Eu e Sasuke saltamos do táxi depois de mais ou menos 1 hora de trânsito. Nesses aspectos Tókio se parece com New York. Ai que saudade de casa.

Caminhamos por um tempo até eu virar num beco escuro e sujo, e parar na frente de um latão de lixo. Abri a tampa e apontei.

– Pula. - mandei, com uma expressão séria.

– Hã?! Dobe, tem ABSOLUTA certeza de que... A base da CIA fica aí em baixo? O meu terno é novo...

– Para de boiolice e pula logo.

Sasuke fez uma careta, mas por fim, pulou, e eu fui atrás. Durante alguns segundos, escorregamos em alta velocidade por um monte de sujeira industrial, até o cano se transformar aos poucos em uma peça de metal e cairmos em um sofá vermelho e duro. Me levantei calmamente, ajeitei a gravata e abri a porta. Sasuke veio atrás de mim.

Jiraya nos esperava com um sorriso. Na verdade, eu acho que ele estava azarando uma secretária que mexia no computador e nem ligava pra ele. Bem típico.

Sorri e fui até ele. Assim que ele me notou, abriu um sorrisão e correu na minha direção, me dando um abraço forte.

– Naruto! - disse ele, sem me soltar - Quanto tempo, garoto!

– Jiraya-sensei... Me... Larga...

Eu estava quase ficando roxo, então ele me soltou e deu um sorriso meio torto. Apresentei Sasuke, e Jiraya ficou bem feliz em nos ver ali. Disse que Neji, Shikamaru e Kiba já estavam na sala de reunião.

Jiraya sempre fala "sala de reunião" como se fosse alguma coisa realmente séria. Na verdade, acho que a CIA mantêm essa base em Tókio só pra não ficar sem nada no Japão, porque sinceramente, nosso líder, Obito, tá pouco se fudendo pra esse país. Faz ANOS que não temos nada de importante pra fazer aqui, e isso meio que fez a nossa base aqui decair e ir pro fundo do poço.

Segui Jiraya até a sala, me impressionando com aquele lugar. Da última vez que vim, estava tudo sujo e empoeirado, e era muito pequeno pra uma base da CIA. Mas agora, tá tão grande e bonito que parece até a sede.

Entramos numa sala, que tinha uma grande mesa no centro, e os garotos estavam sentados em cadeiras, analisando uma maquete holográfica em 3D de Tokio que flutuava sob a mesa. Quando nos viram, se levantaram imediatamente.

– Belos amigos vocês são - disse Kiba, cruzando os braços e fazendo bico - Me deixaram sozinho com a morena, e nem o caminho pra cá eu sabia! Se não fosse pelo Shikamaru, Neji e Jiraya, eu ainda estaria lá que nem cachorro sem dono!

– Kiba, vamos deixar as reclamações pra mais tarde - disse Jiraya, fazendo uma careta - E, Neji, poderia relatar para Naruto e Sasuke em que situação eu e Shikamaru o encontramos?

Neji abaixou a cabeça e corou. Muito.

– Quando eu estava levando Yumi, topei com uma morena da WIB... - disse ele, olhando pro canto da sala - E a gente acabou... Se beijando...

Kiba soltou uma gargalhada gostosa. Mas assim que percebeu que estava rindo sozinho, parou e enxugou as lágrimas que caíram de tanto rir.

– Peraí... Cê tá falando sério?!

Neji balançou a cabeça em afirmativa. Kiba arregalou os olhos e pôs a mão na boca, e encarou todos nós com uma expressão surpresa. Baka.

– Neji... - disse Jiraya, se sentando, e apontando as cadeiras para eu e Sasuke nos sentarmos também - Eu não como isso aconteceu, até porque você não quer dizer, mas um romance com uma assassina profissional inimiga não é uma boa coisa. Falo por experiência própria.

Eu meio que fiquei em choque. Me lembrei de Sakura quase instantaneamente, e de nosso pequeno momento. Se não fosse por Ino e seu tiro, eu estaria no mesmo barco que Neji.

– O que quer dizer com experiência própria, sensei? - perguntou Sasuke

– Bom... - Jiraya se recostou na cadeira e fechou os olhos - Quando eu era mais jovem, conheci uma mulher chamada Tsunade... E digamos que ela era perfeita. Eu me apaixonei por ela no momento que a vi, e esse amor cresceu ainda mais depois que passamos a ser melhores amigos. Até... - ele suspirou - Até que ela descobriu que eu era da CIA, e eu descobri que ela era da WIB. Ainda assim, tentamos ser amigos... Mas, ocorreu que uma vez, ficamos cara a cara numa missão, e a partir desse momento nos tornamos inimigos. O nosso relacionamento é meio complicado... - ele coçou a cabeça - E ainda por cima, vi ela hoje lá no esgoto, quando fui procurar Neji.

– Aquela mulher é a Tsunade?! - disse Shikamaru, com os olhos arregalados - Putz... É bem o seu tipo, né, Jiraya-sensei?! Eu quero dizer... Perigosa, bonita e... Hehehe.

– O que foi, Shikamaru?! - perguntou Kiba

– A mulher é peituda pra caralho! - respondeu, e todos nós rimos, até Jiraya.

– Mas a situação é... - continuou o sensei, depois que todos paramos de rir - ... Que não é fácil manter um relacionamento desses. Eu SEI... - ele apontou o dedo pra todos nós - Que vocês nunca devem ter visto mulheres como aquelas, tão boas quanto nós numa briga. E também sei que, assim como Neji, vocês devem achar elas gatinhas e tudo mais.

Neji socou a cabeça na mesa. Tadinho.

– E, também sei...

– Cê sabe muita coisa, tio... - disse Kiba, com a cabeça apoiada nas mãos. Jiraya tacou munição nele. Esse é o meu sensei.

– Continuando. Vocês não terão coragem de brigar com elas pra valer, e a WIB sabe disso. Aquelas mulheres são espertas, ainda mais com Tsunade no comando. Ou seja, a situação tá preta pro nosso lado. Decidi chamar nosso melhor estrategista para nos ajudar a resolver isso.

Jiraya deu um sorrisinho na minha direção, e a porta se abriu, e um homem alto, loiro, e com olhos azuis entrou. Ele estava com um jaleco branco, e carregava uma pasta preta. Ele também sorriu na minha direção, e eu não pensei duas vezes antes de correr na direção dele e lhe dar um abraço apertado.

– Naruto... Filho, que saudade...

Eu o soltei, sorrindo como um idiota, enquanto ele passava a mão no meu cabelo e todo mundo murmurava coisas como "Tio Minato!" "O tio é foda" "Tempão que não vejo o tio" "The Yellow Flash!". De repente, fiquei com vergonha.

– Cala a boca, gente, deixem o Minato falar - disse Jiraya, enquanto eu e meu pai nos sentávamos.

– Bom, oi, gente. - saudou ele, meio sem-graça - Tempão que não vejo vocês. Mas, enfim... Ouvi falar que arrumaram treta com a WIB. Não foi muito inteligente da parte de vocês. Mas foi inevitável, já que elas também querem a Yumi.

– Falando nela, onde ela está? - perguntou Sasuke

– Er... Vocês sabem que na CIA temos poucos agentes mulheres, né? - disse meu pai, com um sorriso - Aqui em Tokio só temos uma. Deixei Yumi sob os cuidados dela, mas acho que já, já ela estará aqui pra ver vocês.

Acho que já sei quem é essa agente.

– Mas voltando ao assunto... - continuou papai - Estamos no território da WIB, e não será fácil voltar para os Estados Unidos, garotos. Não vai ser pelo transporte aéreo, porque o Japão está sempre monitorando. O mar é a mesma coisa. Então, até que encontremos uma solução, vocês estão presos aqui conosco.

– E o que vamos fazer enquanto isso? - perguntou Neji, já recuperado.

– Se Jiraya concordar - disse meu pai, olhando para o sensei pelo canto do olho - Vocês farão missões aqui no Japão mesmo. Vai ser um desafio a mais, já que a WIB está na cola de vocês. E vocês vão ter que se virar.

– Eu concordo - disse Jiraya, dando um tapa na mesa - Estávamos mesmo precisando de agentes por aqui, mas os Estados Unidos não conseguia nos mandar mais. Agora temos cinco assassinos profissionais de alto nível à disposição! - ele deu uma risada - Que beleza!

A porta se encarou violentamente, e só vi um vulto negro e vermelho passando por ela, e me abraçando forte. Quando me dei por mim, quase gritei. Era minha mãe. Usando uma daquelas roupas pretas coladinhas de espiã. AGORA SIM, eu tô morrendo de vergonha.

– Agente Akai Chishio No Habanero - disse papai - Eu disse pra você cuidar de Yumi primeiro antes de...

– CALA A BOCA, MINATO! - gritou, sem largar meu pescoço - Eu tô a meses sem ver meu filho! - ela se virou pra mim e fez uma carinha fofa e uma voz fina - Como você está, querido? Mamãe ficou com saudade! - e me abraçou mais forte.

– Tá bom... Mãe... - murmurei, sem ar.

Ela entendeu o recado e me soltou, mas se sentou ao meu lado e me ficou meu dando abracinhos e beijinhos na bochecha. AI. QUE. VERGONHA.

– Acabou de voltar da missão, Kushina? - perguntou Jiraya, e ela concordou com a cabeça - Descobriu alguma coisa?

Mamãe me soltou com força e eu quase caí da cadeira.

– JIRAYA! - gritou ela - Sim, sim, eu descobri! A... A Akatsuki! Está aqui, em Tókio!

– A... A-Akatsuki?! - repetiu ele - C-como?! Temos que conversar sobre isso mais tarde, Kushina e Minato... Mas, voltando ao assunto da WIB... Vocês descobriram alguma coisa sobre elas?

– A loira se chama Yamanaka Ino - disse Sasuke.

– Ino... Sim, sim. Já ouvi falar sobre ela. Boa com metralhadoras e possui uma mira impecável. - disse meu pai. Ele ia anotando suas observações num caderno.

– A outra loira se chama Sabaku no Temari. - disse Shikamaru.

– Sabaku?! - repetiu meu pai - Depois temos que comunicar Gaara sobre isso. Mas sei que ela é boa com facas e possui uma memória incrível.

– A morena se chama Mitsashi TenTen - disse Neji, voltando a ficar um pouco corado.

– TenTen. Já ouvi esse nome. Ela é conhecida por saber manipular várias armas diferentes ao mesmo tempo e possui grande agilidade. - disse meu pai, com a caneta na boca.

– O nome da outra morena é... Hyuuga. Hinata. - disse Kiba, com um pouco de receio.

Neji caiu da cadeira. Depois tenho que conversar com ele seriamente.

– H-Hyuuga?! - disse meu pai, e olhou para Neji, que escondeu o rosto entre as mãos - Falaremos sobre isso mais tarde...

Jiraya e papai pegaram um copo de água.

– E você, querido? - perguntou mamãe - Descobriu alguma coisa?

– Sim, mãe - me virei pra os garotos - A rosada se chama Haruno Sakura.

No mesmo segundo, Jiraya e papai cuspiram a água que estavam tomando no mapa 3D de Tókio, que tremeu um pouco.

– Vo-você d-disse?!... - gaguejou Jiraya, e olhou meio desesperado pra papai.

– S-Sakura Haru-no... - completou ele, do mesmo jeito desesperado.

– O-o que tem ela? - perguntei, um pouco assustado.

– Naruto... - disse minha mãe, a única adulta ali séria e que não estava quase mijando nas calças - Sakura Haruno é uma das mulheres mais perigosas do mundo. A CIA já tentou contratá-la... - ela suspirou - Mas sem sucesso. Ela é, e sempre foi fiel à WIB. Até a Akatsuki já tentou levá-la para o lado deles. Sakura é conhecida pelo mundo inteiro. Se não fosse por ela, a WIB já teria sido derrubada.

– Kushina... - disse meu pai

– Quando a Akatsuki se formou e começou a aparecer, - continuou minha mãe, o ignorando completamente - se tivéssemos Sakura no nosso time, teríamos conseguido acabar com a Akatsuki pra sempre. Mas ela não quis. A WIB tentou sozinha combater essa ameaça, sem sucesso. A CIA e a WIB até tentaram se unir, mas não deu certo. As duas organizações sempre serão inimigas.

– Kushina... - disse Jiraya

– E isso nunca vai mudar. Obito e Kakashi nunca deixarão de ser inimigos e tentar reatar a amizade, assim como Jiraya e Tsunade! - ela deu um soco na mesa com as duas mãos, fazendo um barulho enorme - Agora seria a oportunidade perfeita para a CIA e a WIB se juntarem! Mas não... Em vez disso, de combater uma organizações criminosa forte com a Akatsuki, vocês preferem o orgulho e continuar com essa guerra sem fim!

Mamãe se jogou na cadeira e cruzou os braços, fazendo um bico, enquanto todos olhavam pasmos pra ela.

Espera. Eu preciso de um tempo pra processar toda essa informação.

Então, Sakura é uma assassina perigosa e praticamente lendária.

Neji pegou uma garota da WIB.

A Akatsuki está de volta, talvez mais forte do que nunca.

Eu estou preso no Japão.

A minha mãe parece uma adolescente.

Eu chamei uma assassina lendária de Sakura-chan.

Neji tem uma parente na organização rival.

Ou seja, a situação tá preta.

E eu fiquei com uma estranha vontade de encarar a WIB novamente.