Silvia e Jane aguardavam aflitas o retorno de seus guerreiros. Ao vê-los passar pela porta, seus coraçõespareceram ficar mil toneladas mais leves. Jane correu para Thor, que abria-lhe os braços com carinho, e Silvia quis fazer o mesmo, mas se deteve ao ver a expressão pesada nas feições de seu amado.

Loki ergueu os olhos ao ouvir a feliz voz de Jane chamando seu irmão, só então encontrou o olhar preocupado de Silvia vindo ao seu encontro. Sentiu-se imediatamente mais tranquilo, fazia muito bem vê-la, mas ainda havia aquele pesar em seu coração. Silvia percebeu isso.

– Posso saber o que há com você? Thor parece bem animado, vocês venceram. O que aflige você – ela perguntou, preocupada.

– Só me abrace, meu amor. Por favor, eu preciso de você – Loki sussurrou.

Se a garota estava preocupada, agora estava mais ainda! O que podia estar fazendo seu amor se sentir tão infeliz? Ela o abraçou apertado, com todo o seu amor, passado os braços por cima dos ombros do travesso, acariciando sua nuca e lhe dando beijinhos leves no pescoço. Loki cerca a cintura de sua namorada com seus braços e deita a cabeça sobre o ombro dela, suspirando fundo.

– Loki... o que está havendo? Meu amor, vem comigo. Você vai me contar o que aconteceu. Vamos – ela o puxa pela mão e o leva ao quarto, onde poderiam ficar a sós. Ao chegarem, ela o faz sentar na cama e vai até uma portinha onde ela, por alguma razão, sabia ser um banheiro. Lá ela pegou uma toalha e uma bacia cheia de água e trouxe de volta ao quarto.

Loki estava sentado na mesma posição, com um olhar triste. Silvia se coloca diante dele, de joelhos, molha a toalha e toca de leve a testa de seu amado, limpando o corte em sua testa.

– Agora me conte, o que há com você?

Loki respirou fundo e se jogou pra trás na cama, dizendo:

– É tudo culpa minha, Silvia. As invasões, a guerra, você correndo perigo... tudo é culpa minha!

Silvia coloca a bacia e a toalha na mesa de cabeceira com espelho ao lado da cama e senta na cama, acariciando os cabelos de Loki.

– Amor, acalme-se. Olhe, entendo que se sinta culpado, mas foram eles que decidiram começar uma guerra! Você fez a coisa certa, deixou a vida antiga de lado. E outra coisa: eu não culpo você de nada, seus pais e seu irmão também não! Tranquiliza esse coraçãozinho tá bem? – ela diz, acariciando-lhe o peito.

Ele pega a mão dela e a beija com ternura.

– Obrigado. Obrigado por me amar, obrigado por cuidar de mim, obrigado por ficar comigo. Eu te amo tanto, Silvia! – Loki não consegue segurar uma lágrima e Silvia fica inicialmente sem ação. Não sabia que a dor que seu namorado sentia era tanta. Ela se inclina e o beija calmamente, amorosamente, e então deita sobre seu peito, abraçando-o.

– Eu também te amo, Loki. Mais do que você pode imaginar!

Ele a abraça e os dois sentem que poderiam ficar ali para sempre. Mas claro que isso não aconteceria, as coisas quase nunca são como a gente quer né? O casal ouve alguém bater à porta e logo esse alguém se mostra. Era Thor. Vinha com um curativo no rosto devido a um corte e uma atadura na mão esquerda, chamar o casal para o almoço.

Silvia sentiu-se tensa. Seria a primeira vez que estaria realmente em presença de Odin. O máximo que ela já o tinha visto foi quando ele desceu rapidamente à Terra para levar seus filhos de volta. Ele pareceu ser um excelente senhor, mas agora ela estaria à mesa na presença dele, o rei! Não só o rei, como também a rainha, a deusa da guerra e os três maiores guerreiros asgardianos, após Thor e Loki.

Thor sai do quarto e o casal se levanta da cama. Loki percebe a ansiedade de sua namorada e lhe sorri, acariciando-lhe o rosto, como se lesse os pensamentos dela.

– Acalme-se, é apenas um almoço.

– Um almoço com seus pais. É a oficialização, e se não gostarem de mim?

Loki dá uma gargalhada.

– Percebe a besteira que está dizendo? Se não tivessem gostado de você, provavelmente nem teriam te trazido à Asgard!

Silvia percebe que ele tem razão, mas ainda assim, ela se sentia tensa. Que coisa estranha! Bom, ela tinha que encarar de frente! Namorar um príncipe não era tarefa fácil, namorar um príncipe asgardiano poderoso é que não era fácil mesmo!

Além da porta que levava ao enorme banheiro dourado do quarto, havia uma segunda porta, que levava ao vestíbulo. Silvia encontrou roupas que lhe caíram perfeitamente, como se tivessem sido feitas pra ela. Bom, na verdade, foram mesmo feitas pra ela. Loki foi tomar um banho antes de vestir uma outra roupa. Ele realmente ficava lindo naqueles trajes de príncipe asgardiano, Silvia o admirava, e ele a admirava de volta. Se amavam profundamente! O tempo que se conheciam parecia ser uma eternidade!

Loki toma Silvia pela mão e caminha com ela até o imenso banquete tradicional dos almoços de Asgard. Era agora, era a hora do teste final. Silvia sentia borboletas do estômago, mas até que estava mais confiante.

O casal adentrou o imenso salão onde a mesa se estendia juntamente com Thor e Jane. Silvia percebeu que Volstagg, a quem ela tinha “conhecido” ainda na Terra, já estava louco pra atacar o banquete, que Fandral e Hogun seguravam o apetite do amigo e que Sif parecia avaliar Jane medindo-a de cima a baixo por várias vezes. Aparentemente, ninguém parecia avaliar a namorada de Loki, ótimo!

Jane percebia o olhar claramente ciumento de Sif e se saía realmente por cima da carne seca! Cochichava coisinhas bonitinhas ao ouvido de Thor, fazendo o rir e abraçá-la, demonstrando todo o seu amor por ela, o beijava ternamente, sem, contudo, ser exibida... Fazia tudo na medida certa e Sif parecia que ia explodir!

– Dá uma olhada em Sif. Está vermelha! – Loki cochichou para Silvia, sorrindo.

– Percebi – a garota cochichou de volta, também sorrindo.

Os casais se sentaram e Odin se levantou com uma taça de ouro erguida na mão direita.

– Meus caros guerreiros, verdadeiros amigos, meus filhos, minha esposa, é com enorme prazer que recebo oficialmente aqui, neste início de tarde, duas mulheres muito especiais. Duas mulheres que realmente se sobressaem entre as mortais, mulheres que se mostraram fortes e corajosas, dignas de serem esposas de guerreiros, se assim desejarem. Jane Foster e Silvia Moura, sejam muito bem-vindas ao seio da minha família – Odin ergue a taça mais alto, chamando o brinde. Todos correspondem, apesar de Sif olhar torto para Jane. As moças agradeceram ao brinde, com sorrisos enormes.

Silvia se sentiu tão feliz, e novamente como uma adolescente. Sim, os pais de Loki a aceitaram. O travesso apertava-lhe a mão amavelmente, como se dissesse “Viu, sua boba? Está tudo bem” e ela sorria. Thor estava radiante! Seus olhos azuis brilhavam com tamanha felicidade e orgulho por sua amada. Jane se sentia incrivelmente feliz. Tinha uma nova família.

O almoço correu maravilhosamente bem. Todos riram e se divertiram, silvia e Jane foram basicamente iniciadas no meio dos asgardianos e tudo estava bem.

Por que tudo não podia continuar bem? Por que as coisas tinham que mudar?