Sete Dias Para Viver escrita por Cerine
No dia seguinte, Brian e eu fizemos um piquenique num lugar muito bonito e ensolarado, perto de uma grande árvore (macieira), onde a grama era muito verde e fresca, com um aroma agradável. Depois de comermos tudo que havia na cesta de piquenique, resolvi deitar naquela maravilhosa grama e olhar para o céu azul.
-O que está fazendo? –perguntou Brian.
-Estou cumprindo meu desejo número 18: deitar na grama e olhar para o céu azul. –respondi, sentindo o aroma gostoso da terra que me embriagava. –O céu está muito bonito hoje! – coloquei as mãos por baixo da cabeça, apoiando-a.
Brian olhava para mim de um jeito desconfiado, como se estivesse começando a achar que eu era maluca, porém, segundos depois, lá estava ele ao meu lado, também deitado na grama, olhando para as nuvens disformes.
-Se você tivesse apenas sete dias de vida como eu, o que você faria? Quais seriam os seus últimos desejos?-perguntei a ele, ainda olhando para o céu, sem piscar, como se estivesse hipnotizada.
Brian desviou o olhar das nuvens para mim, e mesmo que eu não estivesse olhando diretamente para ele nesse momento, pude perceber um pequeno sorriso em rosto.
-Eu... Eu não sei... Talvez fizesse um monte de coisas que eu nunca tive coragem de fazer, como assaltar um banco, por exemplo... –disse ele de forma vaga, olhando para o céu.
-Hã? –virei meu rosto bruscamente em sua direção. –Assaltar um banco?
Brian olhou para mim e sorriu.
-Sim! E usaria todo o dinheiro para alugar um monte de coisas caras, como uma Ferrari, um Iate, um jatinho particular e um helicóptero, e também, faria todo o tipo de orgia que eu pudesse imaginar! –disse ele, empolgado, enquanto eu mostrava uma expressão enojada no rosto.
-Nossa... Nunca pensei que você fosse esse tipo de pessoa! –suspirei.
-Mas eu não sou! Meus amigos sempre me disseram que eu sou certinho demais, que eu nunca “chutei o balde”, que nunca me rebelei contra a sociedade... Talvez se eu estivesse bem perto da morte, teria coragem para fazer todas essas coisas! –retrucou ele, parecendo irritado consigo mesmo.
-Tem certeza disso? Não tem nada mais digno que queira fazer antes de morrer? –perguntei, e Brian ficou com o olhar distante.
-Bom... Meu sonho sempre foi fazer uma viagem até Paris... Lá eu poderia tirar fotos dos pontos turísticos mais famosos e de todos os lugares que eu sempre quis conhecer! –falou ele entusiasmado, com os olhos brilhando.
-Então você usaria o dinheiro do assalto ao banco para ir até Paris? –perguntei, sem emoção na voz, e Brian apenas sorriu tristemente.
-Eu nunca teria coragem para roubar um banco... Mesmo que eu estivesse morrendo... Por isso eu nunca vou ser capaz de ir até Paris... –respondeu ele com o olhar distante, e depois soltou um suspiro de decepção.
-Brian... –chamei-o.
-O que foi? –ele encarou-me, com seus olhos curiosos.
Passei alguns segundos olhando para ele, observando cada detalhe de seu rosto, aqueles olhos azuis que me deixavam completamente fascinada, as sobrancelhas, o nariz perfeito, e a boca...
-Você é um cara legal... –respondi, tentando não parecer nervosa, e ele apenas sorriu, olhando para mim de um jeito doce.
-Tá vendo aquela nuvem ali? Ela se parece com um porco, não é? –disse ele, apontando para o céu.
-Qual? –perguntei, tentando identificar a nuvem.
-Aquela ali! –ele apontou mais uma vez.
-Ah! Estou vendo! É verdade, ela se parece com um porco! –falei, e em seguida soltei uma risada, o que contagiou Brian a rir também. Ambos gargalhamos por alguns segundos.
-Quando a noite chegar, podemos voltar para esse mesmo lugar e deitarmos na grama de novo? –perguntei a ele.
-Por quê?
-É que eu também quero olhar para o céu estrelado...
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