia em que começaram a namorar e o dia em que ele morrera. Quanto estava ocupado demais para vir, ligava para o cemitério e pedia para colocarem as flores favoritas de Justin - Safron Crocus, juntamente com as letras "VSSALDMV", uma sigla importante que só ele e Justin conheciam e entendiam, e que significava "Você sempre será a luz da minha vida".

Jennifer havia morrido de um AVC há dois anos e, desde então, Creig se aposentara e se trancara dentro de casa, saindo apenas quando necessário. Sempre que vinha à cidade, passava lá para vê-lo, e acabava dormindo uma noite no antigo quarto de Justin - que continuava do mesmo jeito. Seu pai havia morrido também, um pouco mais de um ano depois de Justin, o que o deixara arrasado por muito tempo. Sua mãe, apesar da dor e da solidão, seguia sua vida normalmente, e - depois de muito esforço - conseguira mexer na webcam, então ambos se viam duas ou três vezes por semana pelo computador.

Brian nunca namorara por mais de dois meses, pois sua mente simplesmente não aceitava amar outra pessoa que não fosse Justin. Bom, apenas Lisa, a menininha que adotara há dois anos. Seu pai havia abandonado-a quando sua mãe morrera de câncer, e ela não tinha parentes próximos. Como o moreno tinha o costume de visitar hospitais de câncer de vez em quando, sempre via Lisa indo ver sua mãe quando a mesma estava internada, e acabava brincando um pouco com a menininha. Quando soubera do que acontecera, nem hesitara em adotá-la, e ambos se deram muito bem - embora a pequena saiba que ele não é seu pai biológico.

Lisa sabia um pouco sobre Justin - pelo menos, o que conseguia entender - e sempre vinha visitá-lo com o pai.

Brian sabia que jamais esqueceria Justin, pois o amava de vários jeitos - como melhor amigo, irmão, parceiro, cúmplice e, claro, como homem. Também tinha a consciência de que nunca tiraria do dedo o anel de compromisso que havia trocado com Justin no primeiro ano de namoro; E pretendia dar o que pertencia a Justin para Lisa quando a mesma crescesse e compreendesse a importância, juntando as únicas pessoas que amou - e ama - incondicionalmente.



"Somos como madressilva quando se enrola à volta do ramo da aveleira: uma vez a ela ligada e presa, ambas podem durar juntas eternamente, mas, se as querem separar, a madessilva morre em pouco tempo e o mesmo sucede à aveleira. Tal é o nosso caso: nem vós sem mim, nem eu sem vós!" Trecho do livro Tristão e Isolda



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Notas finais do capítulo

Essas são frases escritas por crianças sobre o amor, e a última é uma em particular que eu sei que ela vai entender.
Espero que tenham gostado. Agora que já estão aqui, um review não faz a mão cair, certo?
Eu ainda não sou médica, embora queira ser no futuro, então todas as informações vieram da wikipedia e de algumas pesquisas que gosto de fazer às vezes.