Tenho que passar a tomar mais cuidado com o que digo.

Um dia eu ainda vou me fuder.

Depois da nossa pequena reunião, eu decidi dar uma volta e ver como ficou a base aqui em Tokio. Lembro que antes isso aqui tava caindo aos pedaços.

Coloquei as mãos no bolso e passei a andar e a analisar tudo com um sorriso estampado na cara. Estava orgulhoso, e principalmente feliz por Obito finalmente ter dado a atenção que esse lugar merece. Praticamente a minha família trabalha aqui, e é um lugar muito importante pra mim.

– Uzumaki-sama! - chamou uma voz feminina atrás de mim, e instantaneamente eu me virei na direção dela - Aqui, senhor.

Uma mulher me ofereceu uma tigela, sorrindo. Fiz uma careta e olhei bem pra ela, que continuou sorrindo. Então eu me inclinei pra olhar o conteúdo, e meus olhos brilharam.

– RÁMEN! - catei a tigela e os hashis que ela tinha na outra mão e passei a engolir o macarrão - Obligadu. - agradeci, de boca cheia.

– Sem problemas, senhor. Foi a agente Habanero que mandou, disse que o senhor devia estar com fome. - respondeu ela, rindo um pouco - Bom apetite. - então ela se virou e saiu à passos rápidos pelo largo corredor.

AAAAAHHH, rámen. O primeiro motivo de eu amar tanto o Japão. Lá nos Estados Unidos é difícil achar, aquele povo é apaixonado por hambúrguer. Por isso que é tudo gordo.

Houve um momento em que os corredores ficaram mais estreitos e dois deles se cruzaram formando tipo um cruz. Eu tava andando devagar com a tigela quente e passei pelo meio dessa cruz. De boa.

Mas então eu parei. Eram meus olhos pregando uma peça, ou?...

Dei dois passos largos para trás. E acho que quase gritei.

Eu vi Ino, com Yumi, ainda toda amarrada no colo e meio que desorientada. Sakura estava ao lado dela, olhando para os lados. Eu acabei deixando meu rámen cair quando o olhar dela se encontrou com o meu.

O que aconteceu a seguir, foram uma sequência de imagens muito rápida.

Corri como um louco na direção delas, enquanto Ino corria com Yumi, deixando Sakura pra trás pra me manter ocupado. Então do nada, Sakura abriu uma porta no meio da parede e me empurrou pra lá. Mas eu fui esperto e segurei o braço dela, a puxando junto comigo. A porta se trancou atrás de nós, enquanto eu caía com tudo no meio de umas caixas que tinha naquele quartinho, e Sakura foi de cara pro chão. Aquilo tudo fez um barulho enorme.

Eu fiquei um tempinho ali no meio das caixas, processando tudo que acabou de acontecer, e me levantei lentamente. Sakura estava jogada ali no chão, limpando poeira dos ombros. Ela estava usando a mesma roupa preta coladinha que a minha mãe, e eu quase ri. Ela me percebeu, e avançou contra mim, com os punhos fechados, mas eu a segurei, e por pouco ela não arranca a minha cabeça.

– Sakura-chan, uma briga aqui dentro não é uma boa idéia, vamos acabar nos matando - disse eu, olhando no fundo dos olhos verdes dela.

Ela revirou os olhos, e tentou de tudo pra derrubar a porta. Chutou, socou, deu voadora, um mortal duplo carpado e o caralho pra derrubar aquela maldita porta, mas nada funcionava. Eu tava meio que de boa lá no meio das caixas, observando ela gastar energia pra nada.

Ela suspirou e caiu sentada no chão.

– Estamos presos - resmungou, de costas pra mim.

Me rastejei de quatro até ela, e coloquei a mão em seu ombro. No mesmo instante Sakura se virou e me encarou mortalmente.

– O que vocês estavam fazendo aqui? - perguntei, seriamente.

– Viemos buscar o que é nosso - respondeu ela, do mesmo jeito frio.

– A Yumi?! De vocês?! - dei um risada sarcástica, e me levantei do chão, ficando de pé. Sakura fez o mesmo, me encarando.

– Não brinque comigo, Naruto.

Dei um sorrisinho de lado, e quando vi que ela ia dar um soco na minha cara, me antecipei, pegando seus pulsos e os encostando na parede. Cheguei perto dela a ponto de sentir sua respiração.

– Você sabe que eu posso - provoquei - Eu brinco com você quando eu quiser, Sakura-chan. E você não vai fazer nada a respeito, porque você gosta do meu joguinho. Você só não sabe jogar.

Ela me encarava com os olhos arregalados, e quando eu disse que ela "NÃO SABE", acho que devo ter tocado em seu ponto fraco. Alerta, pessoa orgulhosa bem aqui!

– Eu posso jogar, se eu quiser. Só não quero te dar liberdade de nada. - disse ela, com um sorrisinho.

– Eu já tenho essa liberdade - sussurrei, chegando mais perto dela

– Você é irritante, Uzumaki. - disse ela, revirando os olhos.

– E você é teimosa, Haruno. - rebati, com um sorriso.

Eu a soltei, e ela respirou fundo.

– Ouvi boatos de que meu amiguinho pegou sua amiguinha - comentei, como quem não quer nada - E que ele gostou bastante. O amor é lindo.

– TenTen?! - disse ela, com os olhos arregalados. - Eles não... Se pegaram... E-ele gostou?

– E você ainda pergunta? - coloquei as mãos atrás da cabeça - O Neji tá apaixonado. - olhei na direção dela, e dei um sorrisinho - Pra quem é uma assassina conhecida mundialmente, você tá me surpreendendo, pensando nos sentimentos da amiga.

– Humpf. - ela cruzou os braços - Cala a boca, Uzumaki. Também conheço sua fama... - ela sorriu de canto - Acho que finalmente encontrei alguém no meu nível, afinal.

Arranquei uma pistola do bolso e dei 4 tiros em direção à porta. Com um chute, fiz um buraco, e passei por ele. Sakura veio atrás, com uma careta.

– PODIA NOS TIRAR DALI ESSE TEMPO TODO?!

– Claro - rodei a arma no dedo e a guardei de volta - Só queria ficar um tempo sozinho com você.

Ela corou e eu sorri, e nesse momento escutei um barulho familiar. Era uma explosão. Uma das bombas do Kiba estourando, não muito distante dali.

Eu e Sakura nos olhamos, e corremos juntos até o local da explosão. Nos escondemos atrás de uma mesa, e colocamos a cabeça pra cima, pra poder enxergar o que diabos tava acontecendo.

Jiraya-sensei e Tsunade estavam cara a cara. Estavam conversando de longe, mas eu não conseguia ouvir. Teve um momento em que ela apontou o dedo na cara dele, e Sasuke chegou a avançar, mas Jiraya pôs o braço na frente. Ficaram um tempo de encarando, até Tsunade rir e dizer alguma coisa sorrindo. Ela se virou e simplesmente saiu correndo, com TenTen e Temari atrás. Jiraya não deixou ninguém avançar. Ele simplesmente as deixou ir com Yumi.

Sakura observava a cena com olhos arregalados. Percebeu que estavam todos indo embora sem ela, e começou a meio que se desesperar. Eu segurei a mão dela e saí correndo, fazendo um pouco de barulho e chamando alguma atenção. Mas pude ver Sasuke resmungar alguma coisa e sair correndo na direção oposta a minha. Ele estava indo atrás de Ino, eu tinha certeza.

Enquanto puxava Sakura, ela gritava:

– UZUMAKI! O QUE... PRA ONDE VOCÊ TÁ ME LEVANDO, DESGRAÇADO?!

Eu parei, ela tropeçou e quase caiu. Me virei pra ela.

– VOCÊ QUER VOLTAR COM ELAS, NÃO QUER?!

– Q-quero...

– ENTÃO CALA A BOCA!

Me abaixei, e num movimento rápido, a peguei no colo, e saí correndo novamente, enquanto ela apenas me encarava com uma expressão surpresa.

Fiquei alguns minutos correndo, até chegar numa passagem secreta que só usamos para emergências. Acho que agora era uma emergência.

A coloquei no chão e girei a maçaneta da portinha. Me virei para Sakura e respirei fundo. A agarrei pela cintura, colando nossos corpos, e a beijei, no maior estilo desentupidor de pia. Só a soltei quando percebi que estava ficando sem ar.

Ela corou bastante, e eu acho que estava na mesma situação.

Dei um chute na porta, a escancarando com força. Apontei pra ela.

– Vai.

– M-mas... O que...

– Essa é a saída. - fiz questão de balançar os braços na direção da portinha - Não é nenhuma armadilha, juro.

– E por que você está fazendo isso? - perguntou ela, me olhando seriamente, mas com um pouco de rubor nas bochechas.

– Porque eu sei que nós vamos nos ver de novo - dei um meio sorriso - A gente sempre se encontra.

– NARUTO! - gritou Jiraya. Pude ouvir que ele corria pelos corredores.

Sussurrei um "Vai logo" pra ela. Sakura me deu uma última olhada antes de entrar, e eu fechei a porta. Jiraya chegou nesse mesmo momento.

– Naruto! - disse ele, arfando - O que está fazendo?

– Reparei que a WIB estava fugindo - respondi, caminhando até ele - E segui algumas delas, mas elas conseguiram escapar.

– Cuidaremos disso mais tarde. - disse ele, andando comigo lado a lado - Temos que recuperar Yumi. E rápido. A Akatsuki está atrás dela também. Não sei se a WIB tem consciência disso, mas a Akatsuki tem outros planos para ela.

– Então nós precisamos pegar Yumi de volta. - comentei, sorrindo.

– É... A gente precisa.

Antes de fazer a curva, olhei para o lugar onde beijei Sakura. Não sei o que deu em mim naquela hora, mas sou conhecido por ter reflexos rápidos.

Bom reflexo, cérebro. Bom reflexo.