O Desabrochar Do Lírio escrita por Kátia Oliveira


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Mil perdões pela demora, mas estava realmente complicado escrever esses dias, quase uma via crucis.
Preciso ser sincera... Eu pensei seriamente em parar, pensei mesmo.
Mas fiquei tocada com as mensagens de vocês, muita gente deixou recado pedindo por mais, e de repente senti que não tinha o direito de desistir de algo bom.
E modéstia a parte essa história ta ficando boa.
Então em homenagem a vocês que pediram e que não desistiram de mim eu fiz um esforço a mais e escrevi um big capítulo. (deram 6 folhas aqui no meu velho Word)
Vou dar o meu melhor para terminar esse nosso projeto ok?

Comentem sempre porque gosto de saber a opinião de vocês.

Espero que realmente gostem do presente.

Adoro todos vocês

Obrigada por lerem.



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Toutousai não ficou nem um pouco espantando ao ver a figura alta de Sesshoumaru caminhar calmamente em direção a sua oficina, o que o espantava era a bela moça montada no dragonete de duas cabeças que vinha logo atrás.

Olhou ao redor pensando novamente que sua caverna não era o lugar mais amistoso do mundo para os humanos. Estavam no meio de um velho e mal cheiroso pântano, não tinha água fresca para oferecer a jovem, ou um lugar confortável onde ela pudesse descansar, resignado deu de ombros enquanto o youkai se aproximava.

 O que não tinha remédio remediado estava.

_ Oh! Sesshoumaru! O que o traz a minha humilde oficina?

Sem dizer uma única palavra, Sesshoumaru olhou de um lado para o outro fixando seu olhar a leste da caverna, enquanto olhava, removeu a Tenseiga do cinto e a atirou para Toutousai.

O velho pegou a espada com habilidade e examinou a bainha castigada, tirou a espada de dentro e examinou a lamina danificada, murmurou:

_Pobre Tenseiga, sua vida não tem sido fácil.

Rin havia parado AH-Uh a alguns passos de distancia e olhava muito séria a conversa do velho ferreiro, tinha um grande respeito pela Tenseiga, afinal se não fosse por essa espada abençoada não estaria agora viajando ao lado de Sesshoumaru.

Seus pensamentos estavam nesse ponto quanto sentiu uma pontada de coceira no rosto, exatamente no meio de sua bochecha, sem pensar muito bateu, imaginando que fosse um mosquito.

Qual não foi sua surpresa ao ouvir o fraco gemido e sentir algo cair sobre sua mão, olhou para a palma a tempo de ver a pequena pulga youkai passar a mão na cabeça ainda meio tonta. Rin levou a outra mão aos lábios entre constrangida e feliz.

_Gomen! Myouga gigi! Eu não fazia idéia de que era o senhor!

Myouga sorriu e balançou a mão como se não tivesse importância, saltou com agilidade para o ombro da jovem e se sentou a olhando com cuidado.

_Estou feliz por ter tido a chance de provar seu sangue Rin chan... Mas que moça bonita você se tornou!

A pulga cruzou os braços e fechou os olhos, murmurando.

_Alguém tão rude quanto Sesshoumaru não deveria ter o direito de andar por ai com uma moça tão linda.

Toutousai pigarreou o que chamou a atenção do velho youkai pulga.

Sesshoumaru o encarava com a mesma expressão fria de toda sua vida. Myouga prudentemente decidiu se esconder atrás do pescoço da jovem, mudando a direção de seu olhar Sesshoumaru novamente encarou o velho criador de espadas.

_Quanto tempo para concertar minha Tenseiga?

Toutousai olhou melhor a lamina, avaliando. Passou o polegar pelo fio da espada e a pesou sobre a palma da mão aberta.

_ Você perdeu muito material aqui Sesshoumaru, precisarei de uma das suas presas e talvez consiga deixar tudo pronto em dois dias.

Rin cobriu a boca com ambas as mãos tentando não deixar escapar um gemido, Sesshoumaru se virou para ela no mesmo momento em que o pequeno coração disparava dentro do peito, a voz dele não sofreu uma mínima alteração, mas Myouga e Toutousai eram velhos e entendedores destas coisas, havia um mínimo de calor em suas palavras.

_O que a preocupa Rin?

O rosto da jovem enrubesceu enquanto ela o encarava:

_ Arrancar uma de suas presas vai lhe causar dor?

Ele a olhou novamente da mesma forma profunda que olhava enquanto estava pensando, a resposta for firme e curta.

_Não.

Myouga bateu suavemente no pescoço de Rin a fim de consolá-la.

_Para um grande youkai como Sesshoumaru a perda de uma presa não é nada Rin, e outra vai crescer no lugar em um dia, ele mal vai sentir falta.

A jovem suspirou aliviada e novamente sorriu, olhou para o leste onde seu grande youkai havia olhado momentos antes, podia entrever a grama macia e de um verde saudável começando a crescer por aqueles lados, antes que pudesse pensar em algo Sesshoumaru se virou novamente para Jaken.

_Jaken.

O pequeno demônio que havia cochilado agarrado ao bastão nos últimos minutos de conversa acordou sobressaltado.

_Hai Sesshoumaru sama!

_Leve Rin e Ah-uh para o leste até o fim deste pântano e monte acampamento.

Myouga conteve a respiração, qualquer outra jovem teria ficado zangada se tratada daquela forma, como uma propriedade. A memória estava muito fresca das constantes brigas entre Kagome e Inuyasha, fora passar algum tempo com Toutousai justamente procurando paz e sossego, já se preparava para fugir de uma provável briga quando a jovem sorriu e com a mesma alegria de sempre segurou as rédeas de Ah-Uh.

_Então vamos Jaken-Sama!

Jaken pareceu enfurecido por um momento.

_A pulga vai conosco?

Rin o olhou ainda sorrindo:

_É claro que vai! E não seja rude com Myouga gigi!

A pulga sorriu se sentando novamente no ombro da jovem.

_Como posso recusar o convite de uma doce dama?

Ainda resmungando Jaken subiu no lombo do dragonete e segurou as rédeas com firmeza, no momento seguinte a montaria de duas cabeças ganhava os céus em um galope suave, Rin acenou com a mão ainda sorridente até que sua figura se perdesse ao leste.

Ainda a olhando ir Sesshoumaru lentamente levou a mão à boca ainda de costas para Toutousai, o velho pigarreou novamente e bebeu uma generosa dose de saque de sua garrafa.

_Posso arrancar sua presa em poucos minutos se...

Ouviu o estalo seco de um osso partindo, e decidiu esperar em silencio, Sesshoumaru se virou para o velho forjador de espadas e estendeu a mão, segurado uma de suas presas entre o polegar e o indicador, a raiz quebrada embora o dente em si estivesse perfeito.

Toutousai segurou o dente e deu de ombros, afinal realmente havia esperado que Sesshoumaru se sentasse placidamente enquanto ele lhe arrancaria o canino?

Sesshoumaru virou as costas e se sentou na abertura da caverna olhando o movimento das nuvens, parecia quase distraído, Toutousai suspirou:

_Serão dois longos dias.

A leste dali Rin sorria enquanto Ah-Uh descrevia um arco fechado para aterrissar, fazendo Jaken cair antes de estarem completamente no chão.

O pequeno youkai rolou entre a grama e resmungou uma série de impropérios enquanto se erguia.

Rin saltou da garupa do animal assim que ele pousou e correu para o pequeno youkai.

_Está tudo bem Jaken sama?

Ele murmurou enquanto removia o capim das roupas.

_ Só ferido em meu orgulho.

A jovem se ergueu olhando ao redor, um prado com algumas árvores espaçadas e flores silvestres crescendo aqui e ali, em seu ombro Myouga gigi a olhava com curiosidade.

_Você parece feliz Rin.

_Hai, estou andando com Sesshoumaru sama novamente, isso me deixa feliz, Jaken sama? Posso caminhar um pouco com Myouga gigi?

O pequeno Youkai estava distraído procurando lenha para o acampamento.

_Menina sem miolos dentro da cabeça... Pode ir sim, mas não me atrapalhe e não se afaste muito.

Ela curvou docemente a cabeça e correu para as arvores ainda rindo, em seu ombro Myouga se segurou melhor para não cair conforme ela corria. Cantarolando Rin apanhou algumas flores e se afastou mais entre as arvores escolhendo uma com boa sombra onde se sentou. Com habilidade começou a trançar uma coroa de flores. Myouga dando conselhos sobre esta ou aquela flor ficar mais bela no trançado comentou curioso, apensar da idade era uma pulga muito curiosa.

_Para quem está trançando essas flores Rin?

_Para Sesshoumaru sama.

Por um momento a idéia de ver Sesshoumaru com aquela coroa de flores na cabeça divertiu o velho youkai, perguntou sarcástico:

_E ele usa?

O rosto de Rin enrubesceu, ela limpou a garganta.

_Não, ele nem toca nelas, apenas olha pra o enfeite e prossegue seu caminho.

Myouga cruzou os braços novamente de olhos fechados.

_Francamente recusar o presente de uma moça tão bonita.

Ela sorriu balançando a cabeça.

_Mas ele não recusa Myouga gi gi.

_Como assim?

Ela suspirou e olhou o céu.

_Sesshoumaru sama guarda tudo que lhe agrada na memória, estas flores vão murchar e morrer, mas na mente dele, sempre existirão as flores que eu dei, para Sesshoumaru sama, poucas coisas são mais importantes que a memória.

A velha pulga concordou com a cabeça por um longo momento guardou para si mesmo suas opiniões, conforme a coroa de flores evoluía nas mãos da jovem Rin voltava a sorrir, Myouga saltou para o joelho dela e a encarou:

_Porque escolheu vir junto com Sesshoumaru Rin?  Poderia escolher permanecer na vila.

Ela parou de entrelaça as flores e olhou para cima por um longo momento, sua voz estava triste pela primeira vez.

_Eu tenho medo dos homens... Dos humanos como um todo, sei que Kagome nechan, Miroku e Sango são boas pessoas, sei que Kaede sama me ama como a uma filha... Mas lá no fundo tenho medo delas.

_Coisas muito tristes aconteceram com você em sua infância.

_Hai, quando conheci Sesshoumaru sama, eu já vivia sozinha há algum tempo... Eu nem sabia mais falar, ou chorar, ou sorrir.

Os dedos jovens recomeçaram a entrelaçar as flores enquanto ela voltava a sorrir.

_Sesshoumaru sama me ensinou novamente a sorrir, porque eu queria vê-lo sorrir, descobri que não importa o quão ruim foi a vida de alguém ou os quão tristes são os seus dias... Você ainda pode sorrir.

_Uma pena que Sesshoumaru nunca sorri.

Ela estava novamente distraída quando comentou:

_Sesshoumaru sama sempre sorri pra mim, mas ele sorri por dentro... Eu posso ver o sorriso em seus olhos.

Myouga gi gi permaneceu em silencio enquanto ela terminava de trançar as flores, pensativo olhava com novos olhos para a menina que até pouco tempo julgara tola e infantil por sorrir tanto.

Ela era mais sábia do que muitos humanos, mais sábia do que muito youkais que conhecia, mais sabia que ele mesmo nesse momento.

Não havia boas lembranças nas memórias desta menina, a maioria de sua infância antes de encontrar Sesshoumaru foi fome solidão e sofrimento, muitos humanos e youkais se consumiam nisso, transformando suas vidas em ódio devido ao amargor de suas primeiras lembranças.

Esta humana preferia fazer feliz e ser feliz.

Ela preferia sorrir.

Com a voz emocionada o velho Myouga baixou a cabeça.

_Eu a reverencio Rin chan... Sua honra me envergonha.

A jovem deixou de trançar as flores e olhou para a pulga em seu joelho, fazendo o possível para parecer séria, embora os cantos dos lábios a traíssem:

_Se acredita que vou lhe dar mais do meu sangue só porque está me elogiando esqueça Myouga gi gi.

Ambos sorriram enquanto a tarde passava preguiçosamente sobre eles.

Os reflexos do sol incendiaram o céu quando i dia se aproximava de seu final, dourados decaindo para um vermelho claro até o azul noite.

Mesmo quando a ultima luz do dia se foi Sesshoumaru não se moveu de seu local de espera, de vez em quando seu dourado olhar recaia sobre o velho que trabalhava, podia ouvir os sons do martelo de forja, podia sentir em sua pele o calor que emanava de dentro da caverna.

Mas nem por um momento se ergueu, seu olfato estava fixo no leste porque algumas vezes, conforme o vento se movia, podia captar o cheiro de sua humana. Quando a lua finalmente se ergueu já nas altas horas da noite ele também se levantou e voou para o leste, sem dispensar uma única palavra a Toutousai.

O velho ferreiro percebeu sua partida, mas também nada disse, conhecia Sesshoumaru desde o seu nascimento, um até logo seria exigir demais.

O vento lhe dizia para onde ir através do olfato poderoso que possuía.

Deixou-se pisar na grama ainda a alguma distancia do acampamento, notou que haviam escolhido uma alta arvore, cujas bases das raízes ofereciam proteção contra o vento mais frio da noite, sem fazer o menor ruído se aproximou. Seu olhar dourado recaiu sobre o arranjo dos adormecidos.

Jaken, Myouga e Ah-Uh estavam enroscados em um dos lados da arvore, os roncos da pequena pulga altos e agudos, era um milagre que conseguissem dormir.

Do outro lado da arvore a forma feminina de Rin dormia, entre ambos os grupos a fogueira ainda estalava de vez em quando.

Esse arranjo também havia mudado, quando Rin era apenas uma menina era normal que ela dormisse ao lado de Jaken, ou muito aconchegada a Ah-Uh.

Sesshoumaru havia notado a tentativa de um pouco de privacidade da parte de seu servo, mais uma das muitas provas de que a jovem havia crescido.

Ele caminhou ainda em silencio até o futon onde ela dormia, os cabelos longos e vivos escapavam para fora da coberta algumas mechas ainda em contato com a grama, ela dormia de lado, uma das mãos graciosamente apoiada sobre o rosto, ao lado de sua cama improvisada o obi estava dobrado.

Sesshoumaru se sentou ao lado dela, ouvindo o som de sua respiração, passou os dedos longos em bem feitos sobre o obi, mas não prestava a mínima atenção ao tecido bordado que tinha nas mãos.

Estava concentrado no que seus outros sentidos lhe davam.

O cheiro sem igual dela, o bater lento e sossegado do coração, a respiração tranqüila, o som do ar saindo e entrando dentro do corpo feminino.

Tais sensações lhe transmitiam paz, e o que pouca gente entendia era que Sesshoumaru amava tudo que lhe trazia paz.

Era seu e apenas seu o prazer de ouvir ver e farejar sua humana, embora nunca a tocasse.

Ela o tocava, sem medo, sem constrangimento, sem receio. Era incrível a velocidade com que as mãos pequenas procuravam as suas. Ela confiava.

Sesshoumaru nasceu e viveu pela espada, os sentimentos que provocava nas criaturas ao seu redor variavam da paixão mais lasciva ao ódio mais profundo, porém todos esses sentimentos sempre eram temperados pelo medo.

Era temido por ser poderoso, mas calhou de ser essa insignificante humana a inverter a equação, não importava para Rin o quanto Sesshoumaru fosse poderoso, mas ela nunca teria medo dele.

A observando dormir Sesshoumaru a estudou por um longo momento com seus olhos dourados e frios. Finalmente fez algo que nunca havia feito, mas que quisera fazer desde o exato momento em que ela correu em sua direção diante da casa da velha miko.

Com muito cuidado Sesshoumaru recolheu uma mechas dos cabelos que haviam escapado do futon e estavam na grama.

Tocou-o em sua palma, trazendo o cabelo para perto do rosto, analisando a textura dos fios, acariciando com os dedos a maciez, aproximou mais a mecha do rosto, aspirando o cheiro dela, a mistura das flores e da mulher.

O prazer do toque percorreu a ponta de seus dedos até sua mente em poucos milésimos de segundo, e pela primeira vez em sua vida o coração do poderoso dai-youkai falhou uma batida.

Com todo cuidado que podia ter, retirou as outras mechas que estavam na grama e as colocou sobre seu colo, era imperdoável para ele aquele cabelo precioso jogado no chão.

Rin se encolheu e estremeceu murmurando algo em seu sonho, quase no mesmo instante Sesshoumaru desenrolou a cauda que sempre trazia sobre o ombro e a estendeu sobre as pernas da jovem adormecida, como já era seu costume, a maciez de sua pelagem branca a cobriu quase inteira a cintura para baixo.

Sesshoumaru analisou o rosto adormecido com imenso cuidado, só desviando o olhar quando ela suspirou satisfeita em seu sono.

Será que a jovem sabia como seu rosto expressava a satisfação de estar praticamente embrulhada nele?

Sesshoumaru não se preocupou com a resposta desta pergunta, era filosófica demais para prender sua atenção por mais de alguns segundos. Tranqüilo, se deixou olhar ao redor enquanto ela dormia.

Todas as coisas importantes para ele estavam em seus lugares certos, e isso lhe bastava.


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Notas finais do capítulo

Futon: cama japonesa formada por um colchão fininho (shikibuton) o edredon (kakebuton) e a almofada (makura), o conjunto todo é leve e facil de ser dobrado e guardado... muito prático